A relação entre o cão e o lobo
Cães e lobos são tão parecidos fisica e comportamentalmente, que são capazes de gerarem crias híbridas, como o chamado cão-lobo.
As semelhanças entre cães e lobos dificultam os trabalhos dos arqueólogos para fazer distinção exata entre os vestígios de cada espécie, quando apresentam-se incompletos ou quando o contexto arqueológico torna a coabitação pouco provável. De certo, o cão primitivo só se diferencia do seu ancestral por alguns detalhes pouco fiáveis, como o comprimento do focinho, a angulação do stop ou detalhes na arcada dentária.[18]
O lobo-cinzento, que supõe-se ser a única espécie de lobo tendo o cão como uma de suas subespécies,[20] é um canídeo selvagem que vive em alcateias. Fisicamente, pode atingir 2 m de comprimento e pesar mais de 60 kg. Suas cerca de quinze subespécies habitam florestas ou planícies da Europa, Ásia, Estados Unidos, Canadá e o norte da África, mas, em alguns lugares, como o Japão, estão à beira da extinção. Já o cão é o único canídeo domesticado pelo homem, em um processo milenar. Seu tamanho varia entre 1 - 45 kg(b), e vive tanto isolado quanto em matilhas. Sua diversidade de raças é, em boa parte, devida à seleção artificial feita pelo homem na busca de qualidades aproveitáveis e de submissão. É ainda um animal sem riscos de extinção, apesar de algumas raças não mais existirem. Em comum, além das características físicas, estes dois possuem as comportamentais e de povoamento. Suas caudas compridas são usadas para comunicação quando precisam mostrar obediência diante do dominante, por exemplo. Vigorosos, não são tão velozes quanto os felinos, mas capturam suas presas pelo cansaço da persistência. Pelo globo, dispersaram-se há milhares de anos, espalhando-se pela Ásia, Europa e África. À Oceania e às Américas, chegaram levados pelo homem.[21]
Apesar do processo de domesticação, o cão não perdeu boa parte das semelhanças com seu ancestral e com a família dos canídeos.
[editar] Seleção artificial
Através da seleção artificial, alguns basset hounds desenvolveram orelhas tão grandes que podem tropeçar nelas.[24]
Todavia, não se obtém apenas benefícios destes cruzamentos seletivos. Juntamente com os genes das características visíveis, são repassados aqueles que, apesar de presentes, não se manifestaram no indivíduo, mas que, provavelmente, afetarão seus descendentes. Alguns acarretam propensão para males como displasia coxofemoral, surdez, miopia, diversas doenças de pele e problemas psicológicos. Disfarçadamente, há ainda um outro problema que acomete os caninos. No intuito de criar diferentes raças, o homem desenvolveu características extremas, que atrapalham o bem-estar do animal: os buldogues têm os focinhos tão achatados que não conseguem respirar normalmente; shar peis têm tanta pele extra que desenvolvem micoses e infecções nas dobras; e os border collies tornaram-se hiperativos, entre outros exemplos.[25]
Em suma, apesar do sucesso na criação de variadas raças com determinadas características físicas e mentais, como o aperfeiçoamento de cães para pastoreio, há os problemas derivados dessas seleções, que dificultam as vidas dos espécimes e lhes causam graves problemas hereditários de saúde. Para evitar estes males, é preciso não reproduzir cães com problemas psicológicos ou físicos mesmo que sejam campeões de beleza ou excelentes em alguma atividade útil ao ser humano. Apesar da possibilidade, não há registro de raça canina criada em laboratório.[24]
[editar] Etimologia e significado
Etimologicamente, o latim cattus designava tanto significado para cão quanto para gato. Ao longo do tempo, a palavra sofreu modificação para catulus, depois canus. Catellus, que se referia a cachorrinho, e catula, à cachorra, também derivaram dessa forma. Apenas cachorrinha teve um caminho etimológico distinto, pois veio de canícula, que significava a estrela conhecida como Sírio. Por problemas no significado, que era confundido com o da catapulta, os romanos dobraram a letra t do original catus, que foi modificando-se ao longo dos anos, passando a duas palavras para dois significados distintos e seus derivados.[26] Segundo a história semântica das palavras do português, foi constatado que, assim como as palavras mudam em sua forma e sua sintaxe através dos anos, seu significado, por vezes, vai se modificando também, em decorrência de uma série de fatores sociais e culturais. Diante disso, o vocábulo cachorro, proveniente do basco, indicava qualquer tipo de filhote, e, por um processo de restrição de significado linguístico, passou a indicar filhote de cão e o próprio cão. Essa explicação justifica o sinônimo entre as duas palavras e a adoção comum das pessoas, apesar dos significados constantes nos dicionários da língua portuguesa.[27]
Segundo o Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa, na variante brasileira, cão significa mamífero canídeo, domesticado pelo homem desde tempos remotos, que atende pelo plural de cães e tem como forma feminina, cadela. Cachorro, por sua vez, entendido como sinônimo, tem cachorra como feminino e cachorros como forma plural, designa sim um cão novo, uma cria de lobo ou ainda qualquer cão. Em sentido pejorativo, o cachorro é sinônimo de canalha e aparece ainda em formas cristalizadas da gíria e de expressões populares, como "matar cachorro a grito" e "quem não tem cão, caça com gato".[28][29] Segundo o dicionário online Priberam, na variante europeia, cão possui um significado denotativo mais amplo, além dos conhecidos na variante sul-americana, com sete significados conotativos e três denotativos.[30] O mesmo se aplica a cachorro, que possui uma maior variação de significados em Portugal.[31]
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
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