17/10/2011
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15h43
No Zimbábue, mulheres são acusadas criminalmente de ataques sexuais
DAVID SMITH
DO "GUARDIAN", EM JOHANESBURGO
DO "GUARDIAN", EM JOHANESBURGO
Em um caso que vem chamando a atenção da mídia e do público, a gangue
compareceu ao tribunal para enfrentar acusações de ataque indecente com
agravantes.
As irmãs Sophie e Netsai Nhokwara, de 26 e 24 anos, e Rosemary
Chakwizira, de 28, são as primeiras suspeitas a serem detidas desde que
começaram a surgir relatos sobre mulheres submetendo homens a violência
sexual coletiva no Zimbábue, dois anos atrás. Juntamente com elas foi
acusado Thulani Ngwenya, 24, o namorado de Sophie Nhokwara.
As 17 alegadas vítimas do grupo identificadas até agora incluem um
soldado e um policial que eles teriam forçado a fazer sexo sem
camisinha, segundo o jornal estatal "Herald".
"Por volta de 7h50 de 3 de março deste ano, os quatro, que andavam em um
Toyota Spacio sem placas, deram carona a um homem de 19 anos em
Budiriro, Harare", segundo jornal.
"O rapaz se dirigia à cidade. No caminho, as moças o teriam pulverizado
com substâncias químicas, e ele sentiu tontura. Alega-se que elas se
desviaram da rota e foram para uma área de mato à margem do rio
Mukuvisi, atrás do parque Houghton, onde o obrigaram a tomar uma
beberagem que estimula o desejo sexual."
"Em seguida elas teriam forçado o jovem a ser íntimo com as três, usando
camisinha. Elas então guardaram as camisinhas usadas, contendo sêmen,
antes de regá-lo com a mesma substância e deixá-lo inconsciente. Quando o
jovem despertou, ele denunciou o caso à polícia."
As mulheres foram presas quando se envolveram em um acidente. A polícia
teria encontrado no porta-malas do carro delas 31 camisinhas usadas,
três delas ainda cheias até a metade de sêmen.
Um porta-voz da polícia de Harare, James Sabau, disse à mídia estatal
que as investigações preliminares sugerem que a coleta do sêmen das
vítimas estaria ligada a finalidades rituais.
"Ainda estamos tentando entender por que o sêmen foi coletado", ele
teria dito. "As informações que colhemos até agora vinculam a questão
inteira das mulheres estupradoras a rituais para enriquecimento. Mas
ainda não está claro como funcionariam os supostos rituais."
As suspeitas, "trajando roupas de grife e com penteados sofisticados",
segundo um relato, ficaram no banco dos réus enquanto foi feita a
leitura das acusações, na sexta-feira passada, o que levou quase uma
hora. Em seguida, foram levadas de volta à prisão até 28 de outubro.
TRADUÇÃO DE CLARA ALLAIN
FONTE: Folha.com/Mundo
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