12/12/2012
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09h52
Ateus declaram 'guerra ao Natal' nos EUA
DA BBC BRASIL
Grupos de ateus estão se mobilizando para impedir decoração natalina em
locais públicos nos Estados Unidos, em um movimento batizado por jornais
americanos de "Guerra ao Natal".
Os ateus formam um grupo pequeno no país --em que 73% da população é
cristã--, mas que tem crescido ao longo dos últimos anos. Segundo dados
de 2012 do Fórum Pew sobre Religião e Vida Pública, 2,4% dos americanos
são ateus --em 2007 eram 1,6 %.
Mesmo sendo minoria, eles têm conseguido vitórias importantes em
tribunais americanos --e é na época do Natal que a briga entre
religiosos e secularistas fica mais feroz, com cada um deles querendo
marcar presença nas propriedades públicas.
Em novembro, uma juíza de Santa Mônica, comunidade costeira de 90 mil
habitantes próxima a Los Angeles, na Califórnia, proibiu toda e qualquer
manifestação natalina em um parque da cidade, quebrando uma tradição de
mais de 60 anos.
Na cidade de Leesburg, no Estado da Virgínia, em uma tentativa de
apaziguar os dois lados, as autoridades decidiram patrocinar uma
exibição no gramado do fórum local durante a época de festas de final
deste ano com símbolos seculares e religiosos.
O objetivo da exigência de solicitação formal é evitar que as exibições
fiquem fora de controle e possam se tornar ofensivas. Desde 2009 até
este ano, qualquer grupo podia montar a apresentação que quisesse no
gramado do fórum.
Mas as exposições dos grupos ateístas começaram a ser consideradas pela
comunidade como muito ofensivas, pois supostamente debochavam das
religiões ao promover "entidades" como a Igreja do Monstro do Espagueti
Voador ou exibir um esqueleto vestido de Papai Noel preso a uma cruz.
Para a exposição deste ano, o grupo American Atheist preparou uma
exposição focada em ciência, chamada de Science on the Lawn (Ciência no
Gramado, em tradução livre).
NOVA ESTRATÉGIA
Os grupos ateístas dizem que, embora não tenha havido uma grande vitória
judicial definitiva em favor de sua causa, cada vez mais tribunais
locais têm aceito o argumento de direito à igualdade no tratamento e
respeito dados à sua convicção secular.
"Ter um presépio em uma propriedade do governo dá a impressão de que
esse promove o cristianismo, e isso é ilegal, segundo a Constituição",
disse à BBC Brasil Hemant Mehta, diretor da Foundation Beyond Belief
(Fundação Além da Crença, em tradução livre), organização que promove
atividades caritativas baseadas no humanismo e livres de vínculos
religiosos.
"O governo não deve tomar lados quando se trata de crenças religiosas.
Lutamos por patriotismo", diz ele, que contou que o sucesso recente de
grupos ateus talvez se deva a uma mudança de estratégia nas suas
reivindicações na Justiça.
"Nos últimos anos, houve uma mudança na maneira pela qual os ateístas
lidam com a exibição de presépios em espaços públicos. Em vez de fazer o
que sempre fazíamos e processar os governos locais, algo que exige
tempo e dinheiro, agora exigimos nossas próprias exibições nos mesmo
espaços".
Mehta também acredita que a internet teve um papel importante para
aumentar a fileira dos ateus no país. Ela ajudou aos ateístas a "saírem
do armário" e se sentirem menos intimidados pela tradicionalmente
religiosa sociedade americana.
"Graças à internet, hoje as pessoas podem descobrir a verdade mais
rapidamente do que nunca. É possível pesquisar fatos sobre seu pastor na
web mesmo enquanto você está sentado no banco da igreja assistindo à
missa", disse Mehta à BBC Brasil.
As pequenas vitórias dos ateus têm obtido destaque --e críticas-- na
imprensa americana. William Becker, advogado de um grupo de igrejas
cristãs, disse ao Los Angeles que a decisão da juíza de Santa Mônica foi
"uma vergonha para o Natal". "Pôncio Pilatos era exatamente o mesmo
tipo de administrador".
Em uma recente coluna para o Washington Post, Charles C. Haynes, diretor
do Religious Freedom Education Project (Projeto de Ensino sobre
Liberdade Religiosa, em tradução livre), defende estar na hora de os
ateístas "aceitarem a vitória e ficarem em casa para dar espaço às
celebrações de Natal".
"Entendo o porquê de os ateístas quererem assegurar que a religião não
seja privilegiada pelo governo em praça pública. Mas, em um certo ponto
(e Santa Mônica, sem dúvida, chegou a esse ponto) táticas agressivas se
tornam contraproducentes e desnecessariamente divisoras", diz Haynes.
FONTE: Folha.com/BBC Brasil
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