Ciência
Arqueologia
Humanos faziam queijo há 7.500 anos, dizem cientistas
Análise química mostra de maneira inequívoca a primeira vez que foi fabricado queijo no Norte da Europa pré-histórica
Queijo: alimento tem pelo menos 7.500 anos, segundo estudo publicado na revista Nature
(Thinkstock)
Uma equipe de cientistas ingleses, americanos e poloneses, coordenada
pela Universidade de Bristol, na Grã Bretanha, descobriu os mais antigos
indícios de fabricação do queijo ao analisar fragmentos de cerâmica com
7.500 anos. O estudo com a descoberta foi publicado nesta quinta-feira
na revista Nature.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Earliest evidence for cheese making in the sixth millennium bc in northern Europe
Onde foi divulgada: revista Nature
Quem fez: Mélanie Salque, Peter I. Bogucki, Joanna Pyzel, Iwona Sobkowiak-Tabaka, Ryszard Grygiel, Marzena Szmyt e Richard P. Evershed
Instituição: Universidade de Bristol
Dados de amostragem: fragmentos de cerâmica com 7.500 anos
Resultado: Análise química mostra de maneira inequívoca a primeira vez conhecida que foi fabricado queijo no Norte da Europa pré-histórica
As peças pré-históricas, oriundas da região polonesa de Kuyavia, têm as
mesmas perfurações dos atuais coadores de queijo, segundo os
pesquisadores.
Eles analisaram os ácidos graxos impregnados na cerâmica. Concluíram
que eram usados para filtrar o leite, separando os coalhos ricos em
gordura do soro, que continha lactose — substância à qual grande parte
da população na época era intolerante.
"A presença de resíduos de leite em peneiras constitui a mais antiga
evidência direta de fabricação de queijos", disse Mélanie Salque, da
Universidade de Bristol, uma das autoras do estudo. "Antes desse estudo,
não estava claro se o leite das vacas era usado na Europa por volta de
7.000 anos atrás. Até agora, as evidências mais antigas da fabricação de
queijo eram iconográficas." Até agora, os indícios mais antigos da
produção vinham de murais que retratavam o processamento do leite, mas
que eram vários milênios mais novos que a cerâmica polonesa.
Pedaço de cerâmica de 7.500 anos usado para fabricação de queijo
Resíduos de leite já haviam sido encontrados em sítios arqueológicos
com até 8.000 anos na Turquia e Líbia, mas não havia evidência de que o
produto tivesse sido transformado em queijo.
Peter Bogucki, um dos co-autores do estudo, diz que além de mostrar que
os humanos já faziam queijo havia 7.000 anos, esses resultados trazem
evidências do consumo de produtos com baixa lactose na Pré-História.
"Fazer queijo era uma maneira de reduzir a lactose do leite, e nós
sabemos que naquele tempo a maioria dos humanos era intolerante à
lactose. Produzir queijo era é uma maneira eficiente de explorar os
benefícios nutricionais do leite sem passar mal por causa da lactose."
(Com Agência Reuters)
FONTE: Revista Veja/Ciência
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