Pré-história
Fósseis de animais pré-históricos viram decoração no agreste de Pernambuco
Ossos de animais da megafauna foram achados em escavação em um sítio e foram parar na casa de moradores da região
GALERIA DE FOTOS:
Fragmentos ósseos de preguiça gigante (Eremotherium laurillardi) - UFPE
Coordenador de Geologia da UFPE, Edison Vicente, segura osso de mamífero não identificado - UFPE
Tíbia de ungulado sulamericano ( Toxodon) - UFPE
Osso de mamífero não identificado-UFPE
Vista geral da lagoa onde foram encontrados os fósseis e curiosos procurando por ossos pré-históricos - UFPE
Vista geral do local onde foram encontrados os fósseis e curiosos procurando por ossos pré-históricos - UFPE
Vista geral do local onde foram encontrados os fósseis - UFPE
Esqueleto de um Eremotherium laurillardi - Reprodução/Wikipedia
Imagem do que seria um Panochthus da espécie tuberculatus - Reprodução/Wikipedia
Imagem do que seria um Toxodon - Reprodução/Wikipedia
Achados paleontológicos pré-históricos encontrados no último domingo
(6) em Pernambuco viraram decoração na casas de moradores do distrito de
Mutuca, no município de Pesqueira, agreste do Estado. Os ossos de
mamíferos gigantes que formavam o que se conhece hoje por 'megafauna',
extintos entre 10.000 e 15.000 anos atrás, foram encontrados num
município vizinho chamado Sanharó, com menos de 20.00 habitantes, a 196
quilômetros da capital Recife.
Os fósseis são do Pleistoceno (período que vai de 1,8 milhão a 11.000 anos atrás) e foram descobertos na Fazenda Santo Expedito, na localidade de Sítio Lagoa da Pedra. A propriedade passava por uma obra de aprofundamento de uma lagoa que já servia de reservatório de água no local. Os achados surgiram junto aos sedimentos e foram confundidos com ossos de dinossauros por moradores das redondezas. Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) visitou a fazenda nesta sexta-feira (11) mas já não encontrou quase nada no local. "Os moradores pegaram as peças mais bonitas para enfeitar a casa", relatou a paleontóloga da UFPE Fabiana Marinho.
Durante a visita in loco foram encontrados apenas ossos bastante fragmentados, não identificados. Mas os pesquisadores foram a casas de moradores e conseguiram encontrar ossos de preguiça gigante (Eremotherium laurillardi) e de um ungulado sulamericano (Toxodon), mas não conseguiram determinar a espécie exata, apenas a qual família pertencia. Também conhecido como toxodonte, se assemelhava a um hipopótamo, mas não pertencia ao mesmo grupo. O único fóssil que levaram para tombamento e exposição foi um fragmento da cauda de um tatu gigante (Panochthus), que também não teve a espécie reconhecida. O fóssil do animal, também chamado de gliptodonte, que podia atingir quase o tamanho de um fusca, estava na casa do proprietário da fazenda, onde também acharam um osso do pé de uma preguiça gigante.
De acordo com o coordenador de Geologia da UFPE, Edison Vicente Oliveira, esse tipo de fóssil é relativamente comum em cacimbas (depósitos de tanques ou de lagoas), que são reservatórios naturais de água no interior do Nordeste. Segundo ele, em períodos de seca severa as pessoas escavam e acabam encontrando ossos depositados entre os sedimentos. "Certamente os animais as usavam para beber água. Podem ter sido atacados, mas isso ainda não foi comprovado", afirmou.
Fabiana Marinho lembrou que um dos fatores que podem ter contribuído para a extinção dessa megafauna foram as mudanças climáticas que afetaram a vegetação e, com a pequena oferta de alimento, teriam deixado os animais sucetíveis a doenças e predação. No estado de Pernambuco, até o momento, foram registradas ocorrências em 44 municípios, sendo as mais comuns, a preguiça, o mastodonte, os tatus gigantes, e os toxodontes. Ainda não havia registro de fósseis em Sanharó. "Há datações realizadas que estimam um período em torno de 50.000 anos para a presença desses animais no Nordeste".
Fabiana diz que o achado é importante para se entender melhor como era o passado da região e a distribuição geográfica dos grupos de animais. Provavelmente, o lugar tinha vegetação vasta, pois os animais eram grandes e herbívoros. Além disso, a descoberta pode gerar efeito semelhante ao que ocorreu no município de Maravilha, em Alagoas, que teve beneficiado o desenvolvimento econômico da região através do turismo científico. Sobre os ossos que foram parar na casa dos moradores, assim como os demais que possam surgir, o pedido dos acadêmicos é que os entreguem para estudo. "Não há como estimar a quantidade de ossos que sumiram, mas o proprietário do terreno vai tentar recuperar junto aos moradores e repassar à universidade"
No Brasil, o decreto-lei de nº 4146 considera os fósseis como propriedades da nação e, como tais, a extração depende de autorização prévia e fiscalização do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), subordinado ao Ministério da Agricultura, com exceção de museus nacionais e estaduais e estabelecimentos oficiais do gênero, que podem fazê-lo com uma comunicação prévia. "Provavelmente não faremos a coleta dentro da lagoa pois a profundidade é muito grande, o acesso muito ruim e, além disso, não vamos poder secar o reservatório para retirar os fósseis que ainda estiverem lá, eles precisam muito da água", disse a paleontóloga, que também é doutoranda em Geociências da UFPE.
Em caso de novos achados, o telefone do Laboratório de Paleontologia da UFPE é: (81) 2126-7933.
Os fósseis são do Pleistoceno (período que vai de 1,8 milhão a 11.000 anos atrás) e foram descobertos na Fazenda Santo Expedito, na localidade de Sítio Lagoa da Pedra. A propriedade passava por uma obra de aprofundamento de uma lagoa que já servia de reservatório de água no local. Os achados surgiram junto aos sedimentos e foram confundidos com ossos de dinossauros por moradores das redondezas. Uma equipe de pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) visitou a fazenda nesta sexta-feira (11) mas já não encontrou quase nada no local. "Os moradores pegaram as peças mais bonitas para enfeitar a casa", relatou a paleontóloga da UFPE Fabiana Marinho.
Durante a visita in loco foram encontrados apenas ossos bastante fragmentados, não identificados. Mas os pesquisadores foram a casas de moradores e conseguiram encontrar ossos de preguiça gigante (Eremotherium laurillardi) e de um ungulado sulamericano (Toxodon), mas não conseguiram determinar a espécie exata, apenas a qual família pertencia. Também conhecido como toxodonte, se assemelhava a um hipopótamo, mas não pertencia ao mesmo grupo. O único fóssil que levaram para tombamento e exposição foi um fragmento da cauda de um tatu gigante (Panochthus), que também não teve a espécie reconhecida. O fóssil do animal, também chamado de gliptodonte, que podia atingir quase o tamanho de um fusca, estava na casa do proprietário da fazenda, onde também acharam um osso do pé de uma preguiça gigante.
De acordo com o coordenador de Geologia da UFPE, Edison Vicente Oliveira, esse tipo de fóssil é relativamente comum em cacimbas (depósitos de tanques ou de lagoas), que são reservatórios naturais de água no interior do Nordeste. Segundo ele, em períodos de seca severa as pessoas escavam e acabam encontrando ossos depositados entre os sedimentos. "Certamente os animais as usavam para beber água. Podem ter sido atacados, mas isso ainda não foi comprovado", afirmou.
Fabiana Marinho lembrou que um dos fatores que podem ter contribuído para a extinção dessa megafauna foram as mudanças climáticas que afetaram a vegetação e, com a pequena oferta de alimento, teriam deixado os animais sucetíveis a doenças e predação. No estado de Pernambuco, até o momento, foram registradas ocorrências em 44 municípios, sendo as mais comuns, a preguiça, o mastodonte, os tatus gigantes, e os toxodontes. Ainda não havia registro de fósseis em Sanharó. "Há datações realizadas que estimam um período em torno de 50.000 anos para a presença desses animais no Nordeste".
Fabiana diz que o achado é importante para se entender melhor como era o passado da região e a distribuição geográfica dos grupos de animais. Provavelmente, o lugar tinha vegetação vasta, pois os animais eram grandes e herbívoros. Além disso, a descoberta pode gerar efeito semelhante ao que ocorreu no município de Maravilha, em Alagoas, que teve beneficiado o desenvolvimento econômico da região através do turismo científico. Sobre os ossos que foram parar na casa dos moradores, assim como os demais que possam surgir, o pedido dos acadêmicos é que os entreguem para estudo. "Não há como estimar a quantidade de ossos que sumiram, mas o proprietário do terreno vai tentar recuperar junto aos moradores e repassar à universidade"
No Brasil, o decreto-lei de nº 4146 considera os fósseis como propriedades da nação e, como tais, a extração depende de autorização prévia e fiscalização do Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), subordinado ao Ministério da Agricultura, com exceção de museus nacionais e estaduais e estabelecimentos oficiais do gênero, que podem fazê-lo com uma comunicação prévia. "Provavelmente não faremos a coleta dentro da lagoa pois a profundidade é muito grande, o acesso muito ruim e, além disso, não vamos poder secar o reservatório para retirar os fósseis que ainda estiverem lá, eles precisam muito da água", disse a paleontóloga, que também é doutoranda em Geociências da UFPE.
Em caso de novos achados, o telefone do Laboratório de Paleontologia da UFPE é: (81) 2126-7933.
Terra de gigantes
Vários ossos de mamíferos gigantes da megafauna foram encontrados em uma fazenda no município de Sanharó, no agreste pernambucano. Alguns fósseis correram o risco de se tornarem objeto de decoração nas casas de moradores, que chegaram antes dos cientistas e levaram os ossos sem permissão. Felizmente, uma equipe da UFPE já recuperou algumas peças.
FONTE: Revista Veja.com
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