12/01/2013
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04h22
FERNANDO TADEU MORAES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O ano de 2012 provavelmente ficará na história como um período de
eventos climáticos extremos, tendência que tem se mantido nas primeiras
semanas de 2013.
A China vem enfrentando o pior inverno dos últimos 30 anos; a Austrália
sofre com queimadas por todo o país e teve nos quatro últimos meses de
2012 os mais quentes da sua história; o Paquistão foi inundado por
enchentes inesperadas em setembro; o Brasil teve uma de suas primaveras
mais quentes e, nos EUA, o último ano teve a temperatura média mais alta
na parte continental.
Menahem Kahana - 10.jan.13/AFP | ||
Vinte centímetros de neve caíram nesta semana em Jerusalém, cobrindo as ruas e até as palmeiras; tempestade foi a pior em 20 anos |
"Todo ano temos tempo extremo, mas é estranho ter tantos eventos
extremos ao redor do mundo de uma só vez", disse Omar Baddour, da
Organização Meteorológica Mundial.
No Brasil, ainda não há dados consolidados sobre a temperatura média do
ano passado, mas, para Jose Marengo, pesquisador do Inpe (Instituto
Nacional de Pesquisas Espaciais), os dados até agora apontam uma
situação parecida com a dos EUA. "Em 2012, especialmente a partir de
setembro, batemos recordes de temperatura."
No âmbito mundial, as temperaturas foram altas também. Estimativas da
Organização Meteorológica Mundial mostram que, entre janeiro e outubro
de 2012, a temperatura média foi cerca de 0,5º C acima da média do mesmo
período entre 1961 e 1990, o que deve levar o ano passado a ser o
oitavo ou nono mais quente desde 1850.
Greg Wood - 10.jan.13/AFP |
Árvore após incêndio florestal que atinge parte da Austrália, que vive uma forte onda de calor |
Poderia ter sido pior, mas o ano começou com a presença do fenômeno
climático La Niña, que provoca um resfriamento anormal no oceano
Pacífico tropical. A média de temperatura registrada nos três primeiros
meses do ano foi a menor desde 1997.
Marengo destaca a onda de calor que atingiu o Sudeste e o Centro-Oeste
do Brasil entre 28 e 31 de outubro como um dos evento mais
surpreendentes de 2012. A temperatura na capital paulista chegou a 36,6º
C no dia 30. "Essas temperaturas não são esperadas na primavera."
No plano mundial, segundo o pesquisador, o efeito do furacão Sandy sobre
a cidade de Nova York no fim de outubro foi bastante marcante.
"Em um país que está tão preparado para as mudanças climáticas, com
sistemas de alarmes e abrigos, o furacão parou sua cidade mais
importante. Isso mostra que ninguém está preparado para um evento
extremo."
AQUECIMENTO GLOBAL
Para Baddour, o aumento da frequência dos eventos extremos é um sinal de
que a mudança climática não virá só na forma de aumento das
temperaturas e sim como anomalias intensas e desagradáveis.
Mas, segundo Marengo, é difícil dizer qual é o peso da atividade humana nesses acontecimentos.
"O que é possível dizer hoje é que existe um componente humano nos
eventos climáticos. O que não foi demonstrado ainda é o tamanho desse
impacto".
Para este ano, o pesquisador espera anomalias de temperatura nos
chamados meses de intervalo, como maio e outubro. "No ano passado
tivemos um maio muito frio e uma onda incrível de calor em outubro."
Com o "New York Times"
FONTE: Folha.com/Ambiente
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