20/03/2013
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11h39
PEDRO SOARES
DO RIO
REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Atualizado às 20h46.
Paleontólogos do Museu Nacional da UFRJ (Universidade Federal do Rio de
Janeiro) acabam de tornar o céu pré-histórico do Brasil um lugar bem
menos seguro ao anunciar a descoberta de um réptil voador que, de uma
ponta à outra das asas, pode ter medido 8,5 metros.
A criatura parece pertencer a uma espécie já conhecida de pterossauro,
como são designados esses animais, mas nenhum bicho do grupo descoberto
até hoje no Brasil chegou perto desse tamanho. Trata-se do terceiro
maior pterossauro do planeta, sobrepujado apenas por duas outras
espécies, uma norte-americana e outra europeia, que empatam com cerca de
10 m de envergadura.
Detalhes do achado, anunciado na manhã de ontem, estão em um artigo na revista "Anais da Academia Brasileira de Ciências".
Marlon Falcão/Fotoarena/Folhapress | ||
Fóssil do pteroussauro brasileiro apresentado no Museu Nacional, no Rio de Janeiro |
Os pesquisadores analisaram fósseis de três indivíduos, todos da chapada
do Araripe, região nordestina que é um dos locais do mundo mais ricos
em vestígios de pterossauros, alguns excepcionalmente bem preservados,
com tecidos moles, como músculos e vasos sanguíneos.
Do trio, o animal mais avantajado é o que teve mais material ósseo
preservado: parte do crânio, vértebras, pelve e pedaços de ambas as
asas. Segundo os pesquisadores, o bicho pertencia à espécie
Tropeognathus mesembrinus. Provavelmente era um devorador de peixes,
alimento abundante no ambiente costeiro que predominava no Araripe à
época.
Alexander Kellner, paleontólogo que coordenou a pesquisa, destaca que o
novo espécime contraria a ideia de que certos grupos de pterossauro não
teriam o potencial evolutivo de alcançar dimensões gigantes, ou que esse
gigantismo só apareceu pouco antes da queda de um meteorito que os fez
desaparecer há 65 milhões de anos.
"De repente, você tem um animal de 110 milhões de anos que já chegava a
esse tamanho", afirma Kellner. "As pessoas falavam em limite de
envergadura para esse tipo de pterossauro, mas sempre pode aparecer um
maior."
Como nenhum bicho voador moderno chega perto desses monstros em tamanho, há debate sobre como eles se mantinham no ar. Alguns os veem como planadores, sem vocação para o voo "real".
Como nenhum bicho voador moderno chega perto desses monstros em tamanho, há debate sobre como eles se mantinham no ar. Alguns os veem como planadores, sem vocação para o voo "real".
Para Kellner, embora as aves modernas com as maiores asas, os
albatrozes, tenham envergadura de apenas 3,5 m, é possível fazer uma
analogia entre eles e os megapterossauros. "Um albatroz pode ficar
quilômetros sem bater as asas, mas, quando precisa, ele as bate."
A pesquisa teve apoio da Faperj, fundação estadual de amparo à pesquisa
do Rio. Cientistas de universidades do Ceará e de Pernambuco também
assinam o estudo.
As peças ficam em exposição no Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio, a partir de amanhã.
FONTE: Folha.com/Ciência
Editoria de arte/Folhapress | ||
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