Protoindo-europeus
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Os proto-indo-europeus (ou protoindo-europeus) são os hipotéticos falantes da língua proto-indo-europeia; um povo pré-histórico da Idade do Cobre e do início da Idade do Bronze.
Índice[esconder] |
[editar] Sumário
Os proto-indo-europeus são um grupo hipotético de povos cuja existência a partir de cerca de 4000 a.C. é deduzida a partir de sua língua, o proto-indo-europeu.
Particularidades sobre sua cultura podem ser determinadas com segurança, baseando-se nas palavras reconstruídas para sua língua:
- Eles usavam um sistema de parentesco baseado na relação entre homens.
- O principal deus de seu panteão era *dyeus ph2tēr (literalmente "pai céu" > Grego Ζευς (πατηρ) / Zeus (patēr); *dieu-ph2tēr > Latim Jupiter),[1], e a deusa terra.
- Eles compunham e recitavam poesias épicas ou canções líricas, que usavam provérbios conhecidos como fama imortal.
- O clima onde eles viveram caía neve.
- Eles eram pastores e nômades, domesticaram gado e cavalos.
- Eles possuíam carroças, com rodas sólidas, mas ainda não bigas, com rodas raiadas.
[editar] Cultura e religião
O que se conhece sobre os proto-indo-europeus com alguma certeza é o resultado da lingüística comparativa, parcialmente ajudada pela arqueologia. Os traços seguintes são largamente aceitos, mas entende-se que eles são hipotéticos por sua natureza reconstruída.
Os proto-indo-europeus eram uma sociedade patrilinear, provavelmente semi-nômade, apoiada na pecuária (especialmente gado bovino e ovelhas). Eles domesticaram o cavalo (*eḱwos). O boi (*gwous) ocupava um lugar central na religião e na mitologia assim como na vida diária. A fortuna de um homem poderia ser medida pela quantidade de animais que ele possui (*peḱus, a palavra para um pequeno grupo de animais, adqiriu o significado de "valor", tanto no inglês fee quanto no latim pecunia).
Eles praticavam uma religião politeísta centralizada em ritos de sacrifício, provavelmente administrados por uma casta sacerdotal. A hipótese Kurgansacrifício humano, sati). sugere sepultamentos em túmulos ou tumbas. Líderes importantes teriam sido sepultados com seus pertences, e possivelmente também com membros de sua família ou esposas (
Há evidências de monarquias sagradas, sugerindo que o rei tribal ao mesmo tempo assumia o cargo de grande sacerdote (por exemplo, os reis germânicos). Muitas sociedades indo-européias eram divididas em três classes: a classe clerical, a classe guerreira e a classe camponesa ou lavradora. Tal divisão foi sugerida para os proto-indo-europeus por Georges Dumézil.
Se houve uma classe separada de guerreiros, então ela provavelmente teria consistido de jovens homens solteiros. Eles teriam seguido um código guerreiro em separado, inaceitável pela sociedade fora do grupo. Traços de ritos de iniciação em várias sociedades indo-européias sugerem que este grupo se identificava com os lobos e cães (ver também Berserker e Lobisomem).
Tecnologicamente, a reconstrução sugere uma cultura do começo da Idade do Bronze; o bronze era usado para a fabricação de ferramentas e armas. A prataouro eram conhecidos. Ovelhas eram criadas para obtenção de lã e a tecelagem era praticada para produção têxtil. A roda era conhecida, usada com certeza em carroças puxadas por bois e depois deve ter sido usada nas guerras, com os proto-indo-europeus fazendo uso delas em bigas puxadas por cavalos. e o
O nome nativo desse povo não pode ser reconstruído com certeza. *Aryo- que às vezes se sustenta como auto-identificação dos indo-europeus (ver ariano), é confirmado como uma designação étnica apenas na subfamília indo-iraniana.
[editar] Origens
Os acadêmicos do século XIX que primordialmente cuidaram da questão da terra natal dos indo-europeus (também chamada Urheimat, termo adotado do alemão), estavam essencialmente confinados às evidências lingüísticas. Uma localização grosseira foi tentada pela reconstrução de nomes de plantas e animais (principalmente a faia e o salmão) assim como pela cultura e pela tecnologia (uma cultura da Idade do Bronze centralizada na pecuária e que havia domesticado o cavalo). As opiniões acadêmicas tornaram-se basicamente divididas entre uma hipótese européia, com uma migração da Europa para a Ásia, e uma hipótese asiática, indicando que a migração ocorreu na direção oposta.
Todavia, a partir de então, a controvérsia foi corrompida por noções nacionalistas românticas de invasores heróicos na melhor das hipóteses e por pautas imperialistas e racistas, na pior das hipóteses. Com freqüência assumia-se que a disseminação da língua ocorreu devido às invasões de alguma raça ariana superior. Tal hipótese sofreu particularmente uma grave distorção por propósitos de propaganda política dos nazistas. É questão é ainda fonte de muitas disputas. Tipicamente, escolas filosóficas nacionalistas também reivindicam seus respectivos territórios para a terra natal original, ou mantém que suas cultura e língua sempre estiveram presentes naquela região, negando o conceito dos proto-indo-europeus no geral.
[editar] Arqueologia
Tem havido várias tentativas em se afirmar que algumas culturas pré-históricas em particular podem ser identificadas com os povos falantes de proto-indo-europeu, mas todas são especulativas. Todas as tentativas para se identificar um povo atual com uma língua não atestada depende de uma reconstrução sonora daquela língua que permita a identificação de conceitos culturais e fatores ambientais que possam ser associados com culturas particulares (tais como o uso de metais, agricultura versus pastoralismo, plantas e animais geograficamente distintas, etc.).
No século XX Marija Gimbutas criou uma variação moderna sobre a tradicional teoria da invasão (a hipótese Kurgan, por causa dos kurgans (montes funerários) das estepes eurasianas) na qual os indo-europeus eram uma tribo nômade da Ucrânia oriental e do sul da Rússia que se expandiu montada a cavalo em várias ondas durante o terceiro milênio a.C. Esta expansão coincidiu com a domesticação do cavalo. Deixando sinais arqueológicos de sua presença, eles subjugaram os pacíficos fazendeiros europeus neolíticos. Pelo desenvolvimento das afirmações de Gimbutas, ela colocou ênfase crescente na natureza patriarcal, patrilinear da cultura invasora, severamente contrastando-o com o suposto igualitarismo, se não uma cultura matrilinear dos invadidos, a um ponto de formular uma arqueologia essencialmente feminista.
Sua teoria tinha encontrado apoio genético nos restos da cultura neolítica da Escandinávia, onde restos ósseos em túmulos neolíticos indicam que a cultura megalítica era matrilocal ou matrilinear assim como as pessoas sepultadas no mesmo túmulo eram aparentadas através das mulheres. Da mesma forma, há evidências de resquícios de tradições matrilineares entre os pictos. Uma forma modificada da teoria de JP Mallory, que data as migrações antes de 4000 a.C. e é menos insistente na sua natureza violenta ou aparentemente militar, é ainda largamente aceita.
Colin Renfrew é o principal propagador da hipótese anatólia, pela qual as línguas indo-européias se espalharam pacificamente para a Europa a partir da Ásia Menor, a partir de cerca de 7000 a.C. com o avanço da agricultura. Esta teoria é contraditória pelo fato de que a antiga Anatólia era reconhecidamente habitada por povos não indo-europeus, especialmente os hattis, os chalybes e os khaldi. Todavia, isto não elimina a possibilidade de que estes povos de alguma forma tenham contribuído com os proto-indo-europeus, especialmente por que eles estavam próximos às primeiras culturas Kurgan.
Outra teoria está associada com a teoria da inundação do mar Negro, que sugere que o proto-indo-europeu se originou como a língua de comércio entre tribos neolíticas do mar Negro[2]. SObre esta hipótese o arqueólogo da Universidade da Pensilvânia Fredrik T. Hiebert hipotetiza que a transição do proto-indo-europeu para a dispersão do indo-europeu ocorreu durante a inundação do mar Negro na metade do sexto milênio a.C.
[editar] Genética
O surgimento de evidências arqueogenéticas, que usa análise genética para traçar padrões de migração, também acrescentou novos elementos ao quebra-cabeças. Luigi Luca Cavalli-Sforza, um dos expoentes neste campo, na década de 1990 usou evidências genéticas para combinar, em algumas direções, as teorias de Gimbutas e de Colin Renfrew. Aqui, os colonos agrícolas de Renfrew movimentaram-se para o norte e para oeste, parcialmente dividindo-se e finalmente se tornando a cultura Kurgande Gimbutas, a qual se deslocou para a Europa.
De qualquer forma, os desenvolvimentos na genética diminuíram muito as às vezes tempestuosas controvérsias sobre as invasões. Eles indicam uma forte continuidade genética na Europa; especificamente, estudos de Bryan SykesPaleolítico, sugerindo que as línguas tendem a se espalhar geograficamente mais por contato cultural que por invasões ou extermínios, ou seja, muito mais pacificamente do que era descrito em alguns cenários de invasão, e assim o registro genético não rejeita o historiamente muito mais comum tipo de invasão onde um novo grupo assimila os habitantes nativos. Este cenário bastante comum de sucessivas invasões de pequena escala onde uma nação dominante impunha suas língua e cultura a uma grande população nativa era o que Gimbutas tinha em mente: mostram que 80% do material genético dos europeus chega até o
- O processo de indo-europeização foi cultural, não uma transformação física. Deve ser entendido como uma vitória militar em termos de impor um novo sistema administrativo, língua e religião sobre os grupos nativos.
Por outro lado, cada resultado também desperta uma nova encarnação da "hipótese européia", sugerindo que as línguas indo-européias existam na Europa desde o Paleolítico.
Um componente de cerca de 28% deve ser atribuído à revolução neolítica, iniciada a partir da Anatólia por volta de 10000 a.C. Um terceiro componente de cerca de 11% deriva da estepe Pôntica. Enquanto estes achados confirmam que havia movimentos populacionais tanto relacionados com o início do Neolítico quanto com o início da Idade do Bronze, correspondendo aos indo-europeus de Gimbutas e Renfrew, respectivamente, o registro genético obviamente não pode render qualquer informação como a língua falada por estes grupos.
A dispersão do haplogrupo R1a1 do DNA do cromossomo Y está associada com a dispersão das línguas indo-européias. Sua mutação definitiva (M17), ocorreu cerca de 10.000 anos atrás, antes do estágio proto-indo-europeu, de forma que sua presença não pode ser tomada como um marcador exato dos indo-europeus.
[editar] Glotocronologia
Mais recentemente, um estudo da presença/ausência de diferentes palavras por todos os ramos do indo-europeu usando modelos aleatórios de evolução de palavras (Gray e Atkinson, 2003) sugere que a origem do indo-europeu está em algum ponto em torno de 8.500 anos, sendo a primeira divisão a separação do hitita (hipótese indo-hitita). Gray e Atkinson usam grandes períodos de tempo para evitar os problemas associados com aproximações tradicionais com a glotocronologia. Todavia, deve ser notado que os cálculos de Gray e Atkinson contam inteiramente com listas de Swadesh e enquanto os resultados são totalmente aceitáveis para os ramos bem atestados, seu cálculo para a idade do hitita, que é crucial para a reivindicação anatólia, baseia-se numa lista de Swadesh com 200 palavras de uma única língua que são consideradas como contensiosas. Interessantemente, um ensaio mais recente sobre 24 línguas particularmente antigas, incluíndo três línguas anatólias, produziu o mesmo tempo estimado e uma separação anatólia precoce.
Um cenário que poderia reconciliar a teoria de Renfrew com a hipótese Kurgan sugere que as migrações indo-européias estão de alguma forma relacionadas com a submersão do nordeste do mar Negro por volta de 5600 a.C.[3]: enquanto um grupo dissidente, que se tornou os falantes de proto-hitita, deslocou-se para o nordeste da Anatólia por volta de 7000 a.C., o restante da população teria ido para o norte, desenvolvendo-se na cultura Kurgan, enquanto outros devem ter escapado em grande parte para o nordeste ( Tocarianos) e para o sudeste (indo-iranianos). Enquanto o tempo decorrido para este cenário é consistente com Renfrew, ele é incompatível com sua suposição da dispersão indo-européia com o avanço da agricultura.
[editar] Geografia
A terra natal proto-indo-européia a nordeste do mar Negro possui um clima distinto, que amplamente resulta da localização da região no interior do continente. A região tem baixa precipitação pluviométrica, mas não o bastante para ser um deserto. Ela recebe uma precipitação de cerca de 0,4 metro de chuva por ano. A região também tem uma grande variação de temperatura entre o verão e o inverno (cerca de 33 °C).
[editar] Notas
- ↑ "Todavia, para a sociedade falante de indo-europeu, nós podemos reconstruir com certeza a palavra para "deus", *deiw-os, e o nome de duas palavras da deidade principal do panteão, *dyeu-pəter- (Latim Iūpiter, grego Zeus patēr, Sânscrito Dyaus pitar e luviano Tatis Tiwaz)." The American Heritage® Dictionary of the English Language, Fourth Edition. 2000
- ↑ [1]
- ↑ Como alegado por by Ryan e Pitman em Noah's Flood : The New Scientific Discoveries About the Event that Changed History (O Dilúvio: As novas Ddescobertas científicas sobre o evento que mudou a história) (1998)
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
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