terça-feira, 17 de agosto de 2010

ÍNDIOS DO BRASIL ( Os Caingangues )

Caingangues

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Kaingang
Kanhgág
Caingangues
Azelene Kaingang.jpeg

População total
28.000 (FUNASA - 2006)
Regiões com população significativa
Sudeste e sul do Brasil
Línguas
Caingangue
Português
Religiões
Xamanismo caingangue
catolicismo popular

protestantismo
Os caingangues (ou ainda kaingang, kanhgág) são um povo indígena do BrasilSua língua pertencente à família linguística , do tronco macro-jê. Sua cultura desenvolveu-se à sombra dos pinheirais (Araucaria brasiliensis). Há pelo menos dois séculos, sua extensão territorial compreende a zona entre o rio Tietê (São Paulo) e o rio Ijuí (norte do Rio Grande do Sul). No século XIX, seus domínios se estendiam para oeste, até San Pedro, na província argentinaMisiones. meridional. de
Atualmente, os caingangues ocupam cerca de trinta áreas reduzidas, distribuídas sobre seu antigo território, nos estados meridionais brasileiros de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com uma população aproximada de 29 mil pessoas.[1] Os caingangues estão entre os cinco povos indígenas mais populosos no Brasil[carece de fontes?].
Na literatura internacional, "caingangues" tem designado o povo que, na literatura de língua portuguesa, é chamado xoclengue (que hoje se autodenominam laklãnõ). Os xoclengues foram descritos por Jules Henry (1941: “Jungle People: a Kaingáng tribe of the highlands of Brazil”), pesquisador que esteve entre eles no início da década de 1930, no leste de Santa Catarina. Por isso, o que se costuma referir, na literatura internacional, como característica da cultura caingangues é, na verdade, característica da cultura xoclengue, segundo a descrição de J. Henry.

Índice

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[editar] Panorama histórico

[editar] Geografia

Os caingangues ocuparam, historicamente, um vastíssimo território, não completamente contíguo, mais ou menos correspondendo à expansão maior das florestas de pinheirais, o que significa: vastas regiões do Paraná e Santa Catarina, a região do sul-sudoeste paulista, o planalto rio-grandense e parte de Misiones, na Argentina. Seus parentes próximos, os xoclengues, parecem ter preferido os campos entremeados dos pinheirais, mas também ocuparam regiões quase marginais à zona das araucárias. Os únicos grupos caingangues fora daquele ecossistema são os caingangues paulistas, cujo estabelecimento na região entre o Rio Tietê e o Rio do Peixe já foi apontado, por alguns autores, como posterior à do Paraná, e feita por grupos que transpuseram o Paranapanema.
Ocupando região tão ampla, em incontáveis grupos ou aldeias de população média em torno de 150 a 200 pessoas (se são válidos os dados que temos para meados do século XIX), embora às vezes "articulados"" por uma liderança regional, os caingangues seriam alvo de diferentes momentos de expansão das fronteiras econômicas brasileiras. Alguns grupos (poucos), caingangues e xoclengues, teriam sido convertidos por missões jesuítas no oeste do Paraná e no norte rio-grandense (primeiras décadas do século XVII), mas não por muito tempo. Depois desse período, apenas no final do século XVIII foram atingidos por frentes de exploração militar, na região de Guarapuava, onde, em 1812, se iniciariam os primeiros contatos permanentes de um grupo caingangue com uma comunidade portuguesa.
À mesma época, os territórios xoclengues dos campos de Lages eram alvo de ocupação e, também ali, moveu-se guerra aos índios. A economia pastoril, que levou à ocupação militar de Guarapuava, avançaria, no final da década de 1830, para a região dos Campos de Palmas e, pouco depois, o Campo-Erê, os Campos de São João e os Campos Novos; finalmente, a partir dos meados da década de 1840, para a região norte do Rio Grande do Sul (campos de Nonoai e, na seqüência, campos de Guarita e campos do Erexim). A região norte do Paraná foi ocupada, também militarmente, apenas na segunda metade do século XIX, e o oeste paulista, para o avanço dos cafezais, foi alvo da penetração da Estrada de Ferro Noroeste do Brasil na primeira década do século XX, quando o recém-criado SPI foi responsável pela chamada “pacificação” dos caingangues. Ainda nos anos 1920, o SPI mantinha, no norte paranaense, um “posto de atração” para os caingangues ditos “arredios”.

[editar] Século XX

O início do século XX assistiu à demarcação de boa parte das terras indígenas dos caingangues que, no entanto, rapidamente começaram a ser cobiçadas, invadidas, dilapidadas e griladas. No Paraná, o primeiro conflito aconteceu já nos anos 1920, obrigando a uma mudança em delimitações originalmente feitas pelo Estado, e também criando uma demanda judicial que terminou desfavorável aos índios no caso das terras que possuíam em São Jerônimo[carece de fontes?]. No final dos anos 1940, o governador Moysés Lupion, em acordo com burocratas do SPI, roubou diversas áreas indígenas[carece de fontes?]. Em Santa Catarina, os maiores esbulhos deram-se também nos anos 1940. Não por acaso, no Paraná e em Santa Catarina estiveram envolvidas terras ricas em pinheirais, no imediato pós-guerra—o que gerou um surto madeireiro e, igualmente, um surto de expansão agrícola. No Rio Grande do Sul, o próprio estado começou a tomar terras antes demarcadas aos índios, já nos anos 1940, mas principalmente nos anos 1960.
Essa história de esbulho é acompanhada pela ocupação, também, de toda a cercania das terras indígenas por imigrantes e descendentes de imigrantes, pequenos proprietários e fazendeiros. A presença cada vez mais maciça de brancos nas proximidades de suas terras e -– a partir das invasões e de arrendamentos promovidos pelo SPI -– dentro das próprias áreas foi fator importante de compulsão contra a permanência de tradições e práticas culturais indígenas, incluída a língua, além de casamentos interétnicos (o casamento com mulher índia, para os caboclos alijados de suas terras pelo empreendimento colonizador europeu, era garantia de acesso a esse bem de produção: a terra). No caso específico do Estado de São Paulo, além da depopulação violenta, verdadeiramente genocida, sofrida pelos caingangues (de algo em torno de 1200 na primeira década do século, eram menos de 200, já "aldeados" pelo governo antes do final da década seguinte), a partir dos anos 1940 suas áreas sofreram a introdução de indivíduos e famílias das mais diferentes etnias, por conta da política do SPI de fazer, naquelas áreas indígenas, algo como "colônias penais". Índios do nordeste, do leste, do Mato Grosso do Sul e do norte do Brasil eram para lá levados, e lá contraíam casamento. O resultado das uniões interétnicas foram famílias em que se usava sempre o português como lingua franca, e os filhos tornaram-se falantes nativos dessa língua.


FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.

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