Instituto Butantan
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O Instituto Butantan é um centro de pesquisa biomédica localizado no bairro do Butantã, na cidade de São Paulo. É uma instituição pública estadual, subordinada à Secretaria de Saúde do governo paulista.
Fundado em 23 de janeiro de 1901, é responsável pela produção de mais de 80% do total de soros e vacinas consumidos no Brasil. É também um importante ponto turístico, contando com um parque e três museus (Biológico, Histórico e Microbiológico), além do Hospital Vital Brazil, uma biblioteca, um serpentário, unidades de produção de vacinas e biofármacos.
Índice[esconder] |
[editar] História
O Instituto Butantan surgiu em 1898[1]. Foi fundado na área da antiga Fazenda Butantan com o objetivo de produzir soro para a peste, o grande problema do Brasil na época. O nome Butantan, segundo etimologistas, é originário do tupi e quer dizer "terra dura dura", formando o superlativo a partir da duplicação do adjetivo. A comunidade dos funcionários mantém a tradição do nome, grafando-o com o "n" final, mesmo destoando do bairro, originado no entorno do instituto, que, seguindo decreto do governo municipal de São Paulo, é grafado com til (Butantã).
A história do Instituto Butantan confunde-se com a história da modernização do Estado de São Paulo. Seu surgimento deveu-se a uma epidemia de peste bubônica no Porto de Santos[1]. Temerário que a doença atingisse a capital do Estado, o governo convocou o Instituto Bacteriológico para tentar resolver o problema.
A fazenda Butantan foi desapropriada pelo Presidente de São Paulo Coronel Fernando Prestes de Albuquerque que iniciou as obras do Instituto.
Seu diretor, Adolfo Lutz, mandou para essa cidade o assistente Vital Brazil Mineiro de Campanha (sic), ou, simplesmente, Vital Brazil (com 'z', na grafia da época). Em pouco tempo ele diagnosticou a doença e, em conjunto com o médico Osvaldo Cruz, criou um plano para controlá-la. De volta à capital, Vital Brazil foi encarregado de um serviço contra a peste no Instituto Bacteriológico. No ano seguinte esse serviço transformou-se em instituição autônoma, então denominada "Instituto Serumtherapico do Estado de São Paulo", que, posteriormente, transformou-se no atual Instituto Butantan, que ajudou a debelar a peste.
Entretanto, devido principalmente à expansão da cafeicultura, os trabalhadores rurais (na maior parte imigrantes) viam-se frequentemente submetidos a acidentes ofídicos. As serpentes venenosas transformavam-se em um grande problema que, juntamente com a peste bubônica, atentava contra o desenvolvimento paulista.
Vital Brazil, a par de toda essa problemática, concomitantemente aos estudos sobre a peste, iniciou as suas pesquisas sobre o ofidismo, tema então pouquíssimo conhecido. O extenso trabalho que desenvolveu pesquisando esse assunto fez com que o Butantan rapidamente se especializasse no conhecimento herpetológico, bem como na produção de soros anti-ofídicos, tornando-se uma entidade ímpar em todo o mundo. Vital Brazil, inclusive, tem a primazia na demonstração da especificidade dos soros antiofídicos.
Um soro específico para uma serpente venenosa europeia, por exemplo uma víbora (Vipera), é ineficiente para uma jararaca (Bothrops) sul-americana. Em viagens que fez, principalmente para os Estados Unidos, demonstrando a eficácia do soro antiofídico, a fama de Vital Brazil correu mundo. Durante vários anos, entretanto, o Instituto Butantan funcionou em toscas dependências, contando com um corpo de funcionários bastante exíguo. Mesmo assim, de seus laboratórios brotaram importantes pesquisas no campo da herpetologia, microbiologia e imunologia, reconhecidas internacionalmente. A partir de 1914, com a construção da nova sede e a paulatina ampliação de seu orçamento, o Butantan começou a se consolidar como a mais importante instituição de pesquisa biomédica do Estado de São Paulo, e uma das maiores do Brasil.
Recentemente, o instituto tem sido auxiliar no combate à gripe H1N1, pois é o órgão publico responsável pela produção da vacina a partir de amostras fornecidas pelo laboratório francês Sanofi Pasteur.[1]
[editar] Irregularidades
Em setembro de 2009, o Instituto Butantan foi alvo de investigação pelo Ministério Público do Estado de São Paulo, após denúncias do Conselho de Controle de Atividades Financeiras indicarem que funcionários do instituto teriam desviado, desde 2007, ao menos 30 milhões de reais de verbas repassadas pelo Ministério da Saúde para a produção de soros e vacinas. Segundo a promotoria, havia indícios de que os responsáveis pela fundação teriam se beneficiado do esquema.[2]
Mais tarde, constatou-se que o dinheiro teria sido desviado ao longo de cinco anos por funcionários do segundo escalão da fundação. O resultado da investigação foi a demissão de sete pessoas.[3] O presidente da Fundação Butantan, Isaías Raw, se afastou do cargo e foi substituído interinamente por Erney Plessman de Camargo.[4] Segundo apuração da Promotoria, Raw desconhecia o desvio nem se beneficiou dele.[3]
[editar] Incêndio
Em 15 de maio de 2010, um incêndio atingiu o Prédio das Coleções[5] desde às 7h30 e foi controlado por volta das 19h30.[6]
Havia indícios de que o incêndio teria destruído mais de 70 mil espécimes de serpentes, além de mais de 450 mil espécimes de artrópodes, entre escorpiões, opiliões, miriápodes e aranhas que estavam conservadas em solução de álcool 70% ou a seco. A coleção, referência para descrição de espécies e utilizada para pesquisas científicas, era a maior do Brasil[7]e a maior coleção do mundo desses animais para uma região tropical[1]. O material coletado em mais de 100 anos foi perdido,[8][9]mas, após a perícia e análise dos cientistas, acredita-se que 5% do acervo poderá ser recuperada.[10][11]
Quando ocorreu o incêndio, outras fontes apontaram cerca 85 mil espécimes de serpentes destruídas e o equivalente a 500 mil espécimes, sendo 450 mil de aracnídeos, das quais cerca de milhares ainda não tinham sido descritas pelos cientistas.[1] Somente em relação a 77 mil cobras, a maior coleção do mundo[9],7 mil ainda aguardavam catalogação.[12]
Não havia animais vivos no prédio mais atingido pelo incêndio.[13]
O especialista em répteis e anfíbios da Universidade de São Paulo (USP), Miguel Trefaut Rodrigues, relatou que o incêndio foi um desastre de proporções incalculáveis e cujos danos indicam a perda de um patrimônio insubstituível da história biológica brasileira.[1]
Alguns exemplares representavam a primeira identificação feita na natureza[9]filogenia.[14] e viabilizavam o estudo de
O prédio mais atingido, construído na última de década de 70 e reformado há 10 anos, não tinha um sistema de proteção contra incêndios. Um projeto de R$ 700 mil havia sido enviado à Fapesp pelo curador Francisco Luis Franco para a instalação de um sistema anti-incêndio no prédio destruído pelas chamas.[9]
No entanto, a Fapesp defende que teria destinado quase R$ 1 milhão, entre 2007 e 2008, para o Butantan reforçar sua infraestrutura, mas que nenhuma parte desses recursos teria sido utilizada para prevenção de incêndios.[10]
O diretor-geral do Instituto Butantan desde 2003, Otávio Mercadante, disse ao jornal Folha de S.Paulo que não faltou dinheiro e que o prédio atingido era seguro, pois recebia manutenção periódica.[10]
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário