domingo, 31 de outubro de 2010

GRANDES CONSTRUÇÕES DA ARQUITETURA MUNDIAL ( O Palácio de Versalhes/França-EUROPA ) "Sétima Parte )

História social

[editar] As políticas de exibição

Versalhes tornou-se a casa da nobreza francesa e a sede da Corte Real, tornando-se assim o centro do Governo Francês.[1] O próprio Luís XIV viveu ali, e simbolicamente a sala central da extensa faixa de edifícios era o quarto de dormir do Rei (La Chambre du Roi), o qual era, ele próprio, centrado na luxuosa e simbólica cama de estado, colocada entre um rico corrimão, não diferente das cercas dos altares. Todo o poder da França emanava deste centro: ali existiam gabinetes governamentais, tal como as casas de milhares de cortesãos, dos seus acompanhantes e dos funcionários da Corte.
Em vários períodos antes de Luís XIV estabelecer o seu governo absoluto, a França, tal como o Sacro Império Romano-Germânico, careceu de uma autoridade central e não era o estado unificado em que se tornaria nos séculos seguintes. Durante a Idade Média alguns nobres locais eram, por vezes, mais poderosos que o Rei da França e, apesar de tecnicamente leais ao Rei, possuiam os seus próprios locais provinciais de poder e governo. Culturalmente tinham influentes Cortes e exércitos leais a eles, não ao Rei, e o direito de cobrar as suas próprias taxas aos seu súbditos. Algumas famílias foram tão poderosas que atingiram proeminência internacional contraindo alianças por casamento com Casas Reais estrangeiras para alcançar as suas próprias ambições políticas. Os monarcas, apesar de nominalmente serem Reis da França, de facto o poder Real, por vezes, limitou-se puramente à região em volta de Paris.
No Palácio também ocorre anualmente a festa da Ordem Soberana e Militar de Malta, onde os cavaleiros franceses da Ordem se reunem no dia 24 de Junho, dia de São João Batista, padroeiro da mesma.[166]

[editar] Etiqueta da Corte



O convívio social da nobreza nos jardins.


Versalhes em 1772.
A vida na Corte era estritamente regulada pela etiqueta. A etiqueta tornou-se o meio de progresso social para a Corte. Luís XIV elaborou regras de etiqueta que incluiam o seguinte:
  1. As pessoas que queriam falar com o Rei não podiam bater à sua porta. Em vez disso, usando o dedo mindinho da mão esquerda, tinham que arranhar suavemente a porta, até que lhes fosse dada permissão para entrar. Como resultado, muitos cortesãos deixaram crescer mais as suas unhas que outros.[22]
  2. Uma dama nunca segura as mãos ou abraça um cavalheiro. Além de ser de mau gosto, esta prática seria impossível devido à largas saias que as rodeavam. Em vez disso, punha a mão no topo do cotovelo do cavalheiro quando passeavam pelos jardins e salas de Versalhes. Também era mencionado que às damas só era permitido tocar nas pontas dos dedos com os homens.[22]
  3. Quando um cavalheiro se senta, desliza o seu pé esquerdo em frente do outro, pousa as mãos dos lados da cadeira e suavemente desce para a cadeira. Havia uma razão muito prática para este procedimento. Se um cavalheiro se sentasse rapidamente, as suas calças apertadas podiam rasgar.[22]
  4. As mulheres e os homens não tinham permissão para cruzar as pernas em público.[22]
  5. Quando um cavalheiro passava por um conhecido na rua, tinha que tirar o chapéu da cabeça até que a outra pessoa passasse.[22]
  6. Um cavalheiro não tinha que fazer outro trabalho além de escrever cartas, discursar, praticar esgrima ou dança. Como desportos, podia praticar tiro com arco, ténis e caça. Um cavalheiro também podia tomar parte em batalhas e por vezes servir como oficial, sendo responsável pelas despesas com o pagamento dos soldados.[22]
  7. Os vestidos das damas não devia permitir muito mais que sentar e caminhar. De qualquer forma, elas passavam o tempo costurando, bordando, escrevendo cartas, pintando, fazendo as suas próprias rendas e criando os seus próprios cosméticos e perfumes.[22]

[editar] Custo

Versalhes era grande, luxuoso e tinha uma manutenção dispendiosa. Tem sido estimado que a conservação e manutenção, incluindo o cuidado e alimentação do quadro de funcionários e da família Real, consumia algo como 25 por cento do rendimento da França. Apesar de à primeira vista isto parecer extraordinariamente elevado, o Palácio de Versalhes era o centro do Governo tal como a residência Real. No entanto, o valor de 25 por cento tem sido disputado por alguns historiadores que acreditam que o número é inflacionado por aqueles que querem exagerar a lista das extravagâncias Reais como causa para a Revolução Francesa. Estimativas recentes sugerem um número próximo dos 6 por cento, nunca mais que isso, enquanto na maioria dos anos, o custo não ultrapassaria 1 por cento.[167]
Littell e Mifflin (2001)[168] lançam o valor de aproximadamente 2 biliões de dólares americanos (1994).[168] Este valor é tido por muitos como uma grosseira substimação. Registos governamentais sobreviventes do período em causa mencionam 65 milhões de livres de ouro (antiga moeda francesa). Não é claro se estes livres de ouro se referem à moeda corrente ou aos Louis d'Orlivres). Se formos precisos, usando os valores actuais do ouro (600 dólares americanos por onça, em 2006) e da prata (12 dólares americanos por onça, em 2006), o valor da propriedade de Versalhes eleva-se a uns espantosos 13 a 300 biliões de dólares americanos.[153] (uma moeda de ouro avaliada em 24
Outra via para olhar esta controvérsia sobre os custos de Versalhes, é considerar os benefícios que a França obteve deste palácio Real. Versalhes, ao fechar os nobres numa jaula dourada, efectivamente terminou os periódicos grupos aristocráticos e rebeliões que atormentaram a França durante séculos.[169] Também destruiu o poder aristocrático nas províncias e permitiu a centralização do Estado, pelo qual uma maioria dos franceses modernos ainda agradecem a Luís XIV, embora a centralização francesa desenvolvida durante a Revolução Francesa, e mais tarde durante a Terceira República, ser actualmente motivo de muito debate e revisões. Versalhes também teve uma tremenda influência na arquitectura e artes francesas e, de facto, na arquitectura e artes de toda a Europa, uma vez que os gostos da Corte e a cultura elaborada em Versalhes influenciou a maior parte do continente.[170]
Entre 1661 e 1663 já haviam sido gastos mais de 1.500.000 livres com o palácio. Até a morte do Rei Sol foram gastos no Palácio de Versalhes, parque, instalações e manutenção 300 milhões de livres.[171] Cinquenta a sessenta milhões apenas para o mobiliário e dois milhões para a construção do seu canal.[172]

[editar] Palácios inspirados em Versalhes

Como a organização centralizada do moderno governo nacional, formulada por Richelieu, era perfeita para Luís XIV e os seus conselheiros, outros estados europeus apressaram-se a copiá-la. Como seguiram o modelo francês na administração e, em particular, nos assuntos militares seguidos (motivo pelo qual, por exemplo, muito do vocabulário militar e do governo dos Estados Unidos, como "bureau", "personnel", e "materiel", ainda permanece em francês), muitos Príncipes tiveram que construir novos edifícios para alojar as novas burocracias. Como a governação, naqueles dias, ainda estava centrada na residência do Príncipe, Versalhes inflamou uma competitiva construção de palácios em jardins cheios de fontes entre a Elite europeia no Poder.[173]


Palácio de Herrenchiem, Alemanha.


Palácio de Blenheim, Inglaterra.


Palácio de Schönbrunn, Áustria.
Ironicamente, a mais directa admiração por Versalhes veio quando a época dos "governos feudais" terminou, no final do século XIX. Luís II da Baviera, um monarca constitucional para quem Luís XIV era um ídolo, mais tarde restringido por médicos devido à sua insanidade mental, encomendou uma cópia quase idêntica de Versalhes, o Palácio de Herrenchiemsee,[174] o qual seria construido numa ilha do bucólico Lago Chiemsee, no estado da Baviera. O financiamento esgotou-se rapidamente, mas a porção central foi finalizada, juntamente com a sua galeria dos espelhos. À sua volta foram construídos jardins formais franceses. Luís II da Baviera usou, ainda, a inspiração de Versailles para construir o Schloss Linderhof.[175]
Durante o período Barroco, os grandes palácios e as suas dependências alojavam governos em funcionamento. Quando Pedro I da Rússia estruturou um novo governo ao estilo Ocidental para a Rússia, visitou Versalhes numa Grande Embaixada e mais tarde decidiu construir uma residência nos arredores de São Petersburgo. Mandou então erguer Peterhof, um complexo de palácios, jardins e parques.[176]
Na Inglaterra, onde, neste período, o poder estava centrado no Parlamento e, particularmente, em nobres politicamente poderosos em vez de centrado no poder monárquico, as tentativas foram limitadas. Estas incluiram renovações em Hampton Court, e em Chatsworth House.[55] A resposta inglesa directa a Versalhes é o Blenheim Palace, construído como um monumento nacional para o inimigo de Luís XIV, o Duque de Marlborough.[55] São de destacar ainda as obras mandadas fazer por Carlos II no Castelo de Windsor, nomeadamente a criação do Longo Passeio e a reconstrução dos Apartamentos Reais e da Galeria de St George por Hugh May.[177]
Nas cortes da Alemanha, foram construidos vários palácios à semelhança de Versalhes, incluindo Schloss Wilhelmshöhe, em Kassel,[55] Schloss Augustusburg[55] e Schloss Falkenlust, em Brühl, o Schloss Friedrichsthal,[178]Gotha, o Palácio de Ludwigsburg,[179] o Schloss Schleissheim,[180] o Schloss Schwetzingen[181] e a Würzburger Residenz.[55] Ainda na Alemanha, não se pode deixar de referir o Novo Palácio de Potsdam, mandado construir por Frederico II da Prússia e frequentemente comparado a Versailles, com o Palácio de Sanssouci a ganhar paralelo, de uma forma pouco rigorosa, com os Trianons.[182] Muitos outros ainda permanecem erguidos, diminutos e frequentemente refinados palácios que já dominaram os timbres postais dos seus principados. em
Na Suécia existe o Palácio de Drottningholm; na Áustria o Palácio de Schönbrunn,[181] e na Hungria o Palácio Eszterháza em Fertöd, o centro administrativo de uma vasta herdade de uma família principesca e não de um monarca propriamente dito.[183]
Na Península Ibérica foram erguidos dois competidores com Versalhes: La Granja na Espanha, próximo de Madrid, também conhecido como "Versalhes espanhol",[187] e o Palácio Real de Queluz em Portugal, próximo de Lisboa.[188]
Em Kapurthala, Punjabe, Índia, o famoso Jagatjit Palace também é baseado em Versalhes.[189] Foi mandado construir pelo último Marajá do principado de Kapurthala e desenhado pelo arquitecto francês, M. Marcel.[190]
A Polónia, com um Rei eleito detentor de menos poderes que os monarcas de outros países, teve poucas oportunidades para construções reais, e na verdade não era possível fazer nada na linha de Versalhes. De qualquer forma, o último Rei da Polónia, Estanislau II da Polónia renovou o Pałac Łazienkowski, essencialmente um pavilhão excepcionalmente vasto, como aqueles construídos pelos cortesões franceses como residências de fim-de-semana longe de Versalhes.[191] O complexo palaciano Barroco mais desenvolvido naquele país é o Palácio Branicki em Białystok, o qual foi construido pelo Conde Jan Klemens Branicki, um nobre poderoso.[192]
Na actual Letónia foi erguido o Rundāles Pils, também conhecido como "O Versalhes Báltico", iniciado como símbolo do poder e riqueza de Ernst Johann von Biron, Duque da Curlândia, que chegou a ser regente do Império Russo1740.[193] durante um curtíssimo governo de 20 dias, em
Na Irlanda, Mervyn Wingfield, 7º Visconde Powerscourt, inspirou-se no Palácio de Versalhes quando construiu Powerscourt House, em Enniskerry, Condado de Wicklow.[181]

[editar] Eventos musicais

Segundo os registos, Versalhes acolheu alguns eventos musicais como:
Em 1988, nos dia 21 e 22, os seus pátios receberam os Pink Floyd durante a sua tournée europeia "A Momentary Lapse of Reason", a qual foi filmada. A filmagem do tema "The Great Gig in the Sky", no espectáculo, foi usada no DVD "Delicate Sound of Thunder".[194][195]
Tina Turner se apresentou no Palácio de Versalhes em 1990 em uma das apresentações da turnê musical Foreign Affair Tour para promover seu álbum de estúdio Foreign Affair.[196][197]
No dia 2 de julho de 2005, os franceses Live 8 actuaram no pátio.[198]

[editar] O Palácio na cultura pop

Em 1954 foi lançado o filme Si Versailles m'était conté do diretor Sacha Guitry, onde é contada a história dos acontecimento ocorridos no Palácio de Versalhes desde sua criação, passando pela Revolução Francesa até os dias atuais.[199][200]
No anime A Rosa de Versalhes, de Riyoko Ikeda, baseado nos acontecimentos da Revolução Francesa, conta-se a história da personagem Oscar que foi criada na sua infância e adolecência como um homem e chegou a ser capitã da guarda da princesa Maria Antonieta, passando a frequentar o Palácio de Versailles.[201]
O cantor e compositor Al Stewart lançou uma canção intitulada "The Palace of Versailles", a qual detalhava a Revolução Francesa, O Terror, e o golpe militarNapoleão Bonaparte, a partir da prespectiva do "solitário Palácio de Versalhes".[202] de
O Palácio de Versalhes foi usado como uma área do jogo de vídeo Castlevania: Bloodlines da Sega Mega Drive,[203] especialmente a Galeria dos Espelhos.
Em 1997, a Cryo Interactive Entertainment lançou o jogo Versailles 1685, cujo objetivo é interagir com a personagem Lalande, uma lavadeira que tem de descobrir quem está por trás de uma série de notas ameaçadoras encontrados ao redor do palácio.[48] Em 2001, a mesma Cryo Interactive Entertainment lança Versailles II: Testament of the King, onde a trama acontece em torno do Palácio de Versalhes em 1700, ano da morte de Carlos II de Espanha, monarca que não havia deixado descendentes, começando então a crise de sucessão espanhola. Luís XIV de França aumenta a pressão diplomática, aparece então Charles-Louis de Faverolles que não tem nenhuma influência na corte, nem dinheiro, mas tem como ambição a carreira de diplomata na esperança de ser enviado para Espanha, onde casar-se com Elvira, sua paixão de infância. Assumindo o papel do personagem, o jogador deve entrar na corte e adquirir os seus costumes, escolher os seus aliados, entre outra missões.[204][205][206]
Em 2006, o governo francês deu permissão à realizadora norte-americana Sofia Coppola para rodar o seu filme, Marie Antoinette, no Palácio de Versalhes. As filmagens incluiram a Galeria dos Espelhos para as cenas do baile de casamento, mesmo apesar deste ter sido renovado nessa época.[207]

[editar] Outras vistas de Versalhes e seu parque


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