sábado, 30 de outubro de 2010

GRANDES OBRAS DA ARQUITETURA MUNDIAL ( O Palácio de Versalhes/França-EUROPA ) "Segunda Parte"

A evolução de Versalhes

[editar] O primeiro château



O château original.
A primeira menção à aldeia de Versalhes encontra-se num documento datado de 1038, a “Charte de l'abbaye Saint-Père de Chartres” (Carta de Direitos da Abadia de Saint-Père de Chartres). Entre os signatários da Carta encontra-se um Hugo de Versalhes, a partir do nome da aldeia.[15]
Durante este periodo, a aldeia de Versalhes, centrada num pequeno castelo e igreja, e a área envolvente eram controladas por um senhor local. A localização da aldeia, na estrada de Paris para Dreux e para a Normandia, trouxe-lhe alguma prosperidade, mas devido à Peste negra e à Guerra dos Cem Anos, esta seria largamente destruida e a sua população severamente diminuida.[16][17]
Em 1575, Albert de Gondi, um florentino, comprou o senhorio. Gondi havia chegado a França com Catarina de Medici e a sua família tornou-se influente na Assembléia dos Estados Gerais francesa.[18] Nas primeiras décadas do século XVII, Gondi convidou Luís XIII para várias caçadas na floresta de Versalhes. Em 1624, depois desta introdução inicial à área, Luís XIII ordenou a construção de um castelo de caça. Desenhada por Philibert Le Roy, a estrutura foi construida em pedra e tijolo encarnado com um telhado de ardósia. Oito anos depois, em 1632, Luís XIII conseguiu a escritura e posse de Versalhes a partir da família Romonov, e começou a fazer ampliações ao palácio.[13]
Os construtores do Palácio de Versalhes se espelharam em Metamorfoses para construírem alguns de seus territórios.[19] O Palácio foi construído sob o domínio de Luís XIV de França, no Absolutismo, provavelmente para exaltar seu poder majestático.[4] Para viabilizar o projeto, Colbert, por volta de 1660, convocou os famosos Irmãos Perrault, Charles e Claude, o arquiteto Louis Le Vau, o pintor Charles Le Brun e o paisagista André Le Nôtre, que formaram a Direção das Artes.[20] A Direção das Artes idealizou um conjunto de edifícios cercados por quadros geométricos constituídos por flores e plantas, com diversos bosques e estradas e canais estupendos. Basearam-se, portanto, nas imagens soltas escritas por Ovídio no Livro II de sua Metamorfoses.[20] Basearam-se também no pensamento de Descartes, que dizia que o homem deveria tornar-se o "senhor e dono da natureza".[20]

[editar] Luís XIV



Luís XIV


Louis Le Vau, primeiro arquiteto de Versalhes.


André le Nôtre, o paisagista.
O sucessor de Luís XIII, Luís XIV, teve um grande interesse em Versalhes.[21] Com início em 1669, o arquitecto Louis Le Vau, e o arquitecto paisagista, André Le Nôtre, começaram uma renovação detalhada do palácio. Era desejo de Luís XIV criar um centro para a Corte Real. Depois do Tratado de Nijmegen, em 1678, a Corte e o governo da França começaram a mudar-se para Versalhes. A Corte estabeleceu-se oficialmente no palácio no dia 6 de Maio de 1682.[11]
Mudando a Corte Real e a sede do Governo da França, Luís XIV esperava ganhar grande controle do país pela nobreza, distanciando-se ele próprio da população de Paris. Todo o poder da França emanava desse centro: aqui existiam gabinetes governamentais, tal como casas para milhares de cortesãos, os seus acompanhantes, e todos os funcionários da Corte. Ao requerer que nobres de certa posição e estatuto passassem um período do ano em Versalhes, Luís evitava que desenvolvessem o seu próprio poder regional às custas do seu Poder Real e mantinha-os a concertar esforços na centralização do governo francês numa Monarquia absoluta. A meticulosa e estrita etiqueta que Luís XIV estabeleceu, a qual deixou os seus herdeiros estupefactos com o seu pequeno tédio, era resumida nos elaborados procedimentos que acompanhavam o seu acordar pela manhã, conhecidos como o Levée,[22][23] dividido no petit lever para os mais importantes e no grand lever para a restante Corte.[24] Como outras maneiras da Corte francesa, foi rapidamente imitada noutras Cortes da Europa.[4]
Depois da morte do Cardeal Jules Mazarin, em 1661, o qual havia servido como co-regente durante a menoridade de Luís XIV, este monarca (nascido a 5 de Setembro de 1638 em Saint-Germain-en-Laye; falecido a 1 de Setembro de 1715 em Versalhes; reinou de 14 de Maio de 1643 a 1 de Setembro de 1715)[11] começou o seu reinado pessoal por jurar ser o seu próprio primeiro-ministro. A partir deste ponto, a construção e expansão de Versalhes tornou-se sinónimo do absolutismo de Luís XIV.[1]
Depois da desgraça de Nicolas Fouquet em 1661 — Luís afirmou que o Ministro das Finanças não estaria apto a construir o seu grande Château de Vaux-le-Vicomte se não se tivesse apropriado indevidamente de fundos da Coroa — Luís XIV confiscou a propriedade de Fouquet, empregando os talentos do arquitecto Louis Le Vau, do arquiteto paisagista André Le Nôtre, e do pintor e decorador Charles Le Brun para as suas campanhas de construção em Versalhes e noutros lugares.[25] Para Versalhes, fizeram quatro campanhas de construção distintas (depois de alterações e ampliações menores executadas no palácio e nos jardins em 1662-1663), todas elas correspondendo às guerras de Luís XIV.[26]

[editar] Primeira campanha de construção

A Primeira Campanha de Construção consistiu em alterações no palácio e jardins em ordem a acomodar os 600 hóspedes convidados para a festa Plaisirs de l’Île enchantée, de 1664.[27]
Esta festa realizou-se entre 7 e 13 de Maio de 1664, ostensivamente para celebrar as duas rainhas de França — Ana da Áustria, a Rainha Mãe, e Maria Teresa de Espanha, a esposa de Luís XIV — embora na verdade fosse dada para celebrar a amante do Rei, Louise de La Vallière.[28] Os Plaisirs de l’Île enchantée são muito frequentemente considerados como o prelúdio da Guerra de Devolução, a qual Luís XIV travou contra a Espanha — ambas as rainhas eram espanholas por nascimento — entre 1667 e 1668).[27]

[editar] Segunda campanha de construção

A Segunda Campanha de Construção (1669-1672) foi inaugurada com a assinatura do Tratado de Aix-la-Chapelle (o tratado que pôs fim à Guerra de Devolução). Durante esta campanha, o palácio começou a assumir muita da sua aparência actual. A modificação mais importante foi o envolvimento por LeVau do pavilhão de caça de Luís XIII. O envolvimento, frequentemente referido como palácio novo para distingui-lo da estrutura antiga de Luís XIII — rodeava o pavilhão de caça por Norte, Oeste e Sul. A nova estrutura providenciava novos alojamentos para o Rei e para membros da sua família.[29]
O primeiro-andar do palácio novo, o piano nobile, foi dado inteiramente a dois apartamentos, um para o Rei e o outro para a Rainha. O Grand appartement du roi ocupava a parte Norte do palácio novo e o Grand appartement de la reine a parte Sul. A parte Oeste do envolvimento foi destinada, quase inteiramente, a um terraço, o qual foi destruido mais tarde para dar lugar à Galerie des glaces (Galeria dos Espelhos). O piso térreo da parte Norte foi ocupado pelo appartement des bains (apartamento dos banhos), o qual incluia uma banheira octogonal submersa com água quente e fria corrente. O irmão e a cunhada do Rei, os Duques de Orleães, ocupavam apartamentos no piso térreo da parte Sul do palácio novo. O piso superior do palácio novo estava reservado para as salas privadas do Rei, a Norte, e para as salas dos filhos do Rei acima do apartamento da Rainha, a Sul.[30]
É significativo para o desenho e construção dos grandes apartamentos que as salas de ambos tenha a mesma configuração e dimensões, uma característica sem precedentes no desenho dos palácios franceses. Na sua monografia “Il n’y plus des Pyrenées: the Iconography of the first Versailles of Louis XIV,” Kevin Olin Johnson põe a hipótese de a similaridade sem precedentes dos apartamentos do Rei e da Rainha representar o desejo de Luís XIV estabelecer a sua esposa como Rainha de Espanha. Sendo assim, seria criada uma espécie de Dupla-Monarquia. A junção dos dois reinos era largamente vista, segundo o argumento de Luís XIV, como recompensa por Filipe IV de Espanha ter falhado no pagamento do dote de Marie-Thérèse, o qual estava entre os termos da capitulação com a qual Espanha concordou na promulgação do Tratado dos Pirinéus (1659, finalizando a guerra entre a França e a Espanha, que se travava desde 1635). Luís XIV viu o acto do seu sogro como uma brecha no tratado, e consequentemente engrenou na Guerra de Devolução.[31]
Tanto o grand appartement du roi como o grand appartement de la reine formavam um conjunto de sete salas enfileiradas. Cada sala era dedicada a um dos "Corpos Celestes", personificados pelas divindades Greco-Romanas apropriadas. A decoração das salas, a qual foi conduzida sob a direcção de Charles Le Brun, descrevia as “heróicas acções do Rei” e eram representadas em forma alegórica pelas acções de figuras históricas do passado (Alexandre, o Grande, Augustus, Cyrus, etc.).[32]


Jules Hardouin-Mansart, segundo arquiteto de Versalhes.


Luís XV

[editar] Terceira campanha de construção

Com a assinatura do Tratado de Nijmegen (1678, o qual pôs fim à Guerra Franco-Holandesa de 1672-1678), começou a Terceira Campanha de Construção em Versalhes (1678-1684). Sob a direcção do arquitecto Jules Hardouin Mansart, o Palácio de Versalhes adquiriu muito do aspecto que apresenta hoje. Em adição à Galeria do Espelhos, Mansart desenhou as alas Norte e Sul (as quais eram usadas pela nobreza e pelos Príncipes do Sangue, respectivamente), e o Laranjal.[33] Charles Le Brun, além de estar ocupado com a decoração interior das novas adições ao palácio, também colaborou com André Le Notre no arranjo paisagístico dos jardins. Como símbolo da nova proeminência da França como uma Superpotência europeia, Luís XIV instalou oficialmente a Corte em Versalhes em Maio de 1682.[11]

[editar] Quarta campanha de construção

Pouco depois da esmagadora derrota na Guerra da Liga de Augsburgo (1688-1697) e possivelmente devido à piedosa influência de Madame de Maintenon, com quem se casou secretamente, talvez no dia 10 de Outubro de 1683 em Versalhes,[34] Luís XIV responsabilizou-se pela sua última campanha de construções em Versalhes. A Quarta Campanha de Construção (1701-1710) concentrou-se quase exclusivamente na construção da Capela Real, desenhada por Mansart e finalizada por Robert de Cotte e a sua equipa de criadores de decoração. Também fizeram algumas modificações no Petit Appartement du Roy, nomeadamente a construção do Salon de l’Oeil de Boeuf e do quarto do Rei. Com a conclusão da capela em 1710, virtualmente, toda a construção em Versalhes cessou; a construção não seria retomada em Versalhes até cerca de 20 anos depois, já durante o reinado de Luís XV.[35]

FONTE: Wikipédia, a Encilopédia Livre.

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