Ciência
Egito
Faraó Ramsés III teve a garganta cortada, diz estudo
Tomografia revela corte de cerca de 7 centímetros feito com uma faca ou uma simples lâmina, segundo pesquisadores da Universidade do Cairo, no Egito
Múmia do faraó egípcio Ramsés III
(Reprodução)
O faraó Ramsés III pode ter sido assassinado. É o que dizem
pesquisadores da Universidade do Cairo, no Egito, após análises de
exames de tomografia computadorizada e análises de DNA que indicam que o
faraó teve a garganta cortada. A descoberta pode solucionar um crime de
3.000 anos, a "conspiração do harém", um dos episódios mais misteriosos
do antigo Egito. A pesquisa será publicada nesta terça-feira no
periódico British Medical Journal.
Na tomografia do pescoço do faraó, as setas apontam a presença de
objetos estranhos; as estrelas marcam as margens dos ferimentos
A conspiração de membros do harém do faraó é conhecida através de documentos da época, em particular o Papyrus judiciaire,
conservado em Turim, que relata a tentativa de golpe de Estado da
rainha Tiyi, uma das esposas de Ramsés III. Tiyi desejava levar ao trono
seu filho, quando o sucessor legítimo de Ramsés III era o filho de
Isis, a primeira esposa. A rainha Tiyi se apoiava na crescente
indignação popular contra o faraó, que vivia no luxo enquanto a fome
ameaçava o Egito.
Apesar de viver restrita ao harém, Tiyi conseguiu envolver militares e
até mesmo um sacerdote no complô. Seu objetivo era simples: eliminar
Ramsés III, provavelmente durante uma noite de prazer no
harém. Documentos revelam que a tentativa de golpe fracassou em 1.155
a.C. Cerca de 30 envolvidos foram condenados, mas não se sabe o destino
de Ramsés III, que tinha em torno de 65 anos.
Crime — Perdida por muito tempo, a múmia de Ramsés foi
finalmente encontrada no final do século XIX, mas uma radiografia
realizada nos anos 60 não revelou qualquer traumatismo no faraó. O
especialista em múmias alemão Albert Zink, célebre por revelar os
segredos de Ötzi (caçador primitivo descoberto em 1991 nos Alpes),
decidiu então se debruçar sobre o mistério de Ramsés III.
Com a ajuda de especialistas, incluindo Zahi Hawass, antigo responsável
do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito, Zink examinou a múmia de
Ramsés III com imagens em 3D e tomografia computadorizada, e descobriu
um ferimento grave na garganta do faraó, exatamente sob a laringe, que
havia passado despercebido. "O corte tem cerca de 7 centímetros e foi
feito com uma faca ou com uma lâmina similar", destaca o trabalho.
"Sua extensão e profundidade indicam que o corte provocou a morte
imediata de Ramsés III", afirmam os pesquisadores. A tomografia revelou
ainda um corpo estranho junto ao ferimento: um amuleto de pedra, "O Olho
de Horus", que os egípcios utilizavam em rituais de cura. "A garganta
cortada e o amuleto provam claramente que o faraó foi assassinado", diz
Albert Zink.
(Com agência France-Presse)
FONTE: Folha.com/Ciência
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