04/12/2012
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05h39
Mulheres cultuam 'sexualidade sagrada' em workshop
IARA BIDERMAN
DE SÃO PAULO
DE SÃO PAULO
O encontro é na estação rodoviária do Tietê, em São Paulo. A previsão é
de um dia quente. Vamos a Joanópolis, no interior do Estado, para
participar do workshop "Íntimo e Pessoal".
Criado pela terapeuta corporal e dançarina Dúnia La Luna, 36, o curso
tem como proposta "aprofundar o prazer e a sexualidade cultivando a
feminilidade sagrada".
O tema é abstrato, mas as instruções são concretas: a participante deve
ir com calças largas ou saia longa, levar biquíni e gel lubrificante.
Workshop íntimo
A terapeuta corporal Dúnia La Lua (de azul) e alunas no workshop; no centro, a agrônoma Mbatuya Medina, 27, incensa sua vagina
Os preparativos antes do curso incluem testar a força do assoalho
pélvico e completar um questionário em que a aluna classifica de zero a
dez o próprio desempenho sexual e seu conhecimento do corpo.
A agrônoma Mbatuya Medina, 27, uma das seis alunas que pagaram R$ 330
pelo encontro, afirma que se deu nota dez nesses itens (no decorrer do
workshop, disse que iria rever a classificação).
Seu objetivo no curso é procurar orientação de alguém com mais experiência sobre sexualidade e "ser mulher".
Dúnia conta que foi introduzida nos mistérios da feminilidade sagrada
aos 16 anos, por sua professora de dança oriental. Aprofundou-se
estudando a sexualidade da mulher na história e fazendo cursos de
terapias corporais e pompoarismo.
O workshop é feito em seu próprio espaço, a Casa Hetaira. Casa o quê? O
tópico aparece na abertura das atividades, quando Dúnia fala de deusas
sensuais e mulheres poderosas, como as hetairas, cortesãs da Grécia
Clássica.
SACERDOTISAS DO AMOR
Enquanto bebemos água temperada com alecrim ("para despertar os
sentidos"), ouvimos que toda mulher pode se tornar uma sacerdotisa do
amor se valorizar o seu corpo e a si mesma e redescobrir o poder de sua
vagina.
A programação a seguir é o "ritual da beleza", na cachoeira. É quando os
deuses da chuva aparecem no caminho das aspirantes a deusas do amor.
Encaramos a lama da trilha vestidas com uma espécie de túnica longa e
vaporosa cedida pela professora.
À beira da cachoeira, é preparada uma máscara cosmética de argila, para
passar no corpo e no rosto. A chuva diminui e entramos na água gelada,
formando uma roda.
"Eu mereço!", gargalha a professora Geralda de Lourdes, 47. Ela ainda
não viu nada. O ponto alto da atividade é quando saímos da cachoeira e
somos convidadas a incensar nossas vaginas.
RITUAL DE DEFUMAÇÃO
Em uma bacia de cerâmica são jogadas folhas de alecrim, guaçatonga,
pétalas de rosa e lavanda. Além de purificar e perfumar, o incenso tem
propriedades fungicidas, segundo Dúnia.
Uma a uma, as alunas cobrem a bacia com a túnica e se agacham, sentindo a
fumaça subir pelo corpo. "Contraia os músculos ao redor da vagina",
orienta Dúnia a cada defumação íntima.
A coisa esquenta. E dá fome. Uma bandeja de frutas é devorada no local, antes do almoço (cuscuz vegetariano).
Enquanto digerimos a comida e as experiências recentes, Dúnia dá uma
breve aula sobre anatomia genital e apresenta uma bandeja onde estão as
"pérolas do prazer" dentro de conchas fechadas.
Abre a primeira, é um cone para fortalecimento do períneo. Seguem-se
bolinhas de pompoar e um vibrador. A instrutora explica os movimentos
básicos do pompoarismo: contrair, sustentar, pulsar, sugar, expulsar.
Musculatura aquecida, ela ensina a combinar os movimentos com as
articulações do quadril: prender e soltar as contrações junto com
ondulações da bacia.
Antes que as alunas entrem em fadiga muscular, a professora muda o foco e
demonstra manobras da massagem tântrica "lingam" (pênis em sânscrito)
em um pênis de borracha.
A jornada se encerra com movimentos e massagens inspirados na dançaterapia. As deusas estão liberadas: hora de voltar para casa.
FONTE: Folha.com/Equilíbrio e Saúde
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