04/02/2013
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18h58
DA ASSOCIATED PRESS
Teorias sobre quando os últimos neandertais caminharam pela Terra terão
que ser revistas, de acordo com um estudo que sugere que eles se
extinguiram em seu último refúgio na Espanha muito mais cedo do que se
pensava anteriormente.
A datação anterior de fósseis de ossos encontrados em sítios de neandertais da região apontava para cerca de 35.000 anos.
Mas pesquisadores da Austrália e Europa reexaminaram os ossos usando um
método melhor para filtrar a contaminação presente nos fósseis e
concluiu que os restos mortais mais recentes são de cerca de 50.000 anos
atrás.
Se for verdade, o estudo põe em dúvida a ideia de que os seres humanos
modernos e neandertais coexistiram --e possivelmente até mesmo se
cruzaram-- por milênios, porque não se acredita que os seres humanos se
instalaram na região antes de 42.000 anos atrás.
Scheidemann/Efe | ||
Reconstrução artística de neandertal feita pelo Museu Neandertal de Mettmann, na Alemanha |
"Os resultados do nosso estudo sugerem que há grandes problemas com a
datação dos últimos neandertais na atual Espanha", disse Thomas Higham,
vice-diretor da Unidade de Acelerador de radiocarbono da Universidade de
Oxford, no Reino Unido.
"É pouco provável que os neandertais tenham sobrevivido por mais tempo
nesta área do que eles fizeram em outros lugares na Europa continental."
DATAÇÃO EM ESTUDO
O estudo, que foi publicado hoje (4) pela revista científica
"Proceedings of the National Academy of Sciences", não exclui
completamente a possibilidade de que os neandertais tenham sobrevivido
até 35.000 anos atrás.
O problema é que o clima quente na península Ibérica rapidamente degrada
uma proteína-chave usada na chamada datação de radiocarbono.
Os pesquisadores não foram capazes de testar dois dos 11 ossos de fósseis conhecidos de sítios de neandertais na Espanha.
FRANK FRANKLIN II/ASSOCIATED PRESS | ||
Esqueleto reconstruído de neandertal (dir.) e um ser humano moderno (esq.) no Museu de História Natural, em Nova York |
As amostras foram submetidas a um novo método denominado
"ultrafiltração". Isso remove as moléculas de carbono mais recentes que
contaminaram os ossos e os fazem parecer mais jovem do que realmente
são.
Tais técnicas de filtração muitas vezes levam a datas mais antigas de
radiocarbono, disse Chris Stringer, pesquisador sênior no Museu de
História Natural do Reino Unido. "A ciência progride e a tecnologia
também", ele disse.
Stringer, que não estava envolvido no estudo, disse que as novas
técnicas devem agora ser aplicadas a outros sítios arqueológicos na
Espanha.
"Até que isso seja feito, haverá um ponto de interrogação significativo
sobre a possível sobrevivência tardia dos neandertais na região."
ENCONTRO COM HUMANOS
Se os vestígios fósseis de outros sítios também virem a ser mais
antigos, qualquer encontro entre os neandertais e os humanos teriam que
ter ocorrido mais cedo do que se pensava, disse ele.
"Evidências do Reino Unido, Bélgica, França, Alemanha e Itália apontam
cada vez mais para uma presença humana moderna anterior a 40 mil anos
atrás", disse Stringer.
"A nova cronologia sugere que qualquer interação entre os últimos
neandertais e os primeiros humanos modernos na Europa também vai se
mover mais para o passado, e não mais tarde do que 40.000 anos."
Há também a chance de que os neandertais sobreviveram mais tempo em
outros lugares da Europa, disse Rachel E. Wood da Universidade Nacional
da Austrália em Canberra, co-autora do estudo.
"Existem algumas outras possíveis áreas que também podem ter sido usadas
como um refúgio para a espécie de hominídeo, como o Cáucaso, mas as
datações de radiocarbono mais recentes nessas áreas também têm sido
problemáticas", disse ela.
FONTE: Folha.com/Ciência
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