25/02/2013
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04h05
DO "NEW YORK TIMES"
A mochila de emergência "prepper" --nome dado às pessoas que se preparam
para sobreviver a uma catástrofe-- pode incluir comida desidratada, uma
lanterna acionada a manivela, cortadores de arame, uma máscara contra
gás, um machado que funciona como uma pá, uma verdadeira pá, cantis de
água, fita adesiva, uma barraca e, talvez para os dias ensolarados em
uma rota de fuga litorânea, uma toalha de praia.
Essas mochilas estão sendo vendidas rapidamente para todo tipo de pessoa
hoje em dia. Como as cervejas artesanais, a carne de criadores locais e
os bonés de caminhoneiro, o movimento "sobreviventista" migrou do
interior dos Estados Unidos para Nova York.
Antigamente, o típico "sobreviventista" americano era visto como um
libertário rural que evitava a ameaça da intervenção do Estado.
Hoje, ele pode ser um médico urbano, um pequeno empresário ou um
professor que pretende escapar de qualquer tipo de ameaça: uma queda de
asteroide, uma falha na rede elétrica, uma tempestade ou mesmo um
tradicional evento cósmico.
O repórter do "Times" Nick Bilton comentou recentemente que ele mesmo
tornou-se um "prepper". Depois de contemplar a instabilidade dos
mercados financeiros mundiais durante algum tempo, Bilton escreveu:
"Comecei a formar uma imagem do mundo como um sistema insustentável, uma
máquina frágil em que a falta de qualquer peça --petróleo barato,
digamos-- poderia descarrilar todo o aparato, desde o transporte por
caminhões até a distribuição de alimentos".
Certamente, o mundo pode ser um lugar frágil, e o improvável pode
acontecer. Tivemos um lembrete violento disso em 15 de fevereiro, quando
um meteoro atravessou a atmosfera sobre a Sibéria, causando uma luz
extremamente forte e uma onda de choque que feriu mais de mil pessoas e
danificou prédios em uma área de quilômetros. A extinção causada por um
invasor do espaço não parece mais tão distante.
Então, quando o preparo para um desastre é uma ilusão e quando é uma
prudência razoável? Pode depender de para o que você se prepara. Quando o
final do ciclo no calendário maia foi interpretado como um sinal do fim
do mundo, em 21 de dezembro de 2012, a previsão se espalhou. Muitas
pessoas, incluindo os próprios maias, ficaram surpresas.
Um título no "Times" em dezembro dizia: "Maias do Brooklyn têm certeza
de que o mundo não acabará na sexta-feira", refletindo uma atitude que
talvez fosse mais de Nova York do que de Tikal.
De fato, a forma como um país reage à uma catástrofe iminente pode
refletir a personalidade nacional. Escrevendo no blog "Latitude" do
jornal "International Herald Tribune", Masha Gessen notou que a bola de
fogo que explodiu sobre a Sibéria foi recebida nessa região com uma
espécie de fatalismo. "Por quê? Porque eles esperam que um desastre
aconteça a qualquer momento."
Dada a sua história, escreveu Gessen, "os russos geralmente não
pretendem controlar o que acontece com eles e não veem necessidade de
tentar". Outro fator, ela acrescentou, "é uma desconfiança generalizada
das autoridades: um alarme de incêndio sempre pode ser falso".
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