Alimentação
A dieta dos castores é estritamente herbívora. Alimentam-se do córtex, ramos e folhas das árvores que devastam e das raízes de plantas aquáticas[20]. Ainda que possam ingerir quase todo vegetal comestível que encontrar na margem de um rio ou lago, preferem certos alimentos sobre outros. Observou-se que os castores europeus preferem o córtez e folhas de árvores como salgueiros, betulas e aveleiras, enquanto os castores americanos preferem árvores como sauces, abedules, álamos, cerejeiras, aceres e amieiros, entre outros[21]. Apesar de suas preferências, a dieta de um castor costuma basear-se na disponobilidade de alimentos, pelo que não recusam um alimento ainda que não seja de seus favoritos.
Para subsistir no inverno reúnem uma reserva de comida, a qual mantêm submergida no fundo do estanque onde vivem, bem perto de uma das entradas à toca. Costumam colocar os ramos maiores na parte superiore os menores na parte inferior da pilha para impedir que estas últimas sejam arrastadas pela corrente[21]. Quanto mais frio seja o clima no lugar que vivem, mais importante se volta a recolha desta reserva de comida, pois costumam passar praticamente todo o inverno dentro de suas tocas. Além de servir-lhes como fonte de alimento, esta reserva de madeira tem outra função. Já que a superfície do estanque congela-se durante o inverno, os castores permitem que alguns ramos flutuem na água, impedindo que esta se solidifique nessa zona[22]. Desta forma podem sair ao exterior em caso de alguma emergência por exemplo, se esgota-se a reserva de comida.
[editar] Reprodução
Os castores são capazes de juntar-se em quase qualquer etapa de sua vida, e são monógamos[4][23] — ainda que se sua parceira morre, podem conseguir outra—[19]. Sua monogamia deve-se principalmente porque, para o correto cuidado das crias, é necessário que ambos os pais colaborem, já que um só não seria capaz das cuidar. Portanto, devem permanecer unidos o tempo todo para que a reprodução tenha sucesso.
A época de acasalamento começa quando gelo invernal se derrete, o que acontece aproximadamente em fevereiro[1]. Cada fêmea acasala somente uma vez por ano. O acasalamento costuma realizar-se sob a água, ainda que também possa acontecer na margem do rio ou no estanque onde vive o casal[1]. Após o período de gestação, que dura aproximadamente uns três meses e meio (100 dias)[17], a fêmea dá a luz de 2 a 4 filhotes[24] (ainda que em casos extremos podem ser até 9)[17], os quais nascem já com os olhos abertos e cobertos de pêlos. Estes são amamentados durante as primeiras semanas de vida, nas quais permanecem dentro da toca junto com a mãe e as crias da temporada anterior, que têm ao redor de um ano de idade. Os castores de dois anos, seguem vivendo com a família, ajudam à mãe a alimentar e proteger aos recém nascidos[16]. O pai enquanto sai e permanece nas redondezas, cuidando o território[19]. Enquanto deixam de ser amamantados, a mãe começa a alimentar a suas crias com folhas tenras[1]. Quando são muito pequenas, as crias se comunicam constantemente e fazem muito ruído, e enquanto vão crescendo tornan-se menos ruidosas, ao começar a se comunicar com cheiros ou certas atitudes específicas[1]. Um tempo depois, geralmente com um mês de idade, os jovens começam a mover-se pelo exterior da toca, ainda que seguem sendo bastante dependentes de seus pais, já que são eles quem lhes seguem administrando alimento e proteção por cerca de um ano[19]. Durante este período, aprendem algumas valiosas habilidades ao copiar o comportamento dos castores adultos, ainda que ainda não tomam parte nos trabalhos de construção e outras atividades[19]. Quando os jovens atingem a maturidade sexual, o que costuma acontecer a partir dos dois anos de idade, podem se separar da colônia e formar a sua própria colônia[25]. Porém, se é uma época de escassez de alimentos, seca ou há uma alta densidade de população, podem adiar sua partida, já que estes fatores reduzem suas possibilidades de estabelecer exitosamente uma colônia[16]. Quando finalmente decidem se separar, não costumam se estabelecer em um ponto muito longe do seu lugar de nascimento[16].
[editar] Sinal de alerta
Dado que passam a maior parte do tempo no água ou na segurança de suas tocas, os castores têm poucos depredadores. Seus principais inimigos são os lobos e os seres humanos, seguidos pelos ursos e linces[26]. Para proteger-se deles, os castores dependem de seus sofisticados sentidos da audição e do olfato, bem como do aviso de seus companheiros. Desta forma, quando um castor que se encontra no água se assusta, este se submerge rapidamente ao se impulsionar-se energicamente com seu rabo[4]. Isto produz uma sonora palmada, audivel sobre e embaixo da água, a qual é tão forte que pode ser percebida por um humano num raio de 100 metros[26]. Este sinal serve como advertência para os demais castores na área[5]. Uma vez que um castor efetuou este sinal de alerta, todos os castores nas redondezas se submergem e não voltam a sair por um momento. Também podem efetuar este sinal ante a presença de ruídos ou cheiros desconhecidos[26]. É mais provável que um castor responda os sinais efetuados por castores maiores que os efetuadas por castores jovens, devido a que estes últimos ainda não aprenderam quando devem efetuar o sinal e quando não, além de que produzem um som diferente por ter caudas menores[26].
[editar] Distribuição geográfica
O nome de cada espécie de castor faz referência ao continente em que habitam. O castor europeu (Castor fiber), como seu nome o indica, vive na Europa, ainda que também pode-se encontrar em algumas regiões da Ásia. Entre os países com maiores populações desta espécie destacam-se a Rússia, Polônia, Ucrânia, Bielorrússia, Cazaquistão e os países escandinavos, ainda que estendem-se até nações tão distantes como França e Mongólia. No passado chegaram a habitar em quase toda a Eurásia, incluindo todo o território entre as Ilhas Britânicas e a Rússia[11]. Desde a era pré-histórica e até pelo menos o século VI, esta espécie podia-se-lhe encontrar nos rios do norte da Península Ibérica, principalmente o Douro e o Ebro[27]. No entanto, já que suas peles e o castoreum eram artigos muito cobiçados, foi caçado em todo o continente, pondo em sério risco a sua sobrevivência; na Grã-Bretanha, por exemplo, estes animais extinguiram-se no século XVI. Mais adiante, no século XIX, já encontravam-se somente em algumas regiões pantanosas da Alemanha, Bielorrússia, Noruega, Rússia e Mongólia[11]. Atualmente está sendo reintroduzido em muitas partes do continente.
Por sua vez, o castor americano (Castor canadensis) habita em praticamente toda a América do Norte, desde Alaska até o norte do México. No Canadáprovíncias e territórios, não obstante, não habitam nas regiões setentrionais, próximas ao Oceano Ártico. Também estão presentes em praticamente todo o território dos Estados Unidos da América, excepto nas regiões desérticas do sudoeste e na Península da Flórida. No território mexicano, por outro lado, são escassos, já que só vivem nas zonas próximas aos rios Bravo (nos estados de Chihuahua, Coahuila e Tamaulipas) e Colorado (em Sonora)[7]. pode-se-lhes encontrar em todas as
Do castor de Kellog (Castor californicus) encontraram-se fósseis nos estados estadounidenses de Washington, Oregon, Idaho, Nebraska, Kansas e Califórnia, e no estado mexicano de Sonora[28].
[editar] Introduções
A fim de elevar seu número, liberaram-se especímes de Castor fiber ao longo de toda Europa, em especial em países onde antes costumavam habitar ou seguem habitando mas suas populações diminuíram. Por exemplo, em outubro de 2005, seis castores europeus foram liberados no condado de Gloucestershire na Grã-Bretanha, e planejam-se mais reintroduções na EscóciaPaís de Gales[29]. Na Espanha, devido a sua reintrodução que se levou a cabo de forma clandestina e sem planejamento, não foi recebida com total agrado por alguns, incluído o Ministério do Meio Ambiente daquela nação. Sua libertação em outros países, não obstante, foi exitosa; um exemplo disso são suas introduções na Alemanha, especificamente na Baviera, nos Países BaixosSérvia. Também regressaram aos bancos do rio Morava, na Eslováquia e a República Checa. e no e na
Alguns casais de Castor canadensis foram liberados na região argentina e chilena de Terra do Fogo em 1946[3], sendo esta introdução possivelmente a de maior transcendência de todas, devido ao forte impacto que tiveram no ecossistema da Terra do Fogo. Esta mesma espécie foi introduzida na Finlândia1937 como parte de um programa para reintroduzir ao extinto castor-europeu[14]. Após estender-se por todo o território daquele país, chegaram à região russa da Carélia. Na Polônia introduziu-se na década de 1930[14]. em
[editar] Terra do Fogo
Introduzidos em uma área onde não habitam seus depredadores naturais, como é a Terra do Fogo, os castores modificaram milhares de hectares de terreno e são considerados como uma praga imparável pela população local. Tudo surgiu em 1946, quando o Ministério da Marinha da Argentina liberou 25 casais de castores americanos no nordeste do lago Fagnano e nas margens do rio Claro, localizados na Ilha Grande da Terra do Fogo[30][31]. Com a introdução da espécie planejava-se manter uma população controlada para alimentar a indústria peleteira na região, já que na mesma não tinha espécies que pudessem se utilizar para tais fins[3][31]. Também se diz que foram levados à zona pela marinha argentina para que fossem caçados e com suas peles se fizessem gorros para os oficiais da própria marinha[31]. No entanto, sua tentativa por manter à população controlada fracassou, pois alguns dos animais se dispersaram seguindo os cursos de água e colonizaram a região[30]. Ao redor de 1964 chegaram nas terras chilenas[31]. Inclusive cruzaram o Canal Beagle, como o prova sua presença na Ilha Navarino, e há evidências de que cruzaram o Estreito de Magalhães, pois se acharam exemplares na Península de Brunswick, chegando portanto ao território continental[31].
Desconhece-se o número exato de castores que habitam esta região. A maioria das fontes estimam sua população entre os 70.000 e 100.000 exemplares[32][33], ainda que alguns calcularam que poderiam ser até 200.000[34]. Pensa-se que somente na Ilha Navarino há aproximadamente 20.000 indivíduos[23]. Independentemente de seu número, os castores causaram graves alterações nos ecossistemas da zona, principalmente no Chile, onde o problema tornou-se tão extremo que se permitiu a caça de 10.000 exemplares por ano para reduzir sua população, além de permitir a venda de suas peles e carne[32]. Como resultado, entre 2004 e 2007 se caçaram na Terra do Fogo cerca de 11.700 castores[31]. Na Argentina, a Legislatura da Província da Terra do Fogo qualificou ao castor como "espécie danosa e prejudicial"[33]. Ao princípio não contavam com depredadores na zona, o que influiu notoriamente em sua rápida expansão, mas com o passar do tempo, o Pseudalopex culpaeus e o puma se converteram em seus inimigos, colaborando com sua erradicação[31]. Apesar de todos os esforços para os deter, os castores continuam expandindo-se, geralmente para o norte, e se calcula que avançam a um ritmo dentre seis e oito quilômetros por ano[31][34]. Desde 2001, os dois países envolvidos começaram a cooperar em planos orientados ao controle da população de castores, com o propósito final de erradicá-los definitivamente no ano 2015[35].
Uma diferença notável entre Terra do Fogo e a maior parte da América do Norte é que nas árvores do sul do continente não crescem ramos, algo que acontece com algumas árvores norte-americanas como sauces e álamos. Graças aos ramos, os bosques norte-americanos são capazes de regenerar-se mais rapidamente que os Da Terra do Fogo. Por esta razão, o castor acopla-se perfeitamente com os bosques de sua zona nativa, enquanto na região da América do sul tende a desequilibrar os ecossistemas. A espécie vegetal que mais viu-se afetada pela atividade dos castores na Terra do Fogo é a Nothofagus pumilio[3][23].
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A partir de 2005 começaram-se a achar uma série de indícios que sugeriam a presença de uma população de castores no norte de Espanha, mais especificamente em Navarra e em La Rioja; tais provas incluíam árvores cortadas, pegadas, restos de madeira, excrementos e marcas de castoreum, entre outras[27]. O castor já tinha habitado anteriormente na Espanha[36], mas desapareceu da zona desde pelo menos no século XVII devido ao surgimento das armas de fogo, com as quais foram caçados para obter sua carne e sua gordura[37]. Logo após de achar estes indícios, descobriu-se que um grupo ecologista tinha liberado na primavera de 2003 18 castores europeus provenientes de Baviera e soltos nos rios Ebro, Aragão e Cidacos[36][38][39]. Alegou-se que os castores aparecidos no Ebro eram procedentes da Rússia e que estes poderiam ser híbridos de castor europeu e americano[40]. No entanto, as duas espécies são incompatives para a reprodução e nunca encontrara-se híbridos.
A reintrodução dos roedores desatou um intenso debate a respeito das vantagens e desventajens do regresso destes animais à Península Ibérica. Por um lado, argumentava-se que a introdução não se tinha realizado naturalmente, e segundo o Ministério do Meio Ambiente da Espanha, esta tinha-se levado a cabo de forma clandestina e ilegal[38]. Também se alegava que a chegada dos castores poderia prejudicar a algumas espécies protegidas na zona, como o doninha-europeia e a lontra-europeia[36]. Por outro lado, os defensores dos castores, entre os que se encontrava um grupo ecologista belga chamado Pays des castors (País dos castores)[40], asseguravam que estes animais trariam benefícios para a zona e a biodiversidade da mesma, incluindo a doninha-europeia. Na realidade ambas espécies habitam juntas em algumas partes do norte da Europa[36], porém sua forma de convívio possivelmente seria diferente na Península Ibérica, pois os ecossistemas de tipo mediterrânico presentes na Espanha são muito diferentes aos de tipo taiga que há no norte do continente e que são bem mais arborizados[36]. O argumento de que a presença dos castores poderia ser benéfica para a biodiversidade viu-se debilitado mais adiante, pois estes roedores tinham feito danos principalmente aos bosques de salgueiros e choupos, os quais eram precisamente o hábitat da doninha-europeia[36].
Como as administrações de Navarra e de La Rioja consideraram que a espécie chegou de forma clandestina ao país, os governos destas entidades apresentaram o caso em junho de 2007 ante o Comitê de Flora e Fauna da Espanha, o mesmo que consultou à Comissão Europeia, já que o castor é uma espécie protegida pela União Europeia[37]. Finalmente, a Comissão considerou que a espécie se encontrava fora de sua distribuição natural[36], e não se opôs a sua erradicação nas zonas mencionadas.
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
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