Obras da década de 1500
[editar] Retorno a Florença, 1500-1506
Em Florença estão documentadas uma ou duas pequenas pinturas da Virgem com o Menino, trabalhadas por Leonardo e seu ateliê, por volta de 1501[16] em uma carta de Pietro da Novellara para Isabella d'Este, a grande dama do Renascimento protetora das artes em Mântua.[50][85] A pintura da Virgem do Fuso -como no caso da Virgem dos Rochedos com mais de uma versão-, destinava-se ao secretário de Estado francês Florimond Robertet, sendo-lhe entregue, provavelmente, uma de suas versões em 1507, em Blois.[86]
Que o teu trabalho seja perfeito para que, mesmo depois da tua morte, ele permaneça. | — Leonardo da Vinci[72] |
Atribuídas ao ateliê de Leonardo como cópias de um original perdido, ou instrucionadas pelo mestre . |
A Virgem do FusoA virgem e o menino com Santa Ana-, o que leva a crer que a pintura fosse destinada a devoção privada.[86] O nome da obra baseia-se no fuso de significado ambíguo presente na pintura. retrata uma cena de um forte vínculo entre mãe e filho -um amor maternal que se repetiria em pinturas como
Ao longo dos tempos, vários críticos têm atribuído diversas interpretações ao fuso, mas o mais certo é mesmo que represente uma cruz, mas simplesmente, de forma simbólica.
De fato, as enormes inteligência e criatividade de Leonardo permitiam-lhe tratar todos os assuntos que lhe provocavam algum interesse recorrendo a símbolos. Caso queira representar uma cruz, especialistas apontam duas hipóteses, sendo a mais provável a segunda. Muitos creem, baseando-se nas cópias existentes, que o Menino mira o fuso (simbolicamente, a cruz) com uma devoção perplexa, reforçada pela expressão do seu olhar, que parece agradado com o objeto que tem em mãos. No entanto, em segunda hipótese está a ideia de que o Menino brinca com o fuso com alegria, o que seria considerado uma heresia na altura em que foi pintada, caso este represente uma cruz. A imagem de Jesus brincando com a cruz não seria aceita pela conservadora sociedade, e menos ainda pela Igreja e pelo Tribunal Inquisidor, o que reforçaria os fins de devoção privada.
Atualmente, existem duas versões associadas a Leonardo,[86] mas as atribuições não são unânimes. É provável que as pinturas sejam cópias do original de Leonardo, de autoria dos pupilos do artista, com ou sem o auxílio do mestre.
Imagem culminante da poética de da Vinci | — Pietro C. Marani[50] |
Entre as obras realizadas por Leonardo na década de 1500 está um pequeno retrato, conhecido como Mona Lisa ou La Gioconda, "a risonha". A pintura é famosa principalmente pelo sorriso elusivo no rosto da retratada, e pela qualidade misteriosa, possivelmente provocada pelo fato de que o artista sombreou sutilmente os cantos de sua boca e olhos, para que a natureza exata do sorriso não pudesse ser determinada. Este sombreado peculiar, pelo qual a obra é conhecida, veio a ser chamado de sfumato ("esfumaçado"). Vasari, que se acredita ter conhecido a pintura apenas pela sua reputação, disse que o seu "sorriso era tão agradável que parecia ser divino, em vez de humano; e aqueles que o viram ficaram espantados ao descobrir que ele parecia tão vivo quanto o original".[22][nb 33]
Outra característica observada nesta obra é o vestido sem adornos (uma maneira de evitar que o espectador não tenha a sua atenção desviada dos olhos e das mãos da retratada), o cenário de fundo, dramático, no qual o mundo parece estar no estado de fluxo contínuo, com uma coloração controlada, e a natureza extremamente suave da técnica de pintura, que emprega tintas a óleo aplicadas como se fossem têmpera, e misturadas de tal maneira na superfície que as pinceladas não podem ser percebidas.[nb 34]o mais confiante dos mestres (…) desesperar-se e desanimar."[22] O estado perfeito de conservação em que a pintura se encontra, e o fato de que não existem outros sinais de reparos relevantes ou pinturas sobrepostas é extremamente raro numa pintura desta idade.[17] Vasari expressou a opinião de que a maneira com que Leonardo fez a pintura faria mesmo "
A identidade do modelo é motivo de controvérsias, acredita-se que seja Lisa del Giocondo (Lisa Gherardini), mulher de um comerciante florentino, Francesco del Giocondo, com base em notas escritas de Agostino Vespucci de 1503 em um livro impresso de Cícero, de 1477 (parte do acervo de livros datados da primeira fase da imprensa), encontradas na Biblioteca da Universidade de Heidelberg, confirmando a afirmação de Vasari, que identificou a pintura como "Monalisa" em sua publicação em 1550, em referência à Lisa del Giocondo. Descobriu-se também que Lisa tinha sido mãe recentemente, e o retrato foi realizado possivelmente em comemoração da recente maternidade.[89][90] Esta teoria é reforçada pela descoberta de um fino véu negro -utilizado pelas aristocratas toscanas durante, e alguns meses após a gestação-, durante pesquisas do Centro de Pesquisa e Restauração dos Museus da França (C2RMF) e o Conselho Nacional de Pesquisas do Canadá (NRC), quando a pintura foi submetida ao exame em infravermelho.[91] Lillian Schwartz, cientista dos Laboratórios Bell, sugere que a Mona Lisa é, na verdade, um autorretrato de Leonardo, porém, vestido de mulher. Esta teoria baseia-se no estudo da análise digital das características faciais do rosto de Leonardo e os traços do modelo. Comparando um auto retrato de Leonardo com a mulher do quadro, verifica-se que as características dos rostos alinham-se perfeitamente. Essa hipótese ganha ênfase em O Código da Vinci, best-seller de Dan Brown.
Em 1506, o então governador francês do ducado de Milão, Charles d'Amboise, solicitou ao governo de Florença a permissão para a viagem de Leonardo a Milão, para resolver o problema de trabalhos pendentes. A permissão concedida era de três meses, entretanto, o artista acabou permanecendo na cidade mais tempo do que o previsto.[50]
[editar] Retorno a Milão, 1506-1513
Não se sabe ao certo a natureza da origem do trabalho inacabado, é sugerido tratar-se da Virgem dos Rochedos versão de Londres, em que, em uma sentença judicial datada de 27 de abril, era cobrada a finalização da pintura à Leonardo e Ambrogio de Pedris.[50] Possivelmente, a pintura inicial tratava de uma cena de adoração ao Menino Jesus, já que exames em infravermelho realizados em 2005 revelaram uma pintura diferente oculta, por baixo da versão visível,[92] entretanto, Leonardo retomou a composição da anterior Virgem dos Rochedos de 1483, com leves alterações, e figuras maiores e mais monumentais do que a versão anterior. O fator da execução da mesma pintura é alvo de controvérsias, mas sabe-se que a versão de Londres foi a entregue, de fato, a confraria, mesmo provavelmente, ainda inacabada, e a anterior ficou em mãos de Leonardo.
Leonardo teve uma estranha carreira, de não cumprimento de prazos, de encomendas inconcluídas ou mesmo jamais entregues, o que resultava em clientes insatisfeitos e frequentes cobranças.[3][16] Destes trabalhos inacabados, parece existir um importante que retoma as posições oblíquas de pinturas anteriores como São Jerônimo no Deserto, e cuja origem não é necessariamente de uma encomenda.
Faça sempre suas figuras de tal modo que o tronco não esteja orientado na mesma direção da cabeça. Deixe o movimento da cabeça e dos braços ser suave e agradável, valendo-se de diferentes giros e torções. | — Leonardo da Vinci[50] |
Nessa nova pintura, a coroação dos muitos desenhos e esboços do tema,[16]A Virgem, o Menino, Sant'Ana e São João Batista,[50] Leonardo emprega novamente o sutil efeito do sfumato. A pintura retrata a Virgem Maria (cujo manto parece evocar a igualmente oblíqua Virgem Benois, uma de suas primeiras Madonas), seu filho Jesus e sua mãe Santa Ana, avó de Jesus, em uma cena privada e intimista. O que faz esta pintura incomum é que há duas figuras posicionadas obliquamente, sobrepostas. Maria está sentada no joelho de sua mãe, Santa Ana. Ela se inclina para frente para segurar o menino Jesus que brinca (um tanto grosseiramente) com um cordeiro, sinal de seu próprio e vindouro sacrifício.[23] Essa pintura copiada muitas vezes, foi influência para Michelangelo, Rafael e Andrea del Sarto,[17] e através deles Pontormo e Correggio. Na composição, Leonardo mostra novidades que serão adotadas principalmente pelos pintores venezianos Tintoretto e Veronese. abordado pelo artista em diversas ocasiões como em
Essa pintura assim como Mona Lisa acompanharia Leonardo desde então, entretanto devido a problemas, ficou por concluir.
[editar] Últimas obras
Em 1512, Massimiliano Sforza, filho de Ludovico toma posse do ducado de Milão, após a expulsão das tropas francesas de Luís XII, e Leonardo viu-se sem patrono. Em 1513, o filho de Lourenço il Magnifico, Giuliano de' Médici, o então chefe do estado de Florença, fez um convite para Leonardo viajar à Roma, que estava sobre o controle do seu irmão mais velho, Giovanni (João), agora Papa Leão X.[12]
[editar] Em Roma, 1513-1516
Os Médici me fizeram, e os Médici me destruíram | — Leonardo da Vinci |
Em 1513, Leonardo está hospedado no Palácio do Belvedere, no Vaticano, onde residiria até 1516, época em que seu rival Michelângelo e Rafael eram ativos em Roma.[12][17] Leonardo então sente-se envolvido em crescentes problemas resultantes de seu afastamento da corte -incluindo intrigas com Michelângelo-, e depois é acusado e punido pelo papado devido aos seus estudos anatômicos, sendo proíbido de continuar seus estudos por possíveis irregularidades sacrílegas, sendo que de seu patrono, Giuliano não houve nenhuma intervenção.[12] Suas últimas pinturas datam deste período em que o avanço de um problema de articulação em uma das mãos o faz aos poucos perder as forças, sendo que após esse período não pinta mais.[1] Suas últimas pinturas são São João Batista em que novamente emprega o sutil efeito do Sfumato, Leda e o Cisne seu único nú, hoje perdido, e devido a fraqueza de sua mão, estava incapaz de dar continuidade a Virgem e o Menino com Santa Ana, que leva consigo, juntamente de outras pinturas como Mona Lisa para a França em 1516, onde viveria seus últimos anos acompanhado de Salai e Francesco Melzi, seu pupilo preferido.
[editar] Leonardo o observador, cientista e inventor
Ele foi um homem que acordou cedo demais na escuridão, enquanto os outros continuavam a dormir | |
[editar] Introdução
O Humanismo Renascentista não via polaridades mutuamente exclusivas entre as ciências e as artes, sendo os estudo de Leonardo, em ciências e engenharia, tão impressionantes e inovadores como o seu trabalho artístico, gravados em cadernos compostos por cerca de 13.000 páginas de notas e desenhos que fundem arte e filosofia natural (precursora da ciência moderna). Estas notas foram feitas e mantidas cotidianamente durante toda a vida de Leonardo e suas viagens, como ele fez em suas observações contínuas do mundo ao seu redor.[23]
Os cadernos são, em sua maioria, escritos de forma invertida. A razão pode ter sido mais uma oportunidade prática, do que por razões de sigilo como muitas vezes é sugerido. Sendo Leonardo provavelmente canhoto, é possível que lhe era mais fácil escrever da direita para a esquerda.[67]
Suas anotações e desenhos mostram uma enorme gama de interesses e preocupações, algumas tão banais como as listas de compras e as pessoas que lhe deviam dinheiro, e outras tão intrigantes como desenhos de asas e sapatos para caminhar sobre a água. Há composições de pinturas, estudos de detalhes e panejamentos, estudos de rostos e gestos, de animais, bebês, dissecações, estudo de plantas, formações rochosas, piscinas de hidromassagem, máquinas de guerra, helicópteros e arquitetura.[23]
Essas páginas de cadernos originalmente soltas, de diferentes tamanhos, distribuídas após sua morte, encontraram caminho em coleções importantes, como a Royal Library do Castelo de Windsor, o Museu do Louvre, a Biblioteca Nacional da Espanha, o Museu Vitória e Alberto, a Biblioteca Ambrosiana de Milão, que detém os dozes volumes Codex Atlanticus, e a Biblioteca BritânicaLondres, que disponibilizou de forma on-line uma seleção a partir do seu caderno BL Arundel MS 263.[94] O Codex Leicester é a única grande obra científica de Leonardo em mãos privadas. É propriedade de Bill Gates, e é exibido uma vez por ano em diferentes cidades pelo mundo. em
Os estudos de Leonardo Parecem ter sido destinados a publicação, porque muitas das folhas têm uma forma e ordem que facilitam à mesma. Em muitos casos, um único tópico, por exemplo, o coração ou o feto humano, é abordado em detalhes em palavras e imagens, em uma única folha.[95] O porquê eles não foram publicados durante a vida de Leonardo é desconhecido.[23]
[editar] Estudos científicos
Homem Vitruviano |
Leonardo tentou entender os fenômenos e descrevendo em detalhe extremo, e não enfatizou experiências ou explicações teóricas. Ao longo de sua vida, planejou uma enciclopédialatim e a matemática, o Leonardo da Vinci cientista era ignorado pelos estudiosos contemporâneos, como evoca sua famosa frase uomo senza lettere, em que claramente se refere a tais limitações. Na década de 1490, estudou matemática com seu amigo, o matemático Luca Pacioli e preparou uma série de gravuras -incluindo o Homem Vitruviano- para ilustrar o livro de Pacioli, De Divina Proportioni, publicado em 1509.[23] baseado em desenhos detalhados de tudo. Como não dominava o
Parece que a partir do conteúdo de seus diários estava planejando uma série de tratados que seriam publicados em uma variedade de assuntos. Um tratado coerente sobre a anatomia foi dito ter sido observado durante a visita do cardeal secretário Louis D'Aragon, em 1517.[96] Aspectos do seu trabalho sobre os estudos de anatomia, luz e de paisagem foram montados para a publicação por seu pupilo Francesco Melzi e, finalmente publicado como Trattato della Pittura de Leonardo da Vinci, póstumamente na França e na Itália em 1651, e na Alemanha em 1724,[97] com gravuras baseadas em desenhos do pintor clássico Nicolas Poussin. Segundo Arasse, o tratado, que na França foi publicado em sessenta e duas edições em cinquenta anos, ocasionou que Leonardo fosse visto como o precursor do pensamento acadêmico francês sobre a arte.[23]
Uma análise recente e exaustiva de Leonardo como cientista por Frtijof Capra[98] defende que Leonardo era um tipo fundamentalmente diferente de cientistas como Galileu, Newton e outros cientistas que o seguiram. Sua experimentação seguiu claro, abordagens com métodos científicos, e juntamente a sua teorização e hipotética voltada as artes, particularmente na pintura, o fizeram um Leonardo único e integrado, em que pontos de vista holísticos da ciência, fazem dele um precursor dos modernos sistemas teóricos e complexas escolas de pensamento.
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
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