segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

GRANDES VULTOS DA HUMANIDADE ( Leonardo da Vinci ) "Parte 2"

Vida profissional, 1476–1513

A Adoração dos Magos, (1481-1482)—Uffizi. Em Março de 1481, a Leonardo foi encomendada esta pintura, pelos monges de São Donato Scopeto em Florença. O notário do mosteiro era o pai de Leonardo, e é muito provável que tenha induzido os monges a contratar seu filho.[27]
Em 1476, Leonardo da Vinci, juntamente com mais três alunos do ateliê de Verrocchio, foram acusados de sodomia;[nb 13] segundo a acusação referente a Leonardo, ele teria tido relações homossexuais com Jacopo Saltarelli, um jovem de 17 anos muito popular à época em Florença como prostituto.[12][28] A partir desta data até 1478[29] embora se costuma presumir que Leonardo tenha estado no ateliê, em Florença, entre 1476 e 1481.[17] Em 1478 foi-lhe encomendada a pintura de um retábulo para a Capela de São Bernardo, e a Adoração dos Magos, em 1481, para os mongesMilão. Diante, no entanto, da falta de provas concretas que confirmassem semelhante acusação, Leonardo foi absolvido. não existem registros nem de obras suas nem de seu paradeiro, de San Donato a Scopeto. Esta importante comissão foi interrompida com a ida de Leonardo para
Em 1482 Leonardo, que de acordo com Vasari era um músico muito talentoso,[30] criou uma lira de prata, com a forma da cabeça de um cavalo. Lourenço de Médici, dito "il Magnifico", grande humanista, enviou Leonardo, a portar a lira como um presente, a Milão, para selar a paz com Ludovico Sforzail Moro, "o Mouro"), Duque de Milão não oficial.[31] Foi nesta época que Leonardo da Vinci escreveu uma carta a Ludovico, citada frequentemente, na qual ele descreve as coisas diversas e maravilhosas que ele conseguia realizar no campo da engenharia, e informando o seu senhor que ele também podia pintar.[23][32] (dito
Leonardo continuou a trabalhar em Milão, entre 1482 e 1499. Recebeu a encomenda de pintar a Virgem dos Rochedos para a Confraria da Imaculada Conceição, e a Última Ceia para o mosteiro de Santa Maria delle Grazie.[20]imposto de renda. Quando ela morreu, em 1495, a lista dos gastos com o funeral[20][33] Enquanto vivia em Milão, entre 1493 e 1495, Leonardo listou uma mulher, chamada Caterina, entre seus dependentes, nas suas declarações de sugere que ela pode ter sido sua mãe.
Leonardo da Vinci na presença do Duque de Milão Ludovico Sforza, afresco de Nicola Cianfanelli.
Trabalhou em diversos projetos para Ludovico, incluindo o preparo de carros alegóricos e desfiles para ocasiões especiais, o projeto de uma cúpula para a Catedral de Milão, e um modelo de um imenso monumento equestre para Francesco Sforza, o antecessor de Ludovico. Setenta toneladas de bronze1492 um modelo de argila foi terminado; ele era maior, em tamanho, que as duas únicas estátuas equestres do Renascimento, a estátua de Gattemelata, em Pádua, e a de Bartolomeo Colleoni, de Verrocchio, em Veneza, e ficou conhecido como o "Gran Cavallo".[23][34] foram separadas para a sua confecção; o monumento permaneceu inacabado por diversos anos, o que não foi comum na carreira de Leonardo. Em
Leonardo começou a fazer os projetos detalhados para a sua fundição;[23]Michelangelo, no entanto, sugeriu, de maneira indelicada, que Leonardo seria incapaz de fazê-lo.[20] Em novembro de 1494 Ludovico usou o bronze para fabricar canhões, visando defender a cidade da invasão de Carlos VIII da França.[23]
No início da Segunda Guerra Italiana, em 1499, as tropas invasoras francesas de Luís XII sucessor de Carlos VIII, utilizaram-se do modelo de argila do Gran Cavallo como alvo para praticar tiro. Com a deposição de Ludovico Sforza, Leonardo, juntamente com seu assistente, Salai, e seu amigo, o matemáticoLuca Pacioli, abandonou Milão e fugiu para Veneza, passando por Mântua, sendo que em Veneza foi empregado como arquiteto e engenheiro militar, planejando métodos de defender a cidade de um ataque naval.[17][20]
Ao retornar para Florença, em 1500, foi recebido, juntamente com sua família e criadagem, pelos monges servitas do mosteiro de Santissima Annunziata, onde tinha à sua disposição um ateliê. Foi ali que, de acordo com Vasari, ele criou o desenho da Virgem, o Menino, Sant'Ana e São João Batista - uma obra que conquistou tanta admiração que homens e mulheres, jovens e velhos vinham vê-la, em massa, como se estivessem frequentando um grande festival.[22][nb 14]
Estudo de um cavalo, dos diários de Leonardo – Royal Library, Castelo de Windsor.
Em 1502 Leonardo passou a trabalhar para César Bórgia, filho do Papa Alexandre VI, atuando como arquiteto e engenheiro militar, e viajando por toda a Itália com seu patrão;[17] é nessa viagem que conhece Nicolau Maquiavel. Retornou à Florença, onde voltou a fazer parte da Guilda de São Lucas, em 18 de outubro de 1503; recebeu a encomenda de um retrato: a Mona Lisa, e passou os dois anos seguintes desenhando e pintando um grande mural da Batalha de Anghiari para a Signoria,[17] enquanto Michelangelo foi responsável pela peça que a acompanhava, A Batalha de Cascina.[nb 15] Ainda em Florença, em 1504, fez parte de um comitê formado para transferir, contra a vontade do próprio autor, Michelangelo, a célebre estátua do Davi.[37]
Em 1506 retornou a Milão. Muitos dos seus pupilos e seguidores mais importantes, no campo da pintura, ou o conheceram ou trabalharam com ele naquela cidade,[20] incluindo Bernardino Luini, Giovanni Antonio Boltraffio e Marco D'Oggione.[nb 16] Seu pai morreu em 1504, e como resultado, em 1507Porta Orientale, na paróquia de Santa Babila.[17]. Após mercenários suíços expulsarem os franceses em 1512, Massimiliano Sforza filho de Ludovico, ascende ao poder, e Leonardo fica sem patrono. No ano seguinte é convidado por Giuliano de' Médici filho do il Magnifico, para viajar para Roma, que está sobre o controle do Papa Leão X, um Médici.[12] Leonardo teve de voltar à Florença para resolver com seus irmãos os problemas decorrentes da herança e das propriedades paternas. No ano seguinte retornou para Milão sobre solicitação do governador francês Charles d'Amboise, para resolver problemas de trabalhos inconclusos, onde passou a viver em sua própria casa, na região da

[editar] Velhice, 1513-1519

Clos Lucé, na França, onde Leonardo viveu seus últimos anos de vida, até morrer em 1519.
De setembro de 1513 a 1516 Leonardo passou a maior parte do seu tempo vivendo no Belvedere, no Vaticano, em Roma, período durante o qual Rafael e Michelangelo também estavam em atividade.[17] Em outubro de 1515, Francisco I da França reconquistou Milão;[38] Leonardo estava presente no encontro entre Francisco I e o Papa Leão X, em 19 de dezembro, ocorrido em Bolonha.[20][39][40]
Foi de Francisco que Leonardo recebeu a encomenda de construir um leãolírios.[22][nb 17] Em 1516 passou a trabalhar diretamente a serviço de Francisco, e foi-lhe concedido o solar de Clos Lucé,[nb 18] próximo à residência do rei, no Castelo de Amboise. Foi aqui que ele passou os três últimos anos de sua vida, acompanhado por seu amigo e aprendiz, o condeFrancesco Melzi, e sustentado por uma pensão de totalizada 10.000 escudos.[17] mecânico, que pudesse caminhar para a frente, e abrir seu peito, revelando um ramalhete de
Cquote1.svg LEONARDUS VINCIUS: QUID PLURA? DIVINUM INGENIUM, DIVINA MANUS, EMORI IN SINU REGIO MERUERE. VIRTUS ET FORTUNA HOC MONUMENTUM CONTINGERE GRAVISSIMIS IMPENSIS CURAVERUNT
Cquote2.svg
Leonardo morreu em Clos Lucé, em 2 de maio de 1519. Francisco havia se tornado um grande amigo; e Vasari relata que o rei segurava a cabeça de Leonardo em seus braços quando este morreu - embora a história, amada pelos franceses e retratada em pinturas românticas de artistas como Ingres e Angelica Kauffmann, podem ser mais lenda do que realidade.[nb 20]
A Morte de Leonardo da Vinci por Ingres (1818).
Vasari também conta que, em seus últimos dias, Leonardo teria pedido que um padre lhe fosse trazido, para que se confessasse e recebesse a extrema unção.[22] De acordo com o que pediu em seu testamento, sessenta mendigosCastelo de Amboise. Melzi foi o principal herdeiro e inventariante, e recebeu, além de todo o dinheiro de Leonardo, todos os seus cadernos, ferramentas, sua biblioteca e seus objetos pessoais. Leonardo também se lembrou de seu antigo pupilo e companheiro, Salai, e de seu criado, Battista di Vilussis; cada um recebeu uma metade das vinhas de Leonardo, sendo que de Salai tornaram-se posses as pinturas que acompanhavam o mestre desde então.[16]um manto negro de bom material, com as bordas de pele.[42] seguiram o seu cortejo. Foi enterrado na Capela de Saint-Hubert, no Seus irmãos também receberam terras, e sua criada recebeu
Cerca de vinte anos após a morte de Leonardo, o rei Francisco teria falado, segundo o escultor Benvenuto Cellini: "Nunca nasceu no mundo outro homem que soubesse tanto quanto Leonardo, nem tanto [por seus conhecimentos] de pintura, escultura e arquitetura, mas por ele ter sido um grande filósofo."[43]

[editar] Relacionamentos e influências

As Portas do Paraíso, de Ghiberti (1425-1452), realizadas com o apoio de diversos artistas, eram motivo de orgulho na cidade.

[editar] Florença - contexto social e artístico de Leonardo

Leonardo começou seu aprendizado com Verrocchio em 1466, no ano em que morreu o mestre do próprio Verrocchio, o grande escultor Donatello. O pintorUccello, cujas experiências com a perspectiva influenciariam o desenvolvimento da pintura de paisagem, já era um homem de idade muito avançada, e os pintores Piero della Francesca e Fra Filippo Lippi, o escultor Luca della Robbia, e o arquiteto e escritor Alberti já estavam em seus sessenta anos de idade. Entre os artistas mais bem sucedidos da geração seguinte estavam, além do próprio professor de Leonardo, Verrocchio, Antonio Pollaiuolo e o escultor Mino de Fiesole, cujos bustos realistas são até hoje as evidências mais confiáveis da aparência real do pai de Lourenço de Médici, Piero, e de seu tio, Giovanni.[44][45][46]
Leonardo passou sua juventude numa Florença decorada pelas obras destes artistas, e pelos contemporâneos de Donatello, como Masaccio - cujos afrescosGhiberti, cujas Portas do Paraíso, folheadas a ouro, mostravam a arte da combinação de composições figurativas complexas com fundos arquitetônicos ricamente detalhados. Piero della Francesca fez um estudo detalhado da perspectiva, e foi o primeiro pintor a fazer um estudo científico da luz. Estes estudos, juntamente com o Trattato de Leone Battista Alberti, teriam um efeito profundo nos artistas mais jovens, e especialmente nas próprias observações e obras de Leonardo.[44][45][46] figurativos estavam imbuídos de realismo e emoção, ou de
A Expulsão do Jardim do Éden, de Massaccio, mostrando Adão e Eva nus e transtornados, abandonando o Jardim do Éden, criou uma imagem tremendamente expressiva da forma humana, representada em três dimensões através do uso de luz e sombra - algo que seria desenvolvido nas obras de Leonardo a ponto de influenciar a história da pintura a partir de então. As influências humanistas do Davi de Donatello podem ser vistas nas pinturas da velhice de Leonardo, em especial o São João Batista.[44]
Pequena Madona e o Menino de Verrocchio, c. 1470
Uma tradição recorrente em Florença era a de pequenos retábulos retratando a Virgem e o Menino. Muitas eram feitas em têmpera ou terracota vitrificada, pelos ateliês de Filippo Lippi, Verrocchio e da prolífica família della Robbia.[44]madonas de Leonardo, como A Virgem do Cravo e Virgem BenoisVirgem Benois, na qual a Virgem está retratada num ângulo oblíquo ao espaço do quadro, com o Menino Jesus num ângulo oposto. O mesmo tema reapareceria em diversas pinturas posteriores de Leonardo, como A Virgem e o Menino com Santa Ana.[20] As primeiras seguiram nesta tradição, embora mostrassem diferenças idiossincráticas, especialmente no caso da
Leonardo foi contemporâneo de Botticelli, Ghirlandaio e Perugino, embora fossem um pouco mais velhos que ele. Teria conhecido todos no ateliê de Verrocchio, com quem eles tinham ligações, e na Academia dos Médici.[20]família Médici, e seu sucesso como pintor era praticamente garantido. Ghirlandaio e Perugino eram prolíficos, e também gerenciavam grandes ateliês; foram responsáveis por comissões realizadas com competência, para patronos satisfeitos, que apreciavam a habilidade de Ghirlandaio de retratar os cidadãos ricos de Florença em grandes afrescos religiosos, e a habilidade de Perugino em criar multidões de santos e anjos de inescapável doçura e inocência.[44] Botticelli era especialmente preferido pela
Peça central de O Retábulo de Portinari, de Hugo van der Goes, feito para uma família florentina.
Estes três estavam entre os que foram comissionados para pintar as paredes da Capela Sistina, no Vaticano, obra que havia sido iniciada por Perugino em 1479. Leonardo não fez parte desta comissão de prestígio; sua primeira encomenda significante, a Adoração dos Magos, para os monges de Scopeto, nunca foi terminada.[20]
Em 1476, durante o período em que Leonardo esteve ligado ao ateliê de Verrocchio, o pintor flamengo Hugo van der Goes chegou em Florença, trazendo o Retábulo de Portinari e as novas técnicas de pintura do Norte da Europa que afetariam profundamente os pintores florentinos do período. Em 1479 o pintor siciliano Antonello da Messina, que trabalhava exclusivamente com óleos, viajou para o norte, em direção a Veneza, onde o principal pintor da cidade, Giovanni Bellini, também adotara a técnica da pintura a óleo, transformando-a rapidamente na técnica preferida do local. Leonardo também visitaria Veneza algum tempo depois.[46]
Como dois arquitetos contemporâneos, Bramante e Antonio da Sangallo, o Velho, Leonardo experimentou com projetos para igrejas planejadas centralmente, diversas das quais aparecem em seus diários, tanto em plantas quanto vistas - embora nenhum destes projetos tenha chegado a ser posto em prática.[44][47]
Lourenço de Médiciafresco de Ghirlandaio. entre Antonio Pucci e Francesco Sassetti,
Os contemporâneos políticos de Leonardo foram Lourenço de Médici (il Magnifico), três anos mais velhos que ele, e seu popular irmão mais novo, Giuliano, morto na Congiura dei Pazzi de 1478. Ludovico Sforza (il Moro), que governou Milão entre 1479 e 1499, período durante o qual Leonardo foi enviado como embaixador em nome da corte dos Médici, também tinha aproximadamente a mesma idade.[44][45]
Juntamente com Alberti, Leonardo passou a frequentar o lar dos Médici, e através deles conheceu filósofos humanistas como Marsilio Ficino, proponente do neoplatonismo, Cristoforo Landino, autor de comentários sobre os escritos da Antiguidade Clássica, e João Argyropoulos, professor de grego e tradutor das obras de Aristóteles. Outro contemporâneo de Leonardo que também teve seu nome associado à Academia dos Médici foi o jovem e brilhante poeta e filósofo Pico della Mirandola.[46][48] Leonardo escreveu mais tarde, na margem de um de seus diários: "Os Médici me fizeram, e os Médici me destruíram."[20] Embora tenha sido através de Lourenço que Leonardo receberia importantes trabalhos em Milão, não se sabe o que ele quis dizer exatamente com este comentário críptico.
Embora costumem ser agrupados como os três gigantes do Alto Renascimento, Leonardo, Michelangelo e Rafael não pertenceram à mesma geração. Leonardo tinha vinte e três anos quando Michelangelo nasceu, e trinta e um no nascimento de Rafael, este último teve uma vida curta, morrendo em 1520, no ano após a morte de Leonardo; já Michelangelo continuou criando por mais 45 anos.[45][46]
Estudo para um retrato de Isabella d'Este (1500) Louvre.

[editar] Vida pessoal

Ao longo da vida de Leonardo, seu extraordinário poder de inventividade, sua "espetacular beleza física", "graça infinita", "grande força e generosidade", "espírito régio e tremendo alcance mental", como foram descritos por Vasari,[22] atraíram a curiosidade daqueles que o cercavam. Diversos autores especularam sobre os vários aspectos da personalidade de Leonardo; um deles, a sua adoção de éticas e práticas pessoais, que podem ser ocasionadas de sua crescente admiração pela natureza e suas criaturas, como pode ser exemplificado por seu vegetarianismo e o hábito, descrito também por Vasari, de comprar pássaros engaiolados e libertá-los.[22][49][nb 21]
Leonardo teve muitos amigos que se tornaram profissionais renomados em seus campos, ou que são célebres até hoje por sua importância histórica. Entre eles está o matemático Luca Pacioli, com quem ele colaborou num livro na década de 1490, assim como Franchinus Gaffurius e Isabella d'Este, a grande dama do Renascimento.[50] Com a exceção desta última, Leonardo parece não ter se relacionado intimamente com mulheres. Isabella foi retratada por ele durante uma viagem que levou-os a Mântua; o retrato teria sido usado como rascunho para uma pintura, que não existe mais.[20]
Além de suas amizades, Leonardo mantinha sua vida privada em segredo. Sua sexualidade foi alvo frequente de estudos, análises e especulações. Esta tendência já se iniciou no meio do século XV, e tomou novo ímpeto nos séculos XIX e XX, especialmente a partir de Sigmund Freud.[51]

FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.

Nenhum comentário: