Morcego
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Morcegos
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Morcego da Califórnia
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Classificação científica | ||||||||||
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Megachiroptera Pteropodidae Microchiroptera Emballonuridae Rhinopomatidae Craseonycteridae Rhinolophidae Nycteridae Megadermatidae Vespertilionidae Molossidae Antrozoidae Natalidae Myzopodidae Thyropteridae Furipteridae Noctilionidae Mystacinidae Mormoopidae Phyllostomidae |
Os morcegos (ordem Chiroptera) são os únicos mamíferos capazes de voar, sendo divididos em morcegos propriamente ditos (subordem Microchiroptera) e raposas-voadoras (subordem Megachiroptera). Representam um quarto de toda a fauna de mamíferos do mundo. São pelo menos 1.116 espécies [1], que possuem uma enorme variedade de formas e tamanhos, podem ter uma envergadura de cinco centímetros a dois metros, uma enorme capacidade de adaptação a quase qualquer ambiente
(só não ocorrem nos pólos), e uma ampla diversidade de hábitos
alimentares. Os morcegos tem a dieta mais variada entre os mamíferos,
pois podem comer frutos, sementes, folhas, néctar, pólen, artrópodes, pequenos vertebrados, peixes e sangue[2]. Somente três espécies se alimentam exclusivamente de sangue: são os chamados morcegos hematófagos ou vampiros, encontrados apenas na América Latina e no Sul do México. Dessa maneira, morcegos contribuem substancialmente para a estrutura e dinâmica dos ecossistemas, pois atuam como polinizadores, dispersores de sementes e predadores de insetos (incluindo pragas agrícolas). Possuem ainda o extraordinário sentido da ecolocalização (biossonar ou orientação por ecos), que utilizam para orientação, busca de alimento e comunicação.
Índice[esconder] |
[editar] Classificação
Há duas subordens de morcegos:
- Megachiroptera, raposas-voadoras
- Microchiroptera, verdadeiros morcegos
Os Megachiroptera são encontrados na África, Oceania e Ásia.
Como o seu nome indica, nesta subordem que encontram-se os maiores
morcegos do mundo, os quais chegam a 2 metros de envergadura e comem
frutas. Não utilizam a ecolocação, à excepção do gén. Rousettus. A
subordem Microchiroptera contém os mais variados hábitos alimentares,
comendo desde frutas (frugivoros) até peixes(piscivoro), e com
freqüência dependem da ecolocalização para navegação e para encontrar presas. Três espécies se destacam por terem desenvolvido um hábito alimentar por sangue, os hematófagos. (Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngii).
Acreditava-se que essas duas subordens tinham se desenvolvido de
forma independente e que suas características similares eram resultado
de evolução[3].
Estudos filogenéticos mais recentes, feitos com dados moleculares, têm
mantido essa teoria do ancestral comum (a ordem Chiroptera seria mesmo
um grupo monofilético).
Porém, a divisão em duas subordens está sendo alterada, porque na
verdade as raposas-voadoras parecem estar contidas dentro de uma
linhagem evolutiva dos demais morcegos[4]. convergente. Porém, análises filogenéticas mostraram que os dois grupos têm um ancestral voador comum
Sabe-se pouco sobre a origem dos morcegos, já que seus esqueletos
pequenos e delicados não fossilizam bem. Os morcegos fósséis mais
antigos encontrados são o Icaronyctens, Archaeonyctnes, Palaeochropteryx e Hassianycteris do Eoceno
inferior (cerca de 50 milhões de anos atrás), mas eles já eram muito
semelhantes aos Microchiroptera modernos. Os morcegos eram usualmente
agrupados, junto com os Scandentia, Dermoptera e primatas, na superordem Archonta,
mas novos estudos genéticos, morfológicos e paleontológicos revelaram
que os morcegos não ligam-se a estes animais. Com a exclusão dos
Chiroptera, o grupo passou a ser batizado de Euarchonta.
Parece que os Chiroptera estão mais relacionados à antiga ordem
Insetivora (musaranhos e toupeiras), que atualmente está dividida em
ordens menores.
Classificação tradicional dos morcegos:
- ORDEM CHIROPTERA
- Subordem Megachiroptera
- Subordem Microchiroptera
- Superfamília Emballonuroidea
- Superfamília Rhinopomatoidea
- Superfamília Rhinolophoidea
- Superfamília Vespertilionoidea
- Superfamília Molossoidea
- Superfamília Nataloidea
- Superfamília Noctilionoidea
- Noctilionidae
- Mystacinidae (morcego-de-rabo-curto da Nova Zelândia)
- Mormoopidae
- Phyllostomidae
[editar] Anatomia
O osso do metacarpo e o segundo e quinto dedos dos membros anteriores são alongados, e entre eles existe uma membrana, chamada feiosa brósiliti quiropatágio. A membrana se estende dos dedos até ao lado do corpo e deste até à base dos membro posteriores. A asa inteira de um morcego é chamada patágio. Muitas espécies têm também uma membrana entre os membros posteriores incluindo a cauda. Esta membrana é o uropatágio.
O patágio está cheio de delicados vasos sangüineos, fibras musculares e nervos.
No tempo frio, os morcegos enrolam-se em suas próprias asas como num
casaco. No calor eles as expandem para refrescar seus corpos.
O polegar e às vezes o segundo dedo dos membros anteriores têm garras,
bem como os cinco dedos dos membros posteriores. As garras traseiras
permitem aos morcegos agarrarem-se aos galhos ou saliências. Os morcegos
também podem se mover no chão, mas são bastante desajeitados.
Quase todos os morcegos são ativos à noite ou ao crepúsculo, com exceção do grupo das raposas-voadoras, que inclui muitas espécies diurnas. Os seus sentidos de olfato paladar e audição são excelentes e, ao contrário do que muitos pensam, morcegos possuem uma boa visão.
Eles possuem também o sentido da ecolocalização (biossonar), que levou a
diversas modificações morfológicas em várias espécies de morcegos,
chegando a aparências bizarras como a dos morcegos Centurio.
Seus dentes no geral se parecem com os dos mamíferos da ordem Insectivora[2].
Por exemplo, morcegos frugívoros costumam ter um grande número de
dentes, tendo molares e pré-molares bem largos e fortes, que usam para
mastigar a polpa fibrosa de muitos frutos. Já morcegos que se alimentam
de néctar tem poucos dentes, que são de menor tamanho, já que esses
morcegos só bebem líquidos. Morcegos-vampiros, por sua vez, tem dentes
incisivos bastante grandes e afiados, que usam para fazer cortes
precisos e superficiais nas suas presas, das quais lambem o sangue.
(toupeiras e musaranhos). Porém, há uma grande variedade de dentições
entre os morcegos, relacionadas às suas linhagens evolutivas e hábitos
alimentares
[editar] Ecolocalização
A grande maioria dos morcegos possui um sexto sentido, aliado aos cinco a que nós humanos estamos acostumados: a ecolocalização [5], ou seja, orientação por ecos. Este sentido funciona basicamente da seguinte maneira: O morcego emite ondas ultra-sônicas (frequência acima de 20 KHz, inaudíveis para humanos) pelas narinas ou pela boca, dependendo da espécie. Essas ondas atingem obstáculos no ambiente e voltam na forma de ecos com frequência maior pois ao voltar o eco mais a velocidade do morcego são somadas. (Efeito Doppler)
. Esses ecos são percebidos pelo morcego. Com base no tempo em que os
ecos demoraram a voltar, nas direções de onde vieram, e na frequência
relativa dos ecos (efeito Doppler),
os morcegos sentem se há obstáculos no caminho, assim como suas
distâncias, formas e velocidades relativas. Isso é especialmente útil
para caçar insetos voadores, por exemplo, mas morcegos com outras dietas
também usam bastante esse sentido.
Alguns dos ancestrais dos morcegos - musaranhos e toupeiras (mamíferos da ordem Insectivora)
- já possuíam um sistema de ecolocalização rudimentar. Supõe-se que os
morcegos da subordem Microchiroptera desenvolveram seu sistema
sofisticado como uma novidade evolutiva, e que as raposas-voadoras da
subordem Megachiroptera
perderam esse sistema originalmente, tendo algumas espécies
desenvolvido posteriormente um sistema rudimentar baseado em cliques da
língua[6]. Outros sistemas de ecolocalização evoluíram de forma independente em golfinhos, baleias, andorinhões e outros animais.
A ecolocalização também pode ser chamada de biossonar, pois a partir desse sistema natural foram desenvolvidos os sonares de navios e os aparelhos de ultra-som.
Na verdade, nenhuma "imitação humana" se compara à qualidade do sistema
natural. Assim, os morcegos contam com um recurso muito importante para
animais que precisam se orientar à noite ou em ambientes escuros, como
as cavernas. A eficiência da ecolocalização varia entre as espécies de morcegos, sendo que os de hábito alimentar insetívoro,
ou predadores de insetos em geral, possuem-no mais desenvolvido. A
ecolocalização é importante também para morcegos que se alimentam de
plantas, pois ela os ajuda a encontrar frutos e flores[7] e reconhecer suas espécies com base no padrão de ecos que produzem[8].
Alguns morcegos usam a ecolocalização também para se comunicar com
outros indivíduos da mesma espécie; isso é importante principalmente no
reconhecimento entre mães e filhotes[9]. Já se tem estudado aplicações da ecolocalização na orientação de pessoas cegas[10].
Morcegos vampiros (subfamília Desmodontinae) tem ainda um sétimo sentido, a termopercepção (leia mais no tópico sobre a raiva).
[editar] Reprodução
Um morcego recém-nascido se agarra à pele da mãe e é transportado,
embora logo se torne grande demais para isto. Seria difícil para um
adulto carregar mais de uma cria, portanto normalmente nasce apenas uma.
Os morcegos freqüentemente formam colônias-berçário, com muitas fêmeas
dando à luz na mesma área, seja uma caverna,
um oco de árvore ou uma cavidade numa construção. A gestação dura de
dois (em algumas espécies de morcegos frugívoros) a sete meses (em
morcegos hematófagos), variando conforme a espécie. Em algumas espécies
duas glândulas mamárias estão situadas entre o peito e os ombros (axilares), mas também podem ser peitorais ou abdominais.
Embora a habilidade de voar seja congênita, imediatamente após o
nascimento as asas ainda são pequenas demais para voar. Os jovens
morcegos da ordem Microchiroptera se tornam independentes com a idade de seis a oito semanas, os da ordem Megachiroptera não antes dos quatro meses. Com a idade de dois anos os morcegos estão sexualmente maduros.
A maioria dos morcegos tem apenas um filhote por gestação e de uma a
duas gestações por ano. Há exceções como os morcegos do gênero Lasiurus, que costumam ter quadrigêmeos, e alguns morcegos Myotis, que podem ter três ou quatro gestações por ano [11]. A expectativa de vida do morcego vai de quatro a trinta anos, variando muito conforme a espécie[12].
Morcegos que se alimentam de plantas costumam ter sua sazonalidade
reprodutiva influenciada pela oferta dos frutos ou flores de que mais
gostam, porém em alguns locais as variações no clima podem ser muito
importantes[13].
Morcegos apresentam uma grande variedade de comportamentos reprodutivos [14].
Em geral, a maioria das espécies de morcegos é poligínica , ou seja, um
macho dominante mantém o controle sobre várias fêmeas (harém), enquanto
machos subordinados lutam para conseguir copular secretamente com
algumas delas. Há espécies de morcegos em que os machos têm glândulas de
cheiro nos ombros ou pescoço, usadas para emitir odores que atraem as
fêmeas. Em outras espécies os machos têm ornamentos, como cristas na
cabeça, que desempenham um papel na seleção sexual. Além disso, algumas
espécies apresentam comportamentos sexuais bem curiosos, como até mesmo
felação [15].
[editar] Inimigos naturais
Os morcegos pequenos são às vezes presas de corujas e falcões.
De maneira geral, há poucos animais capazes de caçar um morcego. Na
Ásia existe um tipo de falcão que se especializou em caçar morcegos. O gato
doméstico é um predador regular em áreas urbanas, pega morcegos que
estão entrando ou deixando um abrigo, ou no chão. Poucos morcegos descem
ao chão para se alimentar, salvo casos observados nos gêneros Artibeus e Centurio.
Morcegos podem ir ao chão devido a acidentes enquanto estão aprendendo a
voar, em tempo ruim, como estratégia de aproximação ou então quando
estão doentes. Também existem relatos de algumas espécies de sapos e lacraias cavernícolas que predam morcegos, além, é claro, de morcegos carnívoros maiores, especialmente da tribo Vampirinii, que se alimentam dos menores. Marsupiais neotropicais, como gambás e cuícas da família Didelphidae, também costumam predar morcegos. Cobras também são importantes predadores de morcegos[16].
Os piores inimigos dos morcegos são os parasitas. As membranas, com seus vasos sangüíneos, são fontes ideais de alimento para pulgas e carrapatos. Alguns grupos de insetos sugam apenas o sangue de morcegos, por exemplo as moscas-de-morcego, pertencentes às famílias Streblidae e Nycteribiidae. Nas suas cavernas os morcegos ficam pendurados muito próximos, portanto é fácil para os parasitas infestar novos hospedeiros.
[editar] Interações com plantas
Os morcegos interagem com plantas de diversas formas, como por exemplo através do consumo de frutos e sementes, do consumo de néctar e pólen, do consumo de folhas, da construção de tendas em folhas e do uso de cavidades em árvores como abrigos[17]. Essas interações podem ser classificadas quanto ao seu resultado para os morcegos e as plantas em quatro tipos [18]: comensalismo, ao utilizarem partes da planta como abrigo, sem causar-lhe prejuízo; parasitismo, quando consomem partes da planta sem matá-la, causando-lhe algum prejuízo; predação, caso matem as sementes ao consumirem os frutos; mutualismo, quando ambas as partes de beneficiam da interação, como no caso da polinização e da dispersão de sementes.
Atendendo a que o comensalismo não afeta a planta, o parasitismo por
morcegos não chega a ser muito intenso e a predação também não é muito
frequente (já que os morcegos não costumam danificar sementes, exceto
pelos morcegos Chiroderma), o mutualismo é a interação que
desperta mais interesse, tanto pela sua frequência quanto pela sua
grande importância ecológica. Há duas formas básicas de mutualismo entre
morcegos e plantas: a polinização e a dispersão de sementes.
Na polinização [19], os morcegos visitam flores para consumir néctar, e acabam por transportar o pólen
de uma flor a outra, ajudando assim na reprodução das plantas
visitadas. Algumas plantas, como algumas espécies de agave
(matéria-prima da tequila), dependem fortemente de morcegos para sua
polinizacão. Os principais morcegos envolvidos nesse tipo de mutualismo
no Novo Mundo pertencem às subfamílias Glossophaginae, Brachyphyllinae e
Lonchophyllinae (Phyllostomidae), e à subfamília Macroglossinae
(Pteropodidae) no Velho Mundo. Os morcegos mais especializados em se
alimentar de néctar geralmente tem poucos dentes e algumas espécies tem
línguas extremamente compridas, que as ajudam a alcançar o fundo dos
tubos florais de plantas muito especializadas na polinização por
morcegos[20].
Na dispersão de sementes [21], os morcegos pegam frutos de diferentes plantas para comer e, ao fazerem isso, ingerem ou carregam as sementes,
dependendo do tamanho. Com isso eles transportam as sementes por longas
distâncias, ajudando também na reprodução das plantas e na colonização
de novas áreas. No Novo Mundo, os principais morcegos dispersores
pertencem às subfamílias Carolliinae e Stenodermatinae (Phyllostomidae),
sendo responsáveis pela dispersão de mais de 500 espécies de plantas.
No Velho Mundo, os morcegos frugívoros pertencem a diferentes
subfamílias de Pteropodidae. Morcegos usam diversos critérios para
escolher os frutos que vão comer, dentre eles o tamanho[22], a cor, o odor[23], a forma e a posição na planta[7].
Há morcegos frugívoros que, além de dispersarem sementes, podem também
consumir algumas, sendo classificados como predadores de sementes; é o
caso dos filostomídeos do gênero Chiroderma, que possuem adaptações fisiológicas e morfológicas para a granivoria[24][25].
Uma outra forma muito interessante de interação entre morcegos e
plantas é a construção de tendas em folhas. Ainda não há consenso se
essa interação é um comensalismo ou um parasitismo. Muitas informações
interessantes podem ser consultadas em um livro de 2007 sobre morcegos
fazedores de tendas [26].
Esse hábito de construir tendas e levar frutos para comer debaixo delas
pode até resultar em benefícios para a dispersão de sementes de outras
plantas [27].
[editar] Transmissor da raiva
Ainda que o perigo de transmissão de raiva se resuma aos locais onde essa doença é endêmica,
dos poucos casos relatados anualmente em algumas localidades, a maioria
é causada por mordidas de morcegos. Porém, na maioria dos lugares,
especialmente nas cidades, os principais transmissores da raiva ainda
são cães e gatos[28].
Embora a maioria dos morcegos não tenha raiva, os que têm podem ficar
pesados, desorientados, incapazes de voar, o que torna mais provável que
entrem em contato com seres humanos. Outras mudanças no comportamento
do morcego contaminado são atividade alimentar diurna,
hiperexcitabilidade, agressividade, tremores, falta de coordenação dos
movimentos, contrações musculares e paralisia, seguida de óbito. O maior
problema relacionado à raiva transmitida por morcegos são as mortes de
animais de criação, principalmente bois[28]. Os principais morcegos transmissores de raiva são da subfamília Desmodontinae
(família Phyllostomidae), os famosos morcegos vampiros, porém morcegos
de outros tipos também podem se contaminar e transmitir a doença[28].
Embora não se deva ter um medo desmesurado de morcegos, deve-se
evitar manipulá-los ou tê-los no lugar onde se vive, tal como acontece
com qualquer animal selvagem.
Os morcegos vampiros têm dentes muito pequenos e afiados, então podem
morder uma pessoa adormecida sem que sejam sentidos. Além disso, eles
são muito pequenos (cerca de 30 g), seu ataque é muito sutil e sua
mordida é superficial, por isso é difícil que acordem a presa. Morcegos
vampiros tem ainda um sétimo sentido, a termopercepção[29],
que os auxilia a saberem quais vasos sanguíneos são mais superficiais,
propiciando assim uma mordida menos dolorida; morcegos vampiros não tem
anestésico na saliva, ao contrário do que se pensa. Porém, eles têm um
forte anticoagulante na saliva, que retarda a cicatrização da ferida,
permitindo que se alimentem por mais tempo; essa substância tem sido
estudada para a elaboração de remédios para a circulação[30].
Se um morcego for encontrado em uma casa e não se puder excluir a
possibilidade de exposição, o morcego deve ser capturado e imediatamente
encaminhado para o centro local de controle de zoonose
para ser observado. Isto também se aplica se o morcego for encontrado
morto. Se for certo que ninguém foi exposto ao morcego, ele deve ser
retirado da casa. A melhor forma de fazê-lo é fechar todas as portas e
janelas do cômodo exceto uma para o exterior. O morcego logo sairá.
Devido ao risco de raiva e também há problemas de saúde relacionados a suas fezes, que podem conter, entre outros, os fungos causadores da histoplasmose, os morcegos devem ser retirados das partes habitadas das casas. O site do Centro de Controle de Doenças dos EUA
contém informações detalhadas sobre como manejar e capturar um morcego e
sobre a manutenção de uma casa para impedir que morcegos nela se
instalem.
Nos locais onde a raiva não é endêmica, como na maior parte da Europa
ocidental, pequenos morcegos podem ser considerados inofensivos.
Morcegos grandes podem dar uma mordida desagradável. Trate-os com o
respeito devido a qualquer animal silvestre.
Há muitas outras informações interessantes sobre morcegos vampiros e outros animais hematófagos no site Dark Banquet (http://www.darkbanquet.com), mantido por Bill Schutt.
[editar] Aspectos culturais
O morcego é sagrado em Tonga e na África Ocidental e freqüentemente é considerado a manifestação física de uma alma separada. Na cultura popular, os morcegos estão intimamente relacionados aos vampiros, que se diz serem capazes de se metamorfosear em morcegos. São também um símbolo de fantasmas, morte e doença. Entre alguns nativos americanos, como os Creeks, Cherokees e Apaches, o morcego é um espírito embusteiro. A tradição chinesaPolônia, na região da Macedônia e entre os Árabes e Kwakiutls. afirma que o morcego é um símbolo de longevidade e felicidade, bem como na
Na cultura ocidental o morcego é freqüentemente associado à noite e à
sua natureza proibida. É um dos animais básicos associado com os
caracteres ficcionais da noite, tanto a vilões como Drácula, quanto a heróis como Batman.
No Reino Unido todos os morcegos estão protegidos pelos Decretos da Vida Silvestre e Zona Rural (Wildlife and Countryside Acts), e mesmo perturbar um morcego ou seu ninho pode ser punido com pesada multa.
Em alguns países asiáticos, morcegos são muito apreciados na
culinária tradicional, contudo seu consumo vem sendo proibido devido à
ameaça que representa para populações naturais já reduzidas por outros
fatores.
[editar] Morcegos no Brasil
Os morcegos são espécies silvestres e, no Brasil, estão protegidos pela Lei de Proteção à Fauna. A sua perseguição, caça ou destruição, no país, são consideradas crimes.
Morcegos são no Brasil a segunda maior ordem de mamíferos, com pelo
menos 167 espécies distribuídas em nove famílias e 64 gêneros, sendo que
a maioria das espécies do país pertence à família Phyllostomidae[31].
Cerca de 50% dos morcegos brasileiros se alimentam de plantas,
dependendo delas ou não, diferente do padrão geral para a ordem
Chiroptera toda, que contém 70% de insetívoros[18].
No Brasil, há uma organização civil de interesse público chamada "Sociedade Brasileira para o Estudo de Quirópteros" (SBEQ, http://www.sbeq.org),
que congrega vários pesquisadores e admiradores de morcegos no país. O
objetivo da SBEQ é fomentar a pesquisa, a conservação, a educação e a
divulgação científica sobre esses animais. A SBEQ tem um evento
científico próprio, chamado "Encontro Brasileiro para o Estudo de
Quirópteros" (http://ebeq.sbeq.org),
cuja última edição foi em 6 de abril de 2010. O Brasil conta atualmente
com mais de 200 pesquisadores de morcegos, além de vários admiradores
desses animais, que ainda não são bem compreendidos pelo público em
geral[32].
Há no Brasil uma revista científica com público internacional
especializada em pesquisas sobre morcegos, a Chiroptera Neotropical (http://chiroptera.conservacao.org/).
Nos estados de Mato Grosso e de Minas Gerais vêm sendo registrados surtos de raiva
transmitida por espécies hematófagas. Estes surtos são conseqüência da
intensa ação antrópica, que cada vez mais vem tirando os alimentos (por
exemplo, aves) e destruindo o habitat dessas espécies para a construção
de casas e loteamentos. As populações humanas, ao se estabelecerem na
rota de migração dessas espécies, acabam sujeitas a contrair a doença,
que também afeta o gado.
[editar] Importância ecológica e econômica
- São responsáveis por dispersar sementes de árvores e outras plantas à longa distância[33]. Mais de quinhentas pequenas sementes podem ser transportadas por um único morcego a cada noite.
- Auxiliam na reprodução de centenas de espécies de plantas, visitando as flores como fazem de dia os beija-flores e as abelhas, e assim transportando o pólen de flor em flor[34].
- Há morcegos que se alimentam de pequenos animais, incluindo roedores e gafanhotos[35], que tantos prejuízos causam à agricultura.
- São largamente empregados em pesquisas científicas, incluindo a ação de medicamentos que, no futuro, poderão ter aplicação em humanos.
- A saliva do morcego vampiro comum tem forte ação anticoagulante[36]. A sua pesquisa poderá ter aplicações no tratamento de várias doenças vasculares [30].
- As fezes dos morcegos constituem excelente adubo natural (guano). Foram intensamente exploradas até ao desenvolvimento de adubos industriais.
- Têm sido estudados para aperfeiçoamento de aparelhos de sonar e ultra-som[37].
- São importantes elos na cadeia alimentar, portanto o seu desaparecimento poderá resultar em desequilíbrio ambiental, causando maiores danos do que os causados pela sua proximidade com o homem[38].
- Comem traças e com isso ajudam na conservação de livros em bibliotecas [39].
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