Reuters
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Mina Sakai, membro do Ainu Rebels, na primeira apresentação do grupo,
que mistura música e dança Ainu, em Tokyo
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Por Fernando A. Busca
Os
Ainu, indígenas do Japão com uma cultura ancestral que adora os ossos,
lutam para sobreviver no norte do país contra a tendência de
homogeneidade fixada nos últimos séculos.
A
palavra Ainu significava "ser humano" no idioma desses indígenas, que
povoaram um vasto território desde o norte da ilha de Honshu (principal
ilha japonesa), às ilhas Kuriles e inclusive o sul da península
Kamchatka, no extremo leste da Rússia.
No
entanto, vários episódios históricos, como a guerra russo-japonesa de
1905, terminaram agrupando a maior parte dos Ainu no sul da ilha de
Hokkaido.
Cerca de 20 mil descendentes desses indígenas que vivem em Hokkaido sofrem problemas para adaptar-se ao século 21.
Integrados
em um país moderno onde é possível pagar a compra do supermercado com o
telefone celular, já não podem continuar com o estilo de vida que
definia sua identidade, baseada na caça e pesca.
Às
margens do Lago Akan, com a paisagem coberta pela neve, Ryuji Hirasawa,
vestido com uma bata tradicional e uma faixa na cabeça, explicou à
agência Efe que seu povo pediu "um sistema de cotas ao governo japonês" para compensar o isolamento ao qual foi submetido.
Os
Ainu acabaram se tornando dependentes do turismo e subsídios do
governo. A casa Ainu de Akan, localizada próxima ao lago rodeado de
fontes termais, se encontra em meio a aglomerações de barracas de
produtos e totens que lembram a estética dos povos nativos da América do
Norte.
Na casa Ainu liderada por Hirasawa, várias mulheres de baixa estatura e encorpadas interpretam para os turistas, a dança do tsuru (grou) com pequenos passos e movimentos bruscos com seus longos cabelos negros.
Apesar
da ajuda do governo local, eles se queixam de não poderem continuar com
rituais ancestrais como o roubo de um filhote de urso durante a
hibernação da mãe para usá-lo em uma cerimônia religiosa.
A
sociedade japonesa, que durante séculos baseou sua estabilidade na
homogeneidade, maltratou durante séculos os Ainu e criou situações nas
quais os próprios pais escondiam dos filhos a origem, para que não
fossem alvo de maus-tratos nas escolas.
Hirasawa,
presidente da Associação Ainu de Akan, no centro da ilha de Hokkaido,
não fala seu próprio idioma, como a maioria dos integrantes do seu povo,
e reivindica que "a língua Ainu seja incluída na educação obrigatória".
Segundo pesquisadores, o idioma corre o risco de desaparecer.
Os
sinais de decadência são evidentes, apesar de tentativas de reviver a
cultura Ainu como uma campanha liderada por Shigeru Kayano, um dos
últimos habitantes nativos, que chegou a ocupar um lugar no Senado
japonês mas morreu no ano passado.
No
seio político, um novo impulso tenta acabar com a inércia. Em setembro,
a Associação Ainu de Hokkaio pediu ao governo japonês que reconheça aos
indígenas os direitos garantidos pela ONU. A jovem Mina Sakai, líder do
grupo Ainu Rebels, comanda a campanha.
O
espírito revolucionário despertou o interesse pelos Ainu entre os
jovens japoneses com uma mistura de música tradicional misturada com
rock e hip-hop.
A
proposta encontra resistência de membros do próprio povo que acusam
esses jovens de destruir suas tradições, mas Mina responde com uma frase
que simboliza sua campanha: "nunca acreditei que poderia dizer alto e
claro que sou uma Ainu".
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
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