Resíduo radioativo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Lixo nuclear)
Resíduo radioativo – (pop.: Lixo atômico) é formado por resíduos com elementos químicosradioativos que não têm ou deixaram de ter utilidade. É gerado em processos de produção de energia nuclear,
tanto em uso pacífico como em armamento nuclear. Podendo ainda ser
oriundo de outros usos, tais como tratamentos e diagnósticos
radiológicos e pesquisa científica.
A destinação do resíduo radioativo é um dos problemas mais sérios resultantes do uso da fissão nuclear para a geração de energia elétrica.
O maior perigo apresentado pelo lixo atômico é sua radioatividade, tóxica e cancerígena, mesmo em quantidades pequenas.
A radioatividade desse material diminui com o tempo. Todo radioisótopo tem uma meia-vida T½
(entre frações de segundo e bilhões de anos), ou seja, o tempo
necessário para perder metade (½) de sua radioatividade. Todo elemento
radioativo decai para um elemento não-radioativo, mas o tempo necessário
para que 99,9% dos núcleos radio-isótopos decaiam para núcleos
não-radioativos é de aproximadamente 10 vezes T½, que no exemplo do Urânio-235 (o combustível de uma usina nuclear típica) seriam 7 bilhões de anos.
Índice[esconder] |
[editar] Origens de resíduos radioativos
[editar] Reatores nucleares
A produção mundial de resíduos radioativos por usinas nucleares é de
cerca de 9.000 toneladas por ano. Resíduos de usinas nucleares consistem
em:
- Combustíveis gastos: produtos de fissão, combustível nuclear gerado, trans-urânios gerados, matéria não gasta
- Produtos ativados: São materiais originalmente não radioativos (p.
ex. do interior do reator ou dos arredores) que entraram em contato com
radiação de neutrons e adquiriram radioatividade, tais como:
- contêiners
- equipamento que operou com combustíveis nucleares
- peças do reator
- tubos de mineração
- roupa/equipamento de segurança dos funcionários
- utensílios de limpeza
[editar] Mineração de urânio
A maior parte (cerca de 80%) dos resíduos radioativos origina-se na
extração de urânio. Esse entulho é geralmente depositado próximo à mina
correspondente. A inalação de poeira e a ingestão de alimentos
contaminados representam um risco à saúde pública, especialmente à
crianças e mineiros. Particularmente produtos de decaimento de urânio,
como o gás Radon-222 apresentam maior radiotoxicidade. [1]
[editar] Armas nucleares
O material físsil de uma bomba nuclear contém alto teor de
radioisótopo Urânio-235 ou de Plutônio-239. Esses núcleos decaem
naturalmente (fissão espontânea ou emissão de radiação α ou ß) para
radioisótopos não físseis. Se o teor de radioisótopos físseis decair
para uma porcentagem inferior a 85%, a bomba perde a capacidade de
reação em cadeia tornando-se ineficaz. Para manter o material explosivo é
necessário submetê-lo regularmente ao reprocessamento nuclear, gerando resíduos nucleares adicionais.
Uma quantidade considerável de resíduos nucleares foi gerada nos testes de bombas nucleares entre 1945 e 1966. Em atóis e ilhas do Oceano Pacífico (p. ex. Moruroa, Bikini, Ilha Christmas)
extensas áreas foram contaminadas pelos E.U.A, França e Reino Unido. A
região de Semipalatinsk no Cazaquistão serviu como área de teste para a
União Soviética. As populações indígenas foram e continuam vítimas dessa
contaminação, sofrendo com diversos tipos de câncer, que inclusive
podem se perpetuar em uma família. Além disso, esses povos possuem
sérios problemas de alimentação por não poderem consumir produtos
agropecuários de sua própria região.
[editar] Reprocessamento nuclear
Usinas de reprocessamento nuclear utilizam centrífugas de enriquecimento ou aproveitam do processo de difusão gasosa para separar material combustível não gasto (235U) e/ou material gerado no processo de fissão (239Pu), de resíduos não combustíveis. Esse processo enriquece o material físsil com objetivo de reutilizá-lo em novos elementos combustíveis.
Porém, entre 0,1% e 1% de isótopos de meia-vida longa (aqueles que
apresentam radiotoxicidade por milhares de anos) permanecem no produto
residual após o reprocessamento. Assim sendo, sua disposição definitiva é
absolutamente necessária.
[editar] Grau de radioatividade
Classifica-se os resíduos de acordo com grau de radioatividade:
baixa, intermediária e alta - em inglês: low- (LLW), intermediate-
(ILW), high-level waste (HLW).
Essa classificação não considera a toxicidade dos compostos. Também
resíduos de baixa radioatividade podem apresentar altíssima toxicidade
(p. ex. os isótopos que emitem radiação alpha). Esses tem que ser
isolado da biosféra durante muito tempo, como por exemplo Estrôncio-90.
[editar] Problemas e Perigos
[editar] Armazenamento definitivo
O grau de segurança para disposição final é principalmente
determinado pela ocorrência de produtos altamente radioativos e pelo
teor de radioisótopos que emitem radiação alpha. No caso de disposição final direta (sem reprocessamento) de lixo nuclear, uma usina de grande porte, como Angra 2,
gera cerca de 50 m³ por ano de resíduo de alta radioatividade (volume
correspondente a um cubo de aprox. 4 m de aresta). Com reprocessamento
são cerca de 7 m³ por ano (volume correspondente a um cubo de aprox. 2 m
de aresta); porém a quantidade de resíduos de baixa e média
radioatividade é 20 vezes maior, devido à geração de material
radiotóxico durante o reprocessamento.
[editar] Contaminação da biosfera
O principal problema na disposição de resíduos radioativos é a percolação de tóxicos contidos no material radioativo para lençóis freáticos, levando assim à inevitavel dispersão do material na biosfera. Uma vez contaminada, a água entra diretamente na cadeia alimentar,
como por exemplo através de represas e poços e, indiretamente através
da ingestão de alimento contaminado (incorporação da contaminação pelo
pescado, utilização de água no cultivo agrícola, pecuária entre outros).
Como vários elementos contidos nos resíduos nucleares têm meia-vida
de 1000 anos ou mais, eles devem ser isolados (depósito definitivo)
durante muito tempo. Por exemplo o elemento Plutônio-239, que decai sob
emissão de radiação alpha e possui atividade específica de 2000 Bq/µg, sendo portanto extremamente radiotóxico.
Ventos durante de um período de seca em 1967 e incêndios florestais
em 2010 aumentaram a área contaminada nas regiões de Majak. A região de
Majak é considerada a mais contaminada no mundo, devido ao grave
acidente em uma central de reprocessamento em 1957. Cerca de 10.000
hectares em torno da instalação apresentam contaminação com
aproximadamente 4·1017 Becquerel (mais do que a quantidade
liberada no acidente de Chernobil). Incêndios florestais ocorridos na
Rússia em agosto de 2010 também levantaram nuvens de poeira radioativa
na região de Brjansk (região que ficou contaminada na catástrofe nuclear
de Chernobil em 1986). Os incêndios fizeram as partículas radioativas
chegarem à atmosfera e se distribuirem em áreas maiores, aumentando a
região contaminada.
[editar] Transporte
Alguns países com usinas nucleares não possuem centrais de
reprocessamento (Alemanha, Japão, Canadá). Assim, a escolha de deixar
enriquecer em outros países traz como consequência o transporte de
sustâncias altamente radioativas pelo mundo. Inclusive, a embarcação
desses resíduos leva o perigo de contaminar mares e oceanos.
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
Nenhum comentário:
Postar um comentário