quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

INSTRUMENTOS LÍTICOS PRÉ-HISTÓRICOS ( Biface ) "Parte 3"

Dimensões e coeficientes



Dimensões básicas a tomar num biface acheulense.
As medidas de um biface devem tomar-se tendo como referência o eixo morfológico do mesmo e orientando-o adequadamente. À parte das três dimensões básicas (comprimento, largura, grossura), os especialistas propuseram outras grandezas, que podem chegar a ser muito diversas, sendo as mais habituais as que assinalam François Bordes (1961[26]) e Lionel Balout (1967[8]):
  • Comprimento máximo (C)
  • Largura máxima (m)
  • Espessura máxima (e)
  • Distância da base à zona de máxima largura (a)
  • Largura nos 3/4 do comprimento (o)
As duas últimas, ou seja, a zona de máxima largura (a) e a situada aos 3/4 do comprimento (o), são locais muito adequados para delinear o contorno da seção do biface e para medir os ângulos do gume (caso não ser uma zona reservada). Estas medidas angulares das arestas tomam-se com um goniômetro.
Além disso, outras medidas podem ser tomadas, como o comprimento do gume, o peso, a corda do gume (caso ser um biface de bisel terminal transversal), etc. Todas estas medidas, além de serem usadas nos E.D.A.s servem para estabelecer diversos coeficientes tanto morfológicos quanto técnicos (por exemplo, a relação entre o peso e o comprimento das arestas cortantes, ou a relação entre o percutor e o ângulo obtido...
Mas os coeficientes mais habitualmente usados são os "Índices" que Bordes propôs para a sua classificação morfológico-matemática do qual ele denominou "bifaces clássicos" (Balout propôs outros, mas são muito similares[28]):
  • Índice de redondeamento da base: serve para separar as três grandes famílias de bifaces clássicos ("triangulares", "amendoados" e "ovais"): estabelece-se com o coeficiente C/a que proporciona os seguintes limiares de separação:
Bifaz-Redondeamiento de la base.gif
Família Umbral
"Bifaces triangulares" (os mais regulares)
ou "subtriangulares" (para os irregulares)
{\frac{C}{a}}<2,75
"Bifaces amendoados" 2,75<{\frac{C}{a}}<3,75
"Bifaces ovais" 3,75<{\frac{C}{a}}

  • Índice de alongamento: que separa os bifaces comuns dos "curtos" (e, ocasionalmente, dos "alongados"). Por exemplo, na família de "Bifaces ovais" serve para separar os bifaces discoides dos outros tipos; na família de "Bifaces amendoados" é usado para reconhecer os bifaces lanceolados e micoquenses. A operação é realizada com C/m e os limiares são:
Bifaz-indice de alargamiento.gif
Alongamento Umbral
"Bifaces curtos" {\frac{C}{m}}<1,3
"Bifaces comuns" 1,3<{\frac{C}{m}}<1,6
"Bifaces alongados" 1,6<{\frac{C}{m}}

  • Indice secional ou de aplanamento: que separa os bifaces "grossos" dos "planos" e que apenas é empregado em determinados tipos. A família de "Bifaces amendoados" (combinado com o índice de alongamento), serve para separar os bifaces amigdaloides (grossos) dos cordiformes (planos). O coeficiente m/e é usado, sendo os limiares:
Bifaz-indice de aplastamiento.gif
Aplanamento Umbral
"Bifaces grossos" {\frac{m}{e}}<2,35
"Bifaces planos" {\frac{m}{e}}>2,35

Existem outros índices, à margem dos quais é necessário insistir em que estes devem ser aplicados ao que Bordes denomina "bifaces clássicos", o que deixa fora uma boa quantidade de exemplares (bifaces parciais, bifaces de base reservada, bifaces-fendedor, espatulados, em estilo Abbevillense, nucleiformes, diversos...).

[editar] Utilização

Desde os primeiros momentos, os pioneiros do estudo das ferramentas paleolíticas atribuíram ao biface o papel de machado ou, quando menos, a realização de atividades pesadas. Pronto surgiu a ideia de que o biface era um instrumento de múltiplas funções, não somente cada biface era um utensílio multifuncional, mas as diferentes formas e tamanhos dos diversos exemplares faziam do tipo em si o que se chamou coloquialmente "o canivete suíço" do Acheulense.
Agarre de un bifaz.png
Como acabamos de indicar, o biface está destinado a trabalhos pesadas, trabalhos de grande dureza; assim mesmo, cada um de eles serviu para várias tarefas diferentes;[29] é mais, dado que os bifaces puderam ser reciclados, re-afiados e, até mesmo, re-fabricados por meio do talhe, ao longo da sua vida útil puderam servir para cometidos muito desiguais. Portanto não convém utilizar o vocábulo "machado" para se referir a eles, pois, sem dúvida, serviram para cavar, cortar, raspar, fender, perfurar, bater... Igualmente, o biface —dada a sua massa— pôde ser eventualmente aproveitado como núcleo e, aproveitando o retalhe reparador, obter lascas para ser utilizadas como facasretoque. ou transformadas em utensílios especializados por meio do
  • As análises traceológicas: Os estudos de marcas de uso de bifaces paleolíticos foram realizados em sítios arqueológicos emblemáticos de quase todo o ocidente europeu, sendo Semenov e especialmente Keeley, os pioneiros neste tipo de especialidade. Lawrence H. Keeley afirma que "A morfologia dos bifaces típicos, sugere um categoria de atividades potenciais muito maior que as lascas"[30]. Porém, ao mesmo tempo aborda uma série de problemas: o primeiro é a dificuldade de observar no microscópio peças de grande tamanho, pelo qual, apesar de milhões de exemplares serem conhecidos, poucos puderam ser estudados adequadamente. A segunda incógnita surge da demonstração de que as mesmas tarefas eram realizadas com utensílios sobre lasca com maior eficácia, até mesmo:
Expõe-se a questão: por que fabricar bifaces, cuja produção é mais complicada e custosa, se as lascas podem fazer o mesmo trabalho com a mesma eficácia? A resposta poderia ser que os bifaces, em geral (excluindo certos tipos especializados...), não eram concebidos para uma função em particular (...), não somente foram talhados para abranger um propósito muito mais geral.
KEELEY, op. cit., página: 136.
Keeley, a partir das suas observações em vários sítios arqueológicos ingleses, propõe que nos assentamentos base, onde havia mais previsão e controle sobre as atividades rotineiras, os utensílios preferidos eram as raspadeiras, as facas de dorso, os raspadores, os furadores, etc. (ou seja, utensílios sobre lasca especializados). Por outro lado, nas expedições e acampamentos estacionais, nos quais cabia a possibilidade de ter de acometer trabalhos imprevistos, os bifaces salvavam melhor a situação, graças à sua falta de especialização e à sua capacidade de se adaptarem às eventualidades. Um biface possui um longo gume com curvaturas diferentes, ângulos diversos, uns mais afiados, outros mais resistentes, pontas, entalhes, etc. Tudo combinado numa sozinha peça e, se se der a circunstância, lascas proveitosas poderiam ser extraídas dele[31]. No mesmo trabalho, Keeley assinala que vários dos bifaces que pôde estudar foram usados como facas para cortar carne (tanto no sítio de HoxneCaddington); o mesmo autor identificou em outro biface, este procedente do famoso sítio de Clacton-on-Sea (todos no leste de Inglaterra), marcas na ponta próprias de ter sido utilizado como broca, girando com ele em senso das agulhas do relógio. A conclusões similares chegou o norte-americano Nicholas Toth com alguns exemplares do sítio arqueológico de Ambrona (Sória, Espanha); o certo é que nenhuma das 37 peças com marcas de uso foi aplicada a matérias vegetais, todas foram destinadas a trabalhar carne e peles de animais.[32] Mas talvez as análises mais recentes sobre os bifaces mais antigos sejam, paradoxalmente, os realizados por Manuel Domínguez-Rodrigo e os seus colaboradores no sítio acheulense muito primitivo de Peninj (Tanzânia). Ali, uma série de peças deste tipo, datadas em mais de 1,5 milhões de anos, tinham um claro micro-desgaste produzido pelos fitólitos das plantas, o que leva a pensar que tais bifaces fossem usados para trabalhar na madeira.[33] quanto no de


Esquema da fratura da ponta de um biface, devido ao seu uso.
  • As marcas de uso macroscópicos: Alguns bifaces foram submetidos a trabalhos tão duras, que as marcas são evidentes à primeira vista ou, podem ser induzidos por meio das cicatrizes do "retalhe reparador" a que foram submetidos pois, ocasionalmente, é possível distingui-lo do feitio primário. Um dos casos mais estendidos é a quebra da ponta, observada por vários investigadores em sítios arqueológicos, tanto europeus quanto africanos e asiáticos. Um desses sítios arqueológicos é "El Basalito" (Salamanca), cuja escavação deparou fragmentos de biface com flexões na ponta cujas características pareciam responder a uma ação enérgica como de cunha, submetendo o objeto a fortes torções que quebravam o ápice.[34] A fratura ou a deterioração de grande escala, não somente afetava à ponta, mas a qualquer parte do biface. Porém, muitas vezes este era reconstruído por meio de um retalhe secundário, como foi comentado anteriormente. Em alguns casos esta reconstrução é identificável, e pode ser feita por meio de técnicas tão concretas quanto o chamado "coup de tranchet" ("golpe de faca de sapateiro" em francês), ou simplesmente com retoques escamosos ou escadeados, que alteram a simetria e a trajetória das arestas.


Biface acheulense cuja ponta foi fraturada e reconstruída por meio de um talhe alternante.

[editar] Alguns tipos de bifaces

Cquote1.svg Os bifaces são tipos tão variados que não têm, de fato, uma única característica comum... (...) Apesar das numerosas tentativas de classificação dos bifaces, algumas das quais datam do princípio do século [XX]... o seu estudo não se adapta a nenhuma lista tipológica inteiramente satisfatória Cquote2.svg
Gabriel Camps[35]
Levando em conta o anterior, este deve ser considerado um apartado aproximado, baseado em conceitos tradicionais, fortemente arraigados no chamado "método Bordes" (trata-se de uma classificação basicamente morfológica, para algumas escolas, possivelmente desfasada) o seu uso é generalizado. Esta classificação é fiável quando refere os denominados "bifaces clássicos"[36], que são os que podem ser definidos e catalogados pelo sistema das dimensões e índices matemáticos, sem ser necessário quase nenhum critério subjetivo. Contudo, esta suposta objetividade não é mais que um convencionalismo do autor, baseando-se na sua experiência científica[37] e o certo é que, na maioria dos casos, acomodou-se a tipos previamente estabelecidos (redefinindo-os levemente). Do mesmo modo, é possível encontrar uma tentativa similar na obra de Lionel Balout.[8]
Grupo Imagem Tipo
T
R
I
A
N
G
U
L
A
R
E
S
Bifaz triangular.jpg
Triangulares

Os bifaces triangulares foram definidos inicialmente por Henri Breuil como de base plana, globulosa e reservada, com dois gumes retos, convergentes numa zona apical muito aguda.[38]
Mais tarde, François Bordes redefiniu o conceito, tornando-o mais restringido.[39] Para Bordes, um biface triangular é uma peça de talhe evoluído e de morfologia equilibrada; são peças planas com três beiras retilíneas ou ligeiramente convexas, têm de ser planos (m/e > 2'35) e com a base cortante e muito reta (índice de redondeamento da base C/a <2'75).
Dentro destes dados tão estritos, os especialistas diferenciam pequenas variantes tais como os "Triangulares alongados" (C/m <1'6), ou os que têm as beiras ligeiramente côncavos (aos que Bordes batizou como "Dentes de tubarão", pelo seu parecido aos fósseis de Carcharodon megalodontriângulo, mas são mais irregulares e menos simétricos.
Os bifaces triangulares são apenas inexistentes no Paleolítico Inferior (salvo no Acheulense final de algumas regiões francesas) e, embora sejam mais habituais no Paleolítico Médio (MTA, especialmente), desaparecem quase sem deixarem rasto. São, pois, um tipo raro e, ao mesmo tempo, espetaculoso pela sua estética.
que, com frequência, apareciam nas cercanias dos sítios). Por último estariam os "Bifaces subtriangulares", cuja forma geral evoca a do
A
M
E
N
D
O
A
D
O
S
Bifaz amigdaloide.jpg
Amigdaloides

São o tipo de biface mais abundante deste grupo, definidos pela sua forma amendoada, tendente à simetria e com os índices métricos comuns a esta categoria. À parte da sua forma, que é a que dá nome (amygdala em latim significa amêndoa), são bifaces de comprimento comum (1'3 < 1'6), grossos (m/e < 2'35) e com um índice de redondeamento da base meio (2'75 < C/a < 3'75). Podem ter a base reservada ou não; assim mesmo, podem ter a zona apical pontiaguda ou ogival, embora em alguns casos poderia ser ligeiramente arredondada (e estreita).
Os bifaces amigdaloides são virtualmente idênticos aos bifaces cordiformes, salvo porque aqueles são grossos e estes são planos. Os amigdaloides costumam ter um acabamento mais tosco e maior quantidade de córtex, o qual não necessariamente é um indicador evolutivo ou cronológico.
Bifaz cordiforme.jpg
Cordiformes

O biface cordiforme é literalmente idêntico ao amigdaloide, visto de frente, compartindo com ele os mesmos parâmetros matemáticos (índice de alongamento: 1'3 < 1'6; e índice de redondeamento da base: 2'75 < C/a < 3'75), mas, visto lateralmente, é um biface plano (m/e > 2'35). Eventualmente, embora isto não seja parte da sua definição essencial, são objetos talhados com maior mestria, melhor acabados, com menor quantidade de casca e equilibrados, opcionalmente têm arestas mais aguçadas e retilíneas (ou torsas) e, portanto, mais eficazes.
O seu nome vêm também do latim (cor significa coração), foi proposto por Boucher de Perthes em 1857, mas não se tornou generalizado até o começarem a utilizar Henri Breuil, Victor Commont e Georges Goury nos anos 20.
Bordes definiu-os como bifaces planos de base arredondada e cortante e zona terminal apontada ou ogival, distinguindo até oito variantes, entre elas uma alongada (C/m > 1'6) e outra um pouco mais irregular, batizada como "Subcordiforme". Os bifaces cordiformes são habituais tanto no Acheulense quanto no Musteriense.
Bifaz lanceolado.jpg
Lanceolados

Os bifaces lanceolados encontram-se entre os mais apreciados esteticamente e, com frequência, tornam-se a imagem paradigmática dos bifaces acheulenses evoluídos. O seu nome é devido ao seu "feitio semelhante ao ferro de uma lança" e, também, é um apelativo cunhado por Boucher de Perthes ("hache en lance"), depressa popularizado.
Bordes entende por biface lanceolado aquele que é alongado (C/m > 1,6), de beiras retilíneas ou ligeiramente convexas, ápice extremamente aguçado e base arredondada (2,75 < 3,75), com frequência globulosa (até mesmo reservada), de modo que não é um biface plano (m/e < 2,35), ao menos na sua zona basal.
Quanto ao demais, acostuma ser uma peça equilibrada, bem acabada, de arestas perfeitamente endireitadas por um esmerado retalhe retificador. São característicos das fases finais do Acheulense —ou do seu epígono, o Micoquense—, e do Musteriense de tradição Acheulense (estão estreitamente relacionados aos bifaces micoquenses descritos a seguir).
Quando um biface tem silhueta lanceolada, mas é de feitio mais tosco e irregular (talvez por falta de retificação), acostuma ser chamado com o vocábulo francês "biface tipo ficron".[40]
Bifaz micoquiense.jpg
Micoquenses

O biface micoquense recebe o seu nome da caverna francesa de La Micoque, na comuna de les Eyzies-de-Tayac (na Dordonha), e que também dá nome a uma fase terminal do Acheulense, o Micoquense, caracterizado pelo evoluído da sua tecnologia. Atualmente acredita-se que o Micoquense não foi uma cultura independente do Acheulense, mas uma das suas fases finais, e, precisamente, os bifaces micoquenses poderiam ser um dos poucos tipos de biface susceptível de se tornar em indicador cronológico, ou seja, o que se chama um "fóssil de idade", característico do final do Acheulense, desenvolvida durante o interglaciar Riss-Würm.
Os bifaces micoquenses são similares aos lanceolados, ou seja, amendoados (2'75 < 3'75), alongados (C/m > 1'6), grossos (m/e <2'35), base arredondada, com frequência reservada, mas com as beiras marcadamente côncavas e a ponta extremamente aguda.
Tanto os bifaces lanceolados quanto os micoquenses costumam ir associados (de fato, é possível que um reafiado reiterado de um biface lanceolado o torne um biface micoquense), e não são raros em nenhuma das regiões do Velho Mundo.[41]
O
V
A
C
E
S
Bifaz ovoide-Valladolid.jpg
Discoides

Os bifaces discoides são objetos entre circulares e ovais caracterizados por um índice de redondeamento da base superior a 3'75 e um índice de alongamento inferior a 1'3. Têm arredondada tanto a base quanto a zona terminal. Se a elaboração é superficial, são muito difíceis de distinguirem dos núcleos discoides de extração centrípeta ou, se são "bifaces de economia", parecer-se-ão a simples lascas retocadas ou a seixos talhados sobre lasca.
É muito normal que este tipo de bifaces surja do contínuo afiado da zona ativa de um biface mais longo, que se vai encurtando como se de um lápis se tratasse; também podem ser bifaces quebrados reciclados e re-fabricados.
Os bifaces discoides não servem como indicadores cronológicos, se excetuamos que, durante o Solutreano do Périgord, aparecem alguns exemplares de finíssimo talhe.[26]
Bifaz ovoide.jpg
Ovoides

Biface ovoide (ou "ovoidal") é aquele que, a grandes traços, tem forma de óvalo (um tipo de curva cuja descrição é um tanto ambígua, mas que, aproximadamente, recorda à silhueta de um ovo). A sua definição é muito temporã: Boucher de Perthes já a publicou em 1857, sem que o conceito tenha sofrido muitos câmbios.
Bordes estabelece que os bifaces ovoides são similares aos discoides mas mais alongados (1'3 < 1'6), à parte de que têm o índice de redondeamento da base próprio do "grupo de bifaces ovais" (ou seja, superior a 3'75) e, tanto esta quanto a zona terminal, têm de ser arredondadas (se a base é cortante são quase simétricas), embora a maior largura deva estar por baixo da metade do comprimento.
Se bem que, em alguma ocasião foi sugestionado que os bifaces ovoides aparecem em meados do Acheulense, o certo é que carecem de valor cronológico e, com os amigdaloides, são a variante mais comum entre os bifaces Acheulenses de todo o Velho Mundo.
Bifaz eliptico.jpg
Elípticos

Os bifaces elípticos, também conhecidos como Limandes (palavra francesa que significa peixe-galo), são triplamente simétricos, pois, à parte de terem um eixo de simetria bilateral e um plano de simetria bifacial, têm um terceiro eixo de simetria horizontal que faz que a base (se esta é cortante) seja virtualmente idêntica à zona terminal (sendo, às vezes, difícil decidir como orientar a peça).
Na prática são equivalentes aos ovoides em todas as suas relações dimensionais, exceto que os bifaces elípticos costumam ser mais alongados (C/m > 1'6) e têm a máxima largura (m) perto da metade do seu comprimento.
Bordes explica que os bifaces elípticos, ou, na sua terminologia, Limandes, dão-se ao longo de todo o Acheulense e persistem no Musteriense, com a única diferença de o seu acabado ser feito, com o tempo, mais cuidadoso e equilibrado. Por outro lado, este mesmo autor costuma diferenciar os bifaces elípticos planos (m/e > 2'35, "verdadeiros Limandes"), dos elípticos grossos (m/e < 2'35, "Protolimandes").

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