10/03/2011
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11h12
Gelo da Groenlândia e da Antártida é o que mais eleva mares
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CLAUDIO ANGELO
DE BRASÍLIA
DE BRASÍLIA
O derretimento dos mantos de gelo da Antártida e da Groenlândia já é o
maior responsável pela elevação global do nível do mar e pode levar os
oceanos a uma subida de um metro em 2100.
A conclusão é de cientistas dos EUA e da Holanda, que fizeram a estimativa mais confiável até agora do degelo polar.
Bob Strong/Reuters |
Iceberg flutua perto na Groenlândia; ilha passa, junto com a Antártida, a ser maior responsável por elevação dos mares |
Segundo eles, nos últimos 18 anos, a perda de gelo nos polos --os dois
maiores reservatórios de água doce da Terra-- acelerou três vezes mais
do que o das geleiras de montanha.
Em 2006, Groenlândia e Antártida perderam juntas 475 bilhões de
toneladas de gelo, contra 402 bilhões em todas as montanhas da Terra
somadas.
"Até hoje, as evidências apontavam para uma contribuição maior das
geleiras das regiões tropicais e temperadas para o aumento do nível do
mar", afirma o glaciologista Jefferson Simões, da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul.
O estudo, publicado na última edição do periódico "Geophysical Research
Letters", dá um passo importante na resolução de um dos maiores
problemas da ciência do aquecimento global, o da estimativa do aumento
do nível dos oceanos.
Em seu relatório de 2007, o IPCC, o painel do clima das Nações Unidas,
estimou em 59 cm a elevação máxima do mar em 2100. O número era mais
baixo do que o próprio IPCC estimara em 2001.
Na época, vários cientistas discordaram da previsão. Um deles, o alemão
Stefan Rahmstorf, publicou na mesma semana da divulgação dos dados do
IPCC um estudo afirmando que os mares subiriam até 1,4 metro, devido
principalmente à contribuição da Antártida e da Groenlândia.
O GORDO E O MAGRO
O problema é que é muito difícil prever o comportamento dos mantos de
gelo polares. A Antártida, por exemplo, está "emagrecendo" a olhos
vistos na sua porção oeste, mas "engordando" a leste. A Groenlândia tem
geleiras que recuaram 20 km em quatro anos e outras que aumentaram.
Ainda neste ano, por exemplo, um estudo britânico mostrou que a
aceleração do gelo da Groenlândia na direção do mar pode ter um ponto de
saturação: a partir de um certo limiar, a água de degelo que causa o
escorregão das geleiras pelo manto rochoso da ilha passa a escoar direto
para o mar em vez de causar mais degelo.
"O IPCC relutou em incluir os dados sobre a aceleração do gelo porque
não tinha modelos confiáveis. Alguns de nós discordamos disso. Outros
acharam que o IPCC tinha mesmo de ser conservador", disse à Folha Eric Rignot, do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa.
Rignot é autor do novo estudo, juntamente com Isabella Velicogna, também
da Nasa, e três outros cientistas. Para tentar atacar o problema, eles
juntaram pela primeira vez duas séries de dados sobre o gelo polar que
nunca "conversaram" entre si: as estimativas de balanço de massa (quanto
as geleiras ganham por precipitação de neve menos o que perdem por
degelo) e as observações do satélite Grace, que mede variações no campo
gravitacional (quanto menos massa, menos gravidade).
"Ninguém havia gasto tanto tempo e esforço para comparar os dois quanto
nós", disse Rignot, cujo grupo analisou 20 anos de dados mensais sobre o
gelo.
A conclusão dos cientistas é que ambas as séries de dados apontam na
mesma direção: não só os dois mantos estão ficando anoréxicos, como
emagrecem a uma velocidade cada vez maior nos últimos 18 anos.
Essa dieta forçada pode levar a um aumento global do nível do mar de 15 cm só por causa dos mantos polares em 2050.
"Em 2100, se nada for feito, poderia haver uma elevação de um metro. Não
parece assustador, mas depende de onde você vive", afirmou Rignot,
lembrando que a distribuição dessa elevação média não é uniforme em todo
o planeta --alguns lugares podem alagar mais, outros menos.
Existe, ainda, uma possibilidade de colapso dos mantos de gelo da
Groenlândia e do oeste da Antártida. Isso poderia elevar o nível dos
oceanos em 12 metros.
Rignot diz, porém, que é impossível estimar se isso poderia acontecer,
ou quando. "E, infelizmente, esta é a maior parte do iceberg."
FONTE: Folha.com/Ambiente
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