Com proa para Vinland
Os vikings cruzam mares gélidos, colonizam a Islândia e a Groenlândia - e, em 1001, o capitão Leif Eriksson finalmente descobre um litoral paradisíaco, que chama de Vinland, 'Terra de Pastagens'. Ele é o primeiro branco a chegar à América. Mas para esses nórdicos, o Novo Mundo será uma maldição
Texto: Cay Rademacher / Ilustrações: Tim Wehrmann
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Nenhuma crônica revela com qual navio Leif Eriksson viaja de sua terra natal, a Groenlândia, rumo ao Ocidente. Provavelmente, ele utilizou uma embarcação mercante chamada knarr, com linhas de remos nas laterais e uma única vela, de cerca de 20m de comprimento e 6m de largura, suficientemente robusto para enfrentar o revolto Mar do Norte, com seu gelo, suas tempestades e a eterna densa neblina |
A gosto de 1001, Mar Polar Ártico a oeste da Groenlândia: somente as finas pranchas de madeira do veleiro separam Leif Eriksson e sua tripulação de 35 homens do gélido oceano. O navio viking, de mais de 20m de comprimento, desliza pelas ondas a uma velocidade de 6 nós (1 nó equivale a 1 milha náutica/hora); a vela amarronzada, presa por um cordame de couro de morsa, infla sob o vento ártico.
Talvez em algum lugar do mar uma baleia esteja espirrando um
enorme jato branco d’água no céu, mas o timoneiro não prestará atenção a
isso. Hora após hora, ele mantém firme, entre as mãos, o grande leme de
madeira fincado na popa do barco.
Um instante de distração e o navio poderia se posicionar
diagonalmente em relação às ondas que vêm quebrando em sua direção. A
água passaria por cima da murada lateral e o veleiro emborcaria,
afundando como uma pedra.
Nessa região norte do planeta, eternamente coberta de neblina,
uma correnteza invisível arrasta icebergs de formas bizarras rumo ao mar
aberto até a chegada do verão. Alguns não são maiores que grandes
blocos de rochas; outros são tão enormes como os penhascos da
Groenlândia. Se o navio se chocasse contra o gelo, suas tábuas de
madeira se estilhaçariam em mil pedaços.
Margygjar, o temeroso gnomo do mar, buscaria todos eles. Ou então Hafgerdingar, o guardião das tempestades e dos vagalhões, que engole navios inteiros.
Leif Eriksson e seus homens já estão em alto-mar há dois dias.
Dois dias sem escuridão, pois as noites de verão no extremo norte são
brancas. Dois dias em um navio aberto e com a temperatura da água pouco
acima do ponto de congelamento.
Em um navio, cujo casco vedado com a espessa banha de focas, que
serve como proteção contra brocas, se contorce sob o choque das ondas e
do vento como se fosse um animal gigantesco.
Dois dias desde que Eriksson zarpou da conhecida e protegida
costa oeste da Groenlândia rumo ao oeste, em direção ao oceano aberto no
fim do mundo.
Mas será que ele de fato está navegando ao encontro de
Ginnungagap, o abismo, a última e derradeira fronteira? Lá longe no
horizonte, a oeste, tudo tem um brilho esbranquiçado abaixo de imensas
formações de nuvens, que se desfraldam no céu como leques colossais.
Hora após hora, os vikings navegam com proa para essa linha.
FONTE: Revistageo.com
A partir do ano
800, os vikings empreendem viagens de descobrimento, saques e
colonização, avançando até o sul da Europa. Rumo ao norte eles chegam
até Spitzbergen e em direção oeste até o Canadá e talvez até além (linha
pontilhada). No verão de 1001, Leif Eriksson desembarca na extremidade
norte da Terra Nova, onde estabelece o assentamento de Leifsbudir
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