27/04/2011
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10h00
Habitantes do Himalaia confirmam teoria científica sobre o clima
DA FRANCE PRESSE
Um extenso estudo realizado com 250 moradores do Himalaia, no qual foram
coletadas as suas observações sobre a evolução da camada de neve ou dos
cursos de água nos últimos dez anos, confirma a teoria científica sobre
as mudanças climáticas.
O estudo será publicado pela Royal Society (academia das ciências britânicas) na revista científica "Biology Letters".
Os pesquisadores entrevistaram moradores sobre 18 possíveis indicadores das mudanças climáticas ao longo da última década.
Com o objetivo de comparar os resultados, as entrevistas foram
acompanhadas por uma pesquisa de grande escala em outras dez cidades da
mesma região.
Das pessoas entrevistadas, 75% disseram que atualmente faz mais calor
agora do que há dez anos e dois terços disseram que o verão e a colheita
chegam mais cedo.
Cerca da metade concordou que há menos neve agora nas montanhas e 70%
afirmaram que os cursos de água são cada vez mais escassos.
A metade constatou que certas espécies de plantas brotam mais cedo do
que há uma década e que mosquitos têm aparecido em aldeias onde nunca
eram vistos anteriormente.
Outro terço indicou que nas fazendas há mais pragas e crescem ervas daninhas.
As observações confirmam os estudos científicos relacionados à
temperatura, às chuvas e às espécies no Hilamaia e em outras regiões.
No entanto, segundo a pesquisa, não existem pesquisas que comprovem que a colheita começa mais cedo.
Os moradores que vivem em altitudes elevadas (entre 2.000 e 3.000
metros) são os que mais constataram estas mudanças. Na verdade, os
cientistas estimam que as regiões montanhosas e com neve sejam as mais
suscetíveis ao impacto da mudança climática.
Trata-se da maior pesquisa já realizada até agora comparando as
observações coletadas de populações locais, de um lado, e os modelos
científicos, de outro.
Normalmente, estes conhecimentos empíricos são pouco utilizados nas
ciências do clima por ser muitas vezes demasiado incorretos ou
distorcidos pelas experiências profissionais.
Por exemplo, se um agricultor sofre várias colheitas ruins seguidas,
culpa primeiro as mudanças climáticas, ao invés de avaliar as técnicas
agrícolas utilizadas ou, simplesmente, cogitar se houve mau tempo.
O Himalaia e seus 15.000 glaciares abastecem com água os oito maiores
rios da Ásia, dos quais cinco (o Indus, Ganges, Bramhaputra, o Yangtze e
o Amarelo) são suscetíveis de sofrer estresse hídrico nas próximas
décadas, com potenciais consequências para 1,4 bilhão de pessoas.
"Apesar dos enormes custos ambientais, econômicos e sociais, não
conhecemos bem a extensão das mudanças climáticas e suas consequências
no Himalaia", diz o estudo.
Os autores da pesquisa são Kamaljit Bawa, professor de biologia da
Universidade de Massachusetts, em Boston (EUA), e presidente da Fundação
Ashoka de Pesquisas em Ecologia e Meio Ambiente (Atree, em inglês), de
Bangalore (Índia), e o estudante de biologia Pashupati Chaudhary, que
pertence à mesma universidade.
FONTE: Folha.com/Ambiente
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