Jesus
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Jesus | |
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O mais antigo painel iconográfico do Cristo Pantocrator, datado do século VI. | |
Nome completo | Jesus de Nazaré |
Nascimento | 8-4? a.C.[1] Belém , Judeia [nota 1] |
Morte | 29-36? d.C.[1] Jerusalém , Judeia[nota 2] |
Etnia | Judeu |
Ocupação | Carpinteiro, profeta itinerante e rabino |
Jesus[nota 3][nota 4] (8-4? a.C. – 29-36? d.C.[1][2][3]) é a figura central do cristianismo.[4][5] Para a maioria dos cristãos Jesus é Cristo, a encarnação de Deus e o "Filho de Deus", que teria sido enviado à Terra para salvar a humanidade.[6][7][8] Acreditam que foi crucificado, morto e sepultado, desceu à mansão dos mortos e ressuscitou no terceiro dia (na Páscoa).[4] Para os adeptos do islamismo, Jesus é conhecido no idioma árabe como Isa (عيسى, transl. Īsā), Ibn Maryam ("Jesus, filho de Maria").[9] Os muçulmanos tratam-no como um grande profeta e aguardam seu retorno antes do Juízo Final.[10][11] Alguns segmentos do judaísmo o consideram um profeta,[12] outros um apóstata.[13] Os quatro evangelhos canónicos são a principal fonte de informação sobre Jesus.
Embora tenha pregado apenas em regiões próximas de onde nasceu, a província romana da Judeia, sua influência difundiu-se enormemente ao longo dos séculos após a sua morte, ajudando a delinear o rumo da civilização ocidental.[14]
Fontes textuais
A principal fonte sobre Jesus são os quatro evangelhos canónicos,[18] a que se somam outras fontes cristãs, como os evangelhos apócrifos, e um número escasso de fontes não-cristãs.[14] Estas fontes providenciam poucas informações sobre o Jesus histórico.[19]
Três dos evangelhos canónicos (Mateus, Marcos e Lucas) são conhecidos como sinópticos
devido às suas semelhanças. Embora Mateus apareça em primeiro lugar no
Novo testamento, acredita-se actualmente que Marcos foi o primeiro a ser
escrito.[20] Enquanto que Mateus dirige-se a uma audiência judaica, e Lucas aos gentios, ambos parecem ter usado Marcos como fonte, possivelmente numa versão inicial.[21] João,
por seu lado, "é uma produção independente, apresentando os dizeres de
Jesus Cristo na forma de discursos que difere do que contam os outros
três".[22]
De acordo com alguns historiadores, estes textos foram escritos entre setenta a cem anos após a morte de Cristo[23] [nota 6]
Eles recontam em pormenores a vida pública de Jesus, ou seja, o período
de pregações nos últimos anos da sua vida. No entanto, há limitadas
informações sobre sua vida privada. Representam os principais documentos
em que convergem os trabalhos hermenêuticos dos historiadores. Na atualidade, diversas escolas com diferentes pontos de vista sobre a confiabilidade dos evangelhos e a historicidade de Jesus têm se desenvolvido.[24]
Os livros apócrifos têm um valor histórico direto muito ténue ou quase nulo[25][nota 7] (dada a sua composição tardia, os mais antigos datam de meados do século II, são mais úteis na reconstrução do ambiente religioso dos séculos seguintes [26] [nota 8]), eles fazem uso de fábulas legendárias em grande partes de suas narrativas.[27]
Os tipos de livros apócrifos são variados: Os evangelhos apócrifos (como o Evangelho do Pseudo-Tomé e o Evangelho do Pseudo-Mateus) que contém milagres abundantes e gratuitos que muitas vezes chega a se parecer com a literatura fantástica, em nítido contraste com a sobriedade dos quatro evangelhos canônicos. Jesus aparece como uma criança prodígio, por vezes caprichoso e vingativo;[28] Entre os evangelhos apócrifos contam-se os gnósticos (incluindo o Evangelho de Felipe e Evangelho de Tomé), que contêm revelações privadas e interpretações inéditas sobre o "logos", e transforma Jesus como um ser divino aprisionado em carne e osso, que precisa deixar este mundo, a fim de alcançar salvação[29]; Os evangelhos apócrifos da paixão (por exemplo, o Evangelho de Pedro e o Evangelho de Nicodemos) não acrescentam muito às descrições de morte de Jesus dos Evangelhos canônicos, mas têm a característica distintiva de retirar a culpa de Pôncio Pilatos e coloca-las sobre os chefes e autoridades religiosas judias.[30]
Em algumas obras de autores antigos não-cristãos estão algumas
referências esparsas sobre Jesus ou seus seguidores. A mais antiga
destas obras é o Testimonium Flavianum[31]. Alguns historiadores consideram tais referências como interpolações posteriores de copistas cristãos .[nota 9]
Etimologia
O nome Jesus vem do hebraico ישוע (Yeshua[nota 10]), que significa "Jeová (YHVH) salva".[32] Foi também descrito por seus seguidores como Messias (do hebraico משיח (mashíach, que significa ungido e, por extensão, escolhido[33]), cuja tradução para o grego, Χριστός (Christós), é a origem da forma portuguesa Cristo.[34]
Nomes e títulos de Jesus
Nos livros de Novo Testamento, Jesus é mostrado não só com o seu próprio nome mas também com vários epítetos e títulos (A lista está em ordem decrescente de frequência):
- "Jesus"[nota 3]
- "Cristo". Literalmente significa "ungido",[33] e foi posteriormente associado ao Messianismo. Na época de Jesus, o Cristo era esperado pelo povo judeu, especialmente para promover um resgate social e político. [nota 11][nota 12]
- "Senhor". Utilizado principalmente no livro de Atos dos Apóstolos e nas cartas. O título honorífico, em grego clássico é desprovido de valor religioso, mas é particularmente significativa a aplicação dele a Jesus, pela associação que a Septuaginta faz deste título com o termo hebraico יהוה (YHWH), que é um dos nomes de Deus.[36]
- "Filho do Homem." Na tradição judaica tardia, a expressão tinha uma forte conotação escatológica.[37][38]
- "Filho de Deus". No Antigo Testamento, a expressão indica uma relação estreita e indissociável entre Deus e um homem ou uma comunidade humana. No Novo Testamento, o título assume um novo significado, indicando uma filial real.[39]
- "Rei". O atributo da realeza foi relacionada com o Messias, que era considerado um descendente e herdeiro do Rei Davi. Jesus, apesar de se identificar com o Messias, rejeitou as prerrogativas políticas do título.[40]
Alguns dos seus outros títulos são: Rabi (ou Mestre)[41] Profeta[42] Sacerdote,[43] Nazareno,[44] Deus,[45] Verbo,[46] Filho de José[47] e Emanuel.[48]
Além disso, especialmente no Evangelho segundo João, são aplicadas a Jesus expressões alegóricas como: Cordeiro, Cordeiro de Deus, Luz do Mundo, pastor, bom pastor, pão da vida, pão vivente, pão de Deus, porta, Caminho e Verdade.[49]
Pontos de vista sobre Jesus
Método histórico
Estudiosos têm utilizado o método histórico
para desenvolver a provável reconstrução da vida de Jesus. Ao longo dos
últimos duzentos anos, a imagem de Jesus entre os estudiosos históricos
tem vindo a ser muito diferente da imagem de Jesus baseada nos
evangelhos.[50]
Alguns estudiosos fazem uma distinção entre Jesus reconstruindo através
dos métodos históricos e o Jesus entendido através de um ponto de vista
teológico, [nota 13] ao passo que outros estudiosos sustentam que o Jesus teológico representa uma figura histórica.[4][51][52]
As principais fontes de informação sobre a vida de Jesus e seus
ensinamentos são os evangelhos, especialmente os evangelhos sinóticos: Mateus, Marcos e Lucas. Algumas partes dos evangelhos são considerados historicamente confiáveis enquanto que outras partes não o são,[53][54][55][56][57][58] e os elementos cuja autenticidade histórica é disputada incluem os dois relatos sobre o nascimento de Jesus e sobre a ressureição e detalhes sobre a crucificação.[59][60][61][62][63][64]
A maioria dos acadêmicos bíblicos e historiadores aceitam a existência histórica de Jesus. [nota 14] [nota 15][65][66] Um dos proponentes da não-historicidade foi Bruno Bauer no século XIX. Acadêmicos que rejeitam totalmente a historicidade de Jesus baseam-se na falta de evidência arqueológica direta, a falta de menção em documentos antigos sobre Jesus e a similaridade entre o cristianismo primitivo e a mitologia e religião contemporânea.[67]
O livro do alsaciano Albert Schweitzer A Busca do Jesus histórico [68] é um esforço pós-iluminista para descrever Jesus usando o método histórico crítico. Desde o final do século XVIII,
estudiosos têm analisado os evangelhos e tentado formular a biografia
histórica de Jesus. Os esforços contemporâneos tentam melhorar a
compreensão do judaísmo do século I, analisando os textos religiosos cristãos e usando os métodos de crítica histórica e sociológica, além da análise literária dos ditos de Jesus.[69]
No islamismo
Jesus, conhecido em árabe como Isa ou Isa ibn Maryam ("Jesus, filho de Maria"), é um dos principais Profetas do Islã. De acordo com o Alcorão
foi um dos profetas mais amados por Deus e, ao contrário do que se
passa no cristianismo, não é um ser divino. Existem notáveis diferenças
entre o relato dos Evangelhos e a narração do Alcorão da história de Jesus.
A virgindade de Maria é plenamente reconhecida pelo islã.[71] Jesus teria anunciado várias vezes na Bíblia a chegada de Maomé como o último profeta.[72] A morte de Jesus é tratada como complexa, por não reconhecer explicitamente a sua morte e dizer que antes da morte ele foi substituído por outro, do qual nada é dito, enquanto Jesus ascende ao céu e ludibria os judeus.[73] A morte ignominiosa de Jesus não está coberta, porém, afirma-se o seu regresso no dia do Juízo Final [74] e a descoberta, nesse dia, de que a obra de Jesus era verdadeira. [nota 16]
O Alcorão rejeita a trindade, considerada falsa, e se refere a Jesus como "Verbo de Deus", mas não o filho dele. [nota 17][75]
No judaísmo
O judaísmo acredita que a idéia de Jesus ser Deus, ou parte de uma trindade, ou um mediador de Deus, é heresia.[76] O judaísmo também sustenta que Jesus não é o messias [77] argumentando que ele não cumpriu as profecias messiânicas da Tanakh nem encarna as qualificações pessoais do Messias. O judaísmo afirma que Jesus não cumpriu as exigências estabelecidas pela Torá
para provar que ele era um profeta. E mesmo que Jesus tivesse produzido
um sinal que fosse reconhecido pelo judaísmo, afirma-se que nenhum
profeta poderia contradizer as leis já mencionadas na Torá, o que os rabinos afirmam que Jesus fez.[78]
A Mishneh Torá, escrita por Maimônides (ou Rambam), considerada uma das obras da lei judaica, diz que "Jesus é um "obstáculo" que faz "a maioria do mundo errar para servir a uma divindade além de Deus". De acordo com o judaísmo conservador, os judeus que acreditam que Jesus é o Messias "cruzaram a linha" para fora da comunidade judaica.[79][80] E quanto ao Judaísmo reformista, o movimento progressista moderno, afirmam: "Para nós, da comunidade judaica alguém que afirma que Jesus é seu salvador já não é um judeu e sim um apóstata".[81] [nota 18]
No cristianismo
A figura de Jesus de Nazaré é o centro da religião conhecida como cristã, embora existam diversas interpretações sobre a sua pessoa. [nota 19]
De um modo geral, para os cristãos, Jesus de Nazaré é o protagonista de um único ato [nota 20] e intransferível, pelo qual o homem adquire a capacidade de deixar a sua natureza decaída e atingir a salvação. [nota 21] Tal ato é consumado com a ressurreição de Jesus Cristo.
A ressurreição é, portanto, o fato central do cristianismo e constitui sua esperança soteriológica. Como ato, é exclusivo da divindade e indisponível ao homem. De forma mais precisa, a encarnação, a morte e a ressurreição compensam os três obstáculos que separam, segundo a doutrina cristã, Deus do homem: a natureza, [nota 22] o pecado,[nota 23] e a morte. [nota 24] Pela Encarnação do Verbo, a natureza divina se faz humana.[82] Pela morte de Cristo, se vence o pecado e por sua ressurreição, a morte.[83]
Historicamente, o núcleo da doutrina cristã foi fixado no Primeiro Concílio de Niceia, em 325, com a formulação do Credo niceno. Este concílio é reconhecido pelas principais denominações cristãs: católica, ortodoxa e de várias igrejas protestantes.
O texto do Credo Niceno que se refere a Jesus é o seguinte:
Cremos em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, gerado do Pai desde toda a eternidade, Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai; por Ele todas as coisas foram feitas. Por nós e para nossa salvação, desceu dos céus; encarnou por obra do Espírito Santo, no seio da Virgem Maria, e fez-se verdadeiro homem. Por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos; sofreu a morte e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia, conforme as Escrituras; subiu aos céus, e está sentado à direita do Pai. De novo há de vir em glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá fim.[84] |
Existem, no entanto, igrejas não trinitárias, ou unicistas que não reconhecem a existência de uma trindade de pessoas em Deus. [nota 25]
Jesus Cristo de Nazaré é também considerado a encarnação e Filho de Deus, segunda pessoa da Santíssima Trindade cristã. É Filho por Natureza, e não por adoção, o que significa que sua Divindade absoluta e sua humanidade absoluta são inseparáveis. [nota 26] A relação entre a natureza divina e humana foi fixada no Concílio de Calcedónia, nestes termos:
Fiéis aos santos Pais, todos nós, perfeitamente unânimes, ensinamos que se deve confessar um só e mesmo Filho, nosso Senhor Jesus Cristo, perfeito quanto à divindade, e perfeito quanto à humanidade; verdadeiramente Deus e verdadeiramente homem, constando de alma racional e de corpo, consubstancial com o Pai, segundo a divindade, e consubstancial a nós, segundo a humanidade; em tudo semelhante a nós, excetuando o pecado; gerado segundo a divindade pelo Pai antes de todos os séculos, e nestes últimos dias, segundo a humanidade, por nós e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria, mãe de Deus; um e só mesmo Cristo, Filho, Senhor, Unigênito, que se deve confessar, em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a distinção de naturezas de modo algum é anulada pela união, antes é preservada a propriedade de cada natureza, concorrendo para formar uma só pessoa e em uma subsistência; não separado nem dividido em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho, o Unigênito, Verbo de Deus, o Senhor Jesus Cristo, conforme os profetas desde o princípio acerca dele testemunharam, e o mesmo Senhor Jesus nos ensinou, e o Credo dos santos Pais nos transmitiu.[85] |
Denominações cristãs com discrepâncias doutrinárias
Existem algumas minorias cristãs que não partilham das definições do Concílio de Nicea, do Concílio de Éfeso e do Concílio de Calcedónia.
- Nestorianismo, variante doutrinal inspirada pelo pensamento de Nestório, que possui uma denominação ativa hoje (a Igreja Assíria do Oriente) e é endossada por algumas escolas ligadas ao Cristianismo Esotérico, como a Fraternidade Rosacruz de Max Heindel. O centro de sua doutrina é a recusa em acreditar que o Filho de Deus tenha algum dia sido uma criança. Consequentemente, a separação entre as pessoas humana e divina de Jesus. Foi rejeitado pelo Concílio de Éfeso[86].
- Monofisismo é a variante de uma unificação das duas doutrinas sobre a natureza de Jesus de Nazaré. Afirma que em Cristo existe uma só natureza: a divina. Foi promovido pelo Eutiques e rejeitado no Concílio de Calcedónia[87].
Novos movimentos religiosos de origem cristã ou supostamente cristã
Vários movimentos religiosos dito cristãos, geralmente protestantes, surgidos a partir da segunda metade do século XIX,
se afastaram das crenças da maioria das denominações cristãs no que
concerne à trindade divina, a natureza de Cristo e a sua missão.
Discute-se se esses movimentos podem ser considerados como cristãos.[88][89][90]
- A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (conhecido como Mórmons) crêem que Jesus oferece duas salvações diferentes: a da morte física e a da morte espiritual.[91] Os mórmons também mantém a crença de que depois da ressurreição Jesus visitou a América e continuou ali seus ensinamentos[92]
- As Testemunhas de Jeová consideram Jesus como "filho unigênito", o único a ser criado diretamente por Deus, bem como "o primogênito de toda a criação", e também como "o primogênito dentre os mortos", ou seja, o primeiro a ser criado e o primeiro a ser ressuscitado dentre os mortos para a imortalidade. Ele não é um homem nem o Deus onipotente, mas "uma poderosa criatura espiritual" e um "rei entronizado, cujo sangue derramado abre o caminho para a humanidade obter a vida eterna".[93] Além disto, Jesus não faz parte de uma trindade pois não é Deus, mas sim deus, ou seja, um deus submisso a um outro Deus, o qual é Jeová; Negam a Divindade absoluta de Cristo e Sua igualdade com o Pai.[94] As Testemunhas de Jeová afirmam que Jesus não morreu numa cruz com uma reta vertical e uma horizontal,[95] mas numa estaca de tortura, com apenas uma reta vertical. Outra característica importante é que Jesus não ressuscitou no mesmo corpo que morreu e se tornou rei do céu em 1914 e que desde então vivemos no período da Segunda vinda de Cristo.
- A Igreja Adventista do Sétimo Dia enfatiza, como a maioria dos grupos adventistas, uma escatologia milenarista e acredita que a segunda vinda de Jesus é iminente e que será visível e palpável. Além disso, têm o Sábado como dia sagrado de descanso, e afirmam que seguem o exemplo de Jesus, que ia à Sinagoga aos Sábados.
Outros movimentos se afastam muito das crenças cristãs, como alguns
que negam terminantemente a divindade de Jesus e a sua missão de
salvação. [nota 27]
Biografia de Jesus pelo Novo Testamento
Grande parte do que é conhecido sobre a vida e os ensinamentos de Jesus é contado pelos Evangelhos canônicos: Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, pertencentes ao Novo Testamento da Bíblia. Os Evangelhos Apócrifos apresentam também alguns relatos relacionados a Jesus.
Esses Evangelhos narram os fatos mais importantes da vida de Jesus. Os Atos dos Apóstolos contam um pouco do que sucedeu nos 30 anos seguintes. As Epístolas (ou cartas) de Paulo também citam fatos sobre Jesus. Notícias não-cristãs de Jesus e do tempo em que ele viveu encontram-se nos escritos de Josefo, [nota 28] que nasceu no ano 37 d.C.; nos de Plínio, o Moço, que escreveu por volta do ano 112; nos de Tácito, que escreveu por volta de 117; e nos de Suetônio, que escreveu por volta do ano 120.
Genealogia
Dos quatro evangelhos, apenas Mateus e Lucas dão relato da genealogia de Jesus.[97][98] Estes relatos são substancialmente diferentes.[99]
Várias explicações têm sido sugeridas e tornou-se tradicional desde,
pelo menos, 1490 pressupor que a genealogia dada por Lucas foi traçada
através de Maria e que a Mateus o faz através de José.[100] Acadêmicos modernos geralmente vêem as genealogias como construções teológicas.[101]
Mais especificamente, sugere-se que as genealogias foram criadas com o
objetivo de justificar o nascimento de uma criança com linhagem real.[102][103][104]
Mateus menciona sinteticamente um total de 46 antepassados que teriam
vivido até uns dois mil anos antes de Jesus, começando por Abraão.
Em seu relato, o apóstolo cita não somente heróis da fé, mas também
menciona os nomes das mulheres estrangeiras que fizeram parte da
genealogia tanto de Jesus quanto de Davi, que no caso foram Rute, Raabe e Tamar. Também não omite os nomes dos perversos Manassés e Abias, ou de pessoas que não alcançaram destaque nas Escrituras judaicas.[105][106] Divide então a genealogia de Jesus em três grupos de catorze gerações: de Abraão até Davi, de Davi até o cativeiro babilônico, ocorrido em 586 a.C., e do exílio judaico até Jesus.
Lucas, por sua vez, aborda a genealogia de Jesus retrocedendo continuamente até Adão,
talvez com o objetivo de mostrar o lado humano de Jesus. E, superando
Mateus, Lucas fornece um número maior de antepassados de Jesus.[nota 34]
Esta genealogia é considerada por alguns autores como sendo a
genealogia da Virgem Maria, a genealogia materna de Jesus, o que
explicaria parte das diferenças entre esta e a genealogia apresentada
por Mateus.[107]
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