05/01/2011
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11h09
Pioneiro no estudo do clima fala sobre a era em que o homem desregulou a Terra
DA FRANCE PRESSE
Há 200 anos a Terra vive uma nova era geológica, o Antropoceno, que
começou quando o homem tomou o controle do planeta, acelerou as emissões
de C02 e "desregulou a máquina do mundo", afirma o glaciólogista
francês Claude Lorius, um pioneiros dos estudos sobre o clima, em seu
novo livro "Voyage dans l'Anthropocène" ("Viagem ao Antropoceno", em
tradução livre).
Escrito em parceria com o jornalista Laurent Carpentier, a obra discorre
sobre a modificação do clima, a acidificação dos oceanos, a erosão dos
solos e a biodiversidade ameaçada.
"O homem é um agente determinante da vida sobre a Terra", explica o
especialista de 78 anos que, em 2008, recebeu o prêmio Blue Planet por
seu trabalho.
"Se existe um indicador da atividade humana, esse é o gás carbônico. Se
queimamos uma floresta, fazemos uma fábrica funcionar, dirigimos um
carro, tudo isso é CO2", assinala Lorius.
PERÍODO
O conceito de Antropoceno foi desenvolvido em 2002 pelo geoquímico
holandês Paul Crutzen e desde então abriu um espaço na comunidade
científica, indica Lorius.
Para Crutzen, o Antropoceno começa no ano 1784, quando James Watt inventou a máquina a vapor.
O Antropoceno poderia ser acrescentado oficialmente à tabela dos tempos
geológicos no 34º Congresso Internacional de Geologia que será realizado
de 5 a 10 de agosto de 2012 em Brisbane, Austrália, indica Lorius.
"Para nós, no entanto, esta nova era já é uma realidade", acrescenta o
especialista em geleiras, que contribui desde os anos 50 para o estudo
da evolução do clima mediante a análise das bolhas de ar presas no gelo
há milênios.
Lorius foi um dos primeiros a vincular o aumento das temperaturas e a crescente concentração de CO2.
"Tivemos uma sorte extraordinária. Acontece que a Antártida era o melhor
lugar para se dar conta de que havia um problema global com o clima",
explica.
Mais de 50 anos depois, o cientista admite, no entanto, que se sente
pessimista quanto ao modo que a humanidade está se organizando.
"Os cientistas podem demonstrar que o planeta é uno e indivisível, que
só há uma atmosfera, um oceano, mas não podem demonstrar aos homens que é
de interesse comum preservar o planeta", assinala.
"Reunir interlocutores com interesses tão diversos não é uma questão de ciência e sim de educação e filosofia", conclui Lorius.
FONTE: Folha.com/Ambiente
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