Nascimento
Estudiosos geralmente estimam que Jesus nasceu entre 7-2 AC/ACE e morreu entre 26-36 DC/DCE.[1][108]
Não há evidência histórica contemporânea demonstrando a data de Nascimento de Jesus. O calendário gregoriano é baseado em uma tentativa medieval de contar os anos desde o nascimento de Jesus, que foi estimado por Dionysius Exiguus entre 2 AC/ACE and 1 DC/DEC.[109] O evangelho de Mateus afirma que o nascimento aconteceu durante o reinado de Herodes, que morreu em 4 BCE,[110] sugerindo que Jesus pudesse ter até dois anos de idade quando ele teria ordenado o Massacre dos inocentes.
O autor do evangelho de Lucas similarmente coloca o nascimento de Jesus
como tendo ocorrido durante o reinado de Herodes, mas afirma que o
nascimento aconteceu durante o Censo de Quirino das província romanas da Síria e Judeia, o que geralmente se crê ter acontecido em 6 DCE, ou seja, uma década depois da morte de Herodes.[111] A maioria dos acadêmicos dão preferênca à faixa entre 6 e 4 ACE.[112]
De acordo com o relato do evangelho de Lucas, na época do rei Herodes o sacerdote Zacarias, esposo de Isabel — ambos já de idade avançada —, recebeu a promessa do nascimento de João Baptista através do anjo Gabriel.[113]
No sexto mês da gestação de Isabel, o mesmo anjo Gabriel aparece a Maria na cidade de Nazaré, a qual era virgem e noiva de José, e anuncia que ela viria a conceber do Espírito Santo
e que daria ao seu filho o nome de Jesus. Mateus traz a informação de
que José, ao saber que sua noiva estava grávida, não teria compreendido
inicialmente que Maria recebera a missão de conceber o Messias e se afastou dela. Mas em sonho, um anjo lhe revelou a vontade de Deus, e ele aceitando-a, recebeu Maria como esposa.[113]
Segundo Mateus, o imperador Otávio Augusto teria promovido um recenseamento de todos os habitantes do Império, tendo estes que se alistar em suas respectivas cidades. José, por ser da cidade de Belém,
teria levado Maria até esta cidade. Chegando ao local de destino, por
não terem encontrado hospedagem, Jesus nasce em uma manjedoura. Segundo
Lucas, os pastores da região, avisados por um anjo, vieram até o local
do nascimento de Jesus.[113]
Completados os oito dias que determinava a tradição judaica, Jesus foi apresentado no templo por sua família para ser circuncidado, quando foi abençoado por Simeão e Ana.[113]
Segundo o relato do evangelista Mateus, Jesus teria recebido a visita dos magos do oriente, os quais, segundo a tradição natalina, seriam três reis da Pérsia. Os magos teriam chegado a Jerusalém seguindo a trajetória de uma estrela que anunciaria a vinda do Messias ao mundo. E, ao encontrarem Jesus numa casa com Maria, adoraram-lhe e ofertaram ouro, incenso e mirra
representando, respectivamente, a sua realeza, a sua divindade e a sua
imortalidade. Por causa desta visita Herodes teria se decidido a matar
aquele que lhe iria tomar o trono. Tal notícia teria chegado a José, que então foge com Maria e o menino para o Egito.
Jesus e sua família teriam permanecido no Egito até a morte de Herodes,
quando então José, após ser avisado por um anjo em seus sonhos, retorna
para a cidade de Nazaré. [114]
Infância e juventude
Segundo Mateus 2:13-23, após a fuga para o Egípto a família de Jesus permaneceu nessa região até à morte de Herodes. Nessa altura deixam o Egipto e estabelecem-se em Nazaré, de modo a evitar terem de viver sob a autoridade do filho e sucessor de Herodes, Arquelau.[115]
A única referência à adolescência de Jesus nos Evangelhos canónicos
ocorre em Lucas 2:41-52. Segundo este evangelista, aos doze anos Jesus
foi com os pais de Nazaré a Jerusalém, para a festa de Pessach, a Páscoa judaica, e lá surpreendeu os doutores do Templo pela facilidade com que aprendia a doutrina, e por suas perguntas intrigantes.[116]
Em Marcos 6:3, Jesus é designado como tekton (τέκτων em Grego), normalmente percebido como significando carpinteiro. Mateus 13:55 diz que era filho de um tekton.[117][nota 35]
Para além das informações do Novo Testamento, as associações específicas da profissão de Jesus à carpintaria são uma constante nas tradições cristãs dos séculos I e II. São Justino Mártir, que morreu cerca do ano 165, escreveu que Jesus fazia juntas e arados.[120]
Batismo e tentação
Todos os três Evangelhos sinóticos descrevem o batismo de Jesus por João Batista,[121]
e este evento é descrito pelos eruditos bíblicos como o início do
ministério público de Jesus. De acordo com as fontes canônicas, Jesus
foi para o rio Jordão onde João Batista estava pregando e batizando as pessoas.
Mateus descreve que João estava hesitante em atender o pedido de
Jesus para ser batizado, alegando que ele é quem deveria ser batizado
por Jesus. Mas Jesus insistiu, "Consente agora; porque assim nos convém cumprir toda a justiça." (Mateus 3:15). Depois que Jesus foi batizado e saiu da água, Marcos afirma que Jesus "viu
os céus se abrirem, e o Espírito, qual pomba, a descer sobre ele. e
ouviu-se dos céus esta voz: Tu és meu Filho amado; em ti me comprazo." (Marcos 1:10–11). O Evangelho de João
não descreve o batismo e nem se refere a João como "o Batista" mas ele
atesta que Jesus é aquele sobre quem João tinha pregado — o Filho de
Deus.
Após o seu batismo, Jesus foi levado para o deserto por Deus, onde jejuou durante quarenta dias e quarenta noites.[122] Durante esse tempo, o diabo lhe apareceu e o tentou por três vezes. Em cada uma das vezes, Jesus rejeitou as tentações respondendo com uma citação das escrituras.[123] Em seguida o diabo se foi e os anjos vieram para cuidar de Jesus.[124]
Ministério
Os evangelhos narram que Jesus veio ao mundo para anunciar a salvação e as Bem-aventuranças à humanidade.[125][126] Durante o seu ministério, é dito que Jesus fez vários milagres, como andar sobre a água, transformar água em vinho, várias curas, exorcismos e ressuscitação de mortos (como Lázaro).[127]
O evangelho de João descreve três Pessachs durante o ministério de Jesus, e isso implica dizer que Jesus pregou por pelo menos dois anos e um mês,[128] apesar de algumas interpretações dos evangelhos sinóticos sugerirem um período de apenas um ano.[129][130] Jesus desenvolveu seu ministério principalmente na Galileia, tendo feito de Cafarnaum uma de suas bases evangelísticas e se deslocando várias vezes a Tiberíades pelo Mar da Galileia. Esteve também em cidades como Samaria, na Judeia e sobretudo em Jerusalém logo antes de sua crucificação. Esteve em outros lugares de Israel, chegando a passar brevemente por Tiro e por Sidom, cidades da Fenícia.[131][132]
Mandamentos
Os principais temas da pregação de Jesus foram, de acordo com os Evangelhos, o anúncio do Reino de Deus, o perdão divino dos pecados e o amor de Deus.[133] Expostos, entre outros, nas inúmeras parábolas e acções de Jesus, no Pai-Nosso,[134] nas Bem-aventuranças[135] e na chamada regra de ouro.[136] Jesus resumiu também "toda a Lei e os Profetas" do Antigo Testamento em apenas dois mandamentos fundamentais,[137] a saber: "Amar a Deus de todo coração, de toda alma e de todo espírito e ao próximo como a ti mesmo"(Mateus 22:37-39).[137] A Igreja Católica considera que os dez mandamentos do Decálogo são uma refracção deste segundo mandamento referente ao bem da pessoa.[138]
Além destes ensinamentos, Jesus trouxe um novo mandamento: "que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei" (João 15:10).[139]
A transfiguração
De acordo com os evangelhos sinóticos, Jesus levou três dos seus apóstolos — Pedro, João e Tiago — a um monte para orar. Enquanto lá estavam, Jesus foi transfigurado diante deles. Segundo o relato do evangelista Lucas, seu rosto brilhava como o sol e as suas roupas resplandeciam, então Elias e Moisés apareceram e conversavam com ele. Uma nuvem brilhante os cercou, e uma voz vinda do céu disse: "Este é o meu Filho amado, de quem me comprazo, a ele ouvi".
Os evangelhos também afirmam que até o final de seu ministério, Jesus
começou a alertar seus discípulos de sua morte e ressurreição futura.[140][141]
A paixão
A entrada triunfal em Jerusalém
Segundo os quatro evangelhos, Jesus foi com seus seguidores a Jerusalém para celebrar ali a festa da Páscoa. Ele entrou na cidade no lombo de um jumento.[nota 36] Foi recebido por uma multidão, que o aclamou como "filho de Davi".[142] Nos evangelhos de Lucas e João, também é chamado de rei.
Segundo Lucas, alguns dos fariseus,
ouvindo o clamor da multidão dos discípulos, chegaram a pedir a Jesus
que os repreendesse. Jesus então responde aos fariseus dizendo: "Se eles se calarem, as próprias pedras clamarão" (Lucas 19:40).
Ceia anterior à crucificação
Segundo os sinóticos, Jesus celebrou a páscoa com seus apóstolos — evento chamado pela tradição cristã de "A Última Ceia". Durante a comemoração, Jesus predisse que seria traído por um dos seus apóstolos, Judas Iscariotes. Ao servir o pão, ele disse: "Tomai e comei, este é o meu corpo", logo após, pegou um cálice e disse: "bebei todos, este é o meu sangue, o sangue da nova aliança, que será derramado para a remissão dos pecados".[143]
O Evangelho segundo João
oferece maiores detalhes sobre os momentos da última ceia entre os
capítulos 13 e 17, relatando o momento em que Jesus lavou os pés dos
discípulos com água, os diálogos com os apóstolos, os últimos
ensinamentos que transmitiu antes de morrer e a oração sacerdotal.
A prisão
Mais tarde, na mesma noite, segundo os sinóticos, Jesus teria ido para o jardim de Getsêmani, na encosta do monte das Oliveiras, em frente ao Templo, para orar. Três discípulos — Pedro, Tiago e João — faziam-lhe companhia.
Judas havia realmente traído Jesus, e o entregou aos sacerdotes e aos anciãos de Jerusalém, que pretendiam prendê-lo, por trinta moedas de prata.[144]
Acompanhado por um grupo de homens armados, Judas chegou ao jardim
enquanto Jesus orava, para prendê-lo. Ao beijá-lo na face, revelou a
identidade de Jesus e este foi preso. Por parte de seus seguidores houve
um princípio de resistência, mas depois todos se dipersaram e fugiram.[145][nota 37]
O julgamento
Os soldados levaram Jesus para a casa do Sumo Sacerdote Caifás.[146] A lei judaica não permitia que o Sinédrio, a suprema corte judaica, se reunisse durante o Pessach[147] e a lei romana proibia que se condenasse um homem à morte.[147] Jesus foi acusado primeiramente de ameaçar destruir o templo, mas as testemunhas entraram em desacordo.[148] Depois, perguntaram a Jesus se ele era o Messias, o Filho de Deus e rei dos judeus. Jesus respondeu que era,[149] e foi então acusado de blasfemar ao dizer-se Deus.
Após isso, os líderes judeus levaram Jesus à presença de Pôncio Pilatos,[150] que então governava a província romana da Judeia.[151] Acusavam-no de estar traindo Roma ao dizer-se rei dos judeus. Como Jesus era galileu, Pilatos enviou-o a Herodes Antipas[152] — filho de Herodes, o Grande[153] — que governava a Galileia.[154] Lucas conta que Herodes zombou de Jesus,[155]vestindo-o com um manto real, e devolveu-o a Pilatos.[152]
Era de praxe os governantes romanos libertarem um prisioneiro judeu por ocasião do Pessach. Pilatos expôs Jesus e um assassino condenado, de nome Barrabás,[156] na escadaria do palácio, e pediu à multidão que escolhesse qual dos dois deveria ser posto em liberdade.[157] A multidão voltou-se contra Jesus e escolheu Barrabás.[158] Pilatos entregou então Jesus para morrer na cruz.[159] A crucificação era uma forma comum de execução romana, aplicada, em geral, aos criminosos de classes inferiores.[160]
A crucificação
Jesus foi vestido com um manto vermelho, puseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos e na mão uma vara de bambu. Os soldados romanos zombavam dele dizendo: "Salve o Rei dos Judeus".[161] A seguir, espancaram-no e cuspiram nele. Forçaram-no a carregar a própria cruz, até um lugar chamado Gólgota. [nota 38] Ao vê-lo perder as forças, ordenaram a um homem, de nome Simão Cireneu, que tomasse da cruz e a carregasse durante parte do caminho.
Conduzido para fora da cidade, Jesus foi pregado na cruz pelos
soldados romanos. João conta que escreveram no alto da cruz a frase
latina "Iesus Nazarenus Rex Iudeorum".[nota 39] Puseram a cruz de Jesus entre as de dois ladrões.[162][nota 40] Antes de morrer, Jesus exclamou: "Elí, Elí, lamá sabactani" que traduzido seria "Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Mateus 27:46). Depois de três horas, Jesus morreu. José de Arimatéia e Nicodemos puseram o seu corpo num túmulo recém-aberto, e o fecharam com uma pedra.
A ressurreição
Os Evangelhos contam que, no domingo de manhã, Maria Madalena
foi bem cedo ao túmulo de Jesus, onde encontrou a pedra fora do lugar e
o sepulcro vazio. Depois disso, Jesus apareceu a ela e a Simão Pedro.
Dois discípulos viram-no na estrada de Emaús.
Entretanto, os evangelhos discordam em relação a quantidade de
pessoas que foram com Maria Madalena naquela manhã. João 20:1 faz
referência apenas a uma pessoa, Mateus 28:1 cita Maria Madalena e a
outra Maria. Marcos 16:1 faz referências a Maria Madalena, Maria, mãe de
Tiago e Salomé, já Lucas 24:1, 2, 3 e 10 não deixa tão evidente a
quantidade de pessoas.
Os Evangelhos dizem que os onze apóstolos fiéis encontraram-se com
ele, primeiro em Jerusalém e depois na Galileia onde chegou a ser visto
por algumas centenas de pessoas. Porém, é o relato de Mateus que mais
oferece detalhes sobre os acontecimentos que envolveram o momento da
ressurreição.
Segundo o Evangelho de Mateus, a ressurreição de Jesus teria sido precedida de um grande terremoto em razão da remoção da pedra que estava na entrada do sepulcro:
E eis que houve um grande terremoto; porque um anjo do Senhor desceu do céu, chegou-se, removeu a pedra e assentou-se sobre ela. O seu aspecto era como um relâmpago, e a sua veste, alva como a neve. E os guardas tremeram espavoridos e ficaram como se estivessem mortos. |
— (Mateus, 28:2-4
|
No mesmo Evangelho é informado também que os líderes judeus da época
teriam subornado os guardas para que contassem uma versão diferente, ou
seja, que os discípulos teriam levado o corpo de Jesus enquanto os
vigias dormiam.[163]
Além dos quatro Evangelhos e do livro de Atos dos Apóstolos,
há outras fontes que falam da ressurreição de Jesus. Uma delas, também
encontrada no Novo Testamento, seria um breve relato de Paulo nos versos
de 3 a 8 do capítulo 15 em sua primeira epístola aos coríntios, escrita por volta do ano 55
da era cristã, onde o apóstolo menciona duas outras aparições de Jesus
após a sua ressurreição, não registadas nos Evangelhos. Numa delas,
Jesus teria sido visto por mais de quinhentas pessoas. Na outra ocasião,
teria aparecido ao seu parente Tiago,[164][165]
o qual, após esta experiência, teria se tornado um seguidor e líder da
Igreja de Jerusalém, escrevendo ainda um dos livros do Novo Testamento.[165]
A ascensão
A ascensão
de Jesus é relatada nos Evangelhos de Marcos e de Lucas, além de constar
no começo do livro de Atos dos Apóstolos, o qual também foi escrito por
Lucas.
Em Atos, Lucas narra que Jesus, após ressuscitar, apareceu durante
quarenta dias aos apóstolos, passando-lhes ensinamentos e confirmando
que receberiam o Espírito Santo. Prossegue o evangelista informando que,
após esses dias, Jesus foi elevado às alturas até ser encoberto por uma
nuvem.
Marcos, em seu resumido Evangelho, apenas comenta que Jesus, depois
de ter falado aos seus discípulos, foi recebido nos céus e se assentou à
direita de Deus. É Lucas quem dá mais detalhes sobre esse momento,
informando ter sido em Betânia que Jesus se despediu de seus discípulos, abençoando-os enquanto era elevado ao céu (Lucas 24:50-52).
Por sua vez, em Atos, o seu segundo livro, Lucas relata que, durante a
ascensão de Jesus, os discípulos permaneceram olhando para o céu até
que tiveram a visão de dois anjos que lhe indagaram sobre aquela
atitude, os quais teriam proferido as seguintes palavras:
Varões galileus, por que estais olhando para as alturas? Este Jesus que dentre vós foi assunto ao céu virá do modo como o vistes subir |
— Atos, 1:11
|
Diferente da ocasião da morte de Jesus na cruz, Lucas diz que os
discípulos não ficaram entristecidos com a aparente separação ocorrida
na ascensão, mas retornaram felizes para Jerusalém.
Já nos Evangelhos escritos pelos apóstolos Mateus e João, não há
nenhuma descrição sobre a ascensão de Jesus. Em Mateus, por exemplo, o
texto termina na segunda parte do seu último verso com a frase de que
Jesus permanecerá todos os dias com os seus discípulos até o fim do
mundo (Mateus 28:20).
Mesmo depois da ascensão, as obras que compõem o Novo Testamento
trazem outros relatos de aparições de Jesus, como ocorre na conversão de
Saulo e também na visão de João quando o apóstolo é arrebatado aos céus durante sua prisão em Patmos [166] e recebe a missão de escrever o Apocalipse.[167]
Relíquias de Jesus
Segundo a tradição católica e ortodoxa, que não foi aceita pelos protestantes, existem muitas relíquias atribuídas a Jesus. É discutido que algumas dessas relíquias sejam falsificações medievais.[168]
Na contemporaneidade, a mais conhecida, estudada e discutida[nota 41] relíquia de Jesus é talvez o Sudário (σινδών, sindón, que significa "pano" em grego), atualmente armazenados em Turim e de posse pessoal do Papa. Segundo a tradição, é o pano em que estava envolto o corpo de Jesus no túmulo. O tecido é de linho
e mede 442 x 113 cm. Apresenta uma dupla imagem (frente e verso) de um
homem com barba, bigode e cabelos compridos, ostentando as marcas no
corpo correspondente à descrição da paixão: marcas de flagelação,
a coroa de espinhos, mãos e pés perfurados por pregos e a ferida por
lança ao lado. O quadro não é uma pintura, mas o resultado de um gradual
amarelecimento da fibra têxtil - como se fosse um negativo de um filme fotográfico.[nota 42] Na parte mais profunda das feridas há vestígios de sangue tipo AB.
As outras relíquias atribuídas a Jesus são os supostos restos do corpo de Jesus (incluindo vários traços de sangue, uma costela e os restos da circuncisão de Jesus - o Santo prepúcio) e os objetos com os quais ele entrou em contato, como as lascas da cruz (uma das quais, provavelmente original encontra-se no Obelisco do Vaticano), a coroa com espinhos, a lança que o perfurou, o título que foi pregado à cruz[nota 39] e taça que ele teria usado na última ceia (o Santo Graal).
Jesus na ficção e na arte
Na arte
Num primeiro momento, a arte do cristianismo evitou representar Jesus em forma humana, preferindo invocar sua figura através de símbolos, tais como o monograma formado pelas letras gregas Χ y Ρ, iniciais do nome grego Χριστός (Cristo), a união as vezes de Α y Ω, primeira e última letras, respectivamente, do alfabeto grego, para indicar que Cristo é o princípio e o fim; o símbolo do peixe em grego (ΙΧΘΥΣ, «ikhtus», acróstico de Ἰησοῦς Χριστός, Θεοῦ Υἱός, Σωτήρ (Iesous Khristos Theos uios Soter; "Jesus Cristo Filho de Deus Salvador"). Ele também já foi representado como um cordeiro (o Cordeiro de Deus); e também em símbolos antropomórficos, como o Bom Pastor.[169][nota 43]
Mais tarde apareceram representações de Cristo, primeiro representado como um jovem, muitas vezes com o rosto de Alexandre Magno, sem barba e sem cabelos longos [170]. A partir do século IV foi representado quase exclusivamente com barba. Na arte bizantina se tornou habitual uma série de representações de Jesus. Algumas das quais com a imagem do Pantocrator, que tiveram um grande sucesso na Europa medieval.[171]
Na literatura
Desde finais do século XIX, inúmeros autores de obras literários têm
dado sua interpretação pessoal da vida de Jesus. Entre as obras mais
destacadas que trataram do tema podemos citar:
- Mikhail Bulgakov: O Mestre e Margarida (escrito entre 1928 e 1940, publicado em 1967).
- Robert Graves: Rei Jesus (1947).
- Níkos Kazantzákis: Cristo Crucificado (1948) e A Última Tentação de Cristo (1951), no qual se basearia Martin Scorsese para filmar o filme homônimo.
- Fulton Oursler: A Maior História Jamais Contada (1949). No qual se baseou o filme de George Stevens.
- Norman Mailer: O Evangelho segundo o Filho (1997).
- Fernando Sánchez Dragó: Carta de Jesus ao Papa (2001).
O mistério da vida de Jesus também é tema de algumas obras da literatura comercial, às vezes em gêneros como a ficção ou o romance de mistério.
- Mirza Ghulam Ahmad: Jesus na Índia 1899
- Juan José Benítez: Operação Cavalo de Tróia (1984-2006; saga de vários volumes).
- Dan Brown: O Código da Vinci (2003)
No cinema
A vida de Jesus de acordo com os relatos do Novo Testamento e
normalmente sob um ponto de vista cristão, tem sido frequente. De fato,
Jesus de Nazaré é um dos personagens mais interpretados no cinema.[172][173] O primeiro filme sobre a vida de Jesus foi La vie et la passion de Jésus-Christ de Georges Hatot y Louis Lumière.[174] No cinema mudo, o filme que mais se destacou foi O Rei dos Reis (1927) de Cecil B. DeMille.
O tema foi abordado em diversas ocasiões, e de diversos pontos de vista: Desde a grandiosa produção de Hollywood O Rei dos Reis (Nicholas Ray, 1961) até as visões mais austeras de cineastas como Pier Paolo Pasolini (Il vangelo secondo Matteo, 1964). Também deram sua interpretação pessoal à figura de Jesus autores como Buñuel (Nazarín, 1958), y Dreyer (Ordet, 1954).
Alguns dos filmes mais recentes sobre a vida de Jesus não estão isentos de polêmicas. É o caso de A Última Tentação de Cristo (1988), de Martin Scorsese, baseado no romance homônimo de Nikos Kazantzakis, muito criticado por sua interpretação pouco ortodoxa de Jesus. O filme de Mel Gibson, A Paixão de Cristo (2004) recebeu a aprovação de vários setores do Cristianismo, mas foi considerado anti-semita por alguns membros da comunidade judaica.[175][176]
A personagem Jesus tem sido tratado no cinema de vários ângulos. [nota 44] Existem interpretações satíricas da figura do criador do cristianismo, como A Vida de Brian (Terry Jones, 1979). Musicais, como o célebre Jesus Cristo Superstar (Norman Jewison, 1973), e também filmes de animação, como The Miracle Maker (Derek W. Hayes y Stanislav Sokolov, 2000).
No teatro
A vida de Jesus também tem sido levada aos palcos da Broadway
e a outras partes do mundo através dos musicais. Entre as
representações líricas da vida e da obra de Jesus pode-se destacar o
popular musical Jesus Cristo Superstar, uma ópera rock com músicas de Andrew Lloyd Webber e arranjos de Tim Rice, representada pela primeira vez em 1970, e que posteriormente viria a se espalhar pelo resto do planeta.[177] Também se destaca a peça de teatro Godspell, com música de Stephen Schartz e arranjos de John-Michael Tebelak, que foi encenada pela primeira vez também em 1970.[178] No teatro do Brasil, destaca-se Auto da Compadecida, peça de Ariano Suassuna escrita em 1955 e publicada em 1957, que retrata um jesus negro.
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
Notas
- ↑ Segundo os evangelhos de Lucas e Mateus. Contudo alguns estudiosos afirmam que ele possa ter nascido em Nazaré.
- ↑ De acordo com o Novo Testamento, ele ressuscitou no terceiro dia após sua morte.
- ↑ a b O nome Jesus é a versão portuguesa da forma grega Ίησους, transliterado Iēsous que por sua vez é a tradução do nome hebraico Yeshua, que por ser filho de Maria e de José, o carpinteiro, em Belém, é reconhecido oficialmente na genealogia da Casa Real de David como Yeshua ben Yoseph, ou seja, "Jesus, filho de José".
- ↑ Jesus também é conhecido como Jesus de Nazaré, Jesus Nazareno ou Jesus da Galileia, os cristãos o chamam de Jesus Cristo e os muçulmanos o conhecem por Isa.
- ↑ Há muitas controvérsias sobre a datação do papiro 7Q5 encontrado em Qumran, que remontaria a 50 d.C.: Segundo alguns estudiosos, ele contém Marcos 6:52-53, mas a necessidade de justificar as muitas incoerências com o texto tradicional extraído dos outros papiros lhe tirou o título que, se confirmado, iria se aproximar da suposta data de composição do Evangelho segundo Marcos.
- ↑ Ver também a datação da Traduction Oecuménique de la Bible (1975-1976): Mateus teria sido escrito por volta de 80-90 d.C. (p. 2175), Marcos por volta de 65-70 (p. 2261), Lucas entre 80-90 (p. 2317) e João dataria do fim do século I (p. 2414).
- ↑ Citação: Luigi Moraldi escreveu: «O valor histórico direto [dos apócrifos com relação à Jesus e a origem da Igreja] é, geralmente, muito tênue, e na maioria das vezes nulo.»
- ↑ Citação: Luigi Moraldi escreveu: «[Os apócrifos nos permitem] um contato direto com os sentimentos, estados de espírito, reações, ansiedades e ideais de muitos cristãos do Oriente e Ocidente. Isto revela tendências, padrões morais e religiosos de muitas igrejas, ou pelo menos de grande parte delas, complementando informações, e, por vezes, adaptando a forma como vemos tais comunidades.»
- ↑ Entre estes Emil Schürer (The History of the Jewish People in the Age of Jesus Christ (175 B.C.- A.D. 135), 4 voll., Edimburgo, T. & T. Clark, 1973-87) e Henry Chadwick (The Early Church, Londres: Penguin, 1993)
- ↑ Nos relatos de Toledot Yeshu, elementos dos Evangelhos sobre Jesus são conflitados com descrições dos indivíduos chamados pelo nome de "Yeshu" no Talmud. Tais narrativas explicam a designação Yeshu como um acrônimo da frase hebraica ימח שמו וזכרו - Yemach Shemô Vezichrô - Seja apagado seu nome e sua memória.
- ↑ À época, a Palestina estava sob dominação do Império Romano.
- ↑ Veja também o artigo Jesus Cristo.
- ↑ O Jesus teológico pode ser entendido como a figura de Jesus segundo a Fé.
- ↑ Citação: Robert E. Van Voorst escreveu: «A tese da não-historicidade tem sido controversa e até hoje não conseguiu convencer muitos estudiosos das disciplinas e credos religiosos. Os acadêmicos bíblicos e os historiadores clássicos agora a consideram efetivamente refutada.»
- ↑ Citação: Walter P. Weaver escreveu: «A negação da historicidade de Jesus nunca chegou a convencer um grande número de pessoas, nem na primeira parte do século.»
- ↑ Ou seja, que ele teria sido realmente enviado por Deus
- ↑ A Trindade cria um problema para Maomé: o politeísmo contra o qual ele tanto lutou. Aceitar que um Deus pode ser um e três ao mesmo tempo é um problema desde o início (a única doutrina da trindade que Maomé conheceu foi a dos coliridianos). No entanto, as suas posições são parecidas com a do próprio Concílio de Latrão, que visa corrigir a crença de que Jesus é o Filho de Deus em um sentido humano. Então, há quem veja semelhanças, mas ainda assim há diferenças. Eles estão incrédulos, dizem que Deus é o terceiro de uma tríade. Não há mais divindade, apenas um só Deus. … O Messias, filho de Maria, não é nada mais do que um mensageiro. (Sura Al-Ma'ida, ayat 77 à 79)
- ↑ Um personagem chamado Yeishu (Jeshu ou em hebraico: יש"ו) é mencionado nos antigos textos rabínicos, incluindo o Talmud babilônico, elaborado no início do século VII, e da literatura Midrash, elaborada entre os séculos III e VIII. O nome é semelhante mas não idêntico à Yeshua, que é considerado por muitos autores com o nome original de Jesus em aramaico. Além disso, em vários manuscritos do Talmud babilônico aparece com o apelido "ha-Notztri", que pode significar "o Nazareno." Por este motivo, e por certas semelhanças entre a história de Jesus contada pelos cristãos e os Evangelhos de Yeishu citado no Talmud, alguns autores têm identificado os dois personagens. No entanto, existem divergências sobre este ponto. Nos textos rabínicos, Yeishu é caracterizado por um ponto de vista negativo: ele aparece como um malandro que incentiva os judeus a apostatar de sua religião.
- ↑ Levando em conta que o cristianismo está muito longe de ter uma unidade de crenças e dogmas, para falar de Jesus no Cristianismo, teríamos de descrever os vários entendimentos da pessoa de Jesus pelos diferentes ramos do cristianismo, também chamados de denominações cristãs. Embora todas estas idéias sejam perfeitamente aceitáveis como pressupostos de fé, expor a todas elas em pé de igualdade levaria a um certo relativismo que não levaria em conta que algumas crenças são majoritárias e outras particulares, que algumas foram abandonadas depois de muito estudo e reflexão e outras foram consideradas heresias desde o início.[carece de fontes]
- ↑ A ressurreição de Jesus Cristo de Nazaré é um dos únicos fatos que distingue o cristianismo das outras religiões gregas. Se, para essas últimas, o tempo é uma inteligência circular e repetitiva, que se sucede por meio do eterno retorno, o cristianismo assume desde o início um conceito linear de tempo em que a ressurreição é um marco histórico único sobre a história passada e futura.[carece de fontes] Veja também o livro de Henry Puech, El tiempo en el cristianismo
- ↑ Em contraste com os conceitos científicos que consideram o homem como o pináculo da evolução natural, a teologia cristã acredita que o homem é espiritualmente caído.
- ↑ A natureza de Deus (incriada) e da natureza do homem (criatura) estão separadas pelo abismo ontológico da criação ex nihilo
- ↑ A necessidade do pecado é natural à natureza decaída do ser humano[carece de fontes]
- ↑ Entendida sobretudo no sentido ontológico (deixar de ser).[carece de fontes]
- ↑ Veja os artigos Deus no cristianismo e Unitarianismo.
- ↑ Veja o artigo União hipostática.
- ↑ São bastante singulares, como por exemplo, as crenças sobre Jesus Cristo da Igreja da Unificação, que afirma que Jesus não é Deus, mas simplesmente um homem "Refletindo Deus", nascido de uma relação adúltera entre Maria e Zacarias, e que falhou em sua missão de salvação: para eles, a crucificação de Jesus testemunha o fracasso do cristianismo.
- ↑ Seus relatos estão no livro Testimonium Flavianum, que é considerado pelos cristãos como uma fonte que comprova a existência histórica de Jesus[carece de fontes]
- ↑ Por exemplo: A Parábola do Joio, A Parábola do Empregado Mau, A Parábola dos Trabalhadores da Vinha e A Parábola das Dez Virgens.
- ↑ Por exemplo: a ressureição do filho da viúva de Naim, A Parábola do Bom Samaritano, A Parábola do filho Prodigo, A Parábola do rico e de Lázaro, A Parábola do Fariseu e do Publicano.
- ↑ Por exemplo: a cura de um cego de nascença, o Bom Pastor, a ressurreição de Lázaro.
- ↑ com a perícope dos Discípulos no caminho de Emaús.
- ↑ A mais antiga referência sobre a ressurreição e as aparições de Jesus é 1 Coríntios 15:3-8, já que a Primeira Epístola aos Coríntios é datada como tendo sido escrita em 56 d.C[carece de fontes]
- ↑ Para analisar as diferenças entre as genealogias de Marcos e Mateus, veja Darrell L. Bock, Lucas. Grand Rapids: Baker, 1994. páginas 918-923.
- ↑ Tekton é tradicionalmente traduzido como "carpinteiro", embora seja uma palavra de carácter mais geral (usando o mesmo radical que "técnico" e "tecnologia"), que cobre muitos tipos de artesãos trabalhando com diferentes materiais, e até mesmo pedreiros.[118][119]
- ↑ Cumprindo assim a profecia de Zacarias que diz: "Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta." Zacarias 9:9
- ↑ O relato de João traz variantes significativas: Não se cita o Getsêmani como o lugar da prisão, e sim um horto do outro lado do ribeiro de Cedrom. A detenção de Jesus é feita por uma corte romana e Jesus não é denunciado por Judas, ele mesmo se entrega
- ↑ Em aramaico Gólgota significa "Lugar das caveiras".
- ↑ a b Esta seria a inscrição que Pilatos teria mandando pregar à cruz de cristo. Ela foi escrita em três línguas: em grego (ιησους ο ναζωραιος ο βασιλευς των ιουδαιων), em latim (IESVS•NAZARENVS•REX•IVDÆORVM) e em hebraico: (ישוע הנצרי ומלך היהודים) e a sua tradução seria: Jesus de Nazaré, Rei dos Judeus.
- ↑ João não menciona Simão Cireneu e afirma que Jesus foi crucificado entre duas pessoas mas não diz se são ladrões.
- ↑ Ver, por exemplo, "Sudário de Turim', da Enciclopédia da CICAP.
- ↑ Alguns têm falado do Sudário como uma foto Polaroid da ressurreição.
- ↑ Para exemplos de representações de Jesus como o Bom Pastor, veja a categoria Good shepherd no Commons
- ↑ Veja também o anexo Lista de atores que interpretaram Jesus Cristo no cinema e na televisão
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