Povos indígenas do Brasil
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Povos indígenas do Brasil |
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Índios respectivamente das tribos: Assurini, Tapirajé, Kaiapó, Tapirapés, Rikbaktsa e Bororó |
População total |
421.000 aproximadamente 0,3% da população do Brasil[1] |
Regiões com população significativa |
Brasil, principalmente nas regiões Norte e Centro-Oeste |
Línguas |
Línguas indígenas e Português |
Religiões |
Religiões tradicionais e Cristianismo |
Grupos étnicos relacionados |
Povos ameríndios |
Os povos indígenas no Brasil incluem um grande número de diferentes grupos étnicos que habitam ou habitaram o território brasileiro, e cujas raízes remontam às Américas desde antes da chegada dos europeus a este continente, em torno de 1500.
Estes povos compreendem uma grande variedade de tribos e nações,
muitos deles com laços culturais e territórios históricos que
atravessam as fronteiras políticas atuais e adentram os países vizinhos.
Embora sua organização social tenha sido geralmente igualitária e
baseada em tribos pequenas, semi-nômades e independentes, houve exemplos
de nações super-tribais envolvendo milhares de indivíduos e ocupando
extensos territórios. Os indígenas do Brasil falavam e falam centenas de
línguas
diferentes, cujas origens e conexões ainda são pouco conhecidas. Sua
cultura material e espiritual também é bastante diversificada, apesar de
um fundo comum devido ao estilo de vida.
Muitas das tribos que existiam no país à época de Cabral desapareceram, quer absorvidas na sociedade dos colonizadores,
quer dizimadas pela violência a que os índios em geral foram submetidos
durante os últimos cinco séculos. Nesse período, nações inteiras foram massacradas ou escravizadas,
explícita ou disfarçadamente, ou morreram de doenças e fome depois que
suas terras foram tomadas e seus meios de sobrevivência foram
destruídos. A catequização por missionários europeus levou ao desaparecimento de suas crenças religiosas e outras tradições culturais; e a relocação forçada provocou enorme mistura de povos.
Muitas das comunidades indígenas que ainda sobrevivem enfrentam
miséria, doenças, descaso das autoridades e discriminação pelo resto da
sociedade.[2]
Índice[esconder] |
[editar] Origens e história
Pesquisas arqueológicas em São Raimundo Nonato, organizadas pela arqueóloga Niède Guidon no interior do Piauí, registram indícios da presença humana datados como anteriores a 10 mil anos.[3] A maioria dos pesquisadores acreditam que o povoamento da América do Sul deu-se a partir de 20 mil a.C.[4]
Indícios arqueológicos no Brasil apontam para a presença humana em
achados datados de 16 mil a.C., de 14.200 a.C. e de 12.770 a.C. em Lagoa Santa (MG), Rio Claro (SP) e Ibicuí (RS).[4] Em Lapa Vermelha, (Minas Gerais), foi encontrado um verdadeiro cemitério com ossos datados em 12 mil anos, o primeiro dos quais encontrado por Annette Laming-Emperaire na década de 1970 e que foi "batizado" de Luzia[3] e que parecia mais aparentada com os aborígines da Austrália ou com negrito das Ilhas Andaman.
[editar] Extermínio
Estimativas da população indígena na época do descobrimento apontam
que existiam no território Brasileiro, mais de mil povos, sendo cinco
milhões de indígenas. Hoje em dia, são 227 povos, e sua população está
em torno de 400 mil. As razões para isso são muitas, desde agressão
direta de colonizadores a epidemias de doenças para as quais os índios
não tinham imunidade ou cura conhecidas.
Durante o século XIX, com os avanços em epidemiologia, casos documentados começaram a aparecer, de brasileiros usando epidemias de varíola
como arma biológica contra os índios. Um caso "clássico", segundo
antropólogo Mércio Pereira Gomes, é o da vila de Caxias, no Sul do
Maranhão, por volta de 1816.
Fazendeiros, para conseguir mais terras, resolveram "presentear" os
índios timbira com roupas de pessoas infectadas pela doença (que
normalmente são queimadas para evitar contaminação). Os índios levaram
as roupas para as aldeias e logo os fazendeiros tinham muito mais terra
livre para a criação de gado. Casos similares ocorreram por toda América
do Sul[5] As "doenças do homem branco" ainda afetam tribos indígenas no Amazonas.[6]
[editar] Povos indígenas emergentes
A partir das últimas décadas do século XX,
aparecem novas etnias quando populações miscigenadas reivindicam a
condição de povo indígena. Isto ocorre principalmente no nordeste
brasileiro. São exemplos desse processo:
- Náua, no Parque Nacional da Serra do Divisor (Acre)
- Tupinambá, Maitapu, Apium e um grupo Munduruku desconhecido, na região do Alto Rio Tapajós (Pará)
- Kaxixó, na região de Martinho Campos e Pompeu, e Aranã, no Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais)
- Kariri, Kalabaça, Tabajara, Tapeba, Pitaguary, Tremembé, Kanindé no Ceará.
- Tupinambá, em Olivença, e Tumbalalá, em Abaré e Curaçá (Bahia)
- Kalankó, em Pariconha, e Karuazu, em Água Branca (Alagoas)
- Pipipã, em Ibimirim (Pernambuco)
[editar] Cultura
Há grande diversidade cultural entre os povos indígenas no Brasil, mas há também características comuns:
- A habitação coletiva, com as casas dispostas em relação a um espaço cerimonial que pode ser no centro ou não;
- A vida cerimonial é a base da cultura de cada grupo, com as festas que reúnem pessoas de outras aldeias, os ritos de passagem dos adolescentes de ambos os sexos, os rituais de cura e outros;
- A arte faz parte da vida diária, e é encontrada nos potes, nas redes e esteiras, nos bancos para homens e mulheres, e na pintura corporal, sempre presente nos homens;
- A educação das crianças se faz por todos os habitantes da aldeia, desde cedo aprendem a realizar as tarefas necessárias à sobrevivência, tornando-se independentes.
A família podia ser monogâmica ou poligâmica. Deixaram forte herança cultural nos alimentos, tendo ensinado o europeu a comer mandioca, milho, guaraná, palmito, pamonha, canjica; nos objetos, suas redes e jangadas, canoa, armadilhas de caça e pesca; no vocabulário: em topônimos como Curitiba, Piauí, etc; em nomes de frutas nativas ou de animais: caju, jacaré, abacaxi, tatu. Ensinaram algumas técnicas como o trabalho em cerâmica e o preparo da farinha. E deixaram no brasileiro hábitos como o uso do tabaco e o costume do banho diário.
No Brasil colonial os portugueses tiveram como aliados os índios aldeados, os quais se tornaram súditos da Coroa.
[editar] Estatuto do Índio e legislação
O Serviço de Proteção ao Índio (SPI) foi criado em 1910. O Estatuto do Índio
ainda determina que "os índios e as comunidades indígenas ainda não
integrados à comunhão nacional ficam sujeitos ao regime tutelar".[7] Apesar dos diversos decretos, o índio brasileiro tem que se integrar na cultura brasileira para requerer emancipação.[8][9][10]
[editar] Dia do Índio
O Dia do Índio, 19 de abril, foi criado pelo presidente Getúlio Vargas através do decreto-lei 5540 de 1943, e relembra o dia, em 1940, no qual várias lideranças indígenas do continente resolveram participar do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. Eles haviam boicotado
os dias iniciais do evento, temendo que suas reivindicações não fossem
ouvidas pelos "homens brancos". Durante este congresso foi criado o Instituto Indigenista Interamericano,
também sediado no México, que tem como função zelar pelos direitos dos
indígenas na América. O Brasil não aderiu imediatamente ao instituto,
mas após a intervenção do Marechal Rondon apresentou sua adesão e instituiu o Dia do Índio no dia 19 de abril.
[editar] Organizações e associações indígenas
As associações e organizações indígenas surgiram, no Brasil, ainda
durante o século XX, nos anos 80. Entre os organismos e associações
nativas que têm como objetivo estatutário a defesa dos direitos humanos
dos povos indígenas incluem-se o Warã Instituto Indígena Brasileiro[11] e o GRUMIN.[12]
Com o objetivo de preservar e difundir a cultura indígena e facilitar o
acesso à informação e comunicação entre as diferentes nações indígenas
foi fundado o Índios online.[13]
[editar] Os povos indígenas do Brasil
A denominação mais conhecida das várias etnias
não é quase nunca a forma como seus membros se referem a si mesmos, e
sim o nome dado a ela pelos brancos ou por outras etnias, muitas vezes
inimigas, que os chamavam de forma depreciativa, como é o caso dos caiapós.
Entre as primeiras obras publicadas sobre os povos indígenas brasileiros, no século XVI, encontram-se os livros escritos pelo mercenário alemão Hans Staden, pelo missionário francês Jean de Léry e pelo historiador português Pero de Magalhães Gândavo.[4] O primeiro inventário dos nativos brasileiros só foi feito em 1884, pelo viajante alemão Karl von den Steinen, que registrou a presença de quatro grupos ou nações indígenas, de acordo com as suas línguas: tupis-guaranis, jê ou tapuias, nuaruaques ou maipurés e caraíbas ou caribas. Von den Steinen também assinala quatro grupos linguísticos: tupi, macro-jê, caribe e aruaque.
[editar] Reservas indígenas
A definição de áreas de proteção às comunidades indígenas foram lideradas por Orlando Villas Bôas que em 1941 lançou a expedição chamada Roncador-Xingu. Em 1961 foi criada a primeira reserva, o Parque Indígena do Xingu com forte atuação de Villas Bôas, seus irmãos Leonardo, Cláudio, Marechal Rondon, Darcy Ribeiro, entre outros,[14] para que a natureza, os povos nativos da região, suas culturas e costumes fossem preservados.[15]
O modelo de criação das reservas indígenas mostrou-se como um dos
únicos meios para que a cultura, os povos pré-coloniais remanescentes e
mesmo a natureza sejam preservados nessas reservas. Em 1967 foi criada a Fundação Nacional do Índio (FUNAI), que passou a definir políticas de proteção às comunidades indígenas brasileiras.
A demarcação de reservas indígenas é muitas vezes cercada de críticas
favoráveis e desfavoráveis por vários setores da mídia e pela população
afetada. O modelo das reservas indígenas demarcadas pela FUNAI difere
no modelo norte-americano onde as terras passam a pertencer aos povos
indígenas. No Brasil as reservas indígenas demarcadas pela FUNAI pertencem ao governo brasileiro para usufruto vitalício dos índios,[16]
não havendo portanto como associá-las a uma perda de soberania. Uma
crítica comum sobre as reservas indígenas brasileiras considera a
atuação de ONGs
nacionais e internacionais junto às comunidades indígenas sem que se
tenha o conhecimento preciso da natureza da atuação dessas organizações.
Nesse sentido controles mais rígidos sobre a atuação das ONGs junto às
comunidades indígenas estão sendo estudados.[17]
[editar] Dez municípios brasileiros com maior população indígena
Segundo dados do recenseamento de 2000, feito pelo IBGE,[18] dos dez municípios brasileiros com maior população autodeclarada indígena, cinco estavam na Região Norte e dois na Região Sul. Os três restantes são no Nordeste, Sudeste e Centro Oeste, desmontando o caráter ubíquo da população autóctone do Brasil.
- 1) São Gabriel da Cachoeira (AM) – 76,31%
- 2) Uiramutã (RR) – 74,41%
- 3) Normandia (RR) – 57,21%
- 4) Santa Rosa do Purus (AC) – 48,29%
- 5) Ipuaçu (SC) – 47,87%
- 6) Baía da Traição (PB) – 47,70%
- 7) Pacaraima (RR) – 47,36%
- 8) Benjamin Constant do Sul (RS) – 40,73%
- 9) São João das Missões (MG) – 40,21%
- 10) Japorã (MS) – 39,24%
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre
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