Revista CHC | Edição os-bichos-da-seca
Quando o sertão era floresta
Saiba mais sobre a caatinga e as táticas de sobrevivência dos animais que a habitam
Por: Pablo Rodrigues Gonçalves, Departamento de Vertebrados, Museu Nacional, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Publicado em 15/05/2002
|
Atualizado em 03/08/2010
Os tatus também vivem na caatinga. Identificá-los é fácil:
basta observar as resistentes carapaças formadas por ossos que cobrem
suas costas. Mas um tatu destaca-se na paisagem do semi-árido
brasileiro: o
Tolypeutes tricinctus
. Quem? O tatu-bola, o menor tatu do Brasil! Ele ganhou
esse nome popular porque enrola seu corpo e fica parecido com uma bola
de futebol quando se sente ameaçado. Mas o tatu-bola só consegue fazer
essa proeza porque tem três dobras no meio das costas!
Uma das táticas desse mamífero para sobreviver na caatinga é realizar a maior parte das suas atividades à noite. Assim, ele evita o contato excessivo com o sol escaldante. Durante o dia, o tatu-bola abriga-se do sol e do calor em buracos feitos no chão por outros tatus e, às vezes, os recobre com folhas.
Mas nem todos os mamíferos que vivem na caatinga são encontrados apenas nesse ecossistema. Há espécies que existem tanto no semi-árido brasileiro quanto em florestas, como a Amazônia ou a Mata Atlântica.
Uma das táticas desse mamífero para sobreviver na caatinga é realizar a maior parte das suas atividades à noite. Assim, ele evita o contato excessivo com o sol escaldante. Durante o dia, o tatu-bola abriga-se do sol e do calor em buracos feitos no chão por outros tatus e, às vezes, os recobre com folhas.
Mas nem todos os mamíferos que vivem na caatinga são encontrados apenas nesse ecossistema. Há espécies que existem tanto no semi-árido brasileiro quanto em florestas, como a Amazônia ou a Mata Atlântica.
O interessante é que, na caatinga, esses animais habitam
áreas restritas, como restos de matas ou locais onde há mais água. Os
macacos guaribas (
Alouatta belzebul
), por exemplo, são encontrados em pedaços de floresta que
existem em Alagoas, na Paraíba, no Piauí e no Ceará -- estados que
abrigam a caatinga -- e na Amazônia. Também chamados de barbados --
porque têm pêlos marrons no queixo que lembram uma barba --, os guaribas
produzem um som poderoso para defender seu território em caso de
ameaça.
A existência de mamíferos típicos de florestas na caatinga, como os macacos guaribas, chama a atenção dos biólogos para uma questão intrigante: por que esses animais da Amazônia e da Mata Atlântica, ou seja, de áreas mais úmidas, estão no semi-árido brasileiro? A presença dessas espécies indica que, no passado, havia florestas onde hoje existe a caatinga!
Alguns cientistas acreditam que, há cerca de dez mil anos, o clima no Nordeste era diferente do atual. Nessa época, a caatinga seria menor e grande parte dos atuais estados nordestinos estaria coberta por matas com numerosos rios. Do litoral ao Amazonas, existiriam florestas habitadas por várias espécies de animais, que se distribuíam livremente.
A existência de mamíferos típicos de florestas na caatinga, como os macacos guaribas, chama a atenção dos biólogos para uma questão intrigante: por que esses animais da Amazônia e da Mata Atlântica, ou seja, de áreas mais úmidas, estão no semi-árido brasileiro? A presença dessas espécies indica que, no passado, havia florestas onde hoje existe a caatinga!
Alguns cientistas acreditam que, há cerca de dez mil anos, o clima no Nordeste era diferente do atual. Nessa época, a caatinga seria menor e grande parte dos atuais estados nordestinos estaria coberta por matas com numerosos rios. Do litoral ao Amazonas, existiriam florestas habitadas por várias espécies de animais, que se distribuíam livremente.
Com o passar dos anos, mudanças na temperatura e umidade da
região teriam favorecido o crescimento da caatinga e a redução das
florestas. Por isso, hoje existem apenas pedaços de matas dentro do
semi-árido. Os mamíferos que permanecem juntos aos restos de florestas,
como os macacos guaribas, provavelmente habitavam áreas mais extensas no
passado.
Alguns pesquisadores crêem que a ação do ser humano acelerou o processo de expansão das caatingas. Por causa do desmatamento intenso e da exploração de madeira, que começou na época do descobrimento do Brasil, rios teriam desaparecido e o clima, tornado-se mais seco. Essas mudanças seriam a causa do crescimento da caatinga.
No entanto, os biólogos ainda precisam debater e pesquisar muito sobre esse assunto para chegar a uma conclusão. De qualquer maneira, de uma coisa eles têm certeza: os mamíferos da caatinga merecem ser mais bem estudados. Afinal, apenas dessa forma será possível saber o que aconteceu e o que está ocorrendo com o meio ambiente no Nordeste do Brasil.
Alguns pesquisadores crêem que a ação do ser humano acelerou o processo de expansão das caatingas. Por causa do desmatamento intenso e da exploração de madeira, que começou na época do descobrimento do Brasil, rios teriam desaparecido e o clima, tornado-se mais seco. Essas mudanças seriam a causa do crescimento da caatinga.
No entanto, os biólogos ainda precisam debater e pesquisar muito sobre esse assunto para chegar a uma conclusão. De qualquer maneira, de uma coisa eles têm certeza: os mamíferos da caatinga merecem ser mais bem estudados. Afinal, apenas dessa forma será possível saber o que aconteceu e o que está ocorrendo com o meio ambiente no Nordeste do Brasil.
Pablo Rodrigues Gonçalves,
Departamento de Vertebrados,
Museu Nacional,
Universidade Federal do Rio de Janeiro
FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.
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