quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

TELESCÓPIO VÊ ÁGUA NO PLANETA-ANÃO CERES ( Astronomia )

O planeta-anão Ceres, com órbita entre Marte e Júpiter, possui água em sua superfície, indicam imagens do telescópio espacial Herschel, que enxerga infravermelho. Seria uma descoberta trivial, não fosse pelo fato de que teorias físicas proíbem objetos úmidos de se formarem ali.
O estudo desse pequeno mundo –habitante da zona conhecida como Cinturão de Asteroides– não teria em princípio a capacidade de abalar teorias astronômicas importantes. A nova descoberta sobre Ceres, porém, pode levar até mesmo a uma revisão das teorias de por que a própria Terra possui água.
As moléculas de H2O presentes no planeta-anão estão na forma de vapor, que emana de duas fontes diferentes, afirma estudo sobre a descoberta, publicado na edição de hoje da revista "Nature". É relativamente pouca água –seis litros sendo liberados por segundo–, mas é o suficiente para estimular astrônomos a rever teorias sobre a formação dos Sistema Solar.
No centro da discussão está a questão da diferença entre um cometa e um asteroide. Um cometa, pela definição clássica, é um corpo celeste de órbita alongada, capaz de viajar para os confins do Sistema Solar, e com um bocado de gelo de água em sua composição. Já um asteroide é um corpo seco e rochoso, com órbitas confinadas à parte mais interna do Sistema Solar, antes de Júpiter.
Luciano Veronezi/Editoria de Arte/Folhapress
ESTRANHO NO NINHO
Acreditava-se que Ceres, promovido a planeta-anão apenas em razão de seu tamanho, seria essencialmente um asteroide. Ele habita, aliás, uma região orbital conhecida como Cinturão de Asteroides.

Nessa região, o calor do Sol é forte demais para que seja possível o acúmulo de gelo na superfície de um corpo pequeno. Objetos retendo H2O, em princípio, só se formam em órbitas mais distantes.
"Ceres, em teoria, deveria ser rochoso e seco", disse à Folha Michael Küppers, astrônomo da Agência Espacial Europeia que liderou a descoberta anunciada agora. "Talvez Ceres tenha surgido no próprio cinturão de asteroides, mas depois tenha coletado matéria de objetos que vieram do Sistema Solar exterior e se chocaram com ele."
Outra hipótese é que Ceres tenha se formado longe do Sol e depois sido tragado para perto. Algo capaz de fazer isso seria uma "migração" da órbita de Júpiter, o segundo corpo mais maciço do Sistema Solar, capaz de desestabilizar objetos menores.
"Uma pista inicial de que planetas gigantes do Sistema Solar podem sofrer migração drástica veio em 1995, com a descoberta de alguns planetas extrassolares gigantes orbitando estrelas a uma distância menor do que a do Sol a Mercúrio –distância orbital onde não poderiam ter se formado", escreve Humberto Campins, da Universidade da Flórida Central, comentando a descoberta de Küppers.
A Terra também formou-se relativamente perto do Sol e, longe de cometas que poderiam "abastecê-la", não poderia ter água. Nossos oceanos, porém, podem ter sido semeados por asteroides "úmidos" –objeto de existência questionada até agora.

Não se sabe de onde sai o vapor que Ceres exala. Küppers suspeita que sejam ou crostas de gelo evaporando no fundo de crateras ou "criovulcanismo" –vulcões alimentados por gelo em vez de lava. A sonda espacial Dawn, que visitará Ceres em 2015, poderá resolver o mistério. 


FONTE: Folha.com/ciência

sábado, 22 de fevereiro de 2014

ELEFANTES SÃO CAPAZES DE "SE CONSOLAR" EM MOMENTOS DE ANGÚSTIA ( Comportamento Animal/Natureza )

Comportamento animal

Elefantes são capazes de 'se consolar' em momentos de angústia

Cientistas observaram que os animais se aproximam de indivíduo estressado para um contato físico mais frequente do que o registrado durante períodos de calma

Elefantes asiáticos
Elefantes asiáticos: comportamento de conforto, companhia e condolência também foi notado entre símios, canídeos e certos corvídeos (Holger Hollemann/AFP)
Os elefantes asiáticos são capazes de se consolar e de acalmar uns aos outros com contato físico e vocalizações em momentos de angústia, segundo um estudo publicado nesta terça-feira no periódico PeerJ.
"As pessoas notam com facilidade que elefantes são inteligentes e empáticos. Mas, como cientistas, tínhamos de provar essa constatação", disse o autor do estudo, Joshua Plotnik, que iniciou a pesquisa na Universidade Emory, nos Estados Unidos, e hoje trabalha na Universidade Mahidol, na Tailândia.
Plotnik e sua equipe observaram 26 elefantes asiáticos durante quase um ano em um campo no norte da Tailândia. Eles registraram as situações em que os animais demonstravam estresse e as reações dos elefantes próximos. O estresse era causado por motivos observáveis, como a passagem de um cachorro, de uma serpente ou de algum outro bicho, além da presença de um elefante hostil, ou por episódios que os cientistas não puderam determinar.
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"Quando um elefante se inquieta, suas orelhas se estendem para os lados, a cauda se levanta ou se curva e o animal emite um barulho de baixa frequência, como uma trombeta", explicou Plotnik. O estudo revelou que os elefantes ao redor se aproximavam do indivíduo estressado para um contato físico direto mais frequente do que o registrado durante os períodos de calma.
O consolo entre animais é algo considerado raro, embora exista evidência empírica de comportamentos de conforto, companhia e condolência entre símios, canídeos e certos corvídeos. No caso dos elefantes, segundo Frans de Waal, coautor do estudo e diretor do Centro Nacional Yerkes de Pesquisa de Primatas da Universidade Emory, não é surpreendente que eles demonstrem preocupação mútua, em função de "seus fortes vínculos sociais".

"O estudo demonstra que os elefantes se agitam quando veem outros animais passando por situações de estresse e, por isso, se aproximam para acalmá-los, em um gesto que não é muito diferente do dos chimpanzés ou dos humanos ao abraçar alguém em um momento de angústia", disse.

(Com EFE)

FONTE: Revista Veja/Ciência