terça-feira, 23 de abril de 2013

O QUE HAVIA ANTES DO BIG BANG ? ( Cosmologia )

COSMOLOGIA

É o que se perguntam os cosmologistas. Ninguém sabe explicar as anomalias da imagem abaixo, que retrata o Universo quando era um recém-nascido

PETER MOON
|
|
Os cientistas não gostam de falar do que não sabem. Menos ainda revelar a própria ignorância. É por isso que nenhum cosmologista envolvido na produção do mapa mais nítido da origem do Universo, divulgado no dia 21 de março, tentou explicar as anomalias surpreendentes da imagem abaixo. Ninguém as explicou porque não têm explicação. Como explicar o inexplicável é o ofício da ciência, os cosmologistas estão intrigados.


O Universo é bem velho. Surgiu há 13,8 bilhões de anos numa explosão conhecida como Big Bang, que lançou matéria e energia em todas as direções. Quando os astrônomos usam telescópios para perscrutar os céus, observam galáxias que estão milhões de anos-luz da Terra. Um ano-luz é a distância que a luz percorre em 365 dias, à velocidade de 300.000 quilômetros por segundo. Por isso, telescópios também são máquinas do tempo. Olhar estrelas e galáxias é ver como elas eram quando a luz que enxergamos foi emitida. Quanto mais potente o telescópio, mais longe no passado enxerga. Observatórios poderosos fotografam galáxias a bilhões de anos-luz. Em dezembro, o telescópio espacial Hubble revelou o objeto mais distante já visto, uma galáxia a 13,4 bilhões de anos-luz. Sua luz começou a viajar em nossa direção quando o Universo tinha 400 milhões de anos. É improvável que se veja mais longe. Aquela galáxia é das mais antigas. Antes dela, não havia estrelas. O que existia era a energia emitida 380 mil anos após o Big Bang. O tênue eco daquela energia ainda reverbera nos céus. É conhecido como Radiação Cósmica de Fundo (CBR, de cosmic background radiation).

Seu mapeamento começou em 1992.

O satélite Explorador do Fundo Cósmico (Cobe), da Nasa, revelou uma distribuição homogênea de radiação no cosmo, um fato de acordo com a teoria do Big Bang. Em 2003, a Sonda Anisotrópica de Micro-ondas Wilkinson (WMAP), também da Nasa, fez um mapa mais preciso. A trama se mostrou mais intrincada, porém ainda homogênea.
O mapa mais nítido do
Universo quando jovem
revela duas anomalias
que surpreendem a ciência 
Agora, tudo mudou. O novo mapa, produzido pelo telescópio espacial Planck, da Agência Espacial Europeia (ESA), é o mais nítido. Revela a fina renda de um Universo nada homogêneo, em desacordo com as teorias. O granulado na imagem revela variações ínfimas na temperatura do espaço que nos cerca (o mapa é uma imagem em 360 graus do céu noturno, a partir do ponto de vista aqui da Terra). Os pontos amarelos e laranja indicam as regiões mais densas e quentes. Nelas se formariam as galáxias. Os pontos verdes e azuis indicam as regiões mais frias e vazias, que hoje representam vácuos intergaláticos. Isso era o esperado. O que não se explica é a enorme faixa alaranjada, mais quente, que divide o céu de ponta a ponta. Sem falar no misterioso círculo vazio e gelado no canto inferior direito. Tais anomalias simplesmente não deveriam existir. “A qualidade do retrato do Universo criança feito pelo Planck revela que nossa visão do cosmo está longe de ser completa”, diz Jean-Jacques Dordain, diretor-geral da ESA.


A possibilidade da existência das anomalias fora levantada no mapa de 2003, mas prontamente descartada como uma imprecisão. “O fato de o Planck ter detectado as anomalias elimina qualquer dúvida sobre sua existência. Elas são reais. Temos de buscar explicações plausíveis”, afirma o físico italiano Paolo Natoli, da Universidade de Ferrara. O cosmologista Max Tegmark, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, é membro da equipe responsável pelo novo mapa e se diz “encantado”. “O Universo está tentando nos dizer alguma coisa.”


O que será? A revelação das anomalias não fere a teoria tradicional do Big Bang. Sua vítima é outra, a teoria inflacionária. Segundo ela, em seus primeiros trilionésimos de segundo, o Universo passou por uma expansão exponencial, chamada de inflação. Daí surgiram as variações na textura cósmica, que até então pensávamos ser homogênea. Pode uma nova teoria explicar por que o Universo bebê tinha duas anomalias concêntricas? Muitos cosmologistas creem que nosso Universo é só um entre infinitos outros. Se for este o caso, seria aquele misterioso círculo escuro um umbigo cósmico? A imagem é fascinante. É hora de os cosmologistas começarem a sonhar.
Retratos da infância cósmica (Foto:  Nasa/Cobe Science Working Group/WMAP  Science Team/ESA and the Planck Collaboration)

segunda-feira, 22 de abril de 2013

CIENTISTAS ENCONTRAM EMBRIÕES MAIS ANTIGOS DE DINOSSAUROS ( Paleontologia )

Paleontologia


Fósseis achados na China têm mais de 190 milhões de anos e preservam material orgânico em seu interior

embrião
Segundo os cientistas, os dinossauros se moviam dentro dos ovos, do mesmo modo como fazem as aves modernas (Ilustração por D. Mazierski)
Um grupo de pesquisadores encontrou, na província de Yunnan, na China, ossos de embriões de dinossauros com mais de 190 milhões de anos — são os vestígios mais antigos de embriões desses animais já encontrados. Foram desencavados mais de 200 ossos, pertencendo a 20 indivíduos em estados diferentes de desenvolvimento, o que possibilitou aos pesquisadores estudarem, de modo inédito, o crescimento dos dinossauros ainda dentro dos ovos. A pesquisa foi publicada nesta quarta-feira na revista Nature.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Embryology of Early Jurassic dinosaur from China with evidence of preserved organic remains

Onde foi divulgada: periódico Nature

Quem fez: Robert R. Reisz, Timothy D. Huang, Eric M. Roberts, ShinRung Peng, Corwin Sullivan, Koen Stein, Aaron R. H. LeBlanc

Instituição: Universidade de Toronto, no Canadá

Dados de amostragem: Mais de 200 ossos pertencentes a embriões de dinossauros, encontrados na província de Yunnan, na China

Resultado: Os pesquisadores descobriram que eles pertenceram a cerca de 20 indivíduos em estágios diferentes de desenvolvimento, o que permitiu que estudassem como os dinossauros se desenvolviam ainda dentro do ovo
Os ossos descritos no estudo pertenciam a embriões do Lufengosaurus, um dinossauro muito comum na região no começo do Período Jurássico. De pescoço longo, ele chegava a medir oito metros quando adulto. Os fósseis encontrados pelos pesquisadores são extremamente raros. Em primeiro lugar, por causa de sua idade: a maioria dos outros vestígios de embriões de dinossauros pertencem ao Período Cretáceo, dezenas de milhões de anos depois dos Lufengosaurus terem habitado a Terra.
Sua importância também pode ser explicada pela alta quantidade de indivíduos da mesma espécie encontrados. Normalmente, os pesquisadores descobrem ninhos de dinossauros com apenas um ovo. Dessa vez, eles pensam ter encontrado em um mesmo local vários ninhos diferentes, com embriões em estágios distintos de seu crescimento. Assim, os cientistas puderam estudar os padrões de desenvolvimento do animal. “Estamos abrindo uma nova janela para a vida dos dinossauros. Essa é a primeira vez em que somos capazes de rastrear o crescimento de dinossauros no estágio embrionário, enquanto eles se desenvolviam”, diz Robert Reisz, pesquisador da Universidade de Toronto responsável pelo estudo.
Os pesquisadores focaram suas análises no maior osso do embrião: o fêmur. Segundo o estudo, esses ossos mostraram uma rápida taxa de crescimento, dobrando de tamanho — de 12 para a 24 milímetros — ainda dentro do ovo. Essa velocidade pode indicar que os dinossauros saurópodes, como o Lufengosaurus, passavam por um curto período de incubação.
R. Reisz/EFE
Embrião de dinossauro de cerca de 190 milhões de anos, preservado em sedimentos que foram encontrados na província de Yunnan, na China
Fósseis foram preservados por mais de 190 milhões de anos em sedimentos encontrados em Yunnan, na China
A análise também mostrou que os fêmures dos animais passavam por mudanças em seu formato enquanto os embriões se desenvolviam. Exames da anatomia e da estrutura interna do osso mostraram que o movimento dos músculos tinha um papel importante nessa alteração de formato. “Isso sugere que os dinossauros, assim como as aves modernas, se moviam dentro dos ovos. É a primeira evidência desse tipo de movimento nos dinossauros”, disse Reisz.
Proteínas antigas - Os paleontólogos também descobriram evidências de material orgânico dentro dos ossos. Ao fazer análises químicas dos fósseis, eles encontraram restos de fibra de colágeno, uma proteína normalmente encontrada em esqueletos. "Os ossos de animais antigos são transformados em rocha durante o processo de fossilização. Ter encontrado restos de proteínas nesses embriões é realmente incrível, especialmente porque os espécimes são mais de 100 milhões de anos mais antigos do que outros fósseis que contenham material orgânico semelhante”, diz Reisz.

Até agora, apenas um metro quadrado do sítio paleontológico em Yunnan foi escavado, mas a área já revelou, além dos ossos, pedaços de cascas de ovo — as mais antigas já encontradas de qualquer vertebrado terrestre. 

FONTE: Revista Veja/Ciência

domingo, 21 de abril de 2013

FACEBOOK É MAIS TENTADOR DO QUE CIGARRO E SEXO, DIZ ESTUDO ( "Curiosidades )


Estudo americano na Alemanha concluiu que é mais difícil resistir à navegação nas redes sociais do que a outras atividades, como fumar, beber, dormir e fazer sexo

REDAÇÃO ÉPOCA
|
|
Facebook é mais tentador do que cigarro e sexo, diz estudo (Foto: Shutterstock)
Você é viciado em Facebook? Estudo da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos, descobriu que o desejo em verificar as redes sociais – como Twitter, Pinterest e Facebook – é uma das tentações mais difíceis de resistir, mais até que o cigarro e o sexo.

Os pesquisadores reuniram 205 voluntários na Alemanha, de 18 a 85 anos de idade, e monitoraram suas vidas durante uma semana. A cada 30 minutos, os participantes tinham que comunicar os cientistas se tinham sentido ou não vontade de navegar nas redes sociais, assim como documentar outros desejos, como fumar, beber e dormir.
Além de dizer se tinham ou não cedido à tentação, os voluntários classificavam-na como “forte” ou “irresistível”. A conclusão: resistir à tentação de usar o Twitter, o Facebook e outras redes foi mais difícil do que a de fumar, beber e até mesmo dormir.
Segundo Wilhem Hofmann, coordenador do estudo, uma das principais explicações está na facilidade em se usar as redes sociais. Publicar no Twitter ou no Facebook não é algo que demanda muito esforço, especialmente quando você pode fazer isso com o toque de alguns botões, diferente do sexo e do cigarro.

FONTE: Revista Época/Ciência e Tecnologia

sábado, 20 de abril de 2013

UMA NOVA CASA PARA O FACEBOOK ( Tecnologia )

Tecnologia

O Home, versão da rede social para celulares, mostra que o Facebook depende da mobilidade para ser rentável e ganhar novos usuários – principalmente em países como o Brasil

RAFAEL BARIFOUSE
|
|
Telas do Facebook Home, uma versão da rede social para celulares que possuem o sistema operacional Android (Foto: Divulgação)
Há cerca de um ano, o Facebook era intensamente criticado por sua apresentação em celulares e tablets. Seus programas para aparelhos móveis tinham falhas graves. Pior ainda, a maior rede social do mundo não faturava um dólar sequer com anúncios exibidos neles. Isso começou a mudar em meados do ano passado. A empresa passou a exibir anúncios em celulares, reformulou seus aplicativos e fez mudanças em seu site para ficar mais atraente em telas menores. Comprou a rede social de fotos Instagram, um dos mais populares programas para smartphones. Tudo fazia parte de uma nova estratégia da companhia, de priorizar esses aparelhos em vez dos computadores tradicionais. Na quinta-feira passada, o fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, subiu ao palco do auditório da sede de sua empresa, em Menlo Park, na Califórnia, para anunciar a mais nova (e ambiciosa) investida nessa área: o Facebook Home. 

Trata-se de uma versão da rede social para celulares que possuem o sistema operacional Android. “Há 30 anos os celulares são criados com base nos programas e tarefas que podemos realizar com eles, em vez de ter as pessoas em mente”, disse Zuckerberg. “A tela principal é a alma do telefone e deve refletir quem é o usuário.” Hoje o Facebook é apenas mais um das dezenas de programas instalados no celular. Com o Home, a rede social vira a protagonista do aparelho. O programa a transforma na tela principal do smartphone. Ao ligá-lo, a primeira coisa que se vê no celular são as mensagens postadas na rede social, sobrepostas a fotos de amigos que ocupam toda a tela. Ainda é possível acessar os outros aplicativos instalados no aparelho e uma central de mensagens, que exibe SMSs e conversas feitas no próprio Facebook. “O Home é o primeiro produto desenvolvido nessa nova fase. Agora nos guiamos pela ideia de que a melhor forma de acessar e usar o Facebook é pelo celular”, disse Cory Ondrejka, vice-presidente de produtos móveis, em entrevista exclusiva à ÉPOCA pouco depois do lançamento.
Ondrejka é o grande maestro da mudança da estratégia da empresa, que começou em 2011. Ex-diretor técnico da Linden Labs, empresa que criou o mundo virtual Second Life, entrou para o Facebook em 2010, depois que a rede social comprou sua empresa, a Walletin, criadora de sistemas de dinheiro virtual. No Facebook, o executivo encontrou uma empresa em que o desenvolvimento de todos os produtos para celulares e tablets era feito apenas por uma equipe. “Isso não era bom em uma cultura colaborativa como a do Facebook. Buscamos novos talentos e treinamos todos na empresa sobre mobilidade”, diz. Ele ainda reconheceu que os aplicativos da empresa deixavam a desejar e decidiu recriá-los do zero. Ao mesmo tempo, começou há cerca de um ano a desenvolver o Home. “Ainda temos pontos a melhorar, mas uma coisa boa no Facebook é que sempre acreditamos que podemos melhorar e que o trabalho nunca está terminado”, afirma.

Os esforços iniciados no ano passado deram resultado. No último trimestre de 2012, o número de acessos diários por celulares e tablets ultrapassou os feitos por computadores. A receita com anúncios exibidos nesses aparelhos passou de zero para 23% do total. Agora a rede social espera que o Home a torne ainda mais popular (e rentável) nos aparelhos móveis. A novidade foi recebida com um misto de ceticismo e elogios. A princípio, não haverá publicidade no novo programa, mas Zuckerberg afirmou que isso está em seus planos. No entanto, os consumidores gostarão de ver anúncios na tela principal do seu aparelho? A forma como o Facebook fará isso será chave para o sucesso comercial de seu novo produto. 
O celular e o tablet são fundamentais para a rede social se manter relevante num mundo em que a computação marcha rumo à mobilidade. Em 2011, os smartphones ultrapassaram os computadores em vendas pela primeira vez. Neste ano, o mesmo deve acontecer com os tablets. Ao mesmo tempo, esses aparelhos estão se tornando o principal instrumento para usar a internet. Um estudo consultoria NDP Group mostra que 27% das pessoas que os compram usam menos seus PCs para navegar e usar o Facebook. De acordo com análises feitas pela própria rede social, entre os usuários do Facebook, quem o acessa pelo computador tem 40% de probabilidade de usá-lo ao menos uma vez ao dia. Quem o acessa por aparelhos móveis tem 70%. Com um produto como o Home, esse índice sobe automaticamente para 100%, já que a rede social se torna inescapável.
A mobilidade também é crucial para crescimento do Facebook. Em setembro do ano passado, a rede social atingiu a marca de 1 bilhão de usuários. Na época, Zuckerberg declarou que agora os esforços da companhia estavam voltados para o próximo bilhão. Não será fácil. Os dados mais atuais mostram que o Facebook conquistou somente 60 milhões de usuários desde então. Em países onde mais de 80% da população já usa a rede social, como os Estados Unidos e o Reino Unido, houve uma queda no número de membros no fim de 2012. Uma pesquisa recente do instituto Pew Research Center constatou que 27% dos americanos consultados pretendiam passar menos tempo na rede social. Se crescer muito lentamente ou, pior, parar de crescer por completo, o Facebook corre o risco de frustrar investidores, ver o interesse dos anunciantes se voltarem para outros sites e cair na irrelevância de outras redes sociais que vieram antes, como o MySpace e o Friendster.
Com 2 bilhões de usuários de internet no mundo, ainda existe muita gente fora do Facebook, principalmente nos países emergentes. Nesses locais, a internet móvel será ainda mais importante para o Facebook. “A internet fixa nos mercados emergentes está concentrada nos grandes centros”, diz Leonardo Tristão, diretor-geral do Facebook no Brasil. “É natural que a cobertura móvel tenha um papel estratégico para conquistar novos usuários. O próximo bilhão virá de lugares como Indonésia, Índia e Brasil.”
No Brasil, os desafios para o Facebook móvel são ainda maiores. Hoje 67 milhões de brasileiros usam a rede social – num universo de 190 milhões de habitantes. Desse público, só 30% a acessam pelo celular, abaixo da média global de 50%, de acordo com Tristão. Há ainda a predominância de celulares de baixo custo. São 200 milhões de celulares comuns e só 30 milhões de smartphones. Por isso, a empresa criou uma área no Brasil especificamente para lidar com as operadoras e aumentar o uso pelo celular. “Muita gente ainda acha que um celular mais barato não acessa a internet ou que é caro demais”, diz Ricardo Sangion, diretor de parcerias e mobilidade. “O brasileiro ainda precisa entender melhor como usar o telefone. Isso leva um tempo.” A área de Sangion chega para complementar uma estratégia que já contava com uma versão do aplicativo do Facebook para aparelhos mais simples, lançou promoções em parcerias com operadoras que não cobram pelo tráfego de dados no acesso à rede social e até um sistema que permite publicar mensagens por SMS.
Alguns críticos se perguntam quem irá querer um telefone em que o Facebook é tão proeminente. Ondrejka, o idealizador do Home, está confiante. “Não se trata de dar destaque ao Facebook, mas ao conteúdo gerado por seus amigos e outros contatos nele. Quando usam o celular, as pessoas gastam mais tempo em nosso aplicativo do que em qualquer outro. Por isso faz sentido criar um produto assim”, afirma o executivo. “A melhor parte de lançar algo novo é colocar nas mãos das pessoas e ver onde erramos A companhia entendeu que pode aprender rapidamente e criar produtos de qualidade. Era isso que eu queria quando assumi esse posto.” Talvez seja essa mudança, e não a investida na mobilidade, que possa realmente fazer diferença para uma empresa como o Facebook.

FONTE: Revista Época/Ciência e Tecnologia

sexta-feira, 19 de abril de 2013

TAMANHO DO PÊNIS É, SIM, IMPORTANTE PARA AS MULHERES, DIZ ESTUDO ( Antropologia )

Evolução


Cientistas australianos avaliaram quais características alteravam a atratividade do corpo masculino. As mulheres preferiram os tamanhos maiores

figuras masculinas
As voluntárias avaliaram 343 figuras masculinas diferentes, que variavam em sua altura, tamanho do pênis  e proporção entre ombros e cintura ((PNAS/Reprodução))
 
Um novo estudo publicado nesta segunda-feira na revista PNAS mostra que, sim, o tamanho importa. Pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália analisaram a reação de um grupo de mulheres a 343 formatos de corpos masculinos diferentes e descobriram que existem algumas características que deixam um homem mais atraente, entre elas o tamanho do pênis.
CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Penis size interacts with body shape and height to influence male attractiveness

Onde foi divulgada: periódico PNAS

Quem fez: Brian S. Mautz, Bob B. M. Wong, Richard A. Peters e Michael D. Jennions

Instituição: Universidade Nacional da Austrália

Dados de amostragem: 105 mulheres australianas que avaliaram 343 imagens de corpos masculinos com altura, proporção entre ombro e cintura e tamanho de pênis diferentes

Resultado: Ao analisar os dados, os pesquisadores descobriram que as três características importavam para medir o quanto uma mulher considerava o corpo de um homem atraente
O tamanho médio do órgão sexual masculino costuma variar de espécie para espécie. Entre os humanos, por exemplo, ele é maior do que nos outros grandes primatas, seus parentes evolutivos mais próximos. O gorila, por exemplo, apesar de poder chegar até os dois metros de altura, tem um pênis de apenas quatro centímetros (o humano, flácido, tem um tamanho médio de 9 centímetros e de 14 centímetros ereto). Essa variação costuma ser explicada pela taxa de sucesso que os diferentes tipos de pênis têm na hora da fertilização: a evolução tenderia a selecionar os órgãos sexuais responsáveis pelos maiores índices de sucesso reprodutivo. Os pesquisadores, no entanto, dizem que o tamanho da genitália masculina também pode ser produto de uma seleção sexual, e a preferência feminina teria, nesse caso, ajudado a selecionar pênis cada vez maiores na espécie humana.
Para descobrir se as mulheres realmente consideram que tamanho é documento, pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália realizaram uma pesquisa com 105 voluntárias heterossexuais de seu país. Elas foram apresentadas a uma série de figuras masculinas geradas por computador, cada uma variando em três características: tamanho do pênis (em estado flácido), altura e proporção entre ombros e cintura (pesquisas anteriores já haviam mostrado que homens com altos valores nas duas últimas características são mais atraentes). As figuras mostravam sete variações em cada uma dessas características, fornecendo, ao todo, 343 formatos diferentes de corpo. As mulheres tinham de avaliar cada figura conforme sua atratividade, ajudando assim os pesquisadores a descobrir quais características eram mais importantes.

Como resultado, descobriram que a característica mais importante para um homem ser considerado atraente é a proporção entre o tamanho dos ombros e a cintura. Em seguida, aparecem empatados a altura e o tamanho do pênis. Essas características também se relacionam entre si, e as mulheres consideraram o tamanho da genitália mais importante entre os homens mais altos e com maiores proporções entre ombro e cintura.

Seleção sexual -  
A pesquisa fornece indícios de que o tamanho do pênis flácido pode afetar no quanto uma mulher considera um determinado homem atrente. Os pesquisadores perceberam, no entanto, que a atratividade não variava de forma constante conforme o tamanho do pênis mudava. Nos tamanhos menores, cada aumento no órgão proporcionava um grande acréscimo na atratividade masculina. Mas, a partir dos 7,6 centímetros — tamanho menor do que a média da espécie humana — os aumentos sucessivos vão se tornando cada vez menos importantes.
Os índices de atratividade também estiveram relacionados ao biotipo da mulher que avaliava as figuras. Quanto mais alta fosse a voluntária, mais importância ela dava à altura masculina. Também houve uma pequena tendência de as mulheres mais obesas daram mais importância ao tamanho do órgão sexual.

Os cientistas dizem ser difícil explicar as origens dessas preferências femininas, que podem ter causas tanto culturais quanto biológicas. Mas concluem que, independente do mecanismo por trás disso, o resultado do estudo apoia a hipótese de que as escolhas de companheiros por parte das mulheres pode ter levado à evolução de maiores pênis nos seres humanos. É importante ressaltar que essa preferência tem origens pré-históricas, quando os humanos e seus ancestrais não usavam roupas. 

FONTE: Revista Veja/Ciência

INDIANO COMPRA CAMISA DE OURO DE R$ 491 MIL REAIS ( "Excentridades Humanas" )

15/04/2013 - 07h48

DA BBC BRASIL
Um empresário indiano comprou uma camisa feita inteiramente de ouro e que vale US$ 250 mil (cerca de R$ 491 mil).
Apelidado de ''o homem de ouro'', Datta Phuge costuma usar anéis, pulseiras grossas e um medalhão de ouro.

A camisa pesa um total de 3,3 quilos. É uma vestimenta extravagante, mas Phuge defende sua exótica roupa.
"Algumas pessoas me perguntam porque eu uso tanto ouro. Mas sempre foi o meu sonho. As pessoas têm diferentes aspirações. Algumas pessoas da elite querem ter um Audi ou um Mercedes, e ter carrões. Eu escolhi o ouro'', afirma.

BBC
Indiano compra camisa de ouro de R$ 491 mil; vestimenta pesa mais de 3 quilos e exige que dono saia com vários seguranças
Indiano compra camisa de ouro de R$ 491 mil; vestimenta pesa mais de 3 quilos e exige que dono saia com vários seguranças
SEGURANÇAS
Como se trata de uma vestimenta pouco prática, a camisa só é usada em ocasiões especiais, como festas e eventos.
Phuge conta que ela desperta uma reação de misturas. Alguns ficam impressionados e outros acham que se trata de ostentação.
De toda forma, a fim de garantir sua paz quando veste a roupa de ouro, Phuge conta com diversos seguranças, entre 30 a 40 pessoas.
A camisa foi feita sob encomenda por uma empresa especializada. Tejpal Rankar, da Rankar Jewellers, conta que a companhia pesquisou diferentes cortes e padrões e procurou fazer com que a roupa não fosse muito dura e pesada para usar.
A equipe de estilistas da empresa fez a camisa de ouro utilizando fios italianos e uma máquina especial.
Rankar conta que a inspiração foram imagens antigas de reis indianos e suas armaduras. A camisa é forrada com veludo para evitar de arranhar seu dono. 

FONTE: Folha.com/BBC Brasil

quinta-feira, 18 de abril de 2013

QUÃO RARA É A VIDA NO UNIVERSO ? ( Artigo científico )

Abril 2013

Nesta semana, a agência espacial americana Nasa autorizou a construção de um satélite caçador de planetas parecidos com a Terra, mas que giram em torno de estrelas distantes. Com o nome de Tess (do inglês "Transit Exoplanet Survey Satellite"), ele identificará a ligeira queda da luz estelar provocada pela passagem de um planeta à frente de uma estrela, o método do "trânsito", e deverá ser lançado em 2017.
Kepler, a missão atual, usa o mesmo método e vem identificando milhares de potenciais planetas e confirmando centenas deles. Tess buscará planetas em uma região bem mais ampla do céu, focando em estrelas mais brilhantes.
Com isso, cientistas esperam identificar planetas mais parecidos com a Terra. A questão é saber quão raro é o nosso planeta, já que a maioria das estrelas tem planetas orbitando à sua volta.
Nossa galáxia, a Via Láctea, tem em torno de 200 bilhões de estrelas. Se pelo menos metade delas tem planetas e se, em média, estrelas têm em torno de quatro planetas, chegamos a 400 bilhões de planetas só na nossa galáxia.
Como não só planetas mas também suas luas podem ter condições favoráveis à vida, o número pode chegar a um trilhão de mundos. Sabemos que ao menos um planeta nesse trilhão tem vida. Quantos outros podem ter? Milhões? Centenas? Nenhum?
Parte da resposta depende justamente da frequência com que planetas rochosos como a Terra aparecem dentro da "zona habitável", a região em torno de uma estrela onde planetas e luas podem ter água líquida. A complicação é que certas luas fora dessa zona podem ter água líquida, como é o caso de Europa, a lua de Júpiter, que tem um oceano com quatro vezes mais água do que todos os oceanos da Terra, sob uma camada de gelo de dois quilômetros de espessura.
Portanto, um otimista diria que o Universo é cheio de vida, que é questão de tempo até acharmos algum sinal disso. Afinal, com tantos planetas e luas por aí... Só que a vida é algo muito complexo. O primeiro passo --reações químicas que de alguma forma geram vida da não vida-- não é algo trivial. Tanto que não temos a menor ideia de como repeti-lo no laboratório.
Missões como Kepler e Tess poderão até identificar traços de substâncias ligadas à vida na atmosfera de exoplanetas, como o ozônio e o oxigênio. Se isso ocorrer, teremos evidência de que a vida pode existir por lá. E é muito provável que algum tipo de vida simples exista em outros mundos.
Mas se você for um entusiasta de inteligências extraterrestres, a coisa fica bem mais difícil. Da vida simples aos seres multicelulares --e destes aos inteligentes-- há muitos obstáculos que dependem dos detalhes da história do planeta.
Junte-se a isso a ausência de contato com "eles" e vemos que provavelmente estamos sós. Se não sós, ao menos isolados neste canto da galáxia. O que significa que somos raros e valiosos. Essa é uma das grandes revelações da ciência atual. Basta o mundo se convencer disso e começar a mudar.
Marcelo Gleiser Marcelo Gleiser é professor de física e astronomia do Dartmouth College, em Hanover (EUA). É vencedor de dois prêmios Jabuti e autor, mais recentemente, de "Criação Imperfeita". Escreve aos domingos na versão impressa de "Ciência".

FONTE: Folha.com/ciência

quarta-feira, 17 de abril de 2013

CANDIDATO A ANTEPASSADO DO GÊNERO HUMANO, MEMBRO EXTINTO DA ESPÉCIE HUMANA GANHA ANÁLISE COMPLETA ( Paleoantropologia )


REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Uma controvertida espécie de hominídeo (membro do grupo de primatas que desemboca no homem moderno) acaba de ganhar um "check-up" completo, dos pés à cabeça.
Segundo os cientistas responsáveis pelo trabalho, trata-se da análise mais detalhada já feita de um membro extinto da linhagem humana, e os dados podem fortalecer a ideia de que a criatura era mesmo ancestral do nosso gênero, o Homo.
Esse ponto ainda promete provocar muita polêmica entre os estudiosos da evolução humana, mas a riqueza de dados na nova "ficha médica" da criatura, o Australopithecus sediba, é inegável.
Os resultados mais importantes vêm da passagem do australopiteco pelo "ortopedista" e pelo "dentista", digamos, que ajuda a reconstruir o esquisitíssimo andar do primata de 2 milhões de anos e traz mais pistas sobre sua posição na árvore genealógica do homem.
Os achados estão numa série de seis artigos científicos, publicados em formato eletrônico pela revista americana "Science" e coordenados pelo paleoantropólogo Lee Berger, da Universidade do Witwatersrand, na África do Sul.
Berger foi o responsável por identificar os primeiros fósseis do A. sediba na região de Malapa, perto de Johannesburgo, quando prospectava a área acompanhado de seu cão e seu filho pequeno, Matthew.
Na nova batelada de artigos, ele e uma equipe internacional de colaboradores examinam em detalhe os restos mortais de três indivíduos da espécie (veja abaixo).

Editoria de Arte/Folhapress
PÉ CHATO
Uma das principais conclusões do estudo é que o A. sediba tem uma anatomia que é um curioso mosaico de características típicas dos grandes macacos e do gênero Homo. E nada mostra melhor isso do que o estudo das pernas e dos pés do bicho, conduzida por Jeremy DeSilva, da Universidade de Boston (EUA).
DeSilva, que herdou seu sobrenome de um trisavô do arquipélago português dos Açores, diz que, do ponto de vista dos humanos modernos, é como se a criatura tivesse pé chato.
"Se você o visse de longe, seria como uma pessoa andando, porque a perna e os quadris estariam totalmente estendidos, e não curvados, como os de um chimpanzé", explicou ele à Folha.
Quem chegasse mais perto, no entanto, veria que seus passos eram miudinhos e rápidos, em parte por causa do osso do calcanhar extremamente pequeno. Além disso, o pé chato levaria a uma reação em cadeia que torceria os joelhos e o quadril para dentro conforme o primata caminhasse.
"Ao observar isso, você provavelmente notaria quanta rotação e torção estavam acontecendo nas juntas dos pés, do joelho e dos quadris", diz DeSilva. Coisas parecidas acontecem com algumas pessoas que sofrem de problemas ortopédicos. Mas, no caso do A. sediba, esse andar esquisito é apenas a solução biomecânica que a espécie adotou para manter-se em duas pernas, afirma ele.
Coisas igualmente curiosas aparecem quando se olha a anatomia dos braços e do tronco do animal. No primeiro caso, ele provavelmente conseguia ficar suspenso nos galhos de árvores com facilidade parecida com a de um chimpanzé, embora suas mãos parecessem mais humanas. E seu tórax, com ombros aparentemente encolhidos, devia impedir que ele caminhasse balançando os braços ao lado do corpo, como fazemos hoje.
O quadro é completado pela análise das mandíbulas e dos dentes da criatura. Com base nesses indícios, a equipe propõe que ele tinha parentesco relativamente próximo com uma espécie sul-africana mais antiga, o Australopithecus africanus, por um lado, e com os primeiros Homo, por outro.
É nesse ponto que a coisa entorta um pouco, porém. Muitos paleoantropólogos defendem que os primeiros membros do gênero Homo são pelo menos meio milhão de anos mais antigos que o A. sediba --é o caso do célebre Homo habilis.
"O A. sediba é único e muito interessante, mas chegou tarde demais à festa", disse à "Science" o paleoantropólogo Brian Richmond, da Universidade George Washington (EUA). Com a publicação dos novos dados, espera-se que mais cientistas levem a espécie em consideração em seus modelos sobre a origem do gênero humano. 

FONTE: Folha.com/Ciência

terça-feira, 16 de abril de 2013

COBERTURA DE GELO NO ÁRTICO FICA ABAIXO DA MÉDIA TAMBÉM NO INVERNO ( Aquecimento Global )

Fotos: Imagens de satélite mostram a cobertura de gelo no Ártico no inverno. A primeira é de 15 de março de 2013, e a segunda, de 14 de março de 1983. Divulgação/NASA

O inverno de 2013 no Hemisfério Norte não foi frio o suficiente para que o Ártico se recuperasse do recorde de derretimento do verão de 2012. Depois de atingir a menor extensão já registrada, o mar voltou a congelar no inverno, mas a cobertura máxima de gelo ficou bem abaixo da média.
Segundo a Nasa, a cobertura de gelo no Ártico atingiu a sua extensão máxima no ano no dia 28 de fevereiro, quando os satélites registraram 15,9 milhões de quilômetros quadrados de cobertura de gelo. Parece muito, mas é a quinta menor taxa de mar congelado nos últimos 35 anos. O Ártico está com 374 mil quilômetros quadrados a menos de gelo do que a média das últimas três décadas.
As imagens acima ilustram a diferença de gelo nessas três décadas. A primeira foi tirada em 15 de março de 2013, e a segunda, em 14 de março de 1983. Ao comparar as duas, é possível ver os trechos que não congelaram em 2013.
(Bruno Calixto)

FONTE: Blog do Planeta

CHUVAS NO RN NOS ÚLTIMOS 50 ANOS: VEJA QUADRO DOS PIORES E DOS MELHORES ANOS DE INVERNO... ( Meteorologia )



 

FONTE: Tribuna do Norte

COLAR COM INSETOS DE 40 MILHÕES DE ANOS VAI A LEILÃO NO REINO UNIDO ( Notícias/Mundo )


DA BBC BRASIL
Um raro colar com 40 pedras de âmbar (resina fossilizada de árvores) será leiloado no Reino Unido neste mês.
Acredita-se que a joia poderá alcançar no leilão, segundo especialistas, o valor de 10 mil libras (cerca de R$ 30 mil).
O colar, que pertence a um colecionador particular que decidiu colocá-lo à venda, é uma verdadeira cápsula do tempo, já que as pedras contêm insetos de até 40 milhões de anos em seu interior.
O âmbar, que se formou na mesma época, vem da mina de La Toca, na República Dominicana.
Entre os insetos presos nas pedras estão mosquitos, moscas, aranhas e abelhas. O Museu Hunterian, da cidade de Glasgow, na Escócia, pesquisou os insetos e os identificou em um diagrama.
O leilão começa nos dia 23 de abril na casa de leilões Lawrences Fina Art, na cidade de Crewkerne, no condado de Somerset (sudoeste da Inglaterra). 

FONTE: Folha.com/BBC Brasil

segunda-feira, 15 de abril de 2013

MÉDICO PALESTINO DIZ QUE TRAFICA ESPERMA DE PRESOS PARA FECUNDAR SUAS MULHERES ( Notícias/Mundo )

14/04/2013 - 02h00


DIOGO BERCITO ENVIADO ESPECIAL A NABLUS (CISJORDÂNIA)
O palestino Ammar al Ziben, 38, está detido há 16 anos em Israel. Cumpre 27 sentenças de prisão perpétua e está proibido de receber visitas íntimas.
Ammar dizia à mulher, separado dela por um vidro, que já se considerava morto, incapacitado de dar continuidade à linhagem familiar.
Até que um recente esquema de contrabando de esperma e fertilização in vitro culminou, segundo o médico responsável, no nascimento de um pequeno garoto chamado Muhannad. Seu filho.
Seria o resultado de uma amostra de sêmen traficada de dentro de uma prisão para um laboratório, desafiando as autoridades penitenciárias israelenses.

Quique Kierszenbaum/Folhapress
O médico Abu Khaizaran em sua clínica de fertilização em Nablus, na Cisjordânia
O médico Abu Khaizaran em sua clínica de fertilização em Nablus, na Cisjordânia
Mas o garoto é também fruto da defesa do médico Salim Abu Khaizaran, 56, de que é preciso mitigar o que considera o drama familiar dos mais de 4.700 prisioneiros palestinos em Israel.
"Somos uma sociedade conservadora e gostamos de ter filhos", diz à Folha. "Há uma pressão muito grande sobre as mulheres. Em alguns casos, se o marido é solto, elas já não estão mais no período fértil e têm de aceitar que ele se case de novo."
A ideia de contrabandear sêmen dos palestinos partiu das lideranças presidiárias, que procuraram Abu Khaizaran para perguntar a ele se a fertilização seria viável do ponto de vista técnico.
O médico, por sua vez, consultou as autoridades islâmicas para investigar se a fertilização seria aceita religiosamente. Seria, e um pronunciamento legal ("fatwa") foi emitido a seu favor.
Foi a vez de Dallal al Ziben, mulher de Ammar, ir à clínica e pedir que Abu Khaizaran lhe ajudasse a realizar o sonho do marido: ter um filho. Antes da prisão, ele já tinha gerado duas meninas.
DOR
A ideia veio a Ammar em 2004, depois da morte de sua mãe, então em greve de fome pela libertação do filho. "Ele queria trazer uma pessoa à vida", diz Dallal, 32.
"No começo eu estava hesitante. Pensava em como as pessoas iriam olhar para mim, grávida, sabendo que meu marido está na prisão."
Encorajada pela família e pelo vilarejo de Maythalun, aceitou. Segundo ela, foram necessárias três tentativas, incluindo um fracasso na fertilização e um aborto natural. "Que ninguém pense que foi fácil. Foi muito doloroso, e não sei se faria de novo", diz.
Muhannad foi recebido com alegria na vila, "como se fosse uma festa de casamento", conta. Para o marido, diz, significou uma razão para lutar pela soltura.
Ammar foi preso em 1997, condenado pela acusação de treinar homens-bomba, de acordo com a sua mulher.
Segundo o médico, outras oito mulheres estão grávidas após passarem pelo mesmo procedimento. Na clínica, diz Abu Khaizaran, existem mais de 60 amostras de esperma de prisioneiros palestinos congeladas.
O médico e Dallal se recusaram a explicar de que maneira o sêmen é traficado e em que condições é retirado.
Procurada pela Folha, a autoridade penitenciária israelense diz que o contrabando de sêmen na prisão seria "muito difícil" de ocorrer. Mas não impossível.
"As condições de visita são restritivas, e só as crianças de até oito anos podem tocar os prisioneiros", diz a porta-voz Sivan Weizman. "Estão sempre sob vigilância."
Mas as crianças não são revistadas ao sair.
Weizman afirma que a proibição a visitas íntimas é por segurança. "Visitantes podem trazer outras coisas, como um telefone, uma arma", diz.
TESTEMUNHAS
No quesito técnico, a fertilização in vitro com o sêmen tirado da prisão seria também viável, de acordo com especialistas consultados pela Folha (leia mais ao lado).
Antes de congelar a amostra, Abu Khaizaran exige que duas testemunhas do marido e duas da mulher confirmem qual é a autoria do sêmen.
Os prisioneiros palestinos são um dos assuntos-chave para a retomada das negociações entre árabes e israelenses. O presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, exige que parte dos detentos seja solta.
Se para Israel eles são considerados terroristas, para palestinos os presidiários são encarados como heróis da resistência à ocupação.
Quando morrem na prisão, eles são enterrados como mártires, caso no início do mês de Maysara Abu Hamdiyeh -vítima de um câncer de esôfago, pelo qual ele era tratado em hospital.
O assunto estará especialmente em foco nesta semana. No dia 17, é relembrado o "dia do prisioneiro" nos territórios palestinos, e há manifestações programadas.
"É uma questão emocional", diz Abu Khaizaran. "Somos uma comunidade pequena, e todos conhecem alguém que está na prisão."
Ele afirma que não cobra pelos procedimentos médicos e que por causa disso tem grande prejuízo.
Também afirma que recusa o apoio oferecido pelos grupos políticos Hamas e Fatah, pois não quer "politizar o assunto".
"Que tipo de pessoa eu seria se pedisse dinheiro para essas famílias?" 

FONTE: Folha.com/Mundo

VIVEMOS EM TRÊS PLANETAS DIFERENTES ( História Climática do Planeta Terra )

AQUECIMENTO GLOBAL

Na nossa imaginação, a temperatura da Terra varia de forma mais ou menos homogênea ao longo do tempo. Mas não é bem assim. A história climática do planeta não é única. Cada região tem sua própria sequência de aquecimento ou resfriamento. Embora o planeta como um todo esteja esquentando em um ritmo acelerado por causa das atividades humanas nos últimos 100 anos, uma retrospectiva mais longa, que resgata toda a história da civilização, mostra como cada hemisfério se comportou de uma forma independente.
Um dos levantamentos mais completos dessas diferenças foi feito pela mesma equipe que reconstruiu o clima da Terra dos últimos 11 mil anos. Recentemente, eles publicaram sua pesquisa, segundo a qual o planeta esteve mais frio do que agora em 80% de nossa história, desde o início da agricultura. É o que mostra o gráfico abaixo. Ele apresenta como evoluiu a temperatura nos últimos 11.300 anos. As linhas de cores diferentes embaralhadas são os os 73 registros diferentes. A linha preta no meio é a média dos registros.
O mesmo grupo de pesquisadores das universidades do Estado do Oregon e de Harvard, nos EUA, fez um levantamento da variação de temperatura de diferentes latitudes do planeta. O resultado surpreende.
As três linhas acima mostram a variação de temperatura de diversas latitudes desde 9 mil anos antes de Cristo. Ou seja, há 11 mil anos.

A linha vermelha mostra a variação no Hemisfério Norte, entre as latitudes 30 N e 90 N, que compreende a faixa da região temperada do norte até o polo. Na América, essa faixa vai da fronteira dos EUA com o México até o polo Norte no Ártico. A linha preta mostra a faixa tropical da Terra, entre as latitudes 30 N e 30 S. Na América, essa faixa corresponde à região desde o México até o Rio Grande do Sul, no Brasil. A linha azul corresponde a faixa da latitude 30 S até o polo. Vai do Uruguai até o polo Sul, na Antártica.
Cada uma dessas faixas parece pertencer a um planeta distinto.
A temperatura nas zonas temperadas e polares do Hemisfério Norte (linha vermelha no gráfico) subiu entre 9 mil e 8 mil anos atrás. Há cerca de 8 mil anos, enquanto os humanos vindos da Ásia pelo Estreito de Bering se espalhavam pela América, o Hemisfério Norte viveu seu maior calor do período. Desde então, veio esfriando gradualmente. Enquanto no mundo como um todo, a temperatura variou cerca de 0,7 grau Celsius, a oscilação no Norte foi o dobro disso, cerca de 1,5 grau. Esse fenômeno pode explicar em parte porque a Europa passou por um período mais quente, o chamado Ótimo Climático Medieval.
A história nos trópicos é completamente diferente. As temperaturas na faixa equatorial (como mostra a linha preta) variaram pouco desde o início da civilização. Houve um ligeiro aquecimento por volta de 5 mil a 3 mil anos atrás.No último século, a região passa por um aquecimento acelerado, coerente com as mudanças climáticas da atividade humana.
Já no extremo sul (mostrado pela linha azul), as temperaturas vieram baixando ligeiramente desde 9 mil anos atrás até o início da era atual, há 2 mil anos. Desde então, o calor vem aumentando. No último século, a temperatura dispara para o alto.
A explicação para esse comportamento tão diferente em cada pedaço do mundo é complexa. Segundo Shaun Marcott, da Universidade do Estado do Oregon, nos EUA, coordenador do estudo, a diferença dos hemisférios é coerente com as mudanças no eixo da Terra. Essas oscilações, conhecidas como ciclos Milankovitch, influenciam a alternância entre Eras Glaciais e fases mais quentes.
A mudança mais intensa ao longo da história da civilização ocorreu em um lugar preciso: o Atlântico Norte. Parte disso por causa de alterações nas correntes marinhas. O climatologista Tamino, autor do blog Open Mind, fez uma estimativa da variação na região, a partir dos dados de Marcott. O resultado é o gráfico abaixo.
Entre 9 mil e 8 mil anos atrás, a temperatura subiu dramaticamente na região da Europa, Groenlândia, costa Atlântica dos EUA e Canadá. A média aumentou 1,5 grau. O período quente durou até cerca de 6 mil anos atrás. Depois, esfriou até cerca de 100 anos atrás. Nos últimos 100 anos, a temperatura começou a subir aceleradamente, aí talvez já por efeito dos gases de efeito estufa que despejamos na atmosfera num volume inédito em milhões de anos.
(Alexandre Mansur)
Foto: Domenico Salvagnin

FONTE: Blog do Planeta