segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

15 EVENTOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE ( Artigo Científico ) "PARTE XI"

Fim da comida

 
Causa: Humana
Tipo: Global e tolerável
Já aconteceu antes? Sim

Desde o dia 31 de outubro de 2011, a Terra carrega mais de sete bilhões de seres humanos. Segundo estimativas da ONU, a população mundial deve chegar a 9,3 bilhões em 2050 e se aproximar dos 10 bilhões até o final do século. Mas será que o planeta é capaz de suportar toda essa gente? Tentativas de calcular a capacidade máxima da Terra chegaram a resultados muito variados, indo de um bilhão a um trilhão de pessoas. No entanto, pelo menos dois terços das estimativas permaneceram dentro de uma faixa que vai dos quatro bilhões aos dezesseis bilhões de humanos. Logo, segundo algumas delas, a capacidade máxima do planeta já está esgotada. 

Ainda no século 19, o economista inglês Thomas Malthus havia previsto que o crescimento populacional iria superar a capacidade humana de produzir comida. Até hoje, suas previsões foram desmentidas pelos fatos. O aumento populacional, apesar de substantivo, foi superado pela adoção de novas técnicas agrícolas, que aumentaram a produção das plantações. Mas esse aumento na produção de alimentos já dá sinais de esgotamento, por vários motivos. 
O aquecimento global, por exemplo, tende a causa uma diminuição na produtividade das lavouras. A cada um grau Celsius de aumento na temperatura média do planeta, a produção de grãos pode cair 10%. A ONU calcula que metade das terras de boa qualidade no planeta está ameaçada pelas mudanças no clima. A cada ano, 20 milhões de hectares são inutilizados. Hoje, 40% das terras do planeta já estão seriamente degradadas. 

Nos próximos 30 anos, a demanda por comida nos países em desenvolvimento tende a dobrar. Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) a produção mundial de alimentos terá de crescer cerca de 70% até 2050 para dar conta desse aumento. Ainda segundo a FAO, a melhora nos padrões de vida deve causar um crescimento no consumo de carne e leite nos países mais pobres. Se hoje esses produtos representam 29% das colorias consumidas nesses países, em 2050 eles devem representar 37%. 

Em diversos momentos da história, civilizações foram atingidas por grandes crises de fome. Todas foram superadas com o tempo, não sem antes causar um grande número de mortes. A maior de todas aconteceu na China, entre os anos 1958 e 1961, quando uma tentativa de coletivizar as terras agrícolas do país causou a morte de cerca de 42 milhões de pessoas. 

Para boa parte dos pesquisadores, no entanto, é possível prevenir a chegada de uma grande crise de fome global. Para eles, o problema não seria exatamente o tamanho da população, mas seu nível de consumo. Algumas mudanças, como uma diminuição na ingestão de carnes e na produção de biocombustíveis, poderiam abrir espaço para uma maior produção de comida. A existência humana estaria garantida, pelo menos até o nascimento do próximo bilhão de crianças.
 
FONTE: Revista Veja/Ciência

domingo, 30 de dezembro de 2012

15 EVENTOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE ( Artigo Científico ) "PARTE X"

Partículas físicas bizarras

 
Causa: Humana
Tipo: Global e terminal
Já aconteceu antes? Não

Em julho, pesquisadores europeus anunciaram a descoberta do Bóson de Higgs, uma das partículas fundamentais da matéria. Os cientistas usaram o Large Hadron Collider (LHC), o maior colisor de partículas do mundo, para acelerar dois prótons até 99,9% da velocidade da luz e bater um contra o outro. Como resultado da colisão, encontraram o tal Bóson. O anúncio da descoberta foi comemorado em toda a comunidade científica, pois confirmava que o atual modelo usado para explicar os fenômenos físicos, chamado Modelo Padrão, está correto. Houve também outro motivo de comemoração: a experiência não criou nenhuma partícula física bizarra, capaz de consumir toda a Terra. 

Antes do LHC entrar em operação, críticos ao redor do mundo levantaram a possibilidade de que as colisões que ele produziria poderiam gerar energia num nível sem precedentes e poderiam levar a três cenários catastróficos. A primeira possibilidade levantada foi a criação de um buraco negro a partir da experiência, que sugaria tudo à sua volta. 
O segundo risco trazido pela colisão era o da criação de um novo tipo de vazio. Algumas teorias físicas dizem que o universo pode se organizar em fases, e o vácuo atual seria instável. A energia gerada pela explosão poderia causar uma transição de fase, mudando todo o tecido do espaço na velocidade da luz. Nesse novo vácuo, nem os átomos poderiam existir. 

A terceira possibilidade apontada pelos críticos era que a colisão criasse uma partícula física bizarra chamada strangelet – uma forma de matéria estranha que, por enquanto, só existe na teoria. Essa partícula por si só não representa dano nenhum, mas ela pode converter outros tipos de partículas à sua volta em novos strangelets, gerando uma reação em cadeia que poderia consumir toda a Terra em poucas horas. 

A maioria das teorias físicas aponta que o risco de qualquer um dos três fenômenos acontecer é zero. Os críticos apontavam, no entanto, que se os físicos soubessem com toda certeza o que iriam encontrar após as colisões, os experimentos nem precisariam ser feitos. Essas possibilidades levaram a uma série de estudos, realizados tanto pelo CERN, organização responsável pelo experimento, quanto por pesquisadores independentes, para analisar os cenários levantados. 

Uma pesquisa conduzida por pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT) e da Universidade Yale, por exemplo, mostrou que as chances de as experiências produzirem essas reações eram nulas, pois a energia gerada pelas colisões não seria grande o suficiente. Os pesquisadores citam o fato de partículas altamente energéticas chamadas raios cósmicos percorrerem o espaço há bilhões de anos, e nunca terem causado nenhum desses fenômenos. Uma colisão entre duas dessas partículas teria muito mais energia do que a gerada pelo LHC e, mesmo assim, o universo ainda não passou por uma transição para outro tipo de vácuo. A própria existência da Lua, que está totalmente vulnerável a ação dessas partículas, mostraria que os cenários levantados são improváveis – pelo menos no atual nível de energia dos colisores terrestres. Cientistas dizem que o ideal é que pesquisas futuras passem pelo mesmo tipo de escrutínio antes de serem executadas.
FONTE: Revista Veja/Ciência

TEMPERATURA NA ANTÁRTIDA SOBE MAIS QUE A MÉDIA GLOBAL ( Aquecimento Global )


26/12/2012 - 05h09

Temperatura na Antártida sobe mais que a média global

DA REUTERS

O oeste da Antártida está esquentando em um ritmo que é o dobro do estimado anteriormente, segundo estudo publicado nesta semana na "Nature Geoscience".
A média anual de temperaturas na estação de pesquisa Byrd, no oeste do continente, aumentou 2,4 º C desde a década de 1950, um dos crescimentos mais rápidos do planeta e três vezes mais veloz que a média global, segundo a pesquisa.
Robin Bell/Divulgação
Capa de gelo perto das montanhas Gamburtsev, na Antártida
Capa de gelo perto das montanhas Gamburtsev, na Antártida
O achado dá força ao temor de que a camada de gelo esteja sujeita a derretimento. O oeste da Antártida contém gelo suficiente para aumentar o nível do mar em 3,3 metros se um dia derretesse, um processo que pode levar séculos.
"A porção ocidental da camada de gelo está sofrendo quase o dobro do aquecimento estimado antes", diz nota publicada pela Universidade Ohio State sobre o estudo liderado pelo professor de geografia David Bromwich.
Segundo a universidade, o aquecimento levanta preocupação sobre a contribuição futura da Antártida no aumento do nível do mar. No último século, os oceanos avançaram cerca de 20 cm.
Um painel de especialistas da ONU prevê que o nível do mar aumentará entre 18 e 59 cm neste século ou até mais, caso o degelo da Groenlândia e da Antártida se acelere.
GELEIRAS
O aumento nas temperaturas no oeste do continente é comparável ao que ocorreu na península Antártica, ao norte. Muitas plataformas de gelo entraram em colapso ao redor da Antártida nos últimos anos e, uma vez que as plataformas se quebram, as geleiras por trás sofrem deslizamentos mais rápido, aumentando o nível do mar.
Os cientistas dizem que já houve um derretimento esparso das camadas de gelo no oeste do continente em 2005.
"Um aumento contínuo das temperaturas no verão poderia levar a episódios de derretimento mais extensos e frequentes", dizem os pesquisadores, que refizeram o registro de temperatura no oeste da Antártida desde 1958, com a ajuda de simulações feitas por computador.

FONTE: Folha.com/Ambiente

sábado, 29 de dezembro de 2012

15 EVENTOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE ( Artigo Científico ) 'PARTE IX"

Extinção das abelhas

Causa: Humana
Tipo:
Local e tolerável
Já aconteceu antes?
Não
As abelhas estão sumindo. Pesquisas mostram que o número de abelhas nos Estados Unidos e em alguns países da Europa caiu cerca de 50% no último quarto de século. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, de 2010 para 2011, a população do inseto caiu 30% no país. Não é que elas estão morrendo a olhos vistos, elas simplesmente desaparecem. Quando os apicultores vão olhar suas criações, elas não estão mais lá. 
 
Esse desaparecimento pode ter consequências maiores do que desestabilizar a apicultura e a produção de mel ao redor do mundo – ele pode levar a grandes crises de fome entre os homens. Nos Estados Unidos, onde o problema é maior, pelo menos 30% dos alimentos consumidos são polinizados pelo inseto. Produtos como maçã, cereja, pera, soja, cebola e morango dependem da ação das abelhas em alguma parte de sua criação, seja na produção de sementes ou frutos. Além de ameaçar as colheitas, a morte das abelhas pode ter um efeito inesperado nas cadeias alimentares naturais, pois elas também atuam na polinização de florestas.
 
O motivo por trás do desaparecimento ainda é uma incógnita, mas os pesquisadores traçaram algumas teorias. Uma delas diz que o uso excessivo de pesticidas está matando grande parte de sua população. Um estudo lançado em março mostrou que a prática altera o senso de localização dos insetos e diminui o número de rainhas nas colmeias. Outros fatores apontados são a destruição dos habitats naturais e a baixa variabilidade genética nas colmeias, que aumentaria a vulnerabilidade a doenças. 
 
O caso no Brasil ainda não é tão sério quanto no hemisfério norte, mas desde 2007 existem relatos de desaparecimentos do inseto. As consequências também seriam menos drásticas, pois o país depende menos das criações de abelhas. Mesmo assim, o fato é preocupante. O que está acabando com as abelhas pode também atacar outros polinizadores, como borboletas, mariposas, vespas e morcegos. O resultado pode ser uma diminuição nas colheitas e no abastecimento de comida com impacto na economia e na própria vida humana.
 
FONTE: Revista Veja/Ciência

RAÇA E GENES ( Antropologia/"Comportamento Humano" )


26/12/2012 - 03h30

Raça e genes

Hélio Schwartsman
SÃO PAULO - O caderno sobre cotas que a Folha publicou no domingo mostrou, com exemplos de carne e osso, que aquilo que vemos como características raciais não corresponde necessariamente à biologia. A análise de DNA encomendada pelo jornal revelou que a estudante que se declarou negra tinha menos genes de origem africana do que a que se definiu como "muito branca".
A razão para a confusão é que o Brasil é um país miscigenado e a cor da pele, que tomamos como principal indicador de raça, é definida por um conjunto de cinco a dez genes que operam pelo modelo de interação. Se um branco tem um filho com uma negra, é provável que a criança exiba um cor intermediária. Mas, quando os pais são ambos mestiços, o filho pode herdar múltiplas combinações desses genes, ampliando o leque de colorações possíveis.
A questão central é se é lícito ou não falar em raças humanas. E aqui o debate é acirrado. De um lado, há cientistas, encabeçados pelo biólogo Richard Lewontin, que sustentam que raças são meras construções sociais, fruto da imaginação de nossas mentes essencialistas sem significado biológico ou taxonômico.
Do outro lado, estão autores como Anthony Edwards e Richard Dawkins, para os quais as categorias raciais têm algum valor informativo, já que existe correlação entre a frequência dos diferentes alelos de um gene numa população e a sua distribuição geográfica. Em outras palavras, as pessoas se parecem com seus pais e tendem a herdar várias de suas características. É útil para um médico saber se o paciente é negro na hora de diagnosticar uma possível anemia falciforme ou outra doença de maior prevalência nesse grupo.
A polêmica está longe de resolvida, mas, mesmo que a ciência venha a reconhecer a validade do conceito de raça, isso de modo algum legitimaria qualquer forma de discriminação. O argumento contra o racismo é moral, e não biológico.

FONTE: Folha.com/Ciência
Hélio Schwartsman
Hélio Schwartsman é bacharel em filosofia, publicou "Aquilae Titicans - O Segredo de Avicena - Uma Aventura no Afeganistão" em 2001. Escreve na versão impressa da Página A2 às terças, quartas, sextas, sábados e domingos e às quintas no site.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

15 EVENTOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE ( Artigo Científico ) "PARTE VIII"

Inverno nuclear

Causa: Humana
Tipo:
Global e terminal
Já aconteceu antes?
Quase
Nos dias 6 e 9 de agosto de 1945, os Estados Unidos lançaram bombas atômicas contra as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki, levando ao fim da Segunda Guerra Mundial. O bombardeio matou entre 150.000 e 240.000 pessoas, seja por causa do impacto da explosão, de terríveis queimaduras ou do envenenamento radioativo. No entanto, o ataque representou mais do que um modo potencialmente cruel de encerrar uma guerra. Estava aberta uma nova era onde o homem possuía em suas mãos uma tecnologia que poderia exterminar toda a humanidade.
 
Os perigos só aumentaram durante as décadas seguintes, quando Estados Unidos e União Soviética entraram em uma corrida para ver quem era capaz de produzir o maior número de bombas nucleares, com o maior potencial destrutivo. A guerra nuclear se tornou um perigo real. O próprio presidente americano John F. Kennedy afirmou, durante a Crise dos Mísseis em 1962, que as chances de uma guerra nuclear entre as duas potências ficava entre um terço e metade. 
Além do enorme poder de fogo dos arsenais, que poderiam matar grande parte da humanidade, havia outro motivo para um potencial combate entre os dois países ameaçar a existência humana: o inverno nuclear. Alguns cientistas previam que, após a explosão de inúmeras bombas nucleares, a poeira levantada poderia cobrir todo o céu e impedir a passagem da luz solar. As pessoas que fossem capazes de sobreviver à guerra nuclear teriam de viver num mundo frio e estéril, sem grandes esperanças de recuperar a civilização. 
 
À época, as duas potenciais adotaram uma estratégia chamada de Destruição Mútua Assegurada, na qual os enormes arsenais atômicos garantiam que qualquer ataque fosse respondido de imediato. Se um dos países fosse bombardeado, o outro seria destruído logo em seguida. 
 
A estratégia tresloucada funcionou, ninguém foi atacado e, em 1968, 189 países assinaram o Tratado de Não Proliferação Nuclear, com a intenção de limitar a produção desse tipo de arsenal. As mudanças geopolíticas desde então, no entanto, mudaram o panorama e as possibilidades de uma guerra nuclear. Com o colapso da União Soviética, algumas de suas armas podem ter sido vendidas no mercado negro, e ido parar nas mãos de governos renegados e organizações terroristas – que não necessariamente se preocupam com a questão da destruição mútua assegurada. 
Hoje, acredita-se que nove países possuam armas atômicas em seu arsenal. Estados Unidos e Rússia possuem, juntos, cerca de 18.000 bombas. China, França, Inglaterra, Paquistão, Índia e Coreia do Norte também confirmam possuir esse tipo de armamento. O governo de Israel não confirma nem nega as notícias de que tenha esse tipo de arma. 
 
As campanhas pela diminuição dos arsenais também tiveram seus efeitos. Na década de 1990, a África do Sul se tornou o primeiro país a voluntariamente se livrar de todas as suas armas nucleares. E até hoje, as únicas bombas nucleares disparadas em meio a um conflito foram as de Hiroshima e Nagasaki.
 
FONTE: Revista Veja/Ciência

AUMENTA O NÚMERO DE TARTARUGAS-MARINHAS NO BRASIL ( Informativo Ambiental )

Reino Animal 17/12/2012

Aumenta o número de tartarugas-marinhas no Brasil

A pesca se mantém como uma das principais ameaças

por Carolina Gonçalves, da Agência Brasil Fonte: NATIONAL GEOGRAPHIC BRASIL ONLINE

Banco de imagens Tamar
A tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) é considerada vulnerável pela  IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês)
A tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) é considerada vulnerável pela IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza, na sigla em inglês)
Espécie que estava ameaçada de extinção, as desovas de tartarugas-oliva nas praias de Sergipe aumentaram de 100 para 2 mil nos últimos 30 anos. De acordo com levantamento do Projeto Tamar, responsável pela conservação das cinco espécies de tartarugas-marinhas existentes na costa brasileira, nos últimos cinco anos, todas elas mostraram recuperação dos ciclos reprodutivos.
"Quando chegamos, as populações estavam diminuindo. Agora a reprodução está aumentando. Hoje, algumas espécies têm 20 vezes mais tartarugas do que quando chegamos. Podemos ver isso pelo número de ninhos que têm nas praias", disse Guy Marcovaldi, coordenador nacional do Tamar.
Marcovaldi não exita em afirmar que os números refletem a atuação das equipes do projeto que completa 33 anos. Mas, segundo o próprio pesquisador, as ameaças às espécies de tartarugas no país não cessaram. Há três décadas, o risco era a matança direta dos ovos e dos animais. Atualmente, além dessa prática – que parecia extinta, mas está sendo retomada em algumas regiões, como no litoral norte do Ceará – biólogos e técnicos têm observado outras ameaças provocadas pela ocupação do litoral.
"Começaram a surgir muitas casas onde as tartarugas desovam e devido à luz causam problemas, afetando o comportamento das tartarugas. Elas são guiadas pela luz mais forte e, ao invés de retornarem para o mar, migram na direção da praia", explicou ele. O problema é mais frequente em algumas regiões, como no litoral norte da Bahia, por conta do aumento da população. Mas Marcovaldi alerta que o risco está em todas as praias de desova ocupadas tanto por residências quanto por portos, por exemplo, como é o caso do litoral capixaba.
A pesca também se mantém como uma das principais ameaças. Muitas vezes, sem a intenção, os pescadores acabam capturando tartarugas durante a atividade. O problema tem sido enfrentado de três maneiras pelos pesquisadores do Tamar. Segundo Marcovaldi, a estratégia mais radical e menos aplicada é o deslocamento dos pescadores para áreas onde não existem tartarugas.
"Outra forma é o pescador se acostumar a livrar a tartaruga e devolvê-la para o mar e isso tem acontecido com bastante frequência", disse, acrescentando que ainda é possível reduzir os riscos, mudando os apetrechos utilizados na pesca. O anzol circular, por exemplo, diminui em 70% o risco de captura involuntária, pelo formato da peça que impede o encaixe na boca da tartarugas.
Os resultados e novos desafios do Tamar foram apresentados setxa-feira (14), durante uma homenagem aos 33 anos do projeto, no Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Tartarugas Marinhas, na Praia do Forte, na Bahia. Uma das iniciativas destacadas é o rastreamento de tartarugas por satélite, iniciada há um mês.
"Soltamos um filhotinho de cabeçuda no norte da Bahia, que já esta no sul da Bahia, na região de Abrolhos e deve chegar em Santa Catarina. No mês que vem, vamos ter mais seis tartarugas rastreadas e queremos descobrir para onde os filhotes seguem, depois que nascem. Vai ser importante saber essa rota e adotar medidas de proteção", explicou Marcovaldi.
A homenagem vai começar com a soltura do filhote de número 15 milhões nascido no laboratório do projeto, simbolizando o número de tartaruguinhas liberadas no mar desde a criação do Tamar.

FONTE: Revista National Geographic Brasil

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

PRODUZIR ENERGIA RENOVÁVEL EM CASA DÁ DESCONTO NA CONTA DE LUZ ( Informativo )

Sustentabilidade 17/12/2012

Produzir energia renovável em casa dá desconto na conta de luz

De acordo com a Aneel, além de beneficiar o bolso do consumidor, a medida trará outros benefícios ao país

por Débora Spitzcovsky Fonte: Planeta Sustetável
Thinkstock
Lâmpadas
A nova resolução é válida para geradores domésticos que produzam até 1 MW de eletricidade
Entra em vigor, nesta segunda-feira (17), resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) que dá respaldo legal aos brasileiros que produzem eletricidade em casa a partir de fontes renováveis, para que possam integrá-la à rede elétrica comum.
Com a nova medida, aprovada em abril deste ano, a população que aderir à geração doméstica de energia renovável poderá ter desconto na conta de luz. Isso porque o consumidor terá a opção de fornecer a energia excedente produzida nas moradias para a rede distribuidora. O "doador", então, receberá créditos que darão abatimentos na conta de luz, de acordo com as regras de cada concessionária.
A nova resolução é válida para geradores domésticos que utilizem fontes como Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), biomassa, solar ou eólica e produzam até 1 MW de eletricidade.
De acordo com a Aneel, além de beneficiar o bolso do consumidor, a medida trará outros benefícios ao país, como economia nos investimentos de transmissão de energia elétrica;redução da perda de eletricidade nas redes e melhoria na qualidade do serviço de energia elétrica.

FONTE: Revista National Geographic Brasil

15 EVENTOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE ( Artigo Científico ) "PARTE VII"

Vírus mortal

Causa: Biológica/Humana
Tipo:
Global e tolerável
Já aconteceu antes?
Sim
Em maio, a revista Nature publicou um estudo que mostrava como pesquisadores produziram uma versão mutante do vírus da gripe aviária, o H5N1, tornando-o transmissível entre mamíferos. Apesar de ser potencialmente mortal para seres humanos, até então, o vírus só era transmitido para os mamíferos por meio das aves, o que fazia com que os surtos da doença fossem muito localizados. No entanto, os pesquisadores descobriram que com apenas quatro mutações o H5N1 se tornava capaz de se espalhar entre furões pela via aérea. 
 
Como resultado, o estudo mostra que o H5N1 natural pode estar a poucas mutações de se espalhar entre seres humanos. Não só ele, mas grande parte dos vírus possui uma incrível e perigosa capacidade de mutação. É o que acontece, por exemplo, todos os anos com o vírus da gripe comum. Apesar de o sistema imunológico humano já estar preparado para sua versão anterior, no inverno seguinte ele invariavelmente se transforma e pega o corpo de guarda baixa. 
 
Foi também o que aconteceu em 1918, quando o vírus H1N1, que infectava porcos, sofreu uma mutação para se espalhar entre humanos. Isso deu origem ao surto da gripe espanhola, que matou cerca de 50 milhões de pessoas nos anos seguintes, naquela que foi a maior epidemia da história – maior até do que a Peste Negra na Idade Média. 
 
A Gripe espanhola só se tornou uma epidemia global após a Primeira Guerra Mundial, quando soldados de várias partes do mundo se encontraram nos campos de batalha e nos hospitais, infectaram uns aos outros e levaram o novo vírus para casa. Hoje, a capacidade de um vírus se espalhar pelo planeta é maior do que nunca. Com o grande número de viagens internacionais, as enormes exportações de alimentos e a vida predominante urbana, a possibilidade de infectar um grande número de pessoas é inédita. 
 
A pesquisa sobre o H5N1 publicada pela revista Nature levanta outro ponto importante: a mutação não precisa ser,
necessariamente, causada pela natureza. Avanços nas tecnologias de manipulação genética fazem com que vírus potencialmente mortais passem a ser produzidos em laboratórios – nem sempre muito bem equipados. Antes de ter sido publicado, o estudo passou alguns meses engavetado. Autoridades haviam recomendado que partes sensíveis do estudo permanecessem em segredo, pois as informações poderiam servir como uma receita para que outras pessoas passassem a produzir o vírus.
 
Além do perigo de um agente infeccioso artificial escapar do laboratório – o que já aconteceu antes – ele também pode ser deliberadamente produzido para servir como arma. Tiranos e terroristas poderiam contratar cientistas para produzir versões mortais e altamente transmissivas de diversos tipos de vírus. Já no século 14, os mongóis usavam catapultas para arremessar os corpos de guerreiros infectados com a peste bubônica e espalhar a doença entre os inimigos. Porque hoje em dia seria diferente? 
 
Por sorte, os tipos mais mortais de vírus dificilmente se tornam uma pandemia. Um patógeno que mata o hospedeiro antes de ele ter tempo de espalhar a doença não é capaz de se espalhar pelo mundo, e acaba sendo superado por versões menos mortais da doença. Isso, aliado a métodos de prevenção, como higiene básica, eliminação de animais infectados, vacinação e distribuição rápida e massiva de medicamentos pode diminuir os perigos de uma nova epidemia global.
 
FONTE: Revista Veja/Ciência

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

15 EVENTOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE ( Artigo Científico ) "PARTE VI"

Supervulcão

Causa: Geológica
Tipo:
Global e terminal
Já aconteceu antes?
Sim
Em 1815, o vulcão Tambora, na Indonésia entrou em atividade, causando a maior erupção já registrada. A devastação foi enorme, matando entre 70.000 e 92.000 pessoas. O vulcão lançou uma quantidade tão grande de poeira e fragmentos na atmosfera, que bloqueou a passagem da luz do sol, causando o que se chama de inverno vulcânico. Por causa dos efeitos que o fenômeno teve no clima do hemisfério norte, o ano de 1816 ficou conhecido nos registros históricos como O Ano sem Verão. 
 
Toda essa destruição, no entanto, foi causada por um vulcão comum. Evidências geológicas encontradas em locais como Estados Unidos, Chile e Nova Zelândia apontam a existência de eventos ainda mais perigosos: os supervulcões, capazes de expelir milhares de vezes mais magma que os normais. 
 
Entre todos os que já foram encontrados, os cientistas estimam que o mais poderoso tenha sido o supervulcão Toba, que entrou em erupção na Sumatra há cerca de 74.000 anos. Segundo os pesquisadores, a energia liberada foi dezenas de milhares de vezes maior do que a liberada pela bomba de Hiroshima. O evento lançou 3.000 quilômetros cúbicos de poeira na atmosfera e deixou todo o sul asiático coberto de cinzas. Os cientistas debatem sobre o quanto a temperatura global caiu nos anos seguintes à erupção, mas os valores estimados vão de 3 a 15 graus Celsius. Alguns registros fósseis mostram que, na mesma época, a população humana quase foi extinta. Sobreviveram apenas alguns milhares de pessoas na África, dos quais descendem todos os humanos vivos hoje. 
 
Os pesquisadores ainda não sabem o que exatamente causa a erupção dos supervulcões. O que eles sabem é que eles são fenômenos extremamente raros. O mais recente aconteceu na Nova Zelândia, há 26.000 anos. Toba, o anterior, havia acontecido 50.000 anos antes. Os geólogos foram capazes de encontrar, até agora, os resquícios de cerca de 50 deles. Ao fazer os cálculos, eles viram que acontecem em uma média de 1,4 a cada milhão de anos. Com as áreas vulcanicamente ativas ao redor do mundo sob constante supervisão, os pesquisadores sabem que não existe nenhum supervulcão a caminho – pelo menos nos próximos anos.
 
FONTE: Revista Veja/Ciência

TRÁFICO DE ANIMAIS MOVIMENTA US$ 19 BILHÕES POR ANO NO MUNDO ( "Comportamento Humano" )

 REINO ANIMAL17/12/2012

Tráfico de animais movimenta US$ 19 bilhões por ano no mundo

Os primeiros lugares no ranking das transações ilegais estão com tráfico de drogas, falsificação de produtos e dinheiro e tráfico de seres humanos

por Débora Spitzcovsky Fonte: Planeta Sustetável

Thinkstock
Tigre-de-bengala
A publicação classifica o comércio ilegal de animais selvagens como uma ameaça ao Estado de Direito, porque fortalece redes criminosas
Relatório da WWF revela que o comércio ilegal de animais selvagens movimenta, anualmente, cerca de R$ 39 bilhões em todo o mundo. Além de ser uma crueldade com os bichos e acelerar a extinção das espécies, a prática fortalece redes criminosas, compromete a segurança dos países e, ainda, ameaça a saúde da população.
Empenhada em lutar contra as crueldades com animais selvagens, cometidas pelo homem por conta de dinheiro, a WWF divulgou quarta-feira (12), em encontro com embaixadores realizado na sede da ONU, em Nova York, o relatório Fighting Illicit Wildlife Trafficking (Combatendo o Tráfico Ilegal de Animais Selvagens).
O documento traz dados impressionantes a respeito da prática criminosa. Por ano, a atividade movimenta cerca de US$ 19 bilhões – o que corresponde a aproximadamente R$ 39 bilhões – em todo o mundo, sendo a quarta mais lucrativa no ranking de transações ilegais. Os primeiros lugares estão com tráfico de drogas, falsificação de produtos e dinheiro e tráfico de seres humanos, respectivamente.
E mais: a publicação classifica o comércio ilegal de animais selvagens como uma ameaça ao Estado de Direito. Isso porque, além dos conhecidos impactos que a atividade traz para o meio ambiente – como aceleração da extinção das espécies e desequilíbrio ambiental, por conta das espécies invasoras –, o crime acarreta outros problemas, que nada têm a ver com a biodiversidade.
Entre eles o fortalecimento de redes criminosas (entre outras ações, o dinheiro do tráfico de animais é usado para comprar armas potentes e as rotas utilizadas com sucesso para o transporte de bichos são aproveitadas para o comércio de drogas); ameaça à segurança dos países (em nações africanas instáveis, por exemplo, o dinheiro do tráfico ajuda a financiar células terroristas) e ameaça à saúde da população (de acordo com o relatório, quase 75% das novas doenças infecciosas que atingem os seres humanos são de origem animal, sendo que a maioria delas é transmitida pelas espécies selvagens).
"O tráfico de animais não é apenas uma questão de proteção ambiental, mas também de segurança nacional. É tempo de colocar fim a esta ameaça profunda para o Estado de Direito", disse Jim Leape, diretor do WWF Internacional, em comunicado divulgado pela ONG.
Confira o relatório Fighting Illicit Wildlife Trafficking na íntegra, em inglês.

FONTE: Revista National Geographic Brasil

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

NAVIO MAIS ECOLÓGICO DO MUNDO É CONSTRUÍDO NA FINLÂNDIA ( Turismo Mundial )

18/12/2012 - 10h32

Navio mais ecológico do mundo é construído na Finlândia

DA EFE
Atualizado às 16h32.
Mais de mil operários trabalham contra o relógio nos estaleiros STX de Turku, na Finlândia, para terminar a construção do Viking Grace, o primeiro transatlântico do mundo movido a gás natural liquidificado.
A atividade a bordo do navio, que está sendo fabricado pela companhia Viking Line, é frenética. O aparente caos faz o visitante pensar que a embarcação não estará pronta a tempo, apesar do otimismo da companhia, que já vendeu boa parte das passagens para a viagem inaugural, no dia 13 de janeiro.
O novo navio fará a rota que une Turku a Estocolmo, capital da Suécia, fazendo uma curta escala nas ilhas Aland, o que permitirá que a empresa aumente seu faturamento vendendo produtos livres de impostos (tax free), graças ao regime fiscal especial do arquipélago autônomo.
Com 128m de comprimento, 32m de largura e 57 mil toneladas, o Viking Grace tem capacidade para 2.800 passageiros e 200 automóveis.
Suas dimensões são relativamente modestas se comparadas com os 361 metros de comprimento e as 225 mil toneladas dos dois maiores transatlânticos do mundo, o Oasis of the Seas e o Allure of the Seas, construídos no mesmo estaleiro finlandês para a empresa Royal Caribbean.
No entanto, a nova embarcação, cujo custo chega a 240 milhões de euros, superará os dois colossos do mar em eficiência energética e em relação ao meio ambiente, ao reduzir as emissões de gases poluentes graças ao uso de gá natural como combustível.
"Com seus motores impulsionados por gá natural, o modelo hidrodinâmico de seu casco e a nova tecnologia de isolamento de ruídos, o Viking Grace será o navio de passageiros mais ecológico e silencioso do mundo construído até o momento", afirmou à Agência Efe Kari Granberg, diretor da empresa finlandesa.

Creative Commons
Navio da companhia Viking Line navega nas águas de Turku, na Finlândia
Navio da companhia Viking Line navega nas águas de Turku, na Finlândia
A regulação marítima internacional que entrará em vigor nos próximos anos exige grandes cortes de emissões de gases poluentes que obrigarão as companhias de navegação a utilizarem combustíveis alternativos ou instalarem purificadores de gases.
A União Europeia (UE) foi além e aprovou recentemente uma diretiva para os navios que operam em regiões especialmente sensíveis, como o Mar Báltico, reduzindo a quantidade de enxofre de seus combustíveis de 1% (atual) para 0,1% antes do final de 2015.
"A nova normativa marítima internacional é muito estrita e vai representar fortes investimentos para as companhias marítimas, mas vale a pena porque se trata da saúde das pessoas. As emissões de gases poluentes no setor naval provocam mais de 40 mil mortes por ano só na Europa", assinala Granberg.
Segundo Granberg, o gás natural é o combustível marítimo do futuro, já que praticamente elimina as emissões de óxido de enxofre e permite reduzir 88% as emissões de óxido de nitrogênio e 15% as emissões de dióxido de carbono (CO2) a partir do combustível derivado do petróleo pesado.
"Nosso objetivo era chegar a zero emissão no Viking Grace, mas como tecnicamente não é possível, apostamos pelo gás natural, um combustível muito ecológico e que possui grandes reservas no mundo todo", afirma.
O novo cruzeiro dispõe de dois grandes tanques na popa que permitem armazenar até 160 toneladas de gás, suficientes para cobrir a viagem diária de ida e volta entre Turku e Estocolmo durante três dias sem reabastecer.
Além disso, em caso de necessidade, os motores podem ser alimentados também com combustível derivado do petróleo pesado ou diesel de uso marinho, por isso que poderia continuar navegando caso surjam problemas com a provisão de gás.
Por enquanto, o gás natural não representa nenhuma economia porque seu preço é similar ao do combustível derivado do petróleo pesado, mas Granberg acredita que no futuro não será apenas uma alternativa mais ecológica, mas também mais econômica. 

FONTE: Folha.com/Turismo

15 EVENTOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE ( Artigo Cientíco ) "PARTE V"

Inversão dos polos magnéticos da Terra

Causa: Geológica
Tipo:
Global e tolerável
Já aconteceu antes?
Sim, muitas vezes
De tempos em tempos, norte e sul trocam de lugar. O campo magnético que envolve a Terra, e que estabelece a direção para onde apontam as bússolas, já sofreu centenas de inversões ao longo da história - e tende a continuar sofrendo. Isso acontece por causa da movimentação constante do ferro líquido presente no núcleo do planeta, criando correntes eletromagnéticas que estabelecem a localização dos polos. Quando o norte e o sul magnéticos se invertem, isso não tem nenhuma consequência na formação geológica da Terra, que continua a girar com seus eixos no mesmo local. Essas inversões não têm uma regularidade precisa, mas costumam acontecer com uma média de 200.000 ou 300.000 anos de intervalo. A última ocorreu há cerca de 780.000 anos, e existem alguns sinais de que a próxima pode estar começando a acontecer. Desde o começo do século 19, o polo norte já se moveu cerca de 1.000 quilômetros em direção ao norte geográfico. E sua velocidade tem aumentado: hoje ele se move 64 quilômetros por ano. 
 
Os pesquisadores não sabem ao certo o que acontece com o campo magnético durante uma inversão, mas a maioria dos estudos mostra que ele sofre uma redução em sua intensidade durante a mudança. Como o campo magnético terrestre protege a humanidade dos efeitos da radiação solar – que poderia causar queimaduras, cânceres, afetar as comunicações e levar à morte espécies inteiras de animais – seu enfraquecimento pode deixar a Terra vulnerável a tempestades solares e outros tipos de fenômenos. No entanto, a maioria dos cientistas diz que é impossível que o campo desapareça por completo durante a inversão. Mesmo enfraquecido, ele seria capaz de proteger os seres humanos dos piores efeitos. 
 
De qualquer forma, o campo deve permanecer relativamente intacto durante os próximos séculos. Se a inversão dos polos parece estar próxima, isso só pode ser percebido na escala de tempo geológica. Os cientistas estimam que uma inversão completa pode durar dezenas de milênios, e o campo magnético pode demorar mais de 10.000 anos para atingir sua intensidade mínima. Além disso, os estudos de evidências fósseis mostram que a inversão dos polos não está relacionada com as extinções em massa que aconteceram no passado. Logo, os danos que ela provoca são, no máximo, temporários.
 
FONTE: Revista Veja/Ciência

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

DESCOBERTA PODE ANTECIPAR VIDA EM AMBIENTE TERRESTRE EM 65 MILHÕES DE ANOS ( Paleontokogia )

14/12/2012 - 13:49

Paleontologia

Descoberta pode antecipar vida em ambiente terrestre em 65 milhões de anos

Publicado na revista 'Nature', artigo afirma que organismos até então considerados de habitat marinho viveram, na realidade, em terra

fósseis Gregory Retallack líquens vida marinha terrestre
Gregory Retallack, da Universidade de Oregon, em Eugene, defende que os fósseis são de líquens de ambiente terrestre (GREG RETALLACK/Divulgação )
Um novo estudo defende que um organismo antes tido como ancestral de criaturas marinhas remotas vivia na verdade em terra. Caso seja confirmada, a descoberta pode antecipar em 65 milhões de anos a existência de vida em ambientes terrestres.
Os fósseis, de um período chamado Ediacarano, compreendido entre 542 e 635 milhões de anos atrás, foram escavados no sul da Austrália em 1947. Muitos paleontólogos consideram que eles são vestígios dos primeiros organismos marinhos relativamente complexos, como vermes.

Saiba mais

TUNDRA
A tundra é um bioma característico de regiões extremamente frias, como o Ártico. Ela é definida por pouca biodiversidade, vegetações de estrutura simples e períodos curtos de crescimento e reprodução.

EXPLOSÃO CAMBRIANA
A vida na Terra, durante os seus primeiros bilhões de anos, se resumiu a bactérias, plânctons e outros organismos simples. Entre 570 e 530 milhões de anos atrás, no entanto, houve uma explosão de vida tanto no relativo ao surgimento de novos seres quanto na diversificação dos já existentes. Essa emergência, relativamente rápida, recebeu o nome de explosão cambriana.

Não é o caso de Gregory Retallack. Usando análises químicas e microscópicas, o geólogo da Universidade do Oregon afirma que os fósseis provavelmente pertenceram a organismos terrestres. De acordo com Retallack, eles podem ter sido líquens – uma combinação de fungo e algas ou bactérias – ou mesmo colônias de micro-organismos.
O geólogo defende que a coloração avermelhada e os padrões de clima nas rochas onde os fósseis foram encontrados indicam que os depósitos se formaram em um ambiente terrestre. Retallack argumenta que, em vez de água, a região estudada mais se assemelhava à tundra no Ártico. 
"A descoberta tem implicações para a árvore da vida porque retira os fósseis Ediacaranos da ancestralidade dos animais", resumiu Retallack, autor do estudo publicado na quarta-feira (12) na revista científica Nature. Os fósseis representam "uma radiação evolutiva independente da vida na terra que precedeu em pelo menos 20 milhões de anos a chamada explosão cambriana (o surgimento de muitas novas espécies entre 570 e 530 milhões de anos atrás)", escreveu. Retallack acrescentou, no entanto, que isso não significa que todos os fósseis Ediacaranos eram terrestres.
Se estiver correta, a teoria indica que alguns organismos controlaram a transição da vida marinha para a não-marinha muito mais cedo do que se pensava, disse Paul Knauth, da Escola de Exploração da Terra e do Espaço da Universidade do Estado do Arizona, em um comentário sobre o estudo. Pode até sustentar a possibilidade de que a transição tenha ocorrido de forma inversa: do ambiente terrestre ao marinho.
Controversa – Como a própria revista Nature adianta em um editorial, o aparecimento de vida em terra firme é um tópico de intenso debate entre os paleontólogos. Não por acaso, as ideias do geólogo da Universidade de Oregon foram recebidas com bastante ceticismo por boa parte da comunidade científica. James Gehling, do South Australian Museum, rebateu na mesma publicação que "Ratallack não apresentou uma única peça de evidência que contrarie a interpretação segundo a qual os sedimentos são marinhos." De acordo com ele, os padrões observados por Retallack não são incompatíveis com vida debaixo d'água. Retallack, no entanto, se apresenta confiante em entrevista à Nature. "Eu espero controvérsia." 
(Com agência France-Presse)

FONTE: Revista Veja/Ciência

15 EVENTOS QUE AMEAÇAM A HUMANIDADE ( Artigo Científico ) "PARTE IV"

Buraco negro errante

Causa: Cósmica
Tipo:
Global e terminal
Já aconteceu antes?
Nunca
Os buracos negros são corpos incrivelmente densos, formados a partir do colapso de enormes estrelas. Sua gravidade é tão forte que nada consegue escapar dela, nem mesmo a luz. Os cientistas supõem que toda a matéria que seja absorvida pelos buracos negros é destroçada por sua força, reduzida a seus átomos originais e esmagada em um único ponto. 

Astrônomos já descobriram centenas de buracos negros em nossa própria galáxia, mas suspeitam que o número possa chegar a 100.000.000. Frente à enorme força destrutiva de um deles, a Terra seria inevitavelmente devastada. Depois que o planeta fosse arrebatado pela gravidade do corpo, não haveria nada que o homem fosse capaz de fazer para escapar. Mesmo antes do encontro com o buraco negro, a vida no planeta estaria ameaçada. Ao se aproximar do Sistema Solar, sua gravidade alteraria a órbita da Terra, a afastando ou aproximando do Sol, e jogaria asteroides e planetas uns contra os outros. 

Para que isso aconteça, no entanto, seria necessário que o Sistema Solar encontrasse um buraco negro errante, que estivesse vagando pela Via Láctea. Esse tipo de evento seria muito pouco provável, pois existem relativamente poucos desses corpos no espaço. O buraco negro mais próximo é chamado de Cygnus X-1, e fica a cerca de 8.100 anos-luz da Terra, longe o suficiente para que sua gravidade não tenha qualquer influência sobre o planeta. Embora eles não emitam luz, os cientistas podem inferir a localização de um buraco negro por meio de seu efeito nos corpos a sua volta – e não existe nenhum em rota de colisão com o Sistema Solar.
 
FONTE: Revista Veja/Ciência

domingo, 23 de dezembro de 2012

HOMOSSEXUALIDADE PODE SER INFLUÊNCIA DA EPIGENÉTICA ( Comportamento Humano )

12/12/2012 - 15:31

Sexualidade

Homossexualidade pode ser influenciada pela epigenética

Pesquisa afirma que a orientação sexual pode estar ligada a marcadores epigenéticos que regulam a sensibilidade à testosterona e são transmitidos de pais para filhas e de mães para filhos

Ricardo Carvalho
homossexualidade genética epigenética
Estudo tenta entender qual o componente biológico na definição da orientação sexual das pessoas (iStockphotoItem )
Do ponto de vista evolutivo, o fato de a homossexualidade ser algo bastante comum na sociedade humana, ocorrendo em cerca de 5% da população mundial, é intrigante. Como homossexuais produzem menos prole do que heterossexuais, uma possível variação genética relacionada à homossexualidade dificilmente seria mantida ao longo das gerações. "Isso é muito enigmático a partir de uma perspectiva evolucionária: como a homossexualidade pode existir em uma frequência tão alta a despeito do processo de seleção natural?", diz em entrevista ao site de VEJA Urban Friberg, do departamento de Biologia Evolutiva da Universidade de Uppsala, na Suécia. Friberg, ao lado de William Rice, da Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, e Sergey Gavrilets, da Universidade do Tennessee, ambas nos Estados Unidos, pode ter encontrado uma resposta: o fator biológico ligado à homossexualidade não estaria na genética propriamente dita, e sim em um conceito conhecido por epigenética. Os resultados foram publicados nesta terça-feira no periódico científico The Quarterly Review of Biology
A epigenética trata de modificações no DNA que sinalizam aos genes se eles devem se expressar ou não. Esses marcadores não chegam a alterar nossa genética, mas deixam uma marca permanente ao ditar o destino do gene: se um gene não se expressa, é como se ele não existisse.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Homosexuality as a Consequence of Epigenetically Canalized Sexual Development.
Onde foi divulgada: The Quarterly Review of Biology
Quem fez: William Rice, Urban Friberg e Sergey Gavrilets
Instituição: Universidade da Califórnia em Santa Bárbara, Universidade de Uppsala e Universidade do Tennessee.
Resultado: O artigo estudou um possível componente hereditário para, a partir de um ponto de vista evolutivo, explicar a homossexualidade. Os três autores montaram um modelo segundo o qual uma marca epigenética (epimarca), que regula a sensibilidade à testosterona em fetos, pode ser transmitida de mãe para filho e de pai para filha e influenciar na orientação sexual.
Essa nova teoria vai ao encontro de outra tese mais antiga, a de que a homossexualidade é definida, ao menos em parte, por um componente hereditário. Pelo menos quatro grandes estudos, publicados em 2000, 2010 e 2011, nos periódicos Behavior Genetics, Archives of Sexual Behavior e PLoS ONE, apontam para esse fator na origem da orientação sexual, a partir de estudos com gêmeos monozigóticos (também chamados de idênticos ou univitelinos, produtos da fertilização de um único óvulo) e dizigóticos (também chamados de fraternos ou bivitelinos, produtos da fertilização de dois óvulos diferentes). 
Epigenética — Imagine o material genético humano como um manual de instruções. Os genes formariam o conteúdo do livro, enquanto as epimarcas ditariam como esse texto deveria ser lido. "A epigenética altera e regula a forma como os genes se expressam", explica a geneticista Mayana Zatz, do departamento de Genética e Biologia Evolutiva da Universidade de São Paulo (USP). É por meio dos comandos epigenéticos, por exemplo, que o pâncreas fabrica apenas insulina, apesar de as células nesse órgão terem genes para a produção de muitos outros hormônios.
Acreditava-se que os traços da epigenética não eram hereditários, sendo apagados e recriados a cada passagem de geração. Como pesquisas nas últimas décadas mostraram que uma fração de epimarcas é, sim, passada de pais para filhos, Friberg, Rice e Gavrilets julgaram ter encontrado a peça que faltava para montar o quebra-cabeça. 
Sensibilidade – Os três criaram um modelo segundo o qual uma dessas epimarcas transmitidas hereditariamente é o marcador responsável por regular a sensibilidade à testosterona de fetos no útero materno. Ao longo da gestação, tanto fetos masculinos quanto femininos são expostos a quantidades variadas do hormônio, sendo que o fator epigenético estudado no artigo torna o cérebro dos meninos mais sensíveis à testosterona quando os níveis estão abaixo do normal. Isso acontece para preservar características masculinas, podendo inclusive influir na orientação sexual. O mesmo ocorre, mas inversamente, com as meninas. Quando a testosterona está acima do normal, a epimarca funciona como uma barreira, diminuindo sua sensibilidade ao hormônio. 
A partir desse modelo, a homossexualidade poderia ser explicada pela transmissão de epimarcas sexualmente antagônicas. Ou seja: quando o pai transmite seus marcadores, que tiveram a função de torná-lo mais sensível à testosterona, para uma filha. De igual maneira, esse material hereditário pode ser passado de uma mãe para um filho, tornando-o menos sensível à testosterona.
"Quando os efeitos desse mecanismos (que regulam a sensibilidade à testosterona) não são apagados entre as gerações, eles se expressam na prole do sexo oposto. Isso pode resultar em indivíduos que desenvolvem preferências sexuais pelo mesmo sexo", explica Friberg, da Universidade de Uppsala. "O que fizemos foi colocar pela primeira vez o conceito da transmissibilidade epigenética no contexto de desenvolvimento sexual."
O pesquisador faz questão de ressaltar que ainda não se pode provar que a epimarca específica da sensibilidade à testosterona é hereditária. Para tanto, testes específicos precisarão ser realizados. "Uma grande solidez do nosso estudo é que o modelo epigenético para a homossexualidade faz predições que são testáveis com tecnologia já existente. Se o nosso modelo estiver errado, pode ser rapidamente descartado", escrevem os autores no artigo do The Quarterly Review of Biology.
Outro pesquisador envolvido, Sergey Gavrilets, da Universidade do Tennessee, afirma que mesmo que a teoria da hereditariedade seja respaldada por futuros estudos, o debate está longe de acabar. "A hereditariedade explica apenas parte da variação na preferência sexual. As razões, que podem ser sociais, culturais e do ambiente, permanecerão como um tópico de intensa discussão." 
"Estudo positivo" – Carmita Abdo é coordenadora do Programa de Estudos em Sexualidade da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Ela destaca que a nova pesquisa é positiva, uma vez que contribui para a melhor compreensão dos fatores biológicos envolvidos na ocorrência da homossexualidade. "O trabalho é importante porque reforça uma ideia cada vez mais prevalente: a de que a genética — no caso a epigenética — tem influência sobre a orientação sexual."
Essa compreensão científica tem sido importante, segundo Carmita, no combate a mitos que envolveram o tema e que alimentaram interpretações preconceituosas. "Até pouco tempo atrás, achava-se que a orientação sexual era proveniente de uma escolha, como se deliberadamente o indivíduo optasse por ser homossexual. Muito do preconceito contra os homossexuais advém daí", afirma, lembrando que até o início dos anos 90 a homossexualidade era tratada como um transtorno de preferência, e não como uma característica. "Observar um fenômeno pelas lentes da ciência muda a compreensão e ajuda a deixar de lado certas discriminações. Nesse caso em particular, você remove da equação a ideia de que o homossexual é responsável por uma opção que muitos veem como negativa, pejorativa."
Ela ressalva, entretanto, que ainda existe muita incerteza no campo e que a orientação sexual precisa ser encarada como produto de vários fatores. "O estudo reforça a ideia segundo a qual existe uma predisposição que vai ser confirmada ou não a partir de uma serie de influências que vão ocorrer ao longo da vida, algumas delas de ordem cultural, educacional e social. Ele não consagra uma interpretação determinista, nem diz que tudo depende dos genes"

"Nosso objetivo é entender como as preferências sexuais se desenvolvem e evoluem"

Urban Friberg
Professor do Departamento de Biologia Evolutiva da Universidade de Uppsala, na Suécia

Qual o principal objetivo da pesquisa?
Assume-se que indivíduos homossexuais produzem menos prole do que heterossexuais. Qualquer codificação genética para homossexuais deveria, portanto, ser rapidamente removida no processo de seleção natural. Apesar disso, a homossexualidade é relativamente comum entre humanos (cerca de 5%). Além do mais, os melhores estudos disponíveis mostram que há um componente hereditário na homossexualidade. Isso tudo é muito intrigante de uma perspectiva evolucionária: como a homossexualidade pode existir em frequências tão significativas apesar da seleção contra ela? O objetivo da nossa pesquisa foi simplesmente tentar resolver esse enigma, o que nos ajuda a entender como as preferências sexuais se desenvolvem e evoluem.
Como a mudança de foco de genética para a epigenética pode ser explicada?
Nossa principal contribuição é trazer uma explicação lógica para o porquê de a homossexualidade ser algo tão frequente – e para tanto nós mudamos o foco, como causa da homossexualidade, de genes para epimarcas. Nossa teoria sugere que a homossexualidade é resultado de um mecanismo que ajuda as pessoas a desenvolver a preferência por indivíduos do sexo oposto. Quando os efeitos desses mecanismos (epimarcas) não são apagados entre as gerações, eles se expressam na prole do sexo oposto. Isso pode resultar em indivíduos que desenvolvem preferências sexuais pelo mesmo sexo.
Como a comunidade científica lida com genética e homossexualidade?
Houve diversos estudos nos quais os pesquisadores tentaram encontrar genes associados com a homossexualidade. Tais estudos falharam e nenhum gene foi identificado. O resultado disso tudo é intrigante, uma vez que a homossexualidade tem um componente hereditário. Nossa teoria, porém, é capaz de explicar por que a homossexualidade é tão comum e tem um componente hereditário, sem nenhuma codificação genética para esse traço.
Encontrar uma possível explicação biológica ajuda a combater o preconceito?
Atualmente, algumas pessoas acreditam que a homossexualidade é uma escolha pessoal e que indivíduos homossexuais podem ser ensinados a escolher de forma diferente a sua orientação sexual. Eu acredito que encontrar as raízes da preferência sexual mina tais mitos e ajuda as pessoas a melhor entender e aceitar a homossexualidade.

FONTE: Revista Veja/Ciência