01/01/2012
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16h00
Índios zapotecas recriam na Califórnia festa de vilarejo mexicano
DA ASSOCIATED PRESS, NOS EUA
Um grupo de índias zapotecas cavaram um buraco com as mãos, fazendo um
forno de barro para assar pimentas, alho e cebolas no quintal de sua
casa na região central da Califórnia.
Ao amanhecer, cozinharam caldo de chocolate grosso -chamado mole negro -
suficiente para alimentar centenas de trabalhadores rurais vindos de
toda a Califórnia e de lugares tão distantes quanto Washington e Oregon
para celebrar são João Evangelista, santo patrono de um vilarejo
mexicano a mais de 3.220 quilômetros.
Os zapotecas que trabalham na Califórnia costumavam voltara para
Coatecas Altas e outras vilas em Oxaca para participar dessas festas.
Mas conforme a segurança da fronteira foi sendo reforçada e as
travessias ilegais se tornaram caras e perigosas, muitos deles
encontraram um jeito de honrar o santo na pequena cidade de Madera.
Pelo terceiro ano seguido, os zapotecas se reúnem em Madera nos dias
após o Natal, cozinhando e comendo mole, erguendo um altar, saindo em
procissão com bonecos gigantes de papel machê e dançando música
tradicional.
A festa dura por vários dias, coincidindo com a de Oxaca.
Gosia Wozniacka/Associated Press | ||
Índias zapotecas durante a preparação da festa do santo padroeiro de sua vila mexicana na Califórnia |
"Isso é serviço comunitário, nos reunimos para nos ajudar e nos apoiar",
disse Alfredo Hernandez, voluntário de Madera que ajudou a organizar a
celebração. "Para nós é importante não perder nossa cultura. E, já que
não podemos voltar, fazemos a festa aqui."
Os zapotecas formam um dos dois maiores grupos linguísticos indígenas em
Oxaca, e seu povo está entre as últimas ondas de imigração de
trabalhadores para os EUA. Na Califórnia, cerca de 30% dos trabalhadores
rurais hoje são indígenas, segundo o governo dos EUA.
Juan Santiago, um estudante da Universidade do Estado da Califórnia, em
Fresno, começou a festa em Madera para ajudar a organizar sua
comunidade. Santiago, 23, veio com sua mãe para os EUA quando tinha 11
anos, se juntando ao pai e quatro irmãos em Madera. Ele é o primeiro
membro de sua família a se formar na escola e cursar uma faculdade.
A vida na Califórnia traz diversos desafios para seu povo, segundo
Santiago. Em Madera, onde 77% dos 61 mil residentes são hispânicos, os
zapotecas enfrentaram uma barreira linguística dupla, com inglês e
espanhol.
FONTE: Folha.com/Turismo
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