sábado, 15 de junho de 2013

PREFERÊNCIA DE HOMENS POR MULHERES MAIS JOVENS ORIGINOU A MENOPAUSA, DIZ ESTUDO ( Artigo científico )

Evolução


De acordo com autor, se não fosse por essa razão, as mulheres teriam mantido seu potencial de reprodução por toda a vida, assim como os homens

Menopausa
Menopausa: novo estudo refuta teoria de que as mulheres teriam se tornado inférteis com a idade para que pudessem ajudar na criação dos netos (Thinkstock)
Um novo estudo indica que a preferência masculina por mulheres mais jovens ao longo dos últimos milhares de anos deu origem a um processo evolutivo que culminou com a menopausa. Ao contrário do que se costumava pensar – que a menopausa teria surgido para evitar que mulheres mais velhas continuassem a se reproduzir (o que poderia ser ruim para a espécie, já que depois de uma certa idade os óvulos acumulam mutações prejudiciais) – uma pesquisa realizada pela Universidade McMaster, no Canadá, concluiu que foi a falta de reprodução das mulheres nessa faixa etária que gerou o aparecimento da menopausa, tornando-as incapazes de se reproduzir após certa idade.
CONHEÇA A PESQUISA


Onde foi divulgada: periódico PLOS Computational Biology

Quem fez: Richard A. Morton, Jonathan R. Stone e Rama S. Singh

Instituição: Universidade McMaster, Canadá

Resultado: Os pesquisadores concluíram que a preferência dos homens em escolher mulheres mais jovens como companheiras pode ter levado a um acúmulo de mutações prejudiciais à fertilidade feminina nas mulheres mais velhas, o que culminou com o surgimento da menopausa.
De acordo com os pesquisadores, a competição entre homens de todas as idades por parceiras jovens deixou as mulheres mais velhas com chances menores de reprodução. Como a seleção natural atua no sentido de preservar a sobrevivência da espécie, a fertilidade das mulheres foi protegida na fase em que elas tinham mais chances de se reproduzir. O estudo foi publicado nesta quinta-feira, no periódico PLOS Computational Biology.
Os pesquisadores utilizaram simulações computacionais para mostrar como a preferência dos homens em escolher mulheres mais jovens como companheiras pode ter levado a um acúmulo de mutações prejudiciais para a fertilidade feminina nas mulheres mais velhas, que culminou no aparecimento da menopausa. "Nós criamos uma simulação de computador de uma população humana normal, com tamanho constante, taxas de reprodução normais, algumas mutações que atrapalham a fertilidade feminina e uniões sexuais aleatórias no que diz respeito à idade. Quando nós introduzimos nessa população a preferência dos homens por mulheres mais jovens, descobrimos que as mutações se acumulavam nas mulheres mais velhas, impedindo-as de se reproduzir", explicou Rama Singh, um dos autores do estudo, em entrevista ao site de VEJA.
"A menopausa foi identificada apenas em humanos e algumas espécies de baleias, mas até agora não havia sido encontrada uma resposta satisfatória para sua existência", afirma Singh. Para o pesquisador, a "teoria da avó" – segundo a qual as mulheres teriam evoluído para se tornarem inférteis depois de certa idade para permitir que elas ajudassem na criação dos netos, aumentando as chances de sobrevivência da família – não combina com a perspectiva evolutiva.
"Como você evolui para a infertilidade? É o oposto de toda a noção de seleção natural. Ela seleciona a fertilidade, a reprodução, não a ausência disso", afirma Singh.
De quem é a culpa? – O estudo conclui que, não fosse pela preferência masculina por parceiras mais jovens, as mulheres poderiam se reproduzir durante toda a vida, assim como os homens. Porém, segundo Singh, as mulheres não podem colocar a culpa no sexo oposto: "A menopausa é uma consequência incidental da preferência do homem por mulheres jovens. Mas não é culpa dele", diz o pesquisador.
Para Singh, o fato de que a menopausa foi um produto da evolução não significa necessariamente que ela possa ser revertida – pelo menos não em menos de dezenas de milhares de anos – mas abre a possibilidade de que as bases moleculares da menopausa sejam estudadas em mulheres que ainda não chegaram a essa fase, para descobrir, por exemplo, se é possível atrasar seu aparecimento.
FONTE: Revista Veja/Ciência

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