quarta-feira, 24 de novembro de 2010

GRANDES CANÍDEOS ( O Cão/Cachorro ) "Parte 3)

Taxonomia e nomeclatura

O cão, enquanto espécie distinta do lobo, foi descrito pela primeira vez como Canis familiaris em 1758. Na imagem, um grupo de cinzentos.
O cão foi descrito por Lineu em 1758 como Canis familiaris, e considerado como uma espécie distinta do lobo, descrito também por Lineu no mesmo ano como Canis lupus.[32] Outros nomes foram descritos por Lineu, Johann Friedrich Gmelin e Charles Hamilton Smith para a mesma espécie, sendo considerados sinônimos.(c)
A ancestralidade canina vem sendo discutida e estudada desde há muitos anos. Teorias antigas sugerem uma origem proveniente do chacal-dourado[33] ou então uma origem híbrida entre várias espécies.[34][35] Um levantamento das sequências da região de controle do DNA mitocondrial em 140 cães e 162 lobos demonstrou que o lobo é o único ancestral dos cães.[36] Esta conclusão foi confirmada em outro estudo envolvendo 654 cães e 38 lobos da Eurásia.[37] Enquanto há uma aceitação do lobo como único progenitor do cão, a questão taxonômica envolvendo o reconhecimento de uma ou duas espécies distintas ainda não está resolvida.[38]
Baseado na consistência genética, Wayne considerou que o cão, apesar da diversidade em tamanho e proporção, nada mais é do que um lobo.[39] Em contraste, análises estatísticas de crânios têm repetidamente demonstrado uma separação total entre lobo e cão.[40] O conceito ecológico de espécie proposto por Van Valen foi aplicado por alguns pesquisadores para demonstrar características adaptativas específicas nos cães por viverem em um nicho antropogênico. Esta hipótese suporta o reconhecimento do Canis familiaris como uma espécie distinta do Canis lupus, apesar de uma idade de separação não superior a 12 000 a 15 000 anos atrás.[41]
Apesar de certos pesquisadores continuarem a reconhecer duas espécies distintas, [42][41] existe uma tendência recente em seguir a classificação proposta por Wozencraft (1993[43];2005[44]) que inclui o C. familiaris como uma subespécie de C. lupus.[38] Pela lei da prioridade estipulada pelo Código Internacional de Nomenclatura Zoológica, o nome C. familiaris, descrito na página 38, tem prioridade sobre C. lupus, descrito na página 39 do Systema Naturae por Linnaeus. Por questões de usabilidade e estabilidade, foi requisitado à Comissão Internacional de Nomenclatura Zoológica a conservação de dezessete nomes específicos baseados em espécies selvagens, entre eles o Canis lupus.[45][46]

[editar] Características

Quando comparado fisicamente a seu ancestral, o cão possui mínimas diferenças no desing genético. A estrutura óssea, os tipos de músculo, nervos e dentições, por exemplo, são idênticos. Até mesmo a pelagem é similar, já que ambos, salvo algumas exceções, possuem uma dupla camada de pelos. Como diferença acentuada, tem-se o fato dos lobos contarem com cérebro e glândulas produtoras de hormônios mais pesados, já que vivem em ambientes que requerem respostas rápidas a eventos extremos.[47][48] Mais especificamente, sua anatomia divide-se em cinco grandes áreas de estudo: a externa, a osteologia, a artrologia, a miologia e dos órgãos internos:[49]

[editar] Anatomia geral e estrutura externa

Esquema da anatomia externa comum a todas as raças caninas. Legenda: stop (1), cabeça (2), pescoço (3), ombros (4), cotovelos (5), munhecas (6), garupa (7), coxas (8), jarretes (9), boletos (10), espáduas (11), joelhos (12), patas posteriores (13) e cauda (14).
Animais quadrúpedes e digitígrados, o que lhes garante maior agilidade, são considerados os mais difundidos mamíferos domésticos e possuem várias raças adestradas para os mais diferentes fins.[49] Sua longevidade atinge os vinte anos e suas características externas, como tamanho e pelagem, são tão variadas que dificultam a descrição comum de um cão. Contudo, entre as principais características externas, iguais em todas as raças, estão o stop, a cabeça, o pescoço, as espáduas, a garupa, os ombros, a cauda, as coxas, os cotovelos, os joelhos, os jarretes, os boletos, as patas posteriores e as munhecas, como ilustra a imagem.[50] Mais detalhadamente, suas características externas dividem o corpo do animal em três áreas: na zona anterior, estão a cabeça, o pescoço, o peitoral e os membros frontais; na zona posterior, encontram-se os membros posteriores e a cauda; e nos aprumos, nota-se a posição dos membros em comparação a uma superfície horizontal, que refletem sob os elementos principais da locomoção do cão e suas aptidões, isto é, a postura de seus membros.[51] Outra característica comum é a dentição. Em geral, um cão possui um total de 42 dentes, divididos em 12 incisivos, 4 caninos, 16 pré-molares e 10 molares.[52] Sua pele, outra característica comum nestes animais, representa a maior parte de seu sistema imunológico. Ao longo dela, certas áreas mostram-se sob formas diferentes, pois têm propósitos específicos. As unhas e as patas são para a durabilidade, as orelhas para sinalização social e as glândulas da derme para demarcação pelo cheiro.[47]
Com base na diversidade, é possível classificar cães em categorias de acordo com seu peso e sua morfologia. De acordo com o peso, as raças dividem-se em quatro subcategorias: pequena (< 10 kg), média (11-25 kg), grande (26-45 kg) e gigante (> 45 kg). Na outra ponta, a classificação morfológica apresenta-se um pouco mais complexa, apesar de ter apenas três subcategorias: os cães longilíneos possuem seu comprimento superior a sua largura e espessura, e apresentam-se em formas alongadas e esbeltas; os brevilíneos são o aposto, abarcando exemplares robustos e arredondados; já os mediolíneos são o equilíbrio entre as duas classificações anteriores.[49] Outra marcante característica, capaz de dintinguir cães dentro de sua própria raça, é a pelagem, que, variando em comprimento e tipo, gera combinações. Os comprimentos são quatro, ao passo que os tipos são cinco: sem pelo, raso, curto e semi-longo; duro, heterogêneo, liso, sedoso e lanoso.[53]

[editar] Estrutura interna

Esqueleto canino, composto por 25 partes ósseas principais, é, como em animais de semelhante estrutura, fundamental para locomoção e proteção, além de possuir outras funções primordiais.
A estrutura interna, comum a cães das mais variadas raças, é, assim como em grande parte dos mamíferos, dividida em quatro áreas maiores:[54]
A primeira delas é o esqueleto, a rígida estrutura que sustenta o corpo e desempenha as funções de proteção, movimento, reserva de elementos químicos, como o cálcio, e a produção de glóbulos vermelhos nestes animais. Nos cães, que têm ao longo do corpo um total de 25 divisões ósseas maiores, observam-se dois fenômenos durante a fase referente a pré-puberdade: o aumento da espessura e do comprimento ósseos e a calcificação total da cartilagem de conjugação. Este sistema é ainda sustentado por ligamentos e tendões fortes e elásticos.[47] O crânio, que tem por função principal a proteção do cérebro, é composto por treze ossos que se soldam logo após o nascimento e articulam-se diretamente à coluna vertebral, composta por sete vértebras cervicais, treze torácicas, sete lombares, três sacrais e um número variável de vértebras no comprimento da cauda. Já a caixa torácica é formada por dez pares de costelas, ligadas ao esterno.[55] Também partes importantes na movimentação e locomoção são as articulações caninas, divididas em dois tipos: as sinoviais, que permitem grande mobilidade e estabilidade, e as não-sinoviais, soldas ósseas ao nível da caixa craniana cuja união se dá através de um tecido fibroso.[56] Recobrindo estas duas estruturas estão os 34 músculos superficiais do cão, responsáveis por todos os movimentos voluntários ou involuntários, divididos entre estriados, lisos e cardíacos, e de funções flexoras, extensoras, abdutoras e adutoras. É na parte frontal que se encontra a maior concentração muscular dos cães.[57] Entre as peculiaridades deste sistema estão o fato de permitirem um giro da cabeça de 220º e que as patas escavem e arranhem com força.[47]
Segundo estudos no campo neurológico, o modelo cerebral do cão é igual ao do homem. A diferença reside no desenvolvimento das partes.[58]
Internamente, nota-se ainda as topografias, que têm relação com os funcionamentos e as divisões dos órgãos caninos internos. É na topografia torácica que encontra-se o aparelho respiratório, composto pelas cavidades nasais, a faringe, quarenta aneis cartilaginosos formadores da traqueia, os brônquios, os bronquíolos e os alvéolos pulmonares, importantes para a vascularização dos pulmões. No tórax do canino também está o aparelho cardiovascular, cujo coração apresenta quatro cavidades, tem a forma predominante de um globo, está mais situado a esquerda do tórax e possui um tamanho que varia de 120 g à 15 kg, depenendo da raça. Este aparelho é composto ainda por outras oito partes.[59]
Já na outra topografia, a abdominal, está o aparelho digestivo, com 17 partes, que vão da boca ao ânus. As particularidades deste aparelho apresentam-se no volume considerável do estômago, devido ao regime carnívoro do animal, e na boca, cuja mastigação é pouco desenvolvida, o que deixa o trabalho digestivo quase completamente para o estômago. Também nesta área do corpo do canino, está o aparelho urinário, cuja diferença dos demais mamíferos reside no fato de um rim ser suspenso na cavidade abdominal, enquanto o outro encontra-se fixado sob a última vértebra torácica e as duas primeiras lombares. Outra peculiaridade presente neste sistema é o fato da uretra ser mais comprida e menos larga nos machos que nas fêmeas. O baço, também localizado no abdómen, é um órgão linfático que compõe o sistema de defesa do organismo, já que, quando o animal ingere mais alimentos do que pode suportar, acompanha o estômago para trás, sedendo-lhe mais espaço e evitando problemas digestivos. É ainda no baço que o sangue novo é fabricado em conjunto com a medula óssea.[47][60]

FONTE: Wikipédia, a Enciclopédia Livre.

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