domingo, 24 de fevereiro de 2013

ISOLAMENTO NÃO IMPEDIU DEVASTAÇÕES NA ILHA DE PÁSCOA ( Turismo Mundial )


PEDRO CARRILHO
ENVIADO ESPECIAL À ILHA DE PÁSCOA
Longe da imagem de local paradisíaco perdido nos mares do Sul, com areias brancas e lagoas translúcidas, Rapa Nui tem só duas praias: Anakena e Ovahe. Ambas ficam na costa norte e têm areias claras, e Anakena conserva um grande grupo de moais, o ahu Nau Nau.

O restante da costa tem falésias onde arrebentam ondas geralmente grandes.
Curiosamente, apesar do forte calor dos meses de verão, é aqui nas pedras que os rapanuis preferem relaxar, fazendo churrascos com a família e evitando a areia.
Rapa Nui é o topo de uma cadeia de montanhas submarinas que corta o Pacífico e só emerge aqui (e na ilhota desabitada de Sala y Gomez).
É uma ilha vulcânica cujo formato triangular deriva da união dos campos de lava formados pelas erupções de três vulcões: o Maunga Terevaka, no vértice norte (ponto culminante da ilha, com 507 m de altura); o Pu A Katiki, na península Poike, a leste; e a cratera do Rano Kau, que forma o canto sudoeste da ilha, logo ao sul do aeroporto.
Outras crateras, como a do Rano Raraku, a "fábrica" de moais, e cones vulcânicos, como o Cerro Pui, caracterizam a ilha. As últimas atividades vulcânicas no local datam de 10 mil anos atrás.
O aspecto vulcânico não se resume aos cones de escória e crateras. Sob campos de rochas ígneas escondem-se grutas e tubos de lava, a maioria próximo à costa oeste.

Pedro Carrilho/Folhapress
Ruínas da vila cerimonial de Orongo, na borda da cratera do vulcão Rano Kau, na ilha de Páscoa
Borda da cratera do vulcão Rano Kau; últimas atividades vulcânicas na ilha de Páscoa datam de 10 mil anos
Algumas grutas, como a Ana Te Pahu, serviam de refúgio em momentos difíceis. Outra, a Ana Kakenga (ana significa gruta em rapanui), é conhecida por suas duas "janelas" com vista para o mar revolto e tem acesso através de um estreito buraco.
Próxima de Hanga Roa, a Ana Kai Tangata preserva pinturas alusivas ao culto do homem-pássaro.
Desde 1935, as terras fora do perímetro de Hanga Roa fazem parte de um parque nacional. Se por um lado o parque desagrada alguns rapanuis, que reivindicam sua devolução, por outro, preserva a frágil ecologia da ilha.
Muitos consideram Rapa Nui como um dos primeiros exemplos de desastre ambiental. Antes mesmo da chegada dos europeus a ilha já estava devastada.
Editoria de Arte/Folhapress
O crescimento populacional e a extração da madeira disponível na ilha para a construção de casas, barcos e principalmente para o processo de transporte dos moais, fez com que florestas de palmeiras gigantes virassem descampados. Há trechos de reflorestamento com eucaliptos (e coqueiros trazidos do Taiti na praia de Anakena).
Para dificultar a situação, a ilha não tem rios permanentes, apenas pequenos lagos nas crateras do Rano Kau e do Rano Raraku, e toda a água consumida em Hanga Roa vem de poços.
Sua pouca idade geológica e total isolamento dificultaram também a migração e evolução das espécies animais, por isso a fauna local é praticamente inexistente.
Até mesmo as populações de aves e peixes são relativamente pequenas. O que se vê com frequência são cavalos selvagens, trazidos pelos europeus durante o século 19, vagando livremente pelas paisagens verdes e campos de rochas vulcânicas desde que perderam a utilidade com a introdução de veículos motorizados na ilha.
Os rapanuis dependem hoje do turismo, sua maior indústria, mas fazem questão de mantê-lo controlado. Como a história já provou, a ilha é vulnerável e há problemas como a erosão, principalmente na península Poike.
Resta esperar para que a triste história de exploração e colapso de Rapa Nui sirva de alerta. 

FONTE: Folha.com/Turismo

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