ONG americana quer evitar futura colisão de asteróide
Objetivo de fundação é construir satélite para identificar bólidos perigosos
Meta mais ambiciosa é criar soluções, como explosões nucleares, para desviar rota das pedras mais perigosas
Meta mais ambiciosa é criar soluções, como explosões nucleares, para desviar rota das pedras mais perigosas
GIULIANA MIRANDA
DE SÃO PAULO
Uma organização não governamental dos EUA quer literalmente salvar o
planeta. A Fundação B612- uma homenagem ao asteroide ficcional de "O
Pequeno Príncipe"- pretende construir um satélite para identificar
asteroides perigosos em rota de colisão com a Terra, dando aos
terráqueos tempo suficiente para evitar o pior.
Grandes asteroides são um jeito comprovadamente eficaz para dizimar a vida no planeta, como bem descobriram os dinossauros.
Para dar aos humanos a chance de ter um destino diferente, a B612 tem o
ambicioso projeto de conseguir identificar quase todas as pedras
potencialmente perigosas para nós.
A ideia de torrar algumas centenas de milhões de dólares para se
prevenir contra um pedregulho voador parece coisa de aficionado em
ficção científica, mas o projeto envolve astrônomos, físicos e até
alguns astronautas.
O veterano em voos do ônibus espaciais Ed Lu é o presidente da
companhia, enquanto Rusty Schweickart, do programa Apollo, é o
presidente de honra.
MISSÃO
Batizado de Sentinela, o satélite deve ser do tamanho de uma pequena
caminhonete. O objetivo é colocá-lo na órbita do Sol e usar raios
infravermelhos para localizar os bólidos ameaçadores.
A expectativa do grupo é que eles consigam colocar o telescópio para
funcionar até 2018. Os dados coletados serão compartilhados com a Nasa e
com outros centros.
Hoje, a maior parte do trabalho de mapeamento de asteroides é feita por telescópios aqui na Terra.
Em 2011, o Brasil inaugurou seu próprio telescópio, no sertão de
Pernambuco, para monitorar asteroides: o projeto Impacton, do ON
(Observatório Nacional).
Segundo Jorge Carvano, pesquisador do órgão, estudar esses pedregulhos diretamente no espaço pode ser mais vantajoso.
"A detecção de asteroides interiores à órbita da Terra é muito
ineficiente quando feita de telescópios terrestres, pois só pode ser
realizada em intervalos de tempo curtos logo após o pôr do sol ou logo
antes de seu nascer", diz.
Os membros da B612 são enfáticos em falar das maravilhas de seu
telescópio, mas ainda não têm nenhum projeto pronto. Neste momento,
ainda estão trabalhando na tecnologia dos sensores.
Para o grupo, porém, esse é só um detalhe. A captação de recursos pelo
site com a venda de produtos associados à marca parece estar crescendo.
Eles não revelam o quanto já ganharam, mas admitem: "Estamos indo bem em
levantar as verbas".
A equipe da B612 também está caprichando na parte midiática, com
aparições em programas de TV e bate-papo com os fãs na internet.
SOLUÇÃO
Mas, uma vez encontrado um asteroide vindo em direção à Terra, o que
podemos fazer? A fundação também se dedica a pensar em várias
alternativas para essa questão. E, por incrível que pareça, os roteiros
dos filmes que abordaram o tema não estavam muito distantes da
realidade.
Explosões nucleares para desviar as pedras são uma provável alternativa, mas também há outras tecnologias em discussão.
"O problema, claro, é que nenhuma delas foi testada. Por isso é
importante saber com bastante antecedência quando um impacto ocorreria",
diz Jorge Carvano, do Observatório Nacional.
Frase
"O problema é que nenhuma [das formas de evitar uma colisão de
asteroide] foi testada. Por isso é importante saber com antecedência
quando um impacto ocorreria"
JORGE CARVANO
pesquisador do Observatório Nacional
pesquisador do Observatório Nacional
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