15/03/2013
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03h31
REINALDO JOSÉ LOPES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
As primeiras aves do mundo tinham algo em comum com alguns dos mais
antigos aviões: em vez de um único par de asas, elas tinham dois.
Essa é a hipótese defendida por paleontólogos para explicar um conjunto
de belos e bizarros fósseis achados no nordeste da China. Eles
representam espécies de aves primitivas cujas patas parecem ter sido
cobertas por uma plataforma de penas compridas.
É verdade que algumas raças de galinhas e certas espécies selvagens de
hoje (como aves de rapina) também possuem penas nas patas.
Divulgação |
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Concepção artística da ave Sapeornis, que tinha patas com penas |
Mas nenhum penoso atual tem membros posteriores semelhantes aos dos
fósseis chineses. Para a equipe liderada por Xing Xu, da Universidade
Linyi, a explicação mais plausível é que elas tenham funcionado como uma
espécie de "asa de trás".
Não é a primeira vez que Xu defende essa ideia radical. O pesquisador é
um dos mais renomados caçadores de fósseis da China e já teve a sorte de
achar quase todo tipo de exemplar com penas delicadamente preservadas.
A diferença é que Xu e seus colegas tinham proposto a presença de quatro
asas não em aves, mas em dinossauros. O garoto-propaganda dessa ideia é
o minidino Microraptor gui, criatura do tamanho de um quero-quero descoberta em 2003.
É consenso entre os paleontólogos que as aves são um subgrupo dos
dinossauros pequenos e comedores de carne, como o M. gui. O bicho tinha
penas de formato assimétrico (responsáveis pela propulsão durante o voo)
grudadas nas patas de trás, o que levou os chineses a propor que os
primeiros passos evolutivos rumo à capacidade de voar entre as aves
teriam começado com dinos "4x4".
A ideia é que os dois pares de asas teriam ajudado os bichos a planar
quando saltavam de árvores. Com o refinamento da arte de bater as asas, o
segundo par teria sido aposentado.
É esse cenário que as penas compridas e rígidas sugerem. Elas foram
encontradas em ao menos cinco espécies de aves com 120 milhões de anos.
Para Xu, as asas seriam estabilizadores de voo.
A pesquisa foi publicada na "Science". Entrevistado pela revista, o
paleontólogo americano Kevin Padian, da Universidade da Califórnia,
elogiou o estudo, mas disse que não há evidências da relação entre as
penas das patas e o voo. Elas poderiam até atrapalhar o movimento nos
ares, declarou Padian.
FONTE: Folha.com/Ciência
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