22/03/2013
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03h25
RAFAEL GARCIA
EM WASHINGTON
EM WASHINGTON
O Universo é um pouco mais velho do que se imaginava e a sua expansão
após o Big Bang ocorreu de forma mais lenta do que se pensava, revelam
os dados mais recentes do satélite Planck, da Agência Espacial Europeia.
A revisão de números corrigiu a idade do cosmo de 13,7 bilhões para 13,8
bilhões de anos, e sua taxa de crescimento foi reduzida em 3%. Além
disso, a energia escura, a forma predominante de tudo o que há no Cosmo,
é menos abundante do que se imaginava (veja quadro acima).
O Planck, lançado em 2009, investiga o Universo primordial mapeando
flutuações de temperatura que enxerga em diferentes direções no céu.
Para isso, capta a radiação cósmica de fundo: a luz emitida pelo
Universo apenas 370 mil anos após o Big Bang, mas que ainda permeia o
espaço, viajando na forma de micro-ondas.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Apesar de as correções feitas pelas medições do Planck serem pequenas,
elas são importantes, afirmaram ontem cientistas em entrevista coletiva
em Washington (a missão é europeia, mas tem forte participação da Nasa).
Os físicos dizem que o aumento da certeza sobre esses números permitirá
a construção de equipamentos mais precisos para investigar os enigmas
da cosmologia.
Entre eles estão a energia escura, cuja natureza ainda é desconhecida, e
a matéria escura, que exerce gravidade mas não interage com a luz.
"Uma das coisas que o Planck faz bem é determinar parâmetros que
precisam ser conhecidos pelos experimentos que tentam explicar como a
energia escura e a matéria escura modificam a história de expansão do
Universo", disse Martin White, da Universidade da Califórnia em
Berkeley, um dos físicos que analisaram os dados.
"Durante anos, os criadores desses experimentos esperaram o Planck para
pegar carona no aumento de precisão que ele providenciou."
Minúcias à parte, os dados que o satélite coletou se encaixam bem nas
previsões das principais teorias da cosmologia. Os dados confirmam o
evento que os cosmólogos batizaram de "inflação": um período de expansão
acelerada logo após o Big Bang. Acredita-se que seja ele o responsável
por o Universo não ser hoje uma mera nuvem homogênea de matéria, sem
galáxias ou planetas.
O novo mapa mostra que a matéria parece estar distribuída
aleatoriamente, mas não totalmente a esmo, e sugere que as teorias que
tentam explicar a inflação de maneira mais complicada devem ser
abandonadas em favor de um modelo mais simples.
Apesar de o panorama revelado pelo Planck ser o de um Universo
majoritariamente homogêneo, algumas anomalias têm despertado o interesse
dos cientistas.
Uma delas é uma região grande do Cosmo que é mais fria do que outras,
representada por uma mancha azul na parte direita do mapa. Outro
problema é que uma das metades do mapa concentra mais áreas quentes do
que a outra, uma assimetria não prevista pelas teorias.
"Essas coisas já eram conhecidas, mas eram um pouco controversas",
afirmou o astrofísico Krzysztof Gorski, do JPL, em referência aos dados
do satélite WMAP, que mapeou a radiação cósmica de fundo antes do
Planck, mas com menor precisão.
Esse desvios, porém, não invalidam os modelos cosmológicos reinantes,
dizem os físicos. Teorias mais precisas precisam ser elaboradas e
testadas no futuro para explicar as anomalias.
FONTE: Folha.com/Ciência
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