DA BBC BRASIL
Um estudo da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, sugere que os
Neandertais foram extintos pois tinham olhos maiores do que o da nossa
espécie, o Homo Sapiens.
A equipe de pesquisadores britânicos explorou a ideia de que os
ancestrais dos Neandertais saíram da África e tiveram que se adaptar às
noites mais longas e escuras da Europa. Como resultado, os Neandertais
desenvolveram olhos maiores e a área do cérebro para processar a visão
teve que aumentar.
Devido a este fato, a capacidade de processamento de informações e pensamentos ficou prejudicada entre os Neandertais.
Os homens de Neandertal viveram na Europa há cerca de 250 mil anos. Eles
coexistiram e interagiram por um curto período de tempo com o Homo
sapiens.
Os humanos que permaneceram na África, por sua vez, continuaram a
aproveitar um clima melhor e, por isso, não precisaram deste tipo de
adaptação. Ao invés disso, nossos ancestrais tiveram uma evolução no
lobo frontal do cérebro, associado com pensamentos mais complexos, antes
de se espalharem pelo mundo.
Eiluned Pearce, da Universidade de Oxford, checou esta teoria comparando
os crânios de 32 Homo sapiens e 13 crânios de Neandertais.
A cientista descobriu que os Neandertais tinham as órbitas, em média, seis milímetros maiores.
BBC | ||
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Neandertal desapareceu devido a olhos grandes, diz estudo |
Apesar de parecer pouco, a cientista afirma que foi o bastante para que
os Neandertais precisassem usar uma parte significativamente maior de
seus cérebros para processar a informação visual.
"Desde que os Neandertais evoluíram em latitudes mais altas, uma parte
maior do cérebro Neandertal teria sido dedicada à visão e controle
corporal, deixando uma área menor do cérebro para lidar com outras
funções como interações sociais", afirmou a cientista à BBC.
Chris Stringer, especialista em origens dos homens do Museu de História
Natural de Londres e que também participou da pesquisa, concorda com a
conclusão de Pearce.
"Deduzimos que os Neandertais tinha uma parte cognitiva do cérebro menor
e isto os teria limitado, inclusive na habilidade de formar grupos
maiores. Se você vive em um grupo maior, precisa de um cérebro maior
para processar todos aqueles relacionamentos extras", afirmou.
Esta característica dos Neandertais também pode ter afetado sua
capacidade de inovar e se adaptar à era do gelo que teria contribuído
para sua extinção.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Proceedings of the Royal Society B.
ROUPAS
Existem provas arqueológicas, por exemplo, de que o Homo sapiens que
coexistiu com os Neandertais tinha agulhas que usava para fazer roupas.
Isto os teria mantido mais aquecidos do que as mantas sem costura que os
Neandertais teriam usado.
Stringer afirma que todos estes fatores juntos podem ter dado à nossa espécie uma vantagem crucial para a sobrevivência.
"Mesmo se você tivesse uma capacidade um pouco maior de reagir
rapidamente, de contar com a ajuda de seus vizinhos para sobreviver e de
passar informações, todas estas coisas juntas deram a vantagem ao Homo
sapiens em relação aos Neandertais, e isto fez a diferença para a
sobrevivência."
Esta última descoberta está em contradição com uma outra pesquisa que
afirma que os Neandertais não eram as criaturas estúpidas ou grosseiras
mostradas em filmes de Hollywood, mas podem ter sido inteligentes.
Robin Dunbar, que supervisionou esta pesquisa também na Universidade de
Oxford, afirmou que sua equipe queria evitar os estereótipos ligados aos
Neandertais.
"Eles eram muito, muito espertos, mas não no mesmo nível que o Homo
sapiens. Aquela diferença pode ter sido o bastante para mudar o
equilíbrio quando as coisas começaram a ficar difíceis no final da
última era do gelo", afirmou.
Até o momento, o conhecimento dos pesquisadores em relação ao cérebro do
Neandertal era baseado em moldes de gesso dos crânios. Isto deu aos
cientistas uma indicação do tamanho e estrutura do cérebro, mas não deu
nenhuma indicação real de como o cérebro do Neandertal era diferente do
cérebro humano.
O último estudo é uma abordagem mais imaginativa para tentar desvendar a questão.
As pesquisas anteriores de Eiluned Pearce mostraram que os humanos
modernos que viviam em latitudes mais altas desenvolveram maiores áreas
de visão no cérebro para lidar com níveis de luz mais baixos. Mas não há
indicação de que as habilidades cognitivas superiores tenham sido
afetadas.
Estudos realizados em primatas mostraram que o tamanho dos olhos é
proporcional à quantidade de espaço no cérebro voltada para os processos
visuais, então os pesquisadores presumiram que isto também se aplicaria
aos Neandertais.
FONTE: Folha.com/BBC BRASIL
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