terça-feira, 12 de março de 2013

EXAME ACHA ARTÉRIAS ENTUPIDAS EM MÚMIAS ANTIGAS ( Artigo Científico )

12/03/2013 - 03h10

NICHOLAS BAKALAR DO "NEW YORK TIMES"
A aterosclerose --o acúmulo de gorduras e colesterol nas paredes das artérias que podem levar a acidente vascular cerebral e doença cardíaca - é geralmente considerada um problema dos tempos modernos, um resultado de dietas gordurosas e estilos de vida sedentários. Mas um novo exame de múmias de culturas antigas sugere que a doença apareceu muito antes da chegada da junk food e dos televisores de tela plana.
Pesquisadores realizaram tomografias computadorizadas em 137 múmias, incluindo egípcias e peruanas.

Michael Miyamoto/Associated Press
Múmia egípcia Hatiay sendo submetida à tomografia na cidade do Cairo no Egito
Múmia egípcia Hatiay sendo submetida à tomografia na cidade do Cairo no Egito
Os exames foram avaliados por sete especialistas em imagens que identificaram a aterosclerose pela presença de calcificação nas paredes das artérias ou ao longo do percurso esperado de uma artéria que deixou de ser visível.
Pesquisas anteriores já haviam encontrado evidências de aterosclerose em múmias egípcias, mas a mumificação no Egito era praticada entre a elite, cuja dieta e estilo de vida, provavelmente, diferem substancialmente da do resto da população.
De fato, este estudo, publicado on-line na revista "Lancet" no domingo (10), encontrou aterosclerose em 29 das 76 múmias egípcias examinadas.
Mas os pesquisadores também descobriram a doença em 13 das 51 múmias peruanas datadas entre o ano 200 e 1500, duas das cinco múmias dos ancestrais de índios norte-americanos que viveram entre 1500 a.C. e 500 d.C. no sudoeste dos EUA, e três das cinco múmias das Ilhas Aleutas, no Alasca, que viveram nos séculos 19 e início de 20.
Ao todo, 38% dos egípcios e 29% das outras múmias continham evidência definitiva ou provável de aterosclerose, concluíram os cientistas.

Michael Miyamoto/Associated Press
Múmia egípcia Hatiay sendo retornada ao seu sarcófago após ser submetida à tomografia na cidade do Cairo no Egito
Múmia egípcia Hatiay sendo retornada ao seu sarcófago após a tomografia na cidade do Cairo no Egito
O autor, Gregory S. Thomas, cardiologista e diretor médico no Long Beach Memorial Medical Center, em Long Beach, Califórnia, disse que, entre as múmias de pessoas com 40 anos ou mais, 50% tinham aterosclerose.
Dieta e clima variaram entre esses quatro grupos. Os egípcios podem ter comido uma dieta rica em gordura saturada. Os peruanos cultivavam milho, batata e feijão, e eles tinham animais domésticos. Os índios americanos plantavam milho e caçava coelhos, cervos e ovelhas, enquanto o habitantes das Ilhas Aleutas subsistiram com uma dieta de peixe, marisco, focas, lontras marinhas e baleias.
"Os pacientes com doença vascular se sentem culpados por tê-la, mas eles não devem se sentir culpados", disse o Thomas. "É parte do processo de envelhecimento. Se as pessoas já tinha a doença há 4.000 anos e em quatro culturas diferentes, por que não teríamos isso agora? " 

FONTE: Folha.com/Ciência

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