21/10/2012
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18h20
Ditador romeno deixou tesouro ecológico como legado em Bucareste
DA EFE
Entre edifícios do período comunista e arranha-céus está situado, em
pleno centro de Bucareste, o chamado "lago" de Vacaresti, um pântano
abandonado que viu crescer entre os seus diques um ecossistema complexo
de imenso valor natural e que nasceu como um projeto hidrológico do
ditador Nicolae Ceausescu.
Conhecido na Romênia como "o Delta entre os edifícios", por suas
similaridades com o delta do rio Danúbio, o projeto hidrológico acolhe a
cada ano, com a chegada do calor após o inverno, cerca de 90 espécies
de aves pouco comuns.
Marcel Gascón - 6.out.12/Efe |
"Lago" de Vacaresti, em Bucareste, na Romênia, nasceu como um projeto hidrológico do ditador Nicolae Ceausescu |
Consciente da sua importância para uma cidade poluída e populosa como
Bucareste, o governo anunciou sua intenção de declará-lo nos próximos
meses como uma área natural protegida.
Os ferventes partidários da ideia são as organizações de proteção do meio ambiente, como a WWF.
Cristian Lascu, redator chefe da revista "National Geographic" na Romênia, é um dos impulsores do projeto.
"Seria uma área verde e um alvo turístico especial, um parque natural
onde poderiam ser vistos os animais em seu meio natural", explica Lascu.
O governo espera receber dele e de outras pessoas implicadas toda a
documentação científica, cartográfica e jurídica necessária, com o sinal
verde da Academia Romena, para declarar a zona natural protegida,
confirmou o Ministério do Meio Ambiente.
Mas a superfície de estudo é grande e complexa e são necessários
especialistas nos diversos animais e tipos de vegetação para completar o
relatório.
"Não temos dinheiro nem tempo, todos temos nossas obrigações
profissionais, porque fazemos isto por devoção, quando podemos", conta o
jornalista especializado.
Contra os planos do governo e das ONGs estão os antigos proprietários
dos terrenos que não receberam indenizações desde a desapropriação
abusiva pelo regime comunista.
Eles temem não receber nada pelas terras que foram suas, e notificaram o
Ministério do Meio Ambiente, que prometeu que estudará os seus casos e
fará justiça.
Em 1986, o tirano comunista Ceausescu começou as obras do pântano, que
devia fazer parte de um sistema para evitar inundações na capital e
recolher água.
A revolução de 1989 provocou a queda e a morte de Ceausescu e
interrompeu o projeto, que não foi retomado por nenhuma administração
democrática.
Agora, a inação dos governos romenos e a ação da natureza e de pessoas
como Lascu podem dar às centenas de milhares de bucarestenses que vivem
nos bairros hostis de concreto uma opção de recreação inédita, barata e
acessível, basta pegar o bonde.
FONTE: Folha.com/Turismo
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