22/10/2012 - 16h28
Fóssil da mais antiga tartaruga do mundo resiste ao tempo
DA FRANCE PRESSE
A retirada de uma lama de argila próximo a um aterro sanitário no sul da Polônia revelou o fóssil de uma tartaruga agora reconhecida pelos cientistas como a mais antiga já descoberta no mundo e a mais completa.
Datada por pesquisadores do Instituto de Paleontologia de Varsóvia em 215 milhões de anos, o fóssil pode fornecer respostas a muitas questões relacionadas a esse réptil, reverenciado até hoje em muitas civilizações em todo o mundo.
"Os fósseis do final do Triássico são raros. Há apenas oito locais no mundo onde você pode encontrá-los. Aqui na Polônia encontramos a coleção de fósseis mais antiga e mais completa", explica Tomasz Sulej, paleontólogo da Academia de Ciências Polonesa, que teve a chance de fazer essa descoberta na região de Cracóvia.
Peter Andrews/Reuters | ||
O cientista Tomasz Sulej limpa o fóssil da tartaruga mais antiga já conhecida |
"Eu digo que foi meu anjo da guarda que me guiou a este lugar", disse à AFP, referindo-se ao dia que em setembro de 2008, quando, levado pela intuição, foi para a cidade de Poreba.
Quatro anos depois, os testes confirmaram o que ele previu: o fóssil provou ser de uma das mais antigas tartarugas do mundo.
O "Journal of Vertebrate Paleontology" fez o anúncio em agosto.
Um fóssil de idade semelhante foi encontrado na Alemanha. Mas a descoberta na Polônia inclui, além dos ossos tais como a carapaça, vértebras do pescoço e da cauda e ossos das pernas, uma descoberta única.
"Nós encontramos duas espécies, uma desconhecida", relata o paleontólogo polonês.
Seu grupo de pesquisadores identificou uma das espécies como pertencente aos Proterochersis, enquanto a segunda, menor, parece ser desconhecida.
A descoberta de Tomasz Sulej seguiu a de um dinossauro que data de 200 milhões de anos, encontrado em 2006 perto da vila de Lisowice, na mesma região. Os pesquisadores haviam apelidado de "Smok Wawelski" (Dragão de Wawel), um animal lendário conhecido por todas as crianças na Polônia.
Para Sulej, "as suas buscas são como a do Santo Graal para os Cavaleiros da Távola Redonda".
Embora não possamos coletar células para testes de DNA em um fóssil, o estudo de sua estrutura pode fornecer respostas sobre as origens das tartarugas.
Até agora, pensava-se que as tartarugas surgiram dos Procolophonidae, uma família de pequenos para-répteis que viveram no período Permiano, o último período do Paleozócio, há cerca de 300 milhões de anos.
Um fóssil de Odontochelys semitestace, descoberto em 2008 na China e datado de 220 milhões de anos, também tem sido classificado pelos especialistas como um ancestral da tartaruga. Ele tinha um escudo que cobria a barriga, mas ao contrário de tartarugas, não tinha dentes e a carapaça nas costas.
Testes de DNA das tartarugas atuais revelam que elas pertencem ao grupo relacionado com crocodilos, segundo Sulej.
POUCOS PREDADORES
As estrelas amarelas sobre a carapaça da Tortoise, uma espécie nativa de Madagascar, fascinam os alunos que visitam o zoológico de Varsóvia.
"Sua carapaça parece um tanque", diz Wojtek, 12 anos, aluno do sexto ano.
E, no entanto, as tartarugas que foram capazes de resistir com suas carapaças aos predadores naturais por milhões de anos, têm se mostrado vulneráveis ao homem.
Elas são caçadas por sua carne ou como remédio na medicina tradicional, ou ainda capturadas ilegalmente para utilização como animais de estimação.
Quase metade das 328 espécies desses répteis que vivem em água doce ou marinhas e em terra está ameaçada, adverte a Coalizão para a Proteção da Tartaruga, uma organização internacional.
"Depois de (sobreviverem) milhões de anos, muitas espécies de tartarugas estão agora ameaçadas de extinção, muitas são caçadas para consumo em larga escala, principalmente na Ásia", ressalta Mariusz Lech, encarregado pelas tartarugas no jardim zoológico de Varsóvia.
Famosas por sua longevidade, as tartarugas simbolizam longa vida, estabilidade e segurança nos mitos de várias culturas ao redor do mundo.
"Sem medidas drásticas para proteger, certas espécies podem realmente desaparecer em 20 anos", diz Lech.
FONTE: Folha.com/Ciência
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