09/08/2012
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05h01
Hominídeos de três espécies conviveram na África, diz estudo
REINALDO JOSÉ LOPES
EDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE"
EDITOR DE "CIÊNCIA+SAÚDE"
É um cenário que parece saído de romances de fantasia, como "O Senhor
dos Anéis": três espécies distintas de seres inteligentes, cada uma
delas com aparência e cultura próprias, vivendo lado a lado por
milênios.
Segundo uma nova pesquisa, é exatamente isso o que aconteceu na África
Oriental há 1,9 milhão de anos, quando o gênero humano, o Homo, estava
se estabelecendo.
Novos fósseis --fragmentos de um crânio e mandíbulas--, descobertos em
Koobi Fora, no Quênia, são a base dessa hipótese, defendida em estudo na
edição de hoje da revista científica "Nature".
Editoria de arte/folhapress | ||
O grupo de Meave Leakey, do Instituto da Bacia Turkana, em Nairóbi,
analisou a anatomia desses cacos e concluiu que eles se encaixariam com
outro fóssil, o crânio conhecido como KNM-ER 1470, achado nos anos 1970.
Para alguns, o KNM-ER 1470 representaria uma espécie separada de
hominídeo, o Homo rudolfensis, distinta de dois velhos conhecidos dos
paleoantropólogos, o Homo erectus e o Homo habilis.
Para outros, ele não passaria de uma variante do H. habilis.
Os novos fósseis parecem confirmar que o H. rudolfensis pertencia a uma
linhagem distinta --embora Leakey e seus colegas não usem o nome. Querem
mais estudos antes de dar esse passo.
Se eles estiverem corretos, cai por terra de vez uma ideia que já estava
sendo muito atacada: a de que teria havido uma progressão linear de
espécies de humanos primitivos --H. habilis gerando H. erectus gerando
H. sapiens-- rumo ao homem moderno.
Em vez disso, prevaleceria o chamado modelo do arbusto: vários "galhos"
da linhagem humana evoluindo ao mesmo tempo, cada um com suas próprias
adaptações e estilos de vida. Alguns teriam se extinguido, enquanto
outros deixaram descendentes.
Esteban Sarmiento, primatologista da Fundação Evolução Humana, em Nova York, diz que tem dúvidas sobre as conclusões do estudo.
"No fundo, o principal argumento para associarem esses fósseis ao KNM-ER
1470 é a idade deles, a comparação morfológica não mostra isso."
FONTE: Folha.com/Ciência
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