O mistério do Vale Sagrado dos Incas
Conheceremos um dia o segredo que os antigos andinos possuíam para moldar as pedras de seus templos?
Texto e fotos: Haroldo Castro
Conheceremos um dia o segredo que os antigos andinos possuíam para moldar as pedras de seus templos?
Texto e fotos: Haroldo Castro
Plantado por 5 mil agricultores (97% deles em pequenas parcelas
de terras entre um e cinco hectares), o milho branco foi exportado, nos
últimos dez anos, para quase 30 países. Japão e Espanha são os
principais compradores. Seu nome em quéchua, paraqay sara, ou “milho
branco de grãos grandes e largos”, define bem o cereal. Eles são tão
graúdos que, para comê-los, é preciso retirar grão por grão da espiga.
O milho branco é cultivado no Vale Sagrado há um milênio. A
extensão plantada hoje representa apenas uma pequena porção do que era
usado na época inca, há cinco ou seis séculos. O número de plataformas
agrícolas em ruínas e não usadas confirmaria que a produção antiga era
de cinco a dez vezes superior à moderna.
Além de ser consumido cozido ou tostado, o milho branco serve
como base para a chicha, uma bebida local preparada com o milho
fermentado. Um dos melhores mercados para se degustar o milho gigante de
Urubamba é o de Pisac, um pequeno povoado no Vale Sagrado dos Incas, na
extremidade oposta a Ollantaytambo.
ATÉ POUCOS ANOS ATRÁS, o mercado era montado a
cada quinta-feira e domingo. Devido ao sucesso turístico, os mercadores
de Pisac resolveram trabalhar sem tomar fôlego. Hoje, o mercado é
realizado sete dias por semana. A venda de verduras e legumes do Vale
Sagrado acontece em uma das esquinas da Praça da Constituição, a
principal da vila. Uma rua que sai da praça leva até um pátio onde
encontramos um forno comunitário. Qualquer pessoa pode assar um prato
preparado em casa por apenas R$ 1.
Até os cuies, os porquinhos-da-índia criados para se
transformar em fonte de proteína, vão para o forno. O mais apetitoso
mesmo são as empadas quentinhas, preparadas a cada cinco minutos.
Aos domingos, Pisac é ponto de encontro dos indígenas da
região. Eles descem das montanhas para vender seus produtos e participar
da missa dominical em quéchua. Pouco antes das 11 horas, jovens
indígenas na porta da igreja soam seus pututus, instrumentos
tradicionais de sopro feitos com conchas do mar, para anunciar aos
devotos, locais e visitantes, que o ritual na Igreja São Pedro Apóstolo
vai começar.
A missa é celebrada em quéchua há alguns séculos. Como as
populações indígenas que moram nos vilarejos acima de Pisac falavam (e
ainda falam) muito pouco o espanhol, a solução encontrada pelos
sacerdotes foi atrair a comunidade usando a própria língua. O sermão e
todos os cânticos são em quéchua. A missa em quéchua é um excelente
exemplo do sincretismo cultural existente na região. O peruano de hoje é
justamente o resultado dessa combinação entre a alma inca e o espírito
espanhol!
Haroldo Castro viaja como jornalista, fotógrafo e conservacionista. Ele é o fundador do Clube de Viajologia e já documentou 138 países. Apoio Inkaterra Travel: www.inkaterra.com Promperu www.promperu.gob.pe |
FONTE: Revista Época
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