domingo, 12 de agosto de 2012

O MISTÉRIO DO VALE SAGRADO DOS INCAS ( Sociedades Primitivas ) Conheceremos um dia o segredo que os antigos andinos possuíam para moldar as pedras de seus templos? "PARTE I"


O mistério do Vale Sagrado dos Incas
Conheceremos um dia o segredo que os antigos andinos possuíam para moldar as pedras de seus templos?


Texto e fotos: Haroldo Castro
O rio Vilcanota no Vale Sagrado dos Incas, pouco antes de sua passagem por Ollantaytambo.
O Vale Sagrado dos Incas foi criado pelas correntezas do rio Vilcanota, também chamado de Wilcamayu, ou rio Osagrado. Posicionado no sentido lesteoeste, ele recebe sol durante o dia e é protegido do frio e do vento. Por isso, é um dos mais férteis da região de Cuzco. Seu clima é o que o vale tem de mais sagrado. No século 16, as primeiras espanholas grávidas saíam de Cuzco para dar à luz ali, onde os bebês tinham mais chances de sobrevivência.
O vale do Vilcanota está a algumas dezenas de quilômetros da antiga capital incaica. Para chegar até lá, é preciso atravessar um pequeno planalto. Nessa região se cultiva muita batata, planta nativa dos Andes. No inverno, alguns lavradores ainda fazem suas últimas tarefas no campo, antes de deixar a terra descansar. No povoado de Chinchero, é interessante não só admirar as muralhas incas, mas também observar uma camponesa espalhando, na grama do sítio arqueológico, as batatas recém-colhidas. Em uma semana, o sol forte do dia e a noite gelada transformarão o tubérculo em chuño, a batata desidratada. É o modo mais prático para guardar alimento. “O chuño dura pelo menos um ano. E, para cozinhar, basta adicionar água”, diz a moradora Rosa Quispe.
A descida de Chinchero até o povoado de Urubamba segue uma série de curvas sinuosas. O Vilcanota, que nessa época do ano possui uma coloração esverdeada, está mais próximo a cada virada que damos. Atravessamos a ponte e continuamos seguindo o rio, em direção a Ollantaytambo.
Situada em uma das extremidades do Vale Sagrado, Ollantaytambo é uma das mais belas fortalezas incas. O lugar testemunhou uma vitória histórica da resistência incaica sobre os conquistadores, logo depois da tomada de Cuzco. Quando, em 1536, Francisco Pizarro e seu exército se aproximavam do povoado, Manco Inca mandou desviar o leito do rio. A estratégia dificultou o avanço das tropas inimigas, principalmente da cavalaria. Após uma batalha sangrenta, os incas derrotaram os espanhóis. Mais tarde, a reação foi implacável e os espanhóis dominaram Ollantaytambo. Manco Inca desapareceu no meio da selva e refugiouse em Vilcabamba.
Acima: Faustino Espinoza, fundador da Academia do Idioma Quéchua. Grande conhecedor da cultura indígena, ele dizia que “os incas cortavam a pedra como se fosse barro mole, como se fosse manteiga”.
Uma lenda diz que Ollantaytambo deve seu nome a uma história de amor. Apaixonado pela filha do imperador inca Pachacutec, o chefe Ollanta decidiu raptá-la. Para resgatar sua filha, Pachacutec atacou a cidade e deu início a um conflito que durou dez anos. Mas o amor se mostrou o verdadeiro vencedor. Após a morte de Pachacutec, seu filho, o novo imperador, concedeu a mão de sua irmã Cusi a Ollanta, que passou a ser um oficial de confiança.
Ollantaytambo é um exemplo vivo de cidade inca. Nunca deixou de ser habitada pelos indígenas e manteve sua estrutura urbana praticamente intacta, com pouca influência colonial. As portas têm formas trapezoidais típicas e as residências guardam as características inconfundíveis da arquitetura incaica. De vocação essencialmente agrícola, Ollantaytambo teria sido concebida como uma espiga de milho, com as residências distribuídas como grãos, as maiores juntas e as menores na ponta.

FONTE: Revista Planeta

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