26/09/2012
-
15h03
Câmera mais potente do mundo vai caçar energia escura
SALVADOR NOGUEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
Atualizado às 15h24.
Um grupo internacional de pesquisadores, com ajuda brasileira, 
desenvolveu a câmera digital mais potente do mundo, e o objetivo não é 
nada mundano: decifrar o mistério da energia escura.
Instalada no telescópio Blanco, em Cerro Tololo (Chile), a Dark Energy 
Camera tem uma resolução de 570 megapixels. Com ela, astrônomos e 
astrofísicos pretendem produzir o maior mapeamento do céu já feito. E a 
chamada "primeira luz" já foi captada, no último dia 12.
O projeto faz parte da colaboração Dark Energy Survey (Pesquisa da 
Energia Escura, em português), liderada por pesquisadores do Fermilab, 
nos Estados Unidos, e financiada também por Reino Unido, Espanha, 
Alemanha, Suíça e Brasil. Ao todo, o custo é de US$ 40 milhões. O Brasil
 entrou com US$ 300 mil em dinheiro, mais o desenvolvimento em solo 
nacional de infraestrutura computacional, que equivaleria a outros US$ 
600 mil.
| France Presse | ||
|  | ||
| Uma das primeiras imagens feitas pela câmera | 
MISTÉRIO GIGANTE
A energia escura é, possivelmente, o maior mistério com que se depara a 
física moderna. Se não em termos do desafio intelectual, certamente no 
que diz respeito à importância dela para o funcionamento do Universo. 
Estima-se que ela represente mais de 70% de todo o conteúdo do Cosmos.
E o pior: ninguém sabe do que se trata. Há hipóteses, mas tudo que foi 
possível determinar com certeza é que ela age como se fosse uma espécie 
de antigravidade, distanciando as galáxias umas das outras. Resultado: 
graças à energia escura, a expansão do Universo está se acelerando.
A descoberta do fenômeno foi confirmada em 1998, quando o estudo da luz 
vinda de supernovas distantes -- no caso, estrelas que atingem massa 
crítica e explodem violentamente -- sugeriu que elas eram mais fracas 
que o esperado. A única explicação possível era que o Universo estava se
 expandindo mais lentamente no passado remoto, bilhões de anos atrás, do
 que no presente.
ATIRANDO PARA TODO LADO
Além de estudar supernovas, a Dark Energy Survey também fará 
monitoramentos dos aglomerados de galáxias, dos efeitos de lentes 
gravitacionais (quando a luz de objetos distantes é curvada ao passar 
perto de outros astros com muita massa) e a estrutura em grande escala 
do Universo.
A ideia é juntar todos esses elementos de forma que eles se ajudem uns 
aos outros a tornar cada vez mais precisos os cálculos dos efeitos da 
energia escura sobre os padrões vistos no Cosmos. E é a primeira vez que
 um único instrumento permitirá a avaliação conjunta desses quatro 
fatores
"A combinação permite mais precisão na medida", diz Martín Makler, 
físico do CBPF que teve a ideia de inserir o Brasil no projeto, que hoje
 tem como coordenador nacional Luiz Alberto Nicolaci da Costa, astrônomo
 do Observatório Nacional. "Ou seja, dá maior poder de distinção entre 
diferentes explicações para a expansão acelerada." 
FONTE: Folha.com/Ciência 
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário