19/09/2012
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09h21
Equipes identificam destroços de tsunami em praias americanas
DA BBC BRASIL
Há mais de um ano e meio do tsunami que destruiu comunidades costeiras
inteiras do Japão, continuam chegando escombros deixados pela catástrofe
a milhares de quilômetros de distância, na costa oeste dos Estados
Unidos.
Especialistas acham que a maior parte dos destroços ainda estão por
chegar à costa americana. Para a Agência Oceânica e Atmosférica Nacional
(NOAA), esses itens continuarão chegando aos Estados Unidos e ao Canadá
por muitos anos.
"A maior parte deve começar a aparecer a partir de outubro e durante o
próximo inverno norte-americano", diz o oceanógrafo Curtis Ebbesmeyer,
editor do blog Beachcombers Alert, direcionado a pessoas interessadas em
vasculhar praias à procura de objetos.
"Estimo que veremos escombros do tsunami japonês pelos próximos 60 anos.
Até agora menos de 1% dos destroços alcançaram nossas costas".
Kenneth Campbell | ||
Equipes identificam destroços de tsunami em praias americanas; estimativa é que 1% do total chegue aos EUA |
BUSCAS
Para lidar com a grande quantidade de destroços que chegam, a NOAA
organizou um esquema com a ajuda de empresas e indivíduos independentes
para identificar e resgatar o que chega ao território marítimo dos
Estados Unidos.
O objetivo da iniciativa é reduzir os possíveis impactos que esses
objetos flutuantes possam ter sobre os recursos naturais e as
comunidades costeiras.
O proprietário da Azimuth Expeditions, uma empresa de excursões por
caiaque, Kenneth Campbell, é um dos parceiros da NOAA e, até agora, já
realizou três expedições pelas ilhas do Estado de Washington em busca de
destroços do tsunami japonês.
Kenneth Campbell | ||
Pacote de alimento japonês é encontrado por equipe em praia da Costa Oeste dos Estados Unidos |
Campbell e seus colegas já encontraram uma grande quantidade dos mais
variados itens na costa Pacífica do país. Mas o que mais impressionou o
explorador foi um banheiro completo do que um dia foi uma casa japonesa.
"Foi uma sensação bem estranha, como se estivesse bisbilhotando em um
lugar íntimo da casa de uma família. Encontrei um armário ainda com
frascos de remédio e um assento sanitário para criança, além de várias
outras parte de um banheiro", disse Campbell à BBC Brasil.
Outro momento que marcou Campbell nos 20 dias de buscas por escombros no
mar, foi quando ele encontrou uma bola de futebol de um time de
Otsuchi, uma comunidade de mais de 800 anos localizada no norte do Japão
que foi devastada pelo tsunami.
"Estamos no processo de devolver a bola ao time, o que será muito gratificante", disse Campbell.
IDENTIFICAÇÃO
O governo do Japão estima que o terremoto seguido de tsunami que atingiu
o país em 11 de março do ano passado, deixando 16 mil mortos e 6 mil
pessoas feridas, também resultou em cerca de 5 milhões de toneladas de
destroços que agora se encontram no Oceano Pacífico.
Aproximadamente 70% dos escombros devem ter afundado quase que
imediatamente. O resto, cerca de 1,5 milhão de toneladas de destroços,
boia no Pacífico Norte, a maior parte, acredita-se, a meio caminho entre
o Japão e os Estados Unidos, ao norte das ilhas do Havaí.
Kenneth Campbell | ||
Produto de limpeza 'fez viagem' de mais de 10 mil km até chegar ao litoral da Califórnia, nos EUA |
O processo de identificação dos escombros é extremamente difícil e
dispendioso. Até o início deste mês, a NOAA já tinha recebido
aproximadamente 1.305 relatos sobre localização de destroços, mas apenas
11 desses foram confirmados como originados pelo tsunami japonês.
A NOAA afirma que não há motivo para evitar as praias. Especialistas em
radiação acreditam que é muito improvável que os destroços sejam
radioativos, e o fato de estarem dispersos, e não reunidos em uma massa
única, diminui ainda mais o fator de risco.
No entanto, a diretora do programa de escombros marinhos da NOAA, disse
que os restos do tsunami e outros escombros precisam ser tratados com
seriedade.
Segundo Nancy Wallace, esta é uma situação "sem precedentes", já que
nunca houve um caso de destroços circulando pelos oceanos nessa escala.
FONTE: BBC Brasil
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